Parte 7
Não sei bem como dizer isso, mas realmente acho que enlouqueci. Por que? Porque noite passada dormi com Draco Malfoy. Estranho? Um pouco. Se foi bom? Não dava para ser melhor. Se estou me sentindo diferente? Mais é claro. Por que? Porque eu simplesmente não sei o que fazer sobre ele, sobre nós, sobre a nossa noite, sobre tudo. O que será que ele está pensando de mim agora? Deve estar achando que sou fácil, é isso.
“Bom dia.” ele deseja me olhando fundo nos olhos, os cabelos molhados pingado para todos os lados, somente uma toalha amarrada na cintura.
“Bom dia.” desejo me remexendo em sua cama, os lençóis são ótimos, bem macios. Ele está vindo até mim com um sorriso que tira todas as minhas duvidas sobre ontem.
“Certo, acho que essa a hora que vou ter que pedir para você sair da minha cama.” ele diz, que ousadia é essa? Eu o olho, ele sorri, indicando que é brincadeira.
“Draco, você...” porém ele começa a balançar a cabeça e senta-se ao meu lado na cama.
“Não, não analisa isso.” ele pega minha mão, seu rosto se tornou sério. “Deixa ser o que foi...” seus lábios beijam os meus bem devagar, falando ainda mais baixo. “E o que vai ser todas as noites.”
Dou risada, ele me envolveu, é isso. Draco Malfoy conseguiu me envolver, receio até dizer que estou apaixonada. Quem diria, Hermione Jane Granger apaixonada por Draco Malfoy; mas sinto um aperto no peito, é pequeno, mas grande suficiente para que eu tenha certeza de que esse novo sentimento vai passar por transformações assombrosas.
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Meses Depois – Dia Da Formatura (manhã)
É isso, acordei me sentindo a última mulher do mundo, meu corpo dói, minha pele esta machucada, meu coração parece sangrar dentro de mim. Não consigo dizer quando tudo isso começou, mas posso ter plena certeza de que vai acabar hoje.
Nosso contrato acaba hoje, nosso namoro termina aqui, onde tudo começou, em Hogwarts; os dias de beijos apaixonados, carinhos viciantes e noites de prazer terminam hoje. Acordei na cama dele, mas ele já não estava mais lá, deveria já estar no Grande Salão, sem ter coragem de me olhar nos olhos; eu também me sinto assim. Melhor descer, melhor encarar as coisas como mulher e aceitar que a noite passada foi o que foi, uma despedida; uma despedida dolorosa, regada de violência, dor, sangue e lágrimas.
Não consigo entender como chegamos aquele ponto, aquele tipo de relação, mas consigo entender como aquilo aconteceu, apenas demos vazão para sentimentos reprimidos dentro de nós. Não sei se quero olhar dentro daquelas íris azul-grafite que ontem me olharam com tanto ódio e eu olhei com tanto desprezo.
Minha mão arde e preciso fazer um curativo novo, esse já está com sangue; olho na direção da cama antes de sair, aquela será a última vez que eu olho para aquela cama, para aquele lugar. Os lençóis manchados de sangue, a pequena faca de poções no chão, meu sangue misturado ao de Malfoy, as nossas roupas rasgadas espalhadas pelo chão; minhas lágrimas me acompanham em minha despedida daquele mundo.
Me sento na mesa da Gryffindor, meus amigos me olham estranhando o curativo em minha mão esquerda, apenas digo que me machuquei ontem antes de dormir; ouço Harry comentando que Malfoy tinha o mesmo ferimento na mão direita. “Malfoy”. Não quero saber dele, ele não está na mesa da Slytherin, mas acabo de ver ele entrando, não olho em seus olhos.
“Você está bem mesmo?” Ron pergunta e o olho, parece que o mundo está mais lento. Afirmo e coloco um pouco de suco em meu copo, um borrão loiro ao longe entra em meu campo de visão, meus olhos se arrastam até ele. Não posso mais, isso dói muito, não amo ele, ele não me ama, porque estamos sofrendo e nos machucando tanto? Seus olhos se prendem aos meus, aqueles olhos que se tornam negros quando me desejam, que se tornam claros demais quando está a dizer o quanto gosta de mim, aquelas íris que estão sem brilho.
Meu copo desliza por meus dedos e cai na mesa, espalhando suco por todo os lados, inclusive em mim; vi uma lágrima descer pelo rosto pálido de Malfoy.
“Ei, o que está acontecendo com você?” ouço alguém perguntar, mas não sei quem foi; me levanto e saio do Grande Salão, minha blusa do uniforme pingando suco de abóbora, meus olhos queimando de lágrimas teimosas, minha mão pingando sangue da noite anterior.
Porque me deixei levar por ele, sabendo que cedo ou tarde eu acabaria por me apaixonar? Por que ele tinha que aparecer em minha vida só para deixar esse rastro de destruição e dor? Por que ele tinha que me amar assim como amo ele?
Sinto minhas pernas fraquejarem e me apoio na parede fria de um corredor, nem sei onde estou ou para onde estava indo; lembranças da noite passada estão me atormentando e não quero chorar. Não, não quero chorar nem lembrar de ontem, porém é impossível.
Flashback
Hermione passou pelo quadro, que levava ao dormitório dos Monitores batendo os pés no chão, bufando e extremamente nervosa, porém não teve tempo nem de chegar perto da porta de seu quarto, Draco entrou também nervoso.
“Desde quando?” ele perguntou puxando ela pelo braço para que se olhassem.
“Me solta.” ela falou ficando nervosa com a atitude dele; Draco havia escutado ela conversar com Harry sobre a declaração dele de meses atrás, e o loiro acabara por entender que ela escondia aquilo porque o estava traindo com Harry. “Que eu sei faz tempo, mas nunca aconteceu nada.”
“Sei.” ele disse debochando dela, apertando o braço dela um pouco mais. “Quantas vocês vou ter que te dizer que você é minha, e só minha?”
“Não sou sua propriedade, Draco, já te disse milhões de vezes.” ela tentou se libertar, mas ele a segurava com força. “Está me machucando.”
“Isso não é nem um terço do que posso fazer com você.” ele disse a puxando para mais perto, dizendo essas palavras em um tom ameaçador; Hermione ficou com receio do que ele dissera, mas iria enfrentá-lo.
“Pois então faça.” disse olhando dentro dos olhos dele, vendo quão escuros e estranhos eles estavam; parecia que ele não mais via a garota que gostava e sim, novamente, Granger Sangue-Ruim. Mione não estava diferente, Malfoy via nos olhos dela o ódio fervilhar, não ia deixar barato o que ela acabara de falar.
“Não sabes o que acabou de fazer.” ele a puxou pela cintura, e a mão que segurava o braço, desceu devagar até segurar o pulso e a puxou ainda mais para si, a beijando.
Sem que ela percebesse a levou em direção a porta, virando para a esquerda e entrando em seu próprio quarto, fechando a porta com o pé; empurrou Hermione com força para longe de si, como se estivessem em uma briga, fazendo a morena parar encostada na mesa no canto do quarto.
“Moleque.” ela falou, cuspindo a palavra.
“O que disse?” perguntou ainda no mesmo lugar, a olhando, sua voz baixa e ameaçadora.
“Disse que você é um moleque. Um moleque mimado que acha que comando as pessoas, que me comanda.” ela disse com raiva, como se estivesse guardando aquela frase dentro de si por muitos dias.
Malfoy nada disse, apenas a olhou, queria muito poder responder, mas sabia que se o fizesse estaria arriscando perder a cabeça; e nesse momento estava quase.
“Vai ficar em silêncio? Acabou-se as agradáveis palavras para mim?” ela perguntou, ficando a cada segundo mais nervosa, sem saber bem o porque.
“Você deveria saber melhor que não é uma boa idéia me desafiar.” o loiro parecia um leão cercando a presa, andava calmo e atento em todos os movimentos da morena; ela ainda estava encostada na mesa e olhava Malfoy como se esperasse que ele a atacasse, para assim poder se defender.
“Não tenho que saber nada, você acha que sabe o que eu penso e sinto. Não está dentro de mim.” ela pronunciou cada palavra com raiva e desprezo, parecendo que era a primeira briga deles, briga de inimigos.
Draco ouviu aquelas palavras e o resto de sua paciência se foi, andou até ela e a prensou na mesa, o corpo dela reagiu, ficando na defensiva; a mão dele deslizou pela cintura dela, como se estivesse a provocar a ira dela, quase implorando que ela tentasse impedi-lo de tocá-la, porém ela não o fez, apenas ficou olhando ele nos olhos.
Sentiu a mão dele deixar sua cintura, mas a outra agarrou sua mão esquerda com violência e os lábios dele se colaram nos dela, abafando um gemido de dor que ela soltara; empurrara Draco com toda sua força, o afastando, e segurou a mão esquerda, onde um corte estava feito na palma começando entre o dedão e o indicador e fazendo um corte reto.
“Está louco?” ela perguntou olhando para a mão dele, que segurava faca de poções que usavam para fazer os deveres. Draco nada disse, apenas sorriu pelo canto da boca e olhou para a faca, que ainda tinha o sangue da morena na lâmina; Hermione viu ele olhar para a própria mão e passar a lâmina na palma também, a cortando do mesmo jeito que ele havia cortado a sua.
Ele se aproximou outra vez, jogando a faca no chão, apoiando o corpo ao dela, sem que deixasse de olhar dentro dos olhos castanhos dela, vendo muitas emoções misturadas; uniu sua mão direita com a esquerda dela, os sangues se misturaram, pingando no chão.
“Agora estou dentro de você.” ele disse, ainda olhando fundo nos olhos dela, entrelaçando seus dedos. Mione sentia dor, mas não conseguia dizer nada, apenas sentia ódio, amor, raiva, paixão, ira, prazer, dor e outras coisas que não conseguia decifrar no momento, mas sabia que eram fortes; sentiam o sangue escorrer por suas mãos e pingar, as palavras fugiram da boca dela.
“Eu não te amo.” ela falou colando os lábios ao dele, um beijo possessivo; ele não deixou que ela soltasse a mão ferida.
O beijo foi violento, um empurrava o corpo contra o outro, como se quisessem mostrar quem mandava em quem, uma luta se não estivessem a se beijar, com a mão livre ela começou a empurrá-lo, tentando impedir que ele a segurasse; Malfoy sentiu isso e tratou logo de mostrar quem realmente comandava a situação, a puxou pela cintura com a mão livre, e soltando a mão ensangüentada da dela, a puxou pela nuca, manchando a camisa e a pele dela. Quando Mione sentiu sua mão machucada livre, a postou nas costas do loiro, manchando a camisa branca do uniforme dele, puxando ele mais para si.
A mão de Draco desceu pelos ombros de Mione, deixando um rastro de sangue por onde passava, parou ao chegar nos seios, puxando com força a camisa para tirá-la do corpo, fazendo os botões voarem em todas as direções; a peça rasgada deixou o corpo dela bem rápido, a morena tratou de se livrar das roupas dele também.
Peças eram rasgadas com violência, a pele de seus corpos ficavam vermelhas pelo jeito que tentavam tirar as roupas, que caiam rasgadas e manchadas de sangue no chão; um rastro de peças ia até a cama, onde eles estavam deitados, Draco por cima do corpo dela, lutando contra ela, que tentava levantar.
“Onde pensa que vai?” a voz dele era divertida, por ver ela tentar medir força com ele, e perdendo facilmente. “Já te disse, agora estou dentro de você, você me pertence.”, uniu suas mãos cortadas outra vez ao falar essas palavras.
“Não quero você dentro de mim, me solta.” a voz de Mione saiu baixa e decidida, mas Malfoy não parecia levá-la a sério; como era muito mais forte prendeu as mãos dela com uma sua e as segurou com força pelo pulso, com a livre afastou as pernas dela e se postou entre elas.
“Não vou te soltar. Pode gritar a vontade.” o olhar de Malfoy já estava tão escuro que parecia totalmente negro; um gemido de reprovação passou pelos lábios de Mione, mas seus olhos, que encontraram os do loiro, demonstravam desprezo. Postou-se dentro dela sem que ela deixasse, ouvindo ela dizer “não”; passou a se mover, mas em um descuido acabou por descer o corpo perto demais dela, que cravou os dentes em seu ombro, fazendo ele soltar um urro de dor; entretanto não saiu de dentro dela, nem deixou de continuar a se mover.
“Você não é meu dono, me solta.” puxou os pulsos com força, tentando se libertar, em vão, Malfoy era bem mais forte. “Não quero você, me solta, agora.” ela dizia, mas ele somente ria, como se achasse realmente graça no que ela estava falando.
“Mais eu te quero, e vou te ter.” desceu os lábios até os dela, forçando um beijo, qual depois de alguns segundos ela retribuiu com fervor e prazer; deslocou seus lábios beijando e mordendo até chegar ao ouvido dela. “Não me importo se você vai deixar ou não.”
Cada investida provocava uma nova dor, ele não ligava se machucava ela, o importante era seu prazer, mostrar quem comandava, mostrar que era dono dela, mesmo que ela já tivesse mordido seus ombros até ficarem machucados. O sangue de suas mãos parecia que não ia parar de escorrer, manchando tudo que tocavam; o lençol antes branco impecável, agora estava todo manchado, a pele dela tinha marcas da mão dele, dedos insaciáveis que percorriam o corpo dela todo, maculando aquela pele clara. As costas e ombros de Malfoy estavam manchados, sua franja estava suja de sangue dela, seu queixo tinha duas riscas de sangue dos dedos dela.
O que não sabiam é que ali marcavam suas vidas, não somente suas peles, não marcavam com a faca de poções, não marcavam com sangue, marcavam seus corações com um amor não pronunciado.
Fim do Flashback
Não posso evitar minhas lágrimas, preciso libertar toda minha dor, preciso colocar ele para fora de meu sistema. Ele precisa morrer em mim.
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