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3. Capitulo 3


Fic: Conde Camponês


Fonte: 10 12 14 16 18 20
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Capítulo III

Harry pegou as rédeas do tílburi e pôs os cavalos em movimento. Admitia que havia perdido completamente o juízo.

Mudara-se para Londres com o propósito de assumir seu papel como conde de Harrington entre na sociedade. Entre seus parentes pomposos e arrogantes. E, mais importante, entre os poderosos cavalheiros, com o intuito de iniciar as reformas necessárias que beneficiariam os trabalhadores.

No entanto encantara-se por um par de olhos cor de mel e por um sorriso que o faziam tremer da cabeça aos pés.

Qualquer pessoa, nobre ou não, sabia que provocar a fúria do duque de Lockharte era o mesmo que apontar uma pistola para a própria cabeça.

A uma palavra do duque, toda a sociedade poderia ignorá-lo. E então, todos os projetos que ele viesse a apresentar na Câmara dos Lordes seriam recusados antes de a tinta secar no papel.

Alguns momentos furtivos com uma mulher, por mais deliciosos que fossem, valeriam tamanho risco?

Harry olhou de relance para a pele de porcelana e as formas perfeitas da jovem sentada ao seu lado. Um sorriso curvou-lhe os lábios.

Oh, sim!

Ela valia todos os riscos.

Em silêncio, conduziu os cavalos pelas ruas movimentadas de Londres. Atravessaram a ponte Westminster e, em Newington, entraram na Hight Street. Gina fitou-o com expressão preocupada.

— O senhor reparou que estamos muito longe do Green Park e de St. James, não?

— A senhorita desejava visitar um desses parques em particular?

— São lugares onde as pessoas costumam passear.

Harry sorriu.

— Digamos que raramente faço o que é costume.

— Estou começando a perceber.

— Isso a incomoda?

— Depende.

— Depende do quê?

Os olhares de ambos se encontraram.

— Do lugar para onde está me levando.

— Ah! — ele exclamou, voltando a atenção ao tráfego. — Asseguro-lhe que este passeio não inclui as docas e nenhum navio de escravas brancas.

Gina revirou os olhos ante a brincadeira.

— Não pode imaginar o meu alívio... Mas o senhor ainda não respondeu à minha pergunta.

Harry deu de ombros.

— Tenho uma incumbência a concluir.

— Neste lugar? — Gina indagou.

Ele olhava atentamente para as construções estreitas e sujas e para as pessoas 

maltrapilhas que caminhavam pelas calçadas.

Não havia nada de romântico naquele lugar, e Harry não culpava Gina por olhá-lo como se ele tivesse enlouquecido.

Parou a carruagem na frente de uma casa velha e entregou as rédeas ao cavalariço.

— Incomoda-a o fato de estar aqui? — Harry perguntou.

Num gesto inconsciente, ela torceu o nariz.

— Não posso dizer que seja um lugar que costumo freqüentar.

— Pensei que as damas da sociedade se dedicassem à caridade e às pessoas menos afortunadas.

— Não as visitando pessoalmente.

— Não? E como vocês fazem?

— Doamos dinheiro, roupas e outros itens de subsistência. Também promovemos almoços para chamar a atenção, na Câmara dos Lordes, para as necessidades dessas pessoas.

Gina ergueu o queixo com ar de desafio, e Harry disfarçou o riso.

— Entendo. — Os olhos dela brilharam, desconfiados.

— O que foi? Eu disse alguma coisa engraçada?

— Não. É que... — Recostando-se no banco da carruagem, ele escolheu bem as palavras: — Bem, ocorreu-me que as damas da sociedade apreciam promover obras assistenciais desde que não sujem as mãos.

Gina sobressaltou-se, como se tivesse sido surpreendida com as defesas abertas.

— O senhor acha que eu deveria entrar nesses lugares para lavar o chão e esvaziar penicos?

— Não. Mas, no seu lugar, eu gostaria de saber se o dinheiro doado está sendo usado em benefício dos necessitados ou engordando os bolsos dos diretores das entidades. — Não havia ironia na voz dele, apenas bom senso. — A única maneira de descobrir é conversando pessoalmente com os assistidos.

Gina apertou os lábios, querendo contestar a lógica do argumento de Harry. Por fim, porém, após olhar para os prédios decadentes, suspirou alto.

— É isso que veio fazer hoje aqui?

— Também. Mas preciso atender a um pedido de um dos meus arrendatários de Surrey.

De novo, ele a surpreendeu. O conde conseguia chocar e confundir a sociedade.

— Arrendatário?

— Sim. Sua namorada fugiu com um cafajeste há uns dois meses. Ele receia que ela tenha sido abandonada aqui em Londres e esteja num desses albergues.

— Ele quer que o senhor a leve de volta?

— Não contra a vontade da moça — Harry explicou. — Mas, sem família e amigos na cidade, será difícil ela retornar para casa. Ele mandou todas as suas economias para custear a viagem de volta.

Os lábios de Gina se entreabriram pela surpresa.

Harry sentiu uma onda de calor ao se lembrar da maciez e do gosto daqueles lábios. O modo como se moveram colados aos dele, deixando-o excitado e ardendo 

de desejo a noite inteira.

— Ele a quer de volta mesmo depois de ela ter fugido com outro?

Com esforço, Harry afastou os pensamentos para longe daquelas perigosas sensações.

Não que seu corpo estivesse exatamente cooperando...

— Neville a ama.

— Deve amar mesmo — Gina murmurou.

Para manter uma distância segura entre ele e o perfume suave de Gina, Harry desceu da carruagem.

— Fique aqui. Não me demorarei.

Ela levantou-se.

— Quem disse que ficarei aqui sozinha?

Foi a vez de Harry surpreender-se.

— Meus criados ficarão aqui. A senhorita estará em segurança, garanto.

Num movimento rápido, Gina pulou da carruagem e parou ao lado dele. Com as mãos na cintura, desafiou-o.

— Acontece que este albergue é uma das entidades que eu ajudo a manter. Faço questão de entrar e inspecionar se está tudo em ordem.

Harry riu.

— A senhorita pula muito bem, muimin — elogiou-a. — Sem dúvida, tem muita prática.

— Pular? Saiba, senhor, que a filha de um duque nunca... — Ela não terminou a frase. Agitando as mãos no ar, desabafou: — O senhor é um homem horrível!

— Já me disseram isso — Harry concordou, oferecendo-lhe o braço. — Está preparada para descobrir o que é pobreza extrema?

Gina contemplou o prédio grande e sombrio. Harry sentiu uma ponta de admiração ao vê-la erguer o queixo e pegar com firmeza no braço dele.

— Sim.

xxxXXXxxxXXXxxx

Foi uma Gina mais branda que retornou às fulgurantes ruas de Mayfair.

A visita ao albergue tinha sido um abrupto despertar.

Agora entendia o tom de condescendência de lorde Harrington ao discutir sua maneira de praticar a caridade. Provavelmente, ele a via como uma menina mimada brincando de ajudar os outros. E não estava de todo errado.

Sentiu um arrepio na espinha ao se lembrar do lugar escuro e úmido, não mais observando a pobreza de dentro de sua carruagem ou por meio das notícias publicadas no London Gazette.

Aquela pobreza até então desconhecida era tão contundente quanto o ar malcheiroso pela falta de banho e pelas doenças das pessoas que ali se amontoavam. Tão mortificante quanto a imagem das mulheres fracas apertando os filhos nos braços, ou dos feridos de guerra jogados nos cantos como brinquedos quebrados.

Gina nunca vira tanta miséria humana. Tanta fome. Tanto desespero.

O pior de tudo, porém, era o repentino brilho de esperança nos olhos que a seguiam. Como se aquelas pessoas acreditassem que ela poderia oferecer-lhes salvação. Como se esperassem que Gina fizesse alguma coisa.

Qualquer coisa.

Sim, ela apenas brincara de ajudar as pessoas.

Claro que seu dinheiro havia ajudado a alimentar algumas e a manter um teto sobre outras.

Mas isso mudara a vida delas?

Tinha oferecido um futuro às crianças pobres e maltrapilhas?

Ainda imersa em pensamentos, Gina permitiu que lorde Harrington a ajudasse a descer da carruagem e que a levasse de volta ao jardim da mansão.

Já não se sentia angustiada por ter de enfrentar a fúria do pai. Seus problemas pareciam insignificantes naquele momento.

Caminhando ao lado dela, lorde Harrington segurou-a pelo braço e forçou-a a encará-lo.

—A senhorita está muito calada. Eu a ofendi de alguma forma?

Gina hesitou. Com certeza, nenhum outro homem de seu círculo de amizades jamais se atreveria a levá-la a um lugar como o albergue.

Estranhamente, porém, sentia-se mais agradecida do que ofendida.

— Não. O senhor estava certo — ela admitiu com um sorriso tímido. — Eu não imaginava...

— O quê?

— A miséria daquelas pessoas.

— Ah! — Harry fitou-a com clara curiosidade. — O que vai fazer agora?

Gina desviou o olhar.

— Bem, ainda não sei com certeza, mas tomarei algumas providências.

Um enigmático sorriso dançou nos lábios dele.

— Nem por um momento duvidei disso.

Desconfiada, Gina apertou os olhos.

— O senhor está me bajulando. Na verdade, me considera uma criança mimada.

Harry negou com um gesto de cabeça, Segurando-lhe o rosto entre as mãos.

— Não. Eu a considero uma jovem determinada que é capaz de mudar o mundo, se quiser.

O coração de Gina bateu mais forte.

Até onde podia se lembrar, sempre havia sido festejada pela beleza, pelas maneiras encantadoras e, ocasionalmente, por sua inteligência. Mas nunca ninguém a admirara por sua determinação.

— Lorde Harrington?

— Sim?

— Isso foi uma das coisas mais bonitas que já me disseram.

As sobrancelhas se arquearam e o já familiar brilho divertido voltou aos olhos dele.

— Agora compreendo por que a senhorita não quer se casar com nenhum dos seus 

pretendentes, sendo que até eu consigo superá-los nos elogios. Já me disseram que tenho o charme de um boi furioso.

Perturbada com o calor dos dedos de Harry em suas faces, Gina sentiu o ar lhe faltar.

— Que eu me lembre, ninguém falou em charme aqui — ela murmurou.

Não contente por dificultar-lhe a respiração, o conde avançou um passo, suas pernas enroscando-se na saia de Gina.

— Mas a senhorita me acha encantador, não acha?

Ela suspirou. O desejo de encostar-se no corpo firme e másculo daquele homem era tão intenso que Gina quase gemeu alto.

— Sir... — Por fim, ela conseguiu protestar.

— Harry — ele a corrigiu com voz enrouquecida. — Meu nome é Harry.

— Harry. — O nome saiu docemente dos lábios de Gina. Sempre fitando-a nos olhos, ele desatou-lhe o laço do chapéu e jogou-o de lado.

— Já percebeu que sempre acabamos ficando sozinhos num jardim? — Harry murmurou.

O que não era nada mau, Gina tinha de admitir. E, apesar da ponta de culpa, não podia negar que gostava muito de ser tocada por aquele homem.

Não era a doce ansiedade que vivenciara com Draco, e sim uma sensação mais perturbadora e urgente. Era como se, de repente, se descobrisse faminta sem estar com fome!

Harry provocava-lhe tremores. E arrepios. E anseio para descobrir mais sensações.

Uma força potente e perigosa.

Mesmo sabendo que deveria afastar-se, Gina pousou as mãos no peito dele.

— Talvez isso não seja tão surpreendente, considerando que você está sempre se esgueirando pelos jardins.

— Bem, sou fazendeiro. — O olhar de Harry agora estava fixo nos lábios dela. — Portanto não é surpresa eu preferir o conforto da natureza aos salões abarrotados de pessoas. Além disso, descobri que há tesouros mais fascinantes entre as rosas.

Os lábios de Gina se entreabriram, aguardando. Harry apossou-se deles no beijo que ela desejava desde que o conde aparecera no jardim.

Gina fechou os olhos, inebriada com as sensações provocadas pelos movimentos suaves dos lábios de Harry. Ele não tinha o gosto e nem o cheiro de Draco. Não havia conhaque em sua respiração e nem colônia cara em sua pele. Os lábios de Harry tinham gosto de hortelã e, na pele, o cheiro de sabonete.

Uma combinação que ela considerou estranhamente erótica.

A língua dele contornou-lhe os lábios antes de invadir-lhe a boca.

Gina prendeu a respiração à estranha intimidade. Sabia que deveria protestar. Aquilo era muito mais perigoso do que um simples beijo. Mas o prazer pecaminoso era intrigante demais para ser interrompido.

Harry enlaçou-a, puxando-a de encontro ao corpo sólido. Instintivamente, Gina ergueu as mãos e enterrou-as nos cabelos dele.

— O que você fez comigo, muirnin? — Harry indagou, cobrindo-lhe o rosto com beijos famintos. — Fez algum feitiço de encantamento?

Gina achava que era ela quem estava sob o efeito de algum feitiço.

Nada poderia explicar seu comportamento insensato e as reações que Harry lhe provocava.

Afinal, a filha de um duque não partilhava tanta intimidade com um homem no meio de um jardim e em plena luz do dia. Sobretudo com o risco de ser surpreendida.

Recuperando com relutância uma parte do juízo, Gina abriu os olhos.

— Harry...

— Sim?

— Você... — ela começou ofegando. — Você não deveria me beijar assim.

O riso dele provocou-lhe cócegas na orelha.

— Prefere que eu a beije de outro modo?

— Você não deveria estar me beijando de jeito nenhum.

— Eu a estou ofendendo? — Harry se afastou e fitou-a nos olhos. — Por acaso me acha repulsivo?

Gina piscou.

— Claro que não!

— Ótimo.

— Não. — Ela puxou pela respiração, de repente percebendo como estavam perto da casa e como tinham sorte por ainda não terem sido descobertos por algum criado. Ou pior... por seu pai. — Não é ótimo.

— É ruim?

— Não é conveniente, Harry. E se alguém nos surpreender?

— Você estará comprometida para se casar comigo — ele respondeu.

— Exatamente.

Harry refletiu por um longo momento, seus olhos perscrutando o rosto corado. E então, em vez de voltar ao juízo normal, como Gina esperava, ele a abraçou novamente.

— Oh, lady Gina, eu poderia pensar em destinos piores...

xxxXXXxxxXXXxxx

No dia seguinte, Gina decidiu não sair do quarto.

Reclusa, não teria de ouvir outra repreensão do pai por seu desaparecimento durante quase quatro horas no dia anterior. Também não seria obrigada a cumprimentar os candidatos a marido que, com certeza, marcariam presença na sala de visitas.

Felizmente, seu primo Colin chegara logo após o almoço para continuar o retrato que ele pintava havia quatro anos.

Alto, cabelos louros, olhos castanhos, feições delicadas, maneiras elegantes, ele era o favorito entre homens e mulheres da sociedade. Uma posição privilegiada, da qual tirava o máximo de vantagens. Colin nunca havia encontrado uma mulher que resistisse aos seus encantos nem um homem a quem não conseguisse trapacear.

Ele era uma peste, mas Gina o adorava e a tortura de ser forçada a ficar sentada, imóvel, era compensada por seu ferino senso de humor.

Sentada junto à janela, com a cabeça posicionada num ângulo nada confortável, ela começou a sentir que havia algo mais na inesperada chegada do primo, além da vontade de conversar.

A suspeita foi finalmente confirmada quando Colin ergueu o pincel no ar e contemplou-a com um sorriso misterioso.

— Devo contar-lhe, minha querida, que rumores deliciosos estão correndo céleres pela cidade.

Gina tentou não se irritar. Os comentários envolvendo-a existiam desde que ela saíra do berço. A melhor maneira de enfrentá-los era fingir completa indiferença.

— Sempre haverá rumores correndo pela cidade, Colin. Mas são poucos os que contêm um mínimo de verdade.

— Esses dizem respeito a você, minha querida.

— Ah, então, devem ser verdadeiros.

Colin riu.

— Você não se interessa nem um pouco pelo que as pessoas estão comentando?

— Não, mas sinto que você pretende me contar assim mesmo.

— Qual é o propósito de ouvir um mexerico se não pudermos passá-lo adiante?

Gina revirou os olhos.

— Oh, por favor, Colin, conte logo!

— Comenta-se que você tem sido vista com o Conde Camponês.

— E...

— E todos estão se perguntando por que você permitiria ter seu nome envolvido com o daquele caipira.

Era exatamente o que ela esperava, mesmo assim ficou tensa. Por quê?

Nunca dera importância a falatórios. Estava acostumada com maledicências. Mas descobriu que se importava muito com a possibilidade de Harry ser prejudicado pelas conversas maliciosas.

Com todos seus modos peculiares, ele era um homem honrado e merecia mais do que apelidos pejorativos.

— Não seria possível eu gostar da companhia dele?

— Claro que sim, porém seria difícil convencer as más línguas. Ou a mim. Eu a conheço muito bem, Gina. Se está encorajando aquele boi desajeitado, é porque ele possui alguma coisa que você deseja.

As sobrancelhas dela se juntaram num claro sinal de contrariedade. Gina não sabia se pela insinuação de estar usando Harry ou se pelo fato de Colin tê-lo chamado de boi desajeitado.

Ela levantou-se com um farfalhar de seda e foi em direção ao cavalete com a tela.

— Que diabo isso significa? Lorde Harrington não possui nada que eu deseje.

— Nem mesmo os meios para punir seu pai por haver recusado o pedido de lorde Malfoy? — Um sorriso irônico curvou os lábios de Colin ao notar Gina enrubescendo.

— Ah! O rubor diz tudo!

— Admito que me aproximei de lorde Harrington num momento de revolta — ela confessou com relutância. Em seguida, ergueu o queixo. — Mas não menti ao dizer que gosto da companhia dele. O conde é diferente de todos os homens que 

conheci.

Colin avaliou-a por um longo momento, um sorriso misterioso bailando em seus lábios.

— É, acho que é mesmo. Afinal, ele é um homem que foi jogado dentro de um título, e não um aristocrata de nascimento. Não se pode dizer que a sua linhagem seja pura.

A provocação beirou o insustentável.

— O que prova que progrediu bastante em comparação à maioria dos chamados nobres — retrucou Gina.

Seu primo ergueu uma sobrancelha.

— Você está encantada com as suas maneiras rústicas e o corpo robusto? Não é a única, querida. Mais de uma dama foi vista lançando-lhe olhares furtivos. Devo admitir que estou muito chocado, Gina.

Corpo robusto? Oh, sim, era robusto. E firme. E quente. E perfeitamente proporcionado para abraçar uma mulher.

— Não é assim. Pelo menos, não inteiramente — ela emendou com sinceridade. — Sabe que ele me levou a um albergue ontem?

Colin arregalou os olhos.

— Que horror! Por quê?

Gina rememorou a tarde com Harry. Não tinha sido um encontro romântico. Com exceção do beijo ardente que quase incendiara o jardim. Apesar de nada convencional, o passeio havia conseguido mantê-la acordada por boa parte da noite.

— Porque o conde acredita que posso mudar o mundo se eu quiser.

— Muito bem. — Colin assobiou. — Parece que ele é mais esperto do que eu imaginava. Vamos esperar para ver.

Gina sentiu um arrepio na espinha.

— O quê?

— Nada. — Ainda sorrindo, seu primo apontou a cadeira junto à janela. — Se você voltar à sua posição, minha querida, poderemos continuar a minha obra-prima.

xxxXXXxxxXXXxxx

Harry estava preocupado.

Dois dias depois daquela tarde em companhia de Gina, ainda ponderava a respeito do fato. Ela mexia com seus sentidos. E pior, ele não entendia o motivo.

Não era apenas sua beleza. Ou sua sensualidade. Se fosse apenas atração, tudo seria resolvido com um namorico e alguns beijos; e para saciar suas ansiedades básicas, Harry procuraria uma mulher interessada em encontros íntimos.

Mas a luxúria explicava apenas uma parte do motivo de Gina não sair de seus pensamentos. Ou do impulso quase irresistível de esgueirar-se pelos jardins da casa dela para vê-la, pelo menos de longe.

Gina estava se tornando uma febre em seu sangue, e apesar da pouca experiência com o sexo oposto, ele sábia que isso não era uma boa coisa.

Um amor não correspondido não constava da lista de experiências que desejava 

viver durante sua permanência em Londres.

Montado em seu garanhão, Harry pegou o caminho do Hyde Park. Àquela hora da manhã, teria muito espaço para um bom galope e a paz necessária para organizar os pensamentos e encontrar a solução para seus problemas.

Era tudo o que queria. Infelizmente, na segunda volta seus olhos focalizaram uma figura familiar galopando na direção dele.

Lady Gina!

Prendendo a respiração, Harry puxou as rédeas, e o garanhão parou.

Montada numa égua acinzentada, Gina vestia um traje vermelho. A cor vibrante era a moldura perfeita para a pele alva e o cabelo cobre cacheado, e, obviamente, destinado a atrair e prender a atenção de todos os homens no parque.

Pelo menos, a atenção dele.

Dando-se conta de que a admirava embasbacado, Harry esporeou o cavalo, que recomeçou a trotar. Talvez fosse mais prudente continuar o passeio e cumprimentá-la apenas com uma reverência.

Mais prudente, porém impossível: foi irremediavelmente arrastado na direção de Gina. Parando ao lado dela, Harry inclinou a cabeça, consciente do cabelo despenteado e da calça e paletó que Sirius ameaçara mandar queimar.

— Ginevra — ele murmurou.

Um sorriso espontâneo alegrou os lábios dela.

— Lorde Harrington.

— Harry — corrigiu-a num fio de voz.

— Harry.

O nome dele nunca lhe parecera tão bonito. Tolo!

— Já em pé assim tão cedo?

Gina franziu o nariz de um modo encantador.

— Desde que passei o dia de ontem confinada nos meus aposentos, senti necessidade de ar fresco. Na verdade, não sou de levantar tarde.

— Você ficou confinada nos seus aposentos? Por minha causa?

Harry arrependeu-se das palavras impulsivas ao notar o brilho de aborrecimento nos olhos dela.

— Por minha causa. A decisão de não sair do quarto foi minha. Você não me obrigou a acompanhá-lo.

— É o que eu imaginava. Não tenho talento especial para forçar as mulheres a nada. Aliás, o oposto é verdadeiro. Basta uma mulher sorrir para mim e já estou nas mãos dela. Um caso grave, realmente.

— Não acredito. Aposto como deixou uma fila de corações quebrados em Kent.

A risada de Harry ecoou pelo parque quase deserto. Céus, ela o considerava um conquistador?

— Você perderia a aposta, muirnin. Nunca fui um homem desocupado. Ser fazendeiro exige muito trabalho e pouca diversão.

— Mas você gosta muito do que faz, não?

— Gosto, sim. Porém houve época em que achava que o trabalho me deixava muito preso. Sabe como são os jovens...

— Ah, já sei! Você queria ser um temido pirata ou um soldado para ir à guerra?

— Receio que não. Meus sonhos sempre foram tediosamente práticos.

— Então, por que se achava preso? — Gina não percebeu que os movimentos da égua levaram-na para mais perto de Harry, cujos sentidos se aguçaram com o calor e o perfume dela.

Ele não deixou de notar a proximidade e também o fato de estarem praticamente a sós. Entretanto, tentou não reparar na suave curva dos seios de Gina, nem pensar na facilidade com que poderia tirá-la da sela e acomodá-la em sua montaria, colada ao seu corpo trêmulo de desejo. Procurou concentrar-se e responder com coerência.

— Meu pai era um bom homem. Leal e devotado à família e aos empregados, mas era radical quando o assunto era mudança. Recusava-se a aceitar meus conhecimentos sobre os avanços da implementação agrícola.

— E você?

—Sempre fui fascinado pelas inovações. — Harry deu de ombros. — Estudei e até mesmo visitei muitas fazendas onde testavam o cultivo de grãos diferentes e fertilizantes. Provou-se que poderíamos tornar nossas terras mais produtivas.

— Você estudou agricultura?

Harry sorriu. Poucas pessoas partilhavam seu entusiasmo por esse assunto tão aborrecido.

Se ele fosse obcecado por jogo ou mulherengo, certamente faria mais sucesso em Londres.

— Já sugeri investirem mais dinheiro nos novos experimentos. Afinal, meu futuro e o daqueles que dependem de mim residem no meu sucesso como fazendeiro. Principalmente agora que sou conde. Tenho uma grande extensão de terra para manter lucrativa.

— Suponho que seja verdade. — Um brilho bem-humorado iluminou os olhos de Gina. — Sabe, sempre pensei que bastava jogar a semente na terra e rezar para fazer bom tempo. Não imaginava que fosse tão complicado.

O coração de Harry descontrolou-se diante da beleza luminosa ao sol do início de manhã. Oh, céus! Ele estava encrencado!

— A maioria das pessoas pensa assim — Harry conseguiu dizer, remexendo-se na sela. Estava excitado em pleno parque público! E antes do café-da-manhã!

— Incluindo seu pai? — Gina interrompeu-lhe os pensamentos desesperados.

Ele pigarreou.

— Meu pai errou ao pensar que qualquer tipo de mudança seria prejudicial. Acredito que era difícil para ele aceitar que eu estava me tornando um homem com idéias próprias.

O rosto delicado de Gina ficou sério. Harry tocara numa ferida.

— Oh, sim! Os pais se recusam a notar que os filhos crescem e tornam-se adultos inteligentes e capazes de pensar pela própria cabeça. — Havia um tom de amargura na voz dela. — Sobretudo se esse filho teve a pouca imaginação de nascer mulher. Para que perder tempo em permitir que pensemos se logo nos entregarão a um marido que nos tratará como idiotas sem cérebro?

Harry ergueu as sobrancelhas.

— Desculpe, mas eu discordo.

— Discorda?

— Nem todos os maridos tratam suas mulheres como idiotas sem cérebro. Asseguro-lhe que minha mãe teria afogado meu pai no poço mais próximo se ele cometesse esse crime imperdoável.

Gina contemplou-o em silêncio por alguns segundos. Depois, suspirou.

— Sua mãe deve ser uma mulher fascinante.

— Era. Inteligente, ativa, espirituosa, e ainda tão gentil e prestativa que não havia uma pessoa que não gostasse dela.

— É esse tipo de mulher que você procura para esposa?

Por um instante, Harry perdeu a fala. Parecia que as mulheres sempre consideravam essencial questionar um homem solteiro sobre casamento e futura esposa.

Até aquele exato momento, a idéia de esposa envolvia uma vaga e nebulosa noção da mulher com quem eventualmente ele se casaria num futuro distante.

Uma deusa, com certeza, mas sem face ou forma.

De repente, porém, a deusa adquirira um rosto distinto, delicado e com brilhantes olhos castanhos.

Harry estremeceu, incerto se deveria exultar ou assustar-se com a surpreendente imagem.

A segunda hipótese seria a escolha mais lógica.

— Penso que esses são atributos que qualquer homem desejaria numa esposa.

Os olhos de Gina abriram-se de espanto.

— Você está brincando!

— Não, se bem que muitas pessoas acham meus conceitos muito engraçados.

— Acontece que a maioria dos homens quer uma esposa submissa e muito bem-educada, mas nunca inteligente e jamais ativa ou espirituosa.

Harry soltou uma gargalhada.

— Meu Deus! Você fala como se eu estivesse escolhendo um cachorro, não uma esposa!

— Para alguns homens, há pouca diferença.

— Então, eles são tolos. Não tenho a menor paciência com mulheres tímidas, retraídas ou que não conseguem pensar por elas mesmas. Eu quero uma mulher que seja companheira e partilhe os meus planos para o futuro, não um enfeite pendurado no meu braço.

Gina balançou lentamente a cabeça, ainda não convencida da sinceridade dele.

— Você vive na alta sociedade há pouco tempo. Sem dúvida, logo descobrirá os encantos de uma garota recatada e ansiosa para satisfazer os seus caprichos.

Harry encarou-a com expressão séria.

— Só um homem fraco teme mulheres fortes. Posso ter muitos defeitos, mas fraqueza não é um deles — declarou mesmo sabendo não ser totalmente verdade. Ele era fraco. Pelo menos, em relação a Gina. Ela era uma adorável tentação contra a qual não tinha defesa. — Se me der licença, muirnin, tenho um compromisso com o meu gerente. Bom dia.

Muirnin significa sweetheart (namorada), ou uma forma carinhosa de chamar uma pessoa que queremos bem.

N/A: Espero que estejam gostando da fic... no domingo postei o próximo... bjs pra todos!

Arinha

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