Se ela cometer qualquer erro, pensou Snape, um deslize de sua mão, eu saberia…não. Não saberia. Snape tentava evitar os pensamentos que passavam por sua cabeça, que gritavam, foda ela! Ela vai adorar, olhe os olhos dela, ela está praticamente implorando por você. Mas ele sabia que não o faria. A menos, é claro, se a oportunidade se apresentasse.
“Droga!” Hermione havia deixado cair a pele de cobra em sua poção, um passo antes de ficar pronta.
Antes que ela pudesse dizer me pegue agora, o professor Snape havia se aproximado e estava olhando-a animadamente.
“Esses ingredientes são preciosos, sabe, Hermione.” Ele disse por entre os lábios cerrados. “Temo ter que aplicar algumas detenções por seu comportamento relaxado.”
“O que?” Hermione balbuciou. “Foi um acidente!” Ela apontou para Crabbe do outro lado da masmorra, cuja poção, que deveria estar num tom delicado de verde, estava fervendo e tornou-se laranja claro.
“Eu não espero muito da parte deles.” Snape disse, desfazendo-se dos meninos com um movimento de mão. “Mas de você, srta Sabe-tudo, eu espero níveis mais altos. E quando você não colabora, existem consequências. Severas.”
Hermione não pode deixar de sentir-se lisonjeada pelas insinuações de Snape, de que ela era inteligente. Ela sorriu por dentro antes de responder.
“Ótimo.” Ela cruzou os braços. “Se você quer continuar sendo desonesto, injusto, e cruel, irei fazer sua vontade.”
“Você não tem muita escolha…” Ele disse. “…vendo que acaba de ganhar mais duas detenções.” Então ele aproximou-se de sua orelha. “Espero você as 7 na próxima terça.”
Hermione torceu a cara. Que ótimo. Mas por alguma razão, ela se sentiu menos incomodada do que de costume. Talvez fosse o vapor da poção de Crabbe…
Hermione continuou mal humorada na semana seguinte, para o assombro de Rony e Harry. Ela se recusou a ajudá-los na lição de casa, forçando-os a ficar acordados até tarde, e quando Harry perdeu sua vassoura, ela não o ajudou a procurá-la.
“Acho que achei.” Disse Rony, olhando para a bunda de Hermione.
Harry não pode deixar de sorrir. “Deve estar segurando a espinha dela ou algo do gênero, mas eu realmente devia pedir ela de volta, não acha?”
“Sim, mas provavelmente ela irá arrancar sua cabeça. Me pergunto se ela está presa naquela época do mês, e não consegue sair.”
“Cala a boca, Rony.” Ela disse, parecendo ofendida.
Quando terça chegou, Hermione sentiu um nó de ânsia em sua barriga. Ela não conseguiu livrar-se do nó, e tentou de tudo, yoga, exercícios de respiração e coisas do gênero. Ela nem sabia porque estava tão afetada, afinal, Snape a faria esfregar caldeirões sujos por algumas horas, provavelmente sem usar nenhuma mágica.
No jantar, Rony tentou consolá-la.
“Hermione, não se preocupe.” Disse Rony. “Eu fiz detenções com o Snape um monte de vezes. Ele vai tentar fazer você ficar brava, mas não o deixe. Sabe, apenas segure sua lingua e quem sabe, você ficará bem.”
“Você está sugerindo que eu tenho problemas em segurar minha lingua?”
“Hermione, dá pra ficar calma?” Disse Harry brandamente e passou a ela, do outro lado da mesa, chá de camomila.
Ela tomou um gole, encarando os dois censuradamente, então olhou seu relógio.
“Bem, hora do juízo final…” Ela disse animadamente. “…vejo vocês mais tarde.”
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