NOTA: A idéia da fanfic, ao contrário de outros projetos potterianos meus, é que sejam capítulos curtos e numerosos. Então, me desculpem se parece descaso ou falta de criatividade, mas é simplesmente o estilo de escrita.
* * *
G E O R G E
Ginevra. Eu. Cozinha. Que ambiente familiar mais agradável, exceto o fato de que eu estava ali diante da livre e espontânea pressão. Mas tudo bem, irmãos são pra essas coisas mesmo e tendo tantos eu já estava acostumado.
— Sabe Gina, você deveria tentar gostar de outro cara. — eu disse, vendo ela fazer jus à Categoria Pufoso, devorando doces numa velocidade surpreendente — Ou talvez devesse deixar de bobagem e falar logo com o Harry sobre isso tudo.
— Você acha mesmo? — ela perguntou menos chorosa, limpando o canto da boca que estava suja de chocolate.
— Mas é claro. As duas opções parecem boas, não é?
— Bem, você não é lá o melhor conselheiro amoroso do mundo...
— Quem é que está aqui bancando a melhor amiga, hã? — eu questionei num tom de falsa ofensa — Gina, nenhum outro irmão faria isso por você. Pode ter certeza, o Georgie aqui é o melhor dos cabeças-de-cenoura.
E então ela riu. Uma risada divertida que ecoou pelas paredas da cozinha, me deixando satisfeito. Porque se tinha algo nesse mundo que eu gostava, era deixar as pessoas felizes. Principalmente quando essas pessoas eram a minha irmã mais nova que se sentia no fundo do poço dos amores.
— Você tem razão, Georgie. — ela concordou, se ajeitando na cadeira e olhando para mim com um brilho especial — Sabe, você deveria seguir seu próprio conselho.
— Como disse? — eu questionei sem entender.
— Sabe, Hermione. — ela praticamente desenhou o nome no ar, me fazendo rir, como se aquilo tudo fosse muito óbvio.
— Que relação haveria entre ela e o conselho que acabei de te dar?
— Oh, não seja idiota Georgie. Eu te conheço há treze anos e sei que você é inteligente o suficiente pra entender do que eu estou falando. — ela sorriu para mim e eu fiz uma anotação mental de que ela me elogiar daquele modo devia significar problemas — Você gosta dela e deveria se declarar.
Eu ri. Tão alto e leve como ela fizera antes, porque a piada era simplesmente explêndida. Eu, George Weasley, gostando de alguém? Principalmente da Hermione? Bem, isso era insano. Sim, eu estava afim dela, mas isso não era gostar. Era simplesmente desejar um corpo que passara anos escondido em uniformes largos, sendo que ela era formidável.
— Pode ser que você resolva falar com ela e seja muito tarde pra isso. — Gina disse, se levantando devagar da cadeira que ocupava ao meu lado — Obrigada por cuidar de mim, George.
E então eu fui deixado sozinho ali, com milhões de pensamentos, mas nenhuma solução aparente.

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H E R M I O N E
Fred Weasley te beijou! Fred Weasley te beijou!
Minha mente não parava de repetir essa afirmação. O resultado disso é que eu acordara mais cedo do que o habitual, me deliciando com um banho de água fervente, que não foi capaz de me afastar dos meus pensamentos.
Agora eu estava ali, diante do espelho embaçado do banheiro, olhando minhas feições distorcidas enquanto embalava o corpo numa toalha felpuda. Cansada do borrão diante de mim, esfreguei o braço pelo espelho, olhando o reflexo que se projetava no pedaço não mais embaçado com vapor.
Eu tinha belos olhos, olhos estes de um castanho indefinido. Conseguia ver um brilho diferente emando deles. Seria angústia? Alegria? Acho que eu jamais saberia a resposta.
— HERMIONE GRANGER! — o grito abafado de Gina ecoou através da porta — FAÇA O FAVOR DE SAIR LOGO DAÍ QUE EU NÃO QUERO ME ATRASAR!
E então eu respirei profundamente, ajeitando a toalha em torno do corpo enquanto destrancava a porta manualmente. Ao abrir, a expressão irritada no rosto da minha amiga ruiva mudou drasticamente.
— O que aconteceu?
— Deveria ter acontecido algo? — eu questionei indiferente.
— Vamos, eu te conheço. — Gina disse, me embalando pelos ombros enquanto me conduzia até a cama — Você me ajudou ontem e eu quero fazer o mesmo por você agora.
— Não quero que se atrase, conversamos depois.
Gina me lançou um olhar compreensivo, ao mesmo tempo em que sentenciava que não se esqueceria daquilo quando voltasse, sumindo pela porta do banheiro.
Antes que alguém resolvesse fazer mais alguma pergunta, o que certamente aconteceria quando minhas outras colegas de quarto acordassem, desci as escadas do dormitório feminino. Estava muito cedo e o silêncio me agradava ao máximo, diante do vazio que havia na sala comunal. Exceto por cabelos ruivos acomodados no sofá.
Poderia ser infantil da minha parte, mas eu não estava disposta a falar com Fred no momento. Precisava organizar meus pensamentos, pra só então agir. E assim eu fiz, cruzando a sala comunal em passos lentos e silenciosos, mas não conseguira escapar.
— Hermione? — o ruivo questionou antes de virar a cabeça na minha direção —Touché. Eu sabia que só você poderia estar andando por aqui a essa hora.
— Fred ou George? — eu perguntei envergonhada, parando atrás do sofá onde ele estava, o escutando rir.
— George. — ele respondeu, tirando um peso imenso das minhas costas.
— E o que você está fazendo aqui tão cedo, George? — eu perguntei mais tranquila, mas ainda assim desejando me apressar, pois se um gêmeo estava ali, logo o outro deveria chegar também.
— Depois que levei Gina até a cozinha, acabei me sentando aqui e peguei no sono. Acordei faz pouco tempo. — respondeu, risonho como sempre — E você, o que faz fugindo sorrateiramente na madrugada?
— Bem, eu... Eu queria encontrar um lugar mais tranquilo para pensar sobre umas coisas.
— Sua cabeça deve estar abarrotada de pensamentos, senhorita eu faço todas as matérias possíveis e só tiro as melhores notas nelas. — ele falou, me fazendo rir, enquanto se aproximava de mim — Mas eu realmente preciso tentar algo.
— Como assim? — eu questionei equivocada.
— Sabe, ontem Gina me fez pensar em algo que me deixou confuso. Então eu queria tentar algo, pra ver se é realmente o que eu estou achando.
— Não consigo entender. — eu bufei baixinho.
George riu da minha reação, sabendo que eu simplesmente detestava não compreender algo. Esse clima de mistério que ele usava ao falar, me tirava do sério.
Então ele parou diante de mim, me olhando como se estivesse analisando cada pedacinho mínimo. Senti meu rosto arder diante disso. George era muito bonito, assim como Fred, e ele estava olhando para mim. Não Hermione Granger, o exterior, mas quem eu era por dentro.
Quando ele se aproximou devagar, a lembrança do beijo de Fred invadiu minha mente. Havia sido um beijo quente, tal como o momento que o antecedera. Então eu me peguei pensando em como seria o beijo de George e ele respondeu essa minha questão mental.
Era doce. Como ele.
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