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H E R M I O N E
Eu acordara com um sorriso bobo nos lábios, o que era realmente estranho. Gina ainda dormia profundamente e eu agradecia por isso, de certo modo, visto que me garantiria mais alguns segundos de paz. Lembrei-me então do que acontecera na noite anterior.
Eu estava sem sono, fitando o teto do quarto, quando ouvi a porta se abrir em um sussurro lento. É claro que eu já imaginava que os gêmeos fossem aprontar algo com sua querida caçula mais cedo ou mais tarde, porém, quem diria que seria exatamente naquela noite? De todo modo, eu vira ambos entrarem em silêncio, atrapalhando-se no escuro do quarto. Então eu resolvera iluminar um pouco o ambiente para ver o que é que estavam aprontando. Fogos. Pude vê-los quando estendi minha varinha na direção de um dos ruivos.
Logo a agitação foi imensa, considerando que eles não sabiam que eu estava acordada. Realmente hilário. Em meio aos gritos de Gina acabei tendo que puxá-los para fora do quarto, garantindo assim a sobrevivência da espécie Weasley por mais alguns anos. Ou quem sabe dias, visto que Gina acordaria em instantes.
Mal levantei da cama para vestir algo, quando Gina abriu os olhos. Ela levantou da cama com uma Expressão sonolenta e irritada, e quando julguei que gritaria aos céus pelo acontecimento noturno, ela abriu um sorriso imenso e me abraçou. Nada mais faz sentido nessa vida, desde que descobri que a pizza é redonda e seus pedaços são triangulares.
— Sabe que dia é hoje, não é? — Ela gritara no meu ouvido, nitidamente animada. Eu realmente não sabia que dia era, mas só podia estar relacionado a uma coisa para deixá-la assim. — Hoje vamos ver o Harry!
— Ótimo, não é? Estou com saudades dele.
E lá se fora o sorriso outra vez. Não que Gina fosse maluca ou desconfiada, ela apenas era... um pouco possessiva. Jamais se acostumaria com o fato de que eu amava Harry tanto quanto ela, só que de um modo diferente. Como irmão.
— Ora Gina... — A soltei do abraço, dando a ela o meu melhor sorriso. — Você sabe que para mim, Harry é apenas um irmão.
— Queria ver se você é que tivesse que me ouvir dizendo essas coisas sobre um cara que você gostasse.
— Isso seria impossível, considerando que a sabe-tudo aqui não está apaixonada. — eu ri.
— Isso um dia vai mudar, você verá. — ela sorriu para mim — Agora vamos descer antes que mamãe berre aos quatro cantos que estamos atrasadas para o café.
E lá fomos nós pelos corredores da Toca, até avistarmos a figura alegremente desengonçada que era Molly Weasley. Ocasionalmente eu me pegava pensando nela como “mamãe”, visto que tinha de ouvir quatro ruivos a chamando assim todos os dias. De todo modo, mal havíamos apontado no final da escada, já podíamos ouvir a voz dela nos presenteando com seu tom adorável.
— Gina querida, não gostaria de chamar os gêmeos para o café? — ela disse.
— Mas essa é a tarefa do Rony! Eu e Hermione estamos conversando. — Gina brandira, irritada.
— Ei, não se preocupe. — eu sussurrei na direção dela, virando-me para a senhora Weasley. — Eu posso chamá-los. Volto logo.
Enquanto me distanciava, podia escutar os protestos de Gina contra o pedido da mãe, ao mesmo tempo em que discutia com o irmão o fato dele ser um “tamanho imprestável”. Porém, enquanto andava, nada daquilo importava e logo estava diante da porta do quarto dos gêmeos. Era estranho estar parada ali e não escutar explosões.
— Isso é errado, George... — escutei uma voz dizer de dentro do quarto, o que me fez encostar o ouvido à porta para ouvir melhor.
— Você tem razão, me desculpe.
— ...Mas é tão irresistível. — Fred concluiu. Do que ele estava falando, afinal?
— Fred! — um berro se fez ouvir — Ela é uma criança!
Congelei no lugar por um instante. Era de mim que os gêmeos falavam, não havia outra hipótese. Estavam discutindo que eu era... irresistível? Não, deviam estar me confundindo com outra pessoa. Pensando bem, devem estar falando sobre outra pessoa.
— Ela não parecia com uma criança noite passada, você viu muito bem.
— Isso não muda o fato de que ela o é.
— Uma grifinória certinha, amiga dos nossos irmãos mais novos. — interrompi minha respiração por alguns instantes, sem mais dúvidas sobre o tema da conversa —Existe algo mais desafiador para conquistar? Ela mostrou ontem que vale a pena.
— E ela nem sabe o efeito que causou em nós.
— Garanto que não.
— Mas fique tranqüilo. — escutei o barulho de alguém se levantando da cama, ou algo do tipo — Tenho certeza de que ao descermos para o café, só vamos encontrar a mesma Hermione de sempre.
— Sem mais desejos.
— Sem mais perigo.
E então eu corri o mais rápido que pude.
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