Inglaterra, Século XIX
Insensato desejo... Infame sedução... Delirante paixão!
Fazendeiro próspero, mas avesso aos ditames da aristocracia, Harry Potter, é conhecido como o Conde Camponês, por conta de sua latente masculinidade e força física.
Herdeira mimada, Gina é conhecida como Princesa do Gelo por brincar com os sentimentos de seus pretendentes. Mas ela se apaixona por um homem que seu pai desaprova por ser um notório caça-dotes. Inconformada, ela decide, então, se vingar de todos, aproximando-se do Conde Camponês, um homem considerado impróprio perante a alta sociedade londrina. Harry, no entanto, enxerga que por trás da aparência de mulher fria e sem coração, existe uma alma generosa e apaixonada. E o que começa como um simples jogo para Gina, transforma-se num perigoso confronto de personalidades que poderá lhe trazer grandes surpresas...
Capítulo I
— Pelo amor de Deus, Harry, pare de reclamar se não quiser que eu o amarre no pé da cama! — lorde Black resmungou.
Harry Potter, quinto conde de Harrington, sorriu, divertido. Era alto, com músculos de pessoa acostumada ao trabalho pesado, pele bronzeada pela exposição ao sol e feições duras demais. Não podia ser considerado bonito, mas fora abençoado por calorosos olhos verdes e um par de encantadoras covinhas. E também por admirável bom humor e muita paciência, qualidades imprescindíveis, considerando a rigidez com que Sirius conduzia o treinamento para transformá-lo num autêntico cavalheiro.
— Desafio qualquer homem a não reclamar um mínimo que seja depois de três tediosas horas sendo brutalmente banhado, esfregado e torturado. Asseguro-lhe que seria tratado com mais gentileza numa briga de bar.
— Chega de lamúrias. Sorte a sua ter o corpo em ordem e eu não precisar obrigá-lo a vestir um espartilho. Eles são terrivelmente desconfortáveis, de acordo com quem os usa — Sirius respondeu. — Estão em moda desde que o príncipe passou a usá-los. Talvez possamos considerar isso.
Harry ergueu uma sobrancelha.
— Você não se atreveria!
O almofadinha esbelto e elegante sorriu com ar de superioridade.
— Não só me atreveria, meu querido Harry, como também eu mesmo me encarregaria de enfiá-lo e amarrá-lo dentro de um, se necessário. — Com um floreio, o cavalheiro apontou um leque para o nariz de Harry. — Eu o preveni que toda a sociedade estará ansiosa para conhecer o novo conde de Harrington. Principalmente depois de saber que você foi elevado da categoria de fazendeiro para a de conde num estalar de dedos. Não tenha dúvidas de que todos os olhares estarão avidamente à procura de alguma exposição das suas maneiras rudes e da falta de fraquejo social.
— Em outras palavras, todos esperam que eu entre nos salões com as botas sujas de lama e puxando uma vaca pela corda.
— É exatamente o que todos esperam.
Harry forçou um sorriso.
— Não que eu esteja duvidando do seu julgamento, Sirius, mas admito que ainda não entendi uma coisa. Fui esfregado até ficar em carne viva, depois estrangulado pelo meu pajem só para mostrar à nobreza que eu não tenho cheiro de curral?
O leque de ébano foi abruptamente fechado, enquanto Sirius andava nervosamente sobre o horrível tapete. Durante o rigoroso treinamento de etiqueta, política e dança de salão, desde que havia chegado a Londres, Harry ainda não tivera oportunidade de fazer mais do que uma rápida inspeção à enorme mansão. E nem tempo de substituir a opulenta decoração por um estilo mais simples e adequado a um solteirão de gostos modestos.
— Céus, Harry, quantas vezes devo lembrá-lo? Um cavalheiro sempre será reconhecido por seus trajes e, mais importante, pelo nó da gravata. É o que distingue um nobre de um plebeu.
Harry não conteve o riso ante o comentário absurdo do amigo. Era precisamente o tipo de lógica que ele jamais compreenderia, apesar da quantidade de títulos acumulados sobre seus ombros.
— Você quer dizer, meu caro Sirius, que numa nação com as maiores inteligências e guerreiros mais respeitados, tudo o que nos coloca acima dos povos primitivos é a perfeição de um nó numa tira de tecido?
Alguém, entre os numerosos criados uniformizados e enfileirados no aposento, tossiu até o olhar irritado de lorde Black fulminar o pobre coitado.
— Saiam todos! — ele ordenou. — Quero ficar a sós com o patrão de vocês.
A sós com o amigo, Harry mirou-se no espelho. Sorriu ao ver a calça de cetim branco e o colete prateado. Tal elegância poderia ser de rigueur para a noite londrina, mas ele se sentiu um perfeito idiota.
O que Harry sabia sobre a sociedade? Não havia sido educado para ocupar um lugar entre os nobres. Na verdade, durante a maior parte de seus vinte e oito anos, tivera apenas um vago conhecimento de alguma remota ligação com a aristocracia. A notícia de que se tornara herdeiro com a morte do antigo conde, seguida pelo prematuro falecimento do filho e de dois sobrinhos dele, tinha sido um choque para Harry e para a estupefata família Harrington, que o via como um usurpador.
A batida de leque no ombro fez com que Harry se voltasse para encarar o elegante cavalheiro.
— Harry, são poucas as pessoas bem versadas em assuntos da aristocracia como eu. Esta foi a razão pela qual você me requisitou para introduzi-lo no beau monde. — O tom de voz de Sirius era sério e incisivo. — Estou tão ciente quanto você da ridícula condição da nossa sociedade. Porém nunca cometi o erro de subestimar o poder que ela exerce.
Harry respirou fundo. Seu amigo tinha razão. Mesmo que ele não se importasse nem um pouco com a opinião da aristocracia com relação à sua pessoa, não poderia esquecer que agora possuía uma vasta família que dependia dele para manter uma certa dignidade. Um dos muitos encargos que herdara com o título.
O mais importante, contudo, era saber que, se quisesse usar sua nova posição para ajudar aqueles a quem deixara para trás, teria de conquistar a confiança dos nobres. Seu lugar na Câmara dos Lordes seria insignificante se ele fosse visto como um caipira sem os conhecimentos necessários para transitar pela alta sociedade. Ou para ser admitido nos diversos clubes masculinos, onde se concentrava o verdadeiro poder.
— Perdoe-me, Sirius. — Harry inclinou levemente a cabeça. — Não estou desprestigiando o seu trabalho. É que me senti desajeitado e inseguro. Não quero fazer um papel ridículo.
As feições delicadas de Sirius se aliviaram e ele sorriu.
— Não tema, Harry. Você pode não ser o mais vistoso e elegante dos cavalheiros, mas é inteligente e possui um encanto especial quando lhe convém.
— Obrigado.
— E com um pouco de sorte, você não fará um papel completamente ridículo!
Harry jogou a cabeça para trás e riu do elogio mordaz. Sirius nunca seria considerado uma companhia confortável. Ele poderia bancar o perfeito bufão ou, de repente, revelar o crítico brilhante que, um dia, fizera dele o espião mais bem-sucedido que a Coroa jamais tivera. Mas Harry não se arrependia de sua escolha em sua busca por ajuda.
Apesar de Sirius ser o atual proprietário da Hellion's Den, uma elegante casa de jogos, ele era indubitavelmente o líder da sociedade e a pessoa ideal para introduzir Harry no exigente mundo da nobreza.
— Bem, poderei pisar nos pés de muitas donzelas que tiverem o azar de dançar comigo, e esquecer o garfo correto na hora de comer, mas, pelo menos, minha gravata é a glória da perfeição e o meu paletó está tão justo que mal posso respirar. Espero que ninguém me confunda com o jardineiro.
Sirius emitiu um som de reprovação.
— Como se algum jardineiro pudesse comprar um paletó confeccionado por Madame Malkins.
— Ou ser ridículo o bastante para desejar um — Harry puxou pela respiração. Estava na hora de assumir seu lugar como conde de Harrington. Querendo ou não, era seu dever agora. — Podemos ir?
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Lady Ginevra Wealey, filha do duque e da duquesa de Lockharte, estava num momento de fúria.
Não que isso fosse raro.
Apesar das tentativas das inúmeras preceptoras para transformá-la numa moça dócil, Gina possuía um temperamento irascível e o hábito de falar antes e pensar depois. Geralmente, tarde demais.
Em sua defesa, porém, fazia-se necessário dizer que ela não se furtava em admitir se estivesse errada, e nunca descontava seu mau humor nos serviçais.
Não que os criados gostassem de presenciar as explosões de fúria de Gina contra seu pai.
Até mesmo o mordomo, conhecido por considerar-se apenas um degrau abaixo da realeza, corria a refugiar-se nos aposentos dos criados quando ouvia o primeiro dos delicados pratos Wedgwood arremessado contra a porta.
Indiferente à reação dos criados, Gina andava furiosamente de um lado para outro da biblioteca. Por um momento, considerou a possibilidade de atirar alguns dos raros volumes contra a porta. Mas, apesar de furiosa, não cometeria tal estupidez.
O duque, alto, elegante e de cabelo vermelhos e levemente grisalhos, era muito indulgente com sua única filha. Porém não hesitaria em aplicar-lhe um corretivo se ela tocasse em um de seus preciosos livros.
Como se sentisse a incontrolável necessidade de destruição da filha, o duque acomodou-se mais confortavelmente no sofá e, com um gesto, indicou as
porcelanas pintadas que decoravam as estantes.
— Acredito que você esqueceu um dos pratos Wedgwood de sua mãe, Gina, caso ainda esteja disposta a comportar-se como uma criança petulante.
Ela fulminou o pai com um olhar furioso.
— É inaceitável! O senhor não tinha o direito de recusar o pedido de casamento de lorde Malfoy! — Gina esbravejou.
— A bem da verdade, eu tinha todo o direito. Apesar da sua presunção de ser a dona do mundo, ainda sou seu pai e não permitirei que arrisque seu futuro ao lado de um velhaco. Ele arruinaria sua vida em uma semana!
— Lorde Malfoy não é um velhaco.
— Bah! Só mesmo uma ingênua como você para desconhecer a péssima reputação dele. Pelo amor de Deus, Gina, Malfoy é libertino, jogador, um aventureiro que se envolveu em escândalos desde o dia em que pôs os pés em Londres.
Ingênua ou não, Gina estava perfeitamente a par da reputação de Draco. Mas era aquela atmosfera de perigo que mais a atraíra nele. Isso, o delicioso cabelo loiro e os insinuantes olhos azuis.
Para uma jovem que passara a vida inteira sob severa proteção, o que poderia haver de mais fascinante do que um cavalheiro que ousava ignorar as tediosas regras da sociedade?
Lorde Malfoy era alegre, carinhoso, imprevisível e, acima de tudo, disposto a mostrar-lhe o mundo além de sua existência de luxo e mimos.
Simplesmente irresistível.
— O senhor não é a pessoa indicada para atirar pedras — Gina retrucou. — Pelo que tenho ouvido falar, o senhor também se envolveu em escândalos em sua juventude.
— Meus escândalos não incluíram lutar em duelos, hospedar Cyprian Balls na minha casa ou induzir donzelas ao perigo.
— Perigo? Que absurdo!
Sem perder a calma, o duque levantou-se e fitou-a com expressão séria.
— Não sou tolo, Gina. Sei muito bem que o canalha levou-a para assistir às lutas de boxe e corridas de cavalos, e também a uma pantomima obscena, imprópria para os ouvidos de uma meretriz, quanto mais para uma moça solteira.
Gina prendeu a respiração. Que aborrecimento, depois de todos os cuidados que tivera para esconder seus divertidos passeios.
Obviamente, ser um duque incluía saber tudo o que acontecia em Londres.
Com esforço, sustentou o olhar acusador do pai.
— Nem pense em acusar Draco. Por insistência minha, ele me acompanhou a esses lugares.
— E por essa única razão eu não dei algumas chicotadas nele.
— Eu só insisti para ele me levar porque estou cansada de ser tratada como uma idiota incapaz de pensar por mim mesma ou de tomar a mais simples das decisões.
— Você é minha filha. É meu dever protegê-la.
Gina quase gritou de frustração. Quantas vezes ela já ouvira o mesmo velho e familiar discurso?
— Não sou sua filha. Sou uma boneca bonita que o senhor exibe numa vitrine e é
trancada numa caixa quando não tenho serventia. Pelo menos, Draco percebeu que sou uma mulher perfeitamente capaz de conhecer um pouco do mundo.
O duque sorriu.
— Sem dúvida, lorde Malfoy está desempenhando muito bem seu papel. Afinal, ele é um sedutor bem-sucedido e acostumado a fazer o que for preciso para agradar a uma mulher. Entretanto, eu me pergunto se já parou para pensar por que esse cavalheiro tem demonstrado tanto interesse por você se, notadamente, ele sempre evitou debutantes.
— Ele me acha... fascinante.
— Não, minha filha. O que ele acha fascinante é o seu comentado dote.
Gina arregalou os olhos.
— Pai...
— O homem não tem um tostão furado — continuou o duque, ignorando a interrupção. — Apesar de já ter dilapidado todo seu patrimônio, Malfoy ainda está atolado em dívidas. Nenhuma casa de jogos em Londres permitirá que ele passe pela soleira da porta, e os clubes dos quais era sócio há muito tempo não o recebem mais. Sua única esperança para não ter de fugir para o continente é fisgar uma noiva ingênua demais para enxergar além da figura bonita e dos modos encantadores.
Gina cerrou os dentes. Recusava-se a ouvir o pai. Ouvi-lo significaria admitir que o cavalheiro que havia roubado seu coração, o único que lhe oferecera a promessa de um futuro glorioso sem regras e expectativas absurdas, era um mentiroso.
— Não ouvirei suas calúnias. Draco me ama.
O duque meneou a cabeça.
— Lorde Malfoy não ama ninguém além de ele mesmo.
— O senhor não o conhece como eu.
— Eu o conheço melhor do que você, Gina. — O conde ergueu o queixo num gesto de desafio. — Por esse motivo, ele jamais será seu marido.
Gina também ergueu o queixo. Estava cansada de receber ordens como se fosse uma boneca sem cérebro.
— Tenho vinte dois anos, pai, e liberdade para fazer o que me agradar. O senhor não pode impedir meu casamento com Draco.
— Talvez não, mas acredita realmente que vocês se contentariam em morar numa choupana ou em quartos alugados em pensões baratas? — O duque forçou um sorriso. —Isso deve ser fascinante em livros românticos, mas não há nada de agradável em esfregar o chão ou morrer de frio diante de uma lareira apagada. Garanto a você, minha filha, que lorde Malfoy venderia a própria mãe antes de se tornar pobre.
— Pobre? — A valentia de Gina desapareceu com incrível rapidez. — O senhor vai me deserdar? Os olhos do duque escureceram.
— Não haveria necessidade de tomar medidas tão drásticas. Eu simplesmente não tenho nada para oferecer como dote.
— Mas... isso é um absurdo.
— É a verdade pura e simples.
— Não entendo.
— Eu nunca pretendi que você entendesse. — O duque soltou um suspiro
resignado. — Com sua beleza e posição, imaginei que você teria o bom senso de escolher um marido rico. Afinal, é o que fazem, em sua maioria, as jovens.
Em sua maioria, as jovens não eram filhas de duques, Gina pensou, quase em pânico.
— E o meu dote? — ela indagou.
— O que você pensa que tem patrocinado suas dispendiosas temporadas nos últimos quatro anos?
— O senhor está me dizendo que não temos dinheiro?
Seguiu-se um longo silêncio antes de o duque caminhar até ampla janela. Ficou de costas para a filha até clarear a garganta.
— Sai muito caro ser duque, minha querida. Tenho propriedades que necessitam de constantes reparos, quase um batalhão de empregados que recebem salários e pensões, arrendatários que sempre precisam de algum tipo de assistência, a educação dos seus irmãos, e, claro, você e sua mãe, que fazem questão de andar bem vestidas e cobertas de jóias.
— Mas... e os seus rendimentos e investimentos? O olhar dele permaneceu fixo na rua Mayfair.
— Enquanto Londres se devotou aos prazeres, a guerra devastou o mundo. O comércio praticamente desapareceu, e não há homens suficientes para trabalharem no campo. — O duque balançou a cabeça num gesto de frustração. — Os tempos estão difíceis para os proprietários de terras. Você gostaria que eu deixasse meus arrendatários morrerem de fome?
Claro que Gina não desejava tamanha infelicidade a ninguém.
— A guerra já terminou — ela observou num fio de voz.
— O que não traz nossos rapazes de volta do túmulo para cultivarem minhas terras, e nem enche nossas despensas. A devastação causada pela guerra levará anos para ser consertada.
— Por que não me disse nada antes?
Devagar, o duque se voltou e contemplou-a com expressão angustiada.
— Simplesmente porque imaginei que quando você decidisse se casar, seria com um cavalheiro de muitas posses.
A dor na boca do estômago de Gina transformou-se em náusea. O glorioso futuro que ela sonhara durante meses estava virando poeira.
— Meu Deus... isso é horrível!
— Nem tanto. — O duque afagou-lhe delicadamente o ombro. — Há muitos cavalheiros simpáticos e ávidos para se casarem com a filha de um duque, sobretudo se ela for adorável e linda como um anjo.
— O senhor não tem sentimentos? Eu amo Draco. Não quero outro cavalheiro. Especialmente se o sujeito desejar casar-se comigo apenas porque sou sua filha.
Com ultrajante frieza, o duque encolheu os ombros.
— Então, converse com lorde Malfoy e diga-lhe que você deseja casar-se mesmo sem dote e sem o meu consentimento. Vamos ver quanto tempo ele levará até dispensar a oportunidade de tê-la como esposa.
Gina descartou a sugestão do pai. Não por temer que Draco desistisse do casamento ao saber que o duque não tinha dinheiro, mas por não querer que ele se sacrificasse por ela.
Incapaz de segurar as lágrimas por muito tempo, Gina olhou para o homem que conseguira destruir sua vida em questão de minutos. Com mão trêmula, apertou o coração de prata que usava pendurado numa corrente, presente de Draco com seu precioso retrato.
— Nunca esquecerei Draco — ela anunciou num tom dramático. Depois, saiu da biblioteca e dirigiu-se a seus aposentos para chorar suas mágoas.
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Os dedos atrevidos da mulher apertaram avidamente a perna de Harry.
Quase se engasgando com o pedaço de galinha que levara à boca, ele lançou um olhar de perplexidade à dama sentada ao seu lado.
A anfitriã da luxuosa mansão londrina, lady Parkinson, era realmente uma mulher bonita. Apesar de não estar na flor da idade, havia uma aura de sensualidade nas opulentas curvas de seu corpo e um brilho ardente e faminto nos olhos escuros.
Mesmo gostando de ser apalpado sob a mesa, Harry preferia que a mulher que o seduzia não tivesse um marido famoso por sua excelente pontaria.
Enquanto fingia interesse na conversa do general sentado à sua frente, lady Parkinson continuava sua exploração da perna de Harry. Seus dedos alisavam e beliscavam com inegável habilidade. De repente, começaram a subir com claras intenções.
Harry engoliu o pedaço de galinha entalado na garganta, tamanho o choque pela objetividade do ataque, e afastou a mão atrevida.
Sirius não o prevenira de que a bela anfitriã não se encontrava em seu juízo perfeito, mas, provavelmente, era o modo de ser da sociedade londrina. Talvez todas as anfitriãs tivessem o hábito de distrair seus convidados à mesa de jantar...
Sentindo-se rejeitada, lady Parkinson voltou-se para fitá-lo, sobrancelhas erguidas, expressão magoada.
— Oh, meu caro lorde Harrington, alguma coisa errada?
Limpando os dedos no guardanapo, Harry considerou suas opções. Não queria causar uma cena desagradável e, muito menos, um escândalo. Também não desejava que a dama pensasse que ele não tinha interesse numa... relação mais íntima.
A simples possibilidade foi suficiente para provocar-lhe arrepios em todo o corpo. Harry era sempre muito exigente quando o assunto envolvia amantes. E possuía também um enorme senso de autopreservação. Sexo banal com uma mulher que, sem dúvida, deitava-se com vários homens não acrescentaria nada à sua vida. Esperando amenizar qualquer vestígio de sua rejeição, ele forçou um sorriso educado.
— O que poderia estar errado, lady Parkinson? — murmurou.
— Os comentários sobre suas extraordinárias habilidades como anfitriã não foram exagerados.
Os olhos ardentes dela perscrutaram-no. Primeiro o rosto, depois os ombros largos e a cintura.
— Espero, meu caro lorde, que foi muito mais que minhas habilidades como anfitriã que o atraiu à minha pequena recepção — ela respondeu com voz enrouquecida.
Harry resistiu à tentação de soltar o nó da gravata que o estava sufocando.
— Bem... sim, certamente.
Lady Parkinson mordeu o lábio num gesto sensual.
— Parece que temos os mesmos pensamentos. Talvez possamos discutir nossos interesses em comum na estufa, mais tarde. Depois do início do baile.
Houve um murmúrio à mesa; Harry arriscou um olhar para Sirius e franziu o cenho à expressão de inocência dele. O amigo sabia perfeitamente da inclinação de lady Parkinson para assediar seus convidados e não fizera nada para preveni-lo. Na verdade, era óbvio que Sirius estava se divertindo com seu desconforto.
— Admito que o convite é tentador, milady. Mas...
Como uma bênção dos céus, o momento constrangedor foi interrompido quando lorde Parkinson pigarreou indicando que as mulheres deveriam sair da mesa.
Com uma última e descarada carícia na perna de Harry, a anfitriã levantou-se e conduziu as convidadas para o salão de baile. Harry soltou um suspiro de alívio.
Imaginara que enfrentaria muitas ciladas em Londres. Gafes embaraçosas, erros ingênuos, preconceito por parte dos nobres arrogantes. Mas... ser assediado por uma dama da realeza à sua própria mesa? Jamais! E, agora, a fogosa senhora estaria à sua espera na estufa.
Com uma ponta de saudade da vida simples e calma que havia deixado para trás, Harry tomou seu vinho e riu das piadas sem graça que os cavalheiros contavam ao redor da mesa. Qualquer esperança de ouvir uma conversa inteligente sobre as leis discutidas na Câmara dos Lordes, ou de ficar a par das últimas notícias vindas do continente, perdera-se havia muito tempo. Não foi difícil compreender que apenas assuntos frívolos eram permitidos em reuniões sociais.
A conversa continuou até a chegada dos primeiros convidados para o baile. Esperando que sua impaciência não fosse notada, Harry seguiu os demais até o salão. Assim que entrou, escolheu um lugar estratégico para parar e esperou.
Demorou alguns minutos, mas, finalmente, o cavalheiro elegante entrou no salão e perscrutou a multidão com olhos curiosos. Harry não hesitou. Aproximando-se, segurou-o pelo cangote e levou-a para um canto.
— Aonde pensa que vai, Sirius?
O amigo sorriu com um ar angelical e um brilho divertido nos olhos.
— Oh, você está aqui, Harry. Pensei que tivesse desertado! Harry encarou-o com expressão ameaçadora.
— Acredite-me, a idéia passou pela minha cabeça mais de uma vez nesta noite. Infelizmente, minha vontade de esganá-lo sufocou a necessidade de voltar para casa e fazer as malas.
Sirius bateu levemente no nariz com um lenço de renda.
— Francamente, Harry, não há razão para ficar tão mal-humorado. Admito que a galinha estava assada demais e os vegetais tão moles quanto se comenta ser a masculinidade de lorde Parkinson, mas até você tem de concordar que as massas estavam divinas.
Harry fez uma prece silenciosa por paciência.
— Muito interessante, meu amigo. Porém você sabe muito bem que o meu aborrecimento não tem nada a ver com o cozinheiro de lady Parkinson.
— Não?
— Não. Por que não me preveniu?
— Prevenir do quê?
— Sirius...
Finalmente, reconhecendo que pressionara a tolerância de Harry até o limite, Sirius suspirou.
— Oh, muito bem. Eu não o alertei por saber que agiria como uma virgem aterrorizada no momento em que lady Parkinson se aproximasse de você.
— Ridículo! — Harry resmungou.
— Calma, calma... — Sirius ergueu a mão. — Não fique nervoso. Não tenho culpa se, entre todas as suas habilidades, não consta a de saber disfarçar o que sente. Seus pensamentos estão todos escritos aí na sua testa.
Harry fez um gesto de impaciência.
— Felizmente, saber disfarçar nunca foi uma habilidade muito requisitada em Kent. Lá, um homem é julgado pela honestidade e integridade.
— Céus, que coisa mais enfadonha!
— Pois eu acho muito saudável.
— Sem dúvida. — Sirius agitou o lenço no ar. — Entretanto você está em Londres, não em Kent, e aqui descobrirá que a sua saudável honestidade não o ajudará muito.
De novo, a pontada de saudade. Tudo o que Harry queria era estar em sua antiga casa com um bom livro e um copo de vinho. Essa, sim, era sua noção de uma noite perfeita.
Infelizmente, porém, Sirius tinha razão. Ele se encontrava em Londres, obrigado a participar dos ridículos jogos da alta sociedade.
— Você está insinuando que devo suportar ser apalpado por debaixo da mesa por uma senhora e ainda sorrir como se isso fosse a coisa mais natural do mundo?
— Exatamente. Lady Parkinson é uma figura poderosa na sociedade. Se você evitou abertamente seus avanços ou demonstrou contrariedade por seus hábitos peculiares, ela poderá tornar impossível sua introdução no mundo dos nobres.
— Maravilha!
Um brilho divertido surgiu nos olhos de Sirius.
— Vê-lo se engasgar com um pedaço de galinha foi realmente impagável.
Harry riu. O elegante pilantra era mesmo descarado.
— Agora, enquanto você se diverte com a sua brincadeira sem graça, talvez faça a gentileza de me dizer como evitar o encontro com a rameira na estufa. Ela me espera aos primeiros acordes da orquestra.
— Você deseja mesmo evitar o encontro? — Sirius perguntou. — Lady Parkinson pode não ter saído há pouco do berçário, mas sua beleza perdura, e comenta-se que ela é muito talentosa...
Harry deu de ombros.
— A mulher é casada. Mesmo que a considerasse irresistível, eu jamais me envolveria com a esposa de outro homem.
— Honesto e cheio de princípios. Céus, você não sobreviverá entre os nativos, meu velho.
— É sua função assegurar que eu sobreviva.
Sirius sorriu ao ver a anfitriã observar Harry com olhos famintos.
— Oh, muito bem. Eu tentarei distrair lady Parkinson. Fique aqui e procure não
enfeitiçar nenhuma outra dama desesperada.
— Obrigado, Sirius. Não me esquecerei de contar a Anna sobre lady Parkinson e do terrível sacrifício que você foi obrigado a fazer por mim.
O almofadinha empalideceu. Eram poucas as pessoas que não sabiam que o outrora libertino e farrista agora vivia sob a firme autoridade de sua alegre esposa.
— Uma só palavra desta história para Anna e eu o enfiarei num espartilho num piscar de olhos — Sirius ameaçou-o em voz baixa.
— Isso se a sua adorável esposa não o matar antes. Minha aposta é em Anna.
— A minha também.
Com um longo suspiro, Sirius afastou-se e abriu caminho entre a multidão.
Ainda sorrindo, Harry apoiou-se na parede. Não duvidava de que, de alguma forma, o amigo conseguiria distrair lady Parkinson. Poucas mulheres resistiam aos encantos do elegante cavalheiro.
O sorriso de Harry desapareceu enquanto seu olhar corria pelo salão. Apesar da extensão do recinto, sentia-se sufocado pela crescente quantidade de pessoas e incomodado pelos olhares furtivos em sua direção.
Céus, a noite apenas começara e ele já se pegava desejando estar a quilômetros de distância. Como conseguiria suportar mais três meses de tamanha tortura?
Contava as horas que faltavam para poder apresentar suas desculpas e sair dali quando, de repente, seu olhar foi capturado por uma beleza exótica parada no outro extremo do salão.
Bom Deus!
Harry esqueceu de respirar. Esqueceu de piscar. E até mesmo de estremecer.
Ela era deslumbrante!
À luz das velas, o cabelo parecia tão vermelho e brilhante como fogo incandescente. Os cachos estavam presos no alto da cabeça num penteado elaborado, e alguns soltos ao redor do rosto alvo. Os olhos num tom de mel eram tão grandes que pareciam dominar as faces redondas e perfeitas, e os lábios eram grossos e rosados.
Devagar, o olhar perplexo de Harry examinou as formas ocultas pelo vestido amarelo. Seu corpo reagiu imediatamente, e ele cerrou os punhos.
Não foi apenas o fato de ela ser um pavão brilhante entre as pombas pálidas que lhe chamou a atenção. Foi mais a força vibrante que parecia iluminar o ar ao redor da moça.
Uma vontade surpreendente e sufocante de atravessar o salão e gritar seus direitos sobre ela apossou-se de Harry.
Por sorte, ainda não perdera completamente o juízo.
E jogar-se aos pés da jovem não só a embaraçaria como também o faria fazer papel de completo idiota.
Harry não ignorava ser motivo de piadas entre os aristocratas. Era burguês, não sofisticado e não possuía o requintado encanto que as mulheres tanto admiravam.
Seria preciso ainda muito polimento antes de poder pensar em aproximar-se de uma jovem de berço. Por ora, ela o tomaria por um criado, e não por um conde.
Sem se permitir fazer algum gesto ridículo, Harry caminhou com passos firmes em direção às portas francesas que levavam ao terraço.
O ar pesado do salão começava a causar-lhe dor de cabeça, sem falar do murmurinho misturado à música. Se quisesse sobreviver à noite, precisaria de ar fresco.
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Parada num canto do salão, Gina estava em estado de gloriosa fúria.
De novo.
Fúria tão gloriosa que ninguém tinha a coragem de dirigir-lhe um simples sorriso.
Como seu pai se atrevera a tanto? - Ela pensava com pena de si mesma.
Além de passar a tarde ferindo seu coração e destruindo-lhe o futuro, o duque praticamente a havia obrigado a comparecer àquela recepção enfadonha. Gina ainda estava em choque. Precisaria de tempo para recuperar-se e aceitar o inaceitável.
Pela primeira vez, descobrira que nem os ataques de nervos e nem as lágrimas tinham impressionado seu pai. E quando gritara que nada a faria sair do quarto naquela noite, ele havia ameaçado colocá-la no ombro e levá-la ao baile dos Parkinson com roupas de dormir, se necessário.
Fora suficiente para fazer estremecer a mais dócil das criaturas. E Gina nunca havia sido dócil.
Apesar de sua vontade de atirar todo e qualquer objeto quebrável, ela não podia fazer nada, a não ser fechar-se no mais absoluto silêncio. Claro, haveria comentários quando soubessem que seu pai dispensara Draco, e Gina não agravaria mais a situação com uma explosão de mau humor.
Pelo menos em público.
— Admito, minha querida, que você parece agradavelmente trágica assim sozinha num canto — o duque murmurou parando ao lado da filha.
Gina abriu o leque, olhando distraidamente para os pares que rodopiavam pelo salão.
— Felizmente para mim, não tenho interesse em possíveis maridos.
— Ah, então pretende ficar solteira. — o pai disse com sarcasmo. — Sem dúvida, morará com seu irmão que, coitado, estará lutando para impedir a ruína das nossas propriedades enquanto você, minha filha, se tornará uma dessas tias amarguradas que assustam as crianças.
Gina apertou os maxilares. Céus, ela nunca pensara nisso! Abanou o leque até seus cachos balançarem com o ar.
— Isso faz diferença para o senhor?
— Por mais que me custe admitir, sou obrigado a dizer que só você poderá aliviar os encargos que pesam sobre os nossos ombros. — Houve uma pausa estratégica. — Parece que eu mesmo terei de tomar as providências.
Com uma sensação de mal-estar, Gina olhou desconfiada para o pai.
— O que isso significa?
— Se você não escolher um marido, eu o escolherei. - Foi como se ela tivesse recebido um tapa no rosto.
— O senhor está brincando!
— Absolutamente não. Sem dúvida, um marido rico será generoso com a nova família. Sobretudo se você for bastante esperta para agradá-lo.
— Não. — Gina balançou a cabeça. — O senhor não pode me forçar a...
— Acredito que já combinamos que, como pai, posso forçá-la a quase tudo, incluindo casamento. — Ele ergueu o copo e indicou os convidados que andavam pelo salão. — Vejamos... O que me diz de lorde Snape? É maduro o suficiente para agüentar suas crises de mau humor com paciência e rico para manter seu estilo de vida.
O leque caiu das mãos de Bianca.
— O senhor perdeu o juízo?
— De jeito nenhum.
— Pelo amor de Deus, pai! Ele tem idade para ser meu avô! Sem falar que cheira a repolho.
Imperturbável, o duque apontou discretamente para um barão de paletó florido e andar cambaleante.
— Muito bem. Que tal sir Thomas? Ele é apenas alguns anos mais velho do que você e herdou uma considerável fortuna.
— É também um bêbado inveterado e cansativo.
— O que significa que seria facilmente controlado por uma mulher jovem e bonita.
Gina olhou, alarmada, para o pai. Ou ele bebera tanto quanto o barão ou realmente havia perdido o juízo.
— Ora, meu pai, não diga bobagens!
— Hum... não há muitos solteiros disponíveis. Comenta-se que lorde Zabini está falido, e o sr. Flint já conseguiu enterrar três esposas. Não que isso tenha alguma importância... Gina conteve o riso. Era de conhecimento de todos que Flint só se interessava por mulheres doentes.
— Prefiro atirar-me de um penhasco.
— Ah, receio não termos muita escolha. Mas ainda haverá o baile de lady Lovegood.
Gina apertou os dentes com força e cerrou os punhos.
— O senhor se esqueceu do cavalheiro naquele canto? Ele parece ser rico, que é um requisito imprescindível ao meu futuro marido.
O duque olhou na direção indicada pela filha e mostrou-se horrorizado.
— Lorde Harrington? Absolutamente não!
Gina ficou intrigada. Se seu pai reprovava o homem, então ela deveria aproximar-se dele. No momento, nada lhe dava mais prazer do que provocar o duque.
— Por quê? Ele é casado?
— Não.
— Seus bolsos são vazios demais para nos livrar do infortúnio?
— A fortuna dele é mais do que respeitável.
Gina ergueu as sobrancelhas.
— Bonito, solteiro e rico. Que melhor partido o senhor poderá encontrar?
— Ele é o Conde Camponês.
Demorou um segundo para Gina relacionar o título com o novo membro da aristocracia. Um membro que fora recebido com frieza pela sociedade.
— Ele é amigo de lorde Black? — ela perguntou em voz baixa.
O duque torceu o nariz.
— Uma amizade muito peculiar, diga-se de passagem. Eu não sabia que Sirius tivesse afinidade com fazendeiros rudes e ignorantes.
Gina franziu o cenho. Apesar de todos os defeitos, seu pai nunca fora preconceituoso.
— Jamais o ouvi reprovar um homem por ter trabalhado no campo, pai. Não é o senhor que vive alardeando que um arrendatário leal vale mais do que dúzias de almofadinhas inúteis?
— Para as minhas fazendas, não para minha filha. E proíbo-a de aproximar-se daquele homem, Gina. Não perca seu tempo. Não duvido que ele tenha o atrevimento de imaginar que está à sua altura, minha filha.
— Realmente — ela murmurou, seu olhar voltando ao Conde Camponês. Estranhamente, sentiu-se fascinada. Eram poucos os membros da sociedade com quem não tinha amizade. Uns mais, outros menos, mas conhecia quase todos. Na verdade, a aristocracia era uma comunidade pequena e exclusiva, raramente mudando ou admitindo outros membros.
E nunca um estranho como o Conde Camponês. Ele era maior do que a maioria dos nobres. Talvez não tão alto, porém mais forte, de ombros largos e corpo musculoso. Músculos que dispensavam o uso de enchimentos... em todos os lugares, ela notou com pura avaliação feminina. E das rendas e babados que muitos cavalheiros usavam para disfarçar o tórax estreito e o queixo fino.
Ele não possuía a beleza tradicional. Não havia nada de elegante ou bonito no nariz romano, nos maxilares proeminentes ou nos lábios grossos. Suas feições sugeriam impetuosidade, coragem e extrema masculinidade. Mas combinadas com os olhos verdes, formavam uma beleza atraente, emoldurada pelo cabelo escuro e levemente desalinhado, que roçava no colarinho e caía-lhe na testa.
Era um homem que merecia ser admirado onde quer que estivesse.
E, acima de tudo, um homem que não seria intimidado por ninguém.
Nem mesmo por um duque.
Os lábios de Gina curvaram-se num sorriso.
Talvez pressentindo a direção dos pensamentos da filha, o duque franziu o cenho.
— Ginevra, o que você está pretendendo?
Com andar elegante, o misterioso cavalheiro saiu de seu canto e foi para o terraço.
Lançando ao pai um olhar de desafio, Gina começou a andar na direção do terraço.
— Decidi conhecer melhor esse tal de Conde Camponês.
— Absolutamente não! — o pai esbravejou, seguindo-a. — Ginevra, eu a proíbo!
Ela não parou.
— Se ele realmente for tão rico como o senhor diz, então não preciso da sua aprovação, pai.
— Gina... — O duque ficou na porta do terraço e viu sua filha seguir adiante, só parando diante do estupefato conde.
Por um momento, Gina hesitou. Alguma coisa lhe dizia que aquele homem não era como os outros que ela conhecera. Porém, ainda furiosa com o pai, ignorou os sinais de alerta.
— Milorde, ainda não fomos formalmente apresentados, mas eu gostaria de... — As
palavras lhe fugiram.
O conde de Harrington ergueu as sobrancelhas e sorriu.
— Sim?
— Gina, volte aqui já! — o duque ordenou como se ela fosse seu cachorrinho de estimação.
Era exatamente o que faltava para tirar Gina do sério. Sem preâmbulos, ela parou quase colada ao cavalheiro e sorriu com audácia.
— Quero que saiba que em breve o senhor será meu marido.
Atrás de Gina, o duque emitiu um som de fúria e terror. Uma onda de satisfação por ter enredado o conde em seu próprio jogo invadiu-a.
Mais tarde, ela pediria desculpas por seu tresloucado comportamento. Naquele momento, porém, estava empolgada demais com sua criancice para se preocupar com as conseqüências.
Gina começara a sorrir quando, de repente, braços fortes enlaçaram-na pela cintura e puxaram-na contra o peito rígido como granito.
Surpresa, ela abriu a boca para protestar contra o tratamento rude. Mas suas palavras foram sufocadas por lábios quentes e habilidosos.
O beijo repercutiu em todo seu corpo.
E o protesto morreu na garganta.
Oh... céus!
N/A: Nossa, ui... alguém mais ficou sem fôlego ai?? Huahuahuahauha... Pois é galera, essa já estava pronta e eu resolvi postar logo... é uma adaptação, (uma coisinha que eu li e imaginei o casal) de um livro muito legal, da autora Debbie Raleigh e espero que todos gostem! Desculpe não dizer o nome do livro(vou dizer futuramente!), mas se falar, vai perder a graça... Prometo não demorar para atualizar, pois como disse para vocês, ela está pronta! E também não deixarei minhas outras fics de lado!
Agora as dúvidas que sei que terão...
Harry é conde, e Gina filha de Duque. (acho que isso deu pra perceber! :P) Ele é conde de Harrington, e ela é filha do duque de Lockharte.
Beijinhos pra todas!
Ara Potter.
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