Capítulo 2: Conectados
_ Há quanto tempo o irmão daquele imbecil morreu? – pergunta Dino ao abrir o laboratório de informática.
_ Não tem dois dias. Eu já teria feito, mas a Hermione chegou querendo ir naquela porcaria de festa. – esbraveja.
_ Melhor, daqui não tem erro. Invadisse o servidor? – o cúmplice lhe mostra três folhas repletas de números e letras, superficialmente desordenados e inúteis. Aquele trabalho seria fácil.
Cinqüenta minutos depois um perfil funesto ganhava espaço na web, o irmão de Dennis Creewey inscreveu-se no orkut, alegando em seu perfil intimidades conhecidas apenas pelos familiares. Em um ponto quilômetros distante da universidade, o acadêmico da terceira fase de Administração cai de joelhos, desalentado e aos prantos sem acreditar no que seus olhos focalizavam. Seu irmão morto em um atropelamento há 48 horas havia lhe adicionado no orkut. O pesadelo estava tomando formas reais.
“Se Deus teve seis dias para criar o homem a sua imagem e semelhança, Lúcifer teve dois mil anos para corrompe-lo.”
_ Emprego mais imprestável! Ah! Não acredito... Que ainda tem gente nesses laboratórios?! – reclama Ron, manuseando as chaves de todos os laboratórios.
Aquela era a sua noite semanal de ronda, na qual via-se obrigado a esperar todo e cada aluno ou professor encerrar as suas atividades para fechar o compartimento e poder se recolher. Engraçado como a última luz acesa era particularmente a do lado pertencente ao Design Gráfico, por isso, o técnico de manutenção já possuía idéia concreta dos acadêmicos que ainda “usufruíam” das instalações da faculdade.
_ Boa noite! – saúda os conhecidos.
_ Boa noite, Rony! – Dino responde ao cumprimento normalmente, enquanto Draco permanece calado.
_ Vocês ainda tem muito trabalho para esta noite?
_ Estamos terminando um trabalho integrado entre o jornalismo e o design gráfico. Nova projeto visual para o jornal da universidade. – responde Dino cautelosamente. – E você ainda trabalhando? – finge indignação.
_ É, hoje eu sou responsável pelo desligamento dos equipamentos de todos os laboratórios deste setor do campus. Mas, vocês avisaram o professor responsável? Dino, você sabe que para usar depois do horário... – é interrompido.
_ Fica tranqüilo, você sabe que eu tenho carta branca com o professor Snape! - Ron concorda, não era de hoje que sabia do prestigio que o futuro designer dispunha entre os mestres – Então, é o único que falta pra você trancar? – ele torna a acenar afirmativamente - Ah! Problema resolvido. Deixa comigo a chave geral que eu fecho tudo e amanhã na primeira hora te entrego.
Dino encaminhando-se até a porta para verificar que se o rapaz havia realmente saído do prédio e certifica-se que ninguém os incomodará novamente, enchaviando a porta do laboratório, ao voltar se confronta com o semblante pasmado do cúmplice.
_ Você devia ignorar o Ron um pouco mais, acho que ele não ficou muito chocado com a sua indiferença.
_ Ah, qual é!?! Ele passou a maldita festa dando em cima da minha namorada, e você quer o que? Que eu corra pra cumprimenta-lo e o trate como meu melhor amigo? – irrita-se o futuro jornalista.
_ Você não me vê por ai xingando o Harry só porque ta saindo com a Gina. Mas, caso
você ainda não tenha notado o Ronald acabou nos ajudar.
_ Como assim?
_ Acorda, Draco! Em que universo paralelo você acredita que eu pedi permissão para usar esse laboratório? E ele sabia disso, então trata de pelo menos olhar ele na cara. Por no que fim das contas, a gente ficou devendo uma.
Ronald se dirigia, sem mais distrações, para o alojamento destinado às Engenharias. Entretanto, para sua completa surpresa depara-se com o talentoso novato, Neville, cujo provindo nada mais, nada menos do que de um estudo, contrariando todas as noções acadêmicas de festa ou encontro romântico.
_ Ta fazendo o que uma hora dessas? – o bolsista suspende o espanto.
_ Voltando de uma monitoria mais longa do que o planejado. – responde o frustrado adolescente.
_ Monitoria? Ainda calouro? Uau, não é por menos que te tratam como um gênio!
_ Ah! Nem me lembre desse “tratamento especial” – segue seu rumo meio atordoado.
_ Algum problema?
_ Quem me dera se fosse só um ou algum problema. Mas, graças a essa porcaria de super- atenção e aquele seu amigo, eu to com mais problemas do que sequer posso contar.
_ Que amigo? – interessa-se Ron.
_ O capital do time de futebol do campus.
_ Hum! Harry?... – sorri, aquela perseguição era típica do atleta – Acho que eu posso te ajudar. Mas, vou precisar de um favor em troca. - Neville o encara desconfiando – Garanto que é a sua especialidade. Você conseguiria descobrir e rastrear todas as ação feitas em um computador?
Start! O jogo havia definitiva e finalmente principiado nas duas frentes de combate. O pântano encoberto pela dinâmica universitária viria a tona, espalhando terror e lodo.
_ Que coisa é essa? – Draco apontava o monitor que inadvertidamente acendia e apagava. O companheiro de atrocidades ri, hora de compartilhar suas preciosas descobertas.
_ Uma conexão adjacente à Internet? – digere ainda a montanha de informação o aprendiz de jornalista.
_ Sim e não. Uma rede de comunicação praticamente independente à Internet. A forma perfeita de fazermos qualquer coisa sem corrermos o menor risco! – empolga-se o guitarrista.
_ Rede de comunicação com o que?
_ Isso é mesmo importante? – Draco o pressiona – Parece que esse prédio foi o primeiro da faculdade lá em 76, 77, durante a Ditadura Militar. Os militares estavam começando a mexer com computadores, com algo que viria a ser a Internet. Tava na cara que quando se espalhasse pelo país não iriam ter o menor controle, então estavam tentando se adiantar. Tentando criar uma rede paralela invisível, mas potente o suficiente para se infiltrar em qualquer sistema...Casas, escritórios, repartições...E como, a computação tava engatinhando para as faculdades primeiramente, os militares se instalaram exatamente aqui. – diz gesticulando que fora o local referente a sua narração. A tenebrosa revelação transfigura o rosto outrora passivo de Draco em pânico puro.
_ Ah, qual é? Você não precisa de desesperar. Apesar de altamente repressora a idéia não passou de um ideal. No inicio dos anos 80, quando a Internet estava realmente tomando formas reais e os meios necessários para essa “teoria da conspiração” se concretizar estavam progredindo, a Ditadura já estava agonizando por aqui. O projeto foi considerado “inconstitucional”, ou qualquer coisa que isso possa significar, e conseqüentemente abandonado. O que nos traz diretamente para os dias atuais. Há uns cinco meses quando foi celebrado os 50 anos da Universidade, o “magnífico” – ironiza – reitor quis se auto-promover e decidiu reformar o primeiro prédio sede. E bom, como você deve ta imaginando...Era esse! Como homenagem ou sei lá o que, ele preservou alguns detalhes do projeto original, incluindo algumas máquinas. E por ser de longe o curso mais bem conceituado daqui, o prédio foi repassado para o Design Gráfico. – pausa momentaneamente a explanação.
_ O que não explica muito coi-... – questiona a veracidade Draco.
_ Calma jornalista, eu estou chegando no melhor da história. – o comparsa ri – Sem idéia do quanto aqueles computadores eram raros, o pessoal da manutenção e uns “experts” ficaram completamente fascinados e fissurados. Queriam a todo custo botar aquelas velharias novamente em funcionamento. E depois de... – vez do futuro profissional de comunicação interromper.
_ Como você sabe de tudo isso? – indaga ele extremamente inquieto.
_ Me admira você, o jornalista responsável pela cobertura dos 50 anos da faculdade e pela reinauguração não ter descoberto. – o ego do amigo despenca após tamanha ofensa - Como eu estava dizendo... Depois de restaurado o computador principal, ou melhor, como diziam os milicos: “o cérebro”, continha todas essas informações no HD. Pra minha sorte e azar de uns outros, entrei nesse laboratório na hora exata pra apreciar esse pequeno tesouro. Quando eu entrei aqui, há um mês, pelo menos cinco estavam tentando decodificar o último arquivo necessário pra colocar em funcionamento. Por coincidência, o nosso amigo baterista...
_ Blaise? – espantasse Draco.
_ Exato. O Blaise, como um bom analista de sistema, era praticamente o chefe de toda a operação e me colocou a par de tudo. Acho que isso esclarece tudo, não? – conclui Dino.
_ E como vocês tem certeza de que está tudo cem por cento?
_ Me diga você, ou será que na última semana você não notou nada de estranho no seu computador? – sorri vitorioso o guitarrista.
_ Como é que é? – brada assustado o cúmplice.
“...Ilusão solidificada ao chuvisco nocivo do inferno
A morte...
Mil facas de gelo perfurando teu pulmão no inverno
Não é forte...”
“...Ilustre macabra fogueira
O anjo negro molda tua sepultura
Meu ódio te acariciou, mesmo quando você não queria
Sou surdo, e das profundezas, escuto emanar tua voz escura...”
Tarde e longe demais...Se proíbem as crianças de brincarem com o fogo, o que fazer quanto ao desconhecido? O sobrenatural?
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Muito tempo depois, passando para deixar novidades. A fanfic está totalmente editada com os dialogos menos carregados de girias e mais fáceis para o entendimento, espero que assim facilita a leitura e desperte mais o interesse de todos. Com o fim da faculdade espero voltar a postar em breve. Qualquer dúvida deixem em comentários que logo responderei. Obrigada por não abandonarem a história, tentarei corresponder em breve.