Desclaimer: Nada disso me pertence. Mas amo muito brincar com eles.
Capítulo 3 – Edward
Não desviei os olhos do moreno, nem mesmo quando senti que o outro homem que havia ficado na mesa, me olhava. Vi o moreno pagando e saindo do bar, o outro continuou, e eu não consegui não olhá-lo. Mas assim que desviei meus olhos da porta e olhei a mesa deles, percebi que o outro já havia sumido, procurei pelo bar e não o encontrei. Dei de ombros e continuei a beber, esperando por algo que já tinha me falado que não iria aparecer.
Bebo o que a mulher colocou no meu corpo de uma vez e pago. Vou atrás de Regulus, não lembro de motivos que possam prendê-lo na casa de nossa mãe. Levanto e saio do bar, parando para pensar um pouco. Bato com a mão no bolso da calça para conferir se meu maço e isqueiro estão ali, e me lembro que é melhor não fumar agora. Regulus odeia o cheiro do cigarro.
Um vento passa rápido e percebo que o frio está mais forte de que quando sai, e acho melhor pegar um casaco. Entro na pensão olhando para os lados, parece que alguém me vigia, ou estou ficando paranóico. Abro a porta do meu quarto e pego outro casaco e saio, trancando com a chave dessa vez porque a porta do quarto ao lado se abriu. Sem querer olhar, mas já olhando, vi quem estava na porta, um homem de cabelos acobreados, pele pálida, olhos escuros; parece que já o vi em algum lugar. Bem não importa, tenho que sair.
Regulus não estava, mesmo com a hora avançada entrei na casa de minha mãe sem problema algum. Olhei cada cômodo, cada canto e Regulus não estava, isso é estranho. Volto para a pensão, já é de manhã e sento-me na cama, somente de calças, olhando para a janela, vendo o sol começar a raiar.
“Inferno. Feche a janela, Edward, vou ficar cego.” As paredes finas demais me deixam ouvir o que o homem falou no outro quarto.
Lembrei-me do homem que vi na porta do quarto número treze ontem, cabelos acobreados; onde já o vi antes? Não me lembro, mas sei que deveria estar pensando em outra coisa, outra pessoa. O estranho são os olhos negros daquele homem, não me lembro de ter visto alguém com olhos assim na vida; será que isso é o que deixa o outro arfando? Sorrio, levantando-me e indo para o banheiro, vou tomar um banho e esperar Regulus, ele vai aparecer.
Tirei a calça no meio do quarto, e ouvi o barulho novamente na parede, esses dois são insaciáveis. Dou risada e vou até o banheiro e fico surpreso ao ouvir duas pequenas batidas na janela, olho e vejo uma coruja. Abro a janela e deixo a ave entrar, pego o papel de sua pata e leio.
Posso aparatar ou já arranjou alguém?
Olho para a rua, poucas pessoas passando, ninguém que me lembre meu irmão. Conjuro uma pena e tinteiro e respondo no mesmo papel, avisando sobre estar no quarto de número quatorze. Entrego o papel, vejo a ave partir e sigo para o banheiro.
Ligo o chuveiro e segundos depois ouço o barulho característico de alguém aparatando. Sorrio, relaxando por finalmente poder tê-lo. Ele finalmente está ali. Ouço a porta do banheiro ser aberta e não me viro, ele sabe o que fazer.
“Dormiu bem?” Ele pergunta, parado ao meu lado. Me viro, observando seus olhos com atenção, vendo que ele está somente de calças.
“Não dormi.”
Não quero conversar, não quero papo, quero tê-lo. Puxo-o contra mim, molhando sua calça ao colocá-lo debaixo do jato d’água, ouvindo-o rir. Risada de garoto, risada gostosa de ouvir. Prenso o corpo dele no azulejo e o beijo com força.
--*--
“Perdoe-me.” Peço desculpas ao esbarrar no homem que subia as escadas. Ele me olha nos olhos e percebo que ele é um dos homens do quarto treze. Não consigo desviar os olhos do dele, e ele tão pouco tenta desviar os dele dos meus.
“Deve ser o Sr. Black.” Ele diz, calmo. Uma voz forte, mas calma.
“Sim. Sirius Black.” Ergo minha mão para cumprimentá-lo, e ele segura a minha mão com força. Pele fria demais.
“Edward Cullen.” Ele se apresenta calmamente, usando todo esse tempo para olhar em meus olhos. Por alguma estranha razão, não desvio. Estou começando a estranhar o jeito que ele me olha.
“Está no quarto treze, não?” pergunto, já sabendo bem a resposta. Ele sorri e balança a cabeça, assentindo. Nesse momento, a porta do quarto dele se abre e o outro rapaz aparece, nos olhando. Reconheço esse rapaz do bar, é o moreno que bebia pouco antes de eu decidir ir atrás de Regulus.
“Vai ao bar?” Ele pergunta como se fôssemos velhos amigos. Somente aceno dizendo que sim, vendo o outro homem nos observar com certa raiva e bater a porta com força.
“Ele está com raiva de mim?” Pergunto, debochando da atitude do outro rapaz. Edward apenas sorri e começa a descer as escadas comigo. Não posso dizer que este rapaz não me atrai, apenas me sinto estranho perto dele, como se precisasse a cada segundo olhar em seus olhos.
Ele tem a pele fria, fria demais devo dizer, o frio chega até mim e nem estamos tão próximos assim. Entramos no bar e nos sentamos na mesa mais afastada. Eu peço Whisky e ele sorri para a mulher que nos atende, ela balança a cabeça, sorri de volta e sai.
“O que foi isso?” Pergunto, vendo-o olhar dentro de meus olhos.
“Não preferiria pedir algo que gosta mais de beber, como... Firewhisky?” Ele sorri quando lhe olho com certa surpresa, não sabia que estava na presença de um bruxo. Nada respondo, apenas fico olhando-o, esperando que ele continue. “Pois bem, aqui sempre peço o que realmente gosto de tomar.”
Não entendi a frase, mas a mulher logo voltou com meu copo e o dele. Vinho. Ele estava bebendo vinho, algo que definitivamente eu não sabia que esse bar tinha.
“Seu amigo também é bruxo?” Pergunto depois de beber um gole. Ele olha para frente e depois para mim, sorrindo um pouco mais.
“Não sou bruxo.” Vejo seus olhos mudarem de cor, primeiro se tornam mais claro, algo parecido com dourado e depois se tornam negros outra vez.
Eu não sabia o que responder, era difícil explicar aquele rapaz. Ele parecia seguro de si, mas em alguns momentos parecia estar controlando-se para não fazer algo. E como assim ele não era bruxo? Como ele poderia saber que eu era?
"Então o que você é?" Ele me olhou e riu, mexendo no copo de vinho. O sorriso dele era sereno, mas me passava certo medo. Era como se estivesse dentro de minha mente, sabendo exatamente o que eu estava pensando; e eu já estava com minha mente fechada. Não costumo deixá-la livre com Regulus por perto, já o peguei me vigiando uma ou duas vezes.
Regulus. O que será que meu irmão está fazendo nesse momento? Provavelmente ainda está estirado na cama da pensão, virando-se para um lado e para outro, esperando que eu volte. Esperando que eu fique com ele mais uma noite, mesmo depois de ter passado o dia ao meu lado. A cada vez que me encontro com Regulus desse jeito sinto que ele se torna mais insaciável. É como se fosse uma criança querendo sapos de chocolate, quanto mais você dá, mais ela quer. Uma comparação interessante.
"Sou complicado."
"Complicado?" Edward me olha de canto de olho e percebo que ele já não sorri.
"Tem quantos anos, Black?" Pergunta estranha já que o assunto não é esse.
"Vinte e três. Você?" Pergunta idiota, ele parece nem ter completado vinte.
"Eternos vinte anos."
Ele me olha fundo nos olhos, agora entendo perfeitamente o que ele disse. Eternos. Vampiro. Entendi o porquê desse desejo, dessa beleza sem controle, os olhos mudando de cor. Esse rapaz é um vampiro. Um belo vampiro. |