“A alegria é uma borboleta
Voando sobre a face da terra
Mas a tristeza é um pássaro
De grandes asas negras
Que nos erguem muito acima da vida.
Lá embaixo, á luz do sol, a vida flui, tudo cresce
O pássaro da tristeza, porém, voa bem alto
Lá onde velam os anjos da dor
Sobre o covil da morte.”
Edith Sodergan (1892-1923), 16 anos.Do seu diário.
Cap 1. Delírio vermelho-sangue
Ela estava parada no meio daquele enorme quarto decorado com preto e vermelho-sangue. O clima era frio, congelante. Seu vestido, tão vermelho como o sangue que brilhava em seus lábios ia até o chão, com todo o seu estilo colonial. Sua cabeça girava no ritmo compassado daquela canção que há tanto ouvira. O que estava acontecendo? O sangue escorreu-lhe pelo pescoço, misturado as lágrimas amargas. Revoltadas, saíam de seus olhos castanhos sem permissão.
Permissão.
O que ele lhe pedira e ela nunca dera. Mas, onde ele estava? Por que não estava ali, secando-lhe as lágrimas como tantas vezes quisera? Afinal, ela estava ali, ferida, morrendo, por ele. Então, a voz penetrou-lhe pelos caminhos de sua alma, abraçou seu ser e fez-lhe voltar seu olhar para trás e ver quem tanto desejava ver. A última pessoa que viria. E naquele momento, apenas a voz, embargada ao espírito gritante do choro, soou:
- Você finalmente veio ao meu encontro.
Ela virou, e tentou ver. Mas a consciência, ou a loucura, já não sabia ao certo, voltou-lhe e a última coisa que sentiu foi o gosto do líquido vermelho jorrar por sua boca e o ar gélido daquela maldita noite de inverno encher seus pulmões pela mais última vez.
*
A água fria encharcou o rosto e a camisola de Hermione. Eram três horas da madrugada, mas ela não se importava. Simplesmente entrou de cabeça e roupa debaixo do chuveiro. Talvez aquela água fria lavasse seu espírito e sua memória daquele maldito sonho que se formara na sua cabeça pela milésima vez. A garota escorregou pela parede se sentando debaixo do chuveiro.
O que significava tudo aquilo?
O que significava aquele maldito sonho?
E o que ela estava fazendo debaixo do chuveiro frio, em pleno inverno e completamente vestida?
Despertando do torpor, Hermione fechou o chuveiro e saiu do Box do banheiro feminino. Mirou-se no espelho. A camisola roxa estava encharcada e seus cabelos cacheados, também. Seus olhos castanhos estavam inchados de tanto chorar. Ela acordara chorando. Aquilo simplesmente não tinha sentido. Ela não sabia o que estava acontecendo e porque todas as noites tinha o mesmo sonho.
Será que aquilo significava alguma coisa?
- Se significasse, eu já teria descoberto, afinal já procurei em tudo quanto é lugar a razão para isso e nada.-disse a garota para seu reflexo.
Hermione se secou e trocou a camisola. Voltou para a cama. Suas companheiras de quarto, Lilá e Parvati dormiam tranqüilamente, com certeza sem ter nenhum sonho maluco e perturbador todas as noites. Mas o pior de tudo não era o sonho, o pior era não conseguir dormir o resto da noite e acordar completamente exausta.
O que todo aquele delírio que já durava meses significava?
N/A:Please, comentem!
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