Só para deixar bem claro.
Essa fic é uma adaptação do livro Não Brinque Com Fogo de Sandra Paul da série Amigas de Escritório. (Titulo original The makeover takeover - 2001 - Harlequin)
Nick Granger Potter: Sabe que quando eu li o livro pela primeira vez eu também não entendi. Tive que ler várias vezes pra entender, e ainda assim, não vou conseguir te explicar isso. Tudo que eu entendi é que teve uma passagem de tempo e Harry estava ouvindo ela falar alguma coisa sobre trabalho, não resistiu e a beijou. =D Expliquei bem?
Sério que vc tá no ff.net? E qual o seu nick lá?
Carla Ligia Ferreira: É que eu atualizo de dois em dois capitulos aqui no floreios, acho mais prático. Vamos ver até onde Harry vai se achar o gostosão ;)
*** Sarinhaaa *** : Fique sim ;) obrigada Sara.
Capitulo VIII
-- Harry, sinto muito, muito mesmo.
-- Você já me falou isso. -- Pelo menos umas dez vezes, Harry acrescentou silenciosamente enquanto iam para o carro.
E pela décima vez ele repetiu:
-- E eu continuo lhe dizendo que tudo está bem. Não foi culpa sua.
-- Porém eu nunca deveria tê-lo empurrado daquele jeito. Não sabia que você estava inconsciente...
-- Eu estava aturdido, não inconsciente.
-- Pensei que você estivesse...
-- Eu sei. criando uma cena romântica. Disse-me isso também. Na frente do pessoal do pronto-socorro.
E, a se julgar pelas risadas, os homens do pronto-socorro adoraram aquilo tudo. Harry também não podia culpá-los. Certamente o resultado não dizia muito de sua técnica de sedução, considerando-se que Hermione não pudera saber se ele estava tentando seduzi-la ou se estava inconsciente.
Harry apertou os maxilares, o que fez sua cabeça doer. Prosseguiu andando, as botas rangendo no asfalto coberto de gelo.
Ao lado de Harry, Hermione segurava-o pelo braço.
-- Honestamente, Harry, apreciei o que você fez. -- A voz dela veio cheia de admiração ao acrescentar: -- E as pessoas do estádio ficaram tão impressionadas! Ouviu-as aplaudindo quando você se levantou, ainda sem suficiente equilíbrio?
-- Sim, fui um verdadeiro herói, segurando um disco com minha cabeça daquele jeito. -- Ele sentia-se um verdadeiro idiota.
Estivera tão envolvido beijando a mão de Hermione, tão encantado com a resposta dela, a paixão impressa no olhar, que nem viu o disco voando em sua direção até quando fora quase tarde demais. Instintivamente tentou protegê-la, erguendo a mão a tempo de desviar um pouco o disco, na direção da própria testa.
Ele suspirou, esfregando o galo da cabeça. Tudo bem. Ao menos não atingira Hermione. Se isso tivesse acontecido, nunca mais iria ao estádio.
Pararam ao lado do carro. Harry começava a abrir a porta para ela quando Hermione estendeu a mão.
-- Dê-me as chaves. Eu vou dirigindo -- disse.
Harry encarou-a. Talvez aquele disco a atingira também, porque ela falava como se estivesse louca.
-- Você não vai dirigir meu Porsche.
Ela irritou-se e continuou com a mão estendida.
-- Nesse caso, não entro em seu carro. Você não está bem...
-- Apenas um pouco atordoado.
-- ...não está em condições de dirigir. Não é seguro.
Harry tentou insistir mais desistiu. Como poderia discutir acerca da segurança de Hermione?
-- Tudo bem -- ele cedeu. -- Aqui estão as chaves. -- E colocou-as na mão dela.
Ambos entraram no carro. Harry jogou-se no assento do passageiro enquanto Hermione dava a partida. Haviam percorrido poucos quilômetros quando Hermione comunicou que ia levá-lo ao hospital.
Harry , que não tirara os olhos da estrada para ajudá-la a guiar, fitou-a por um segundo e disse:
-- Não, não vai.
-- Sim, vou. Você fazia contrações de dor no rosto durante alguns metros já.
-- Isso porque você dirigia com o pé na embreagem! Quer por favor tirar seu pé de lá?
-- Oh, desculpe-me. -- Ela tirou o pé. -- Mais ainda penso que você deve ir ao hospital.
-- Pois bem, mas não vou -- ele declarou com firmeza.
Depois disso, Hermione não falou mais. Alguns minutos mais tarde estacionou em frente a seu prédio, ainda sem falar. A neve brilhava ao luar e estrelas piscavam no céu. O cheiro de fumaça vindo de alguma lareira próxima espalhava-se pelo ar enquanto eles subiam as escadas para o apartamento. Ela abriu a porta e entrou. Harry seguiu atrás. Hermione fechou a porta e ajudou-o a tirar o paletó.
Harry surpreendeu-se. Esperava que Hermione o pusesse pela porta afora, e não que o ajudasse a se despir.
-- Hermione?
-- Vá para a sala e sente-se -- ela ordenou. -- Preciso antes aumentar o grau do termostato e logo porei um pouco de gelo nesse galo. É o mínimo que posso fazer depois de você ter salvado a minha vida.
Harry já estava impaciente. Não podia acreditar que ela estivesse fazendo tanto barulho por coisa tão pequena. Sua mãe adotiva não faria isso. "Se ninguém morreu, não me amolem", ela diria. Na Marinha, ninguém interromperia as atividades de uma tropa por causa de pequenos ferimentos. Mas Hermione sempre fora cuidadosa com tudo.
-- Não salvei sua vida, e não preciso de gelo. -- Ele sacudiu a cabeça. -- Não há nada com minha testa.
-- Não há? Não há mesmo? -- Hermione fitou-o, cruzou os braços e encostou o ombro na porta. -- Então, se não há nada de fato, por que me deixou dirigir seu precioso carro?
Harry abriu a boca, e fechou-a de novo. Queria responder, mas não encontrou uma boa razão. Enfim, disse:
-- Porque você me ordenou que lhe desse as chaves.
-- Aquilo foi um teste, para ver como reagia. Você nunca me deixaria dirigir seu querido carro se estivesse se sentindo cem por cento bem. Agora sente-se enquanto tiro meu casaco e meus sapatos. Estão muito molhados.
Um teste, foi? Mais ou menos como seu teste, Harry pensou, quando lhe beijara a mão no jogo para ver qual seria a reação. Lembrou-se então como os olhos dela dilataram devido à paixão. Com voz rouca, ele sussurrou:
-- Hermione...
-- Sente-se! -- Ela apontou para o sofá. E depois desapareceu.
Ele não queria gelo, queria continuar seduzindo-a. Cruzou os braços, esticou as pernas, e ficou olhando para os próprios pés. Seus sapatos estavam molhados também. Tirou-os. E viu uma mancha alaranjada em um dos dedos. Tentou adivinhar o que seria. Laranjada, provavelmente, ele concluiu. Lembrava-se de ter chutado um copo dos adolescentes quando se jogara por cima de Hermione.
Ergueu a mão e esfregou a testa. Agora que estava ali sentado, quieto, sentiu que a cabeça doía um pouco. Por certo onde o disco batera.
Baixou a mão quando Hermione entrou na sala. Ela tirara o casaco e os sapatos, mas ainda usava o suéter azul e o jeans. Nos pés tinha meias grossas, vermelhas. Passou por ele e disse:
-- Vou à cozinha buscar gelo. Quer alguma coisa para beber?
-- Não, obrigado. -- Ele também não queria gelo, mas decidiu não dizer nada para não começar outra briga. Brigar com Hermione não era parte do plano.
Olhou para a cozinha. Podia ouvir a água correndo, a porta da geladeira sendo aberta e fechada. Minutos mais tarde ela voltou com uma bolsa de gelo na mão. Parou perto do abajur e diminuiu a intensidade da luz.
Hermione devia ter notado surpresa no rosto dele, porque falou:
-- A claridade parecia estar incomodando você.
Harry sentiu um relaxamento dos músculos em volta dos olhos, e concluiu que ela estava certa. Em seguida Hermione colocou a bolsa de gelo na testa ferida. Harry fez uma careta, mais por causa do frio do que de dor.
-- Dói? -- ela perguntou.
-- Não. -- Ele gostou da preocupação de Hermione.
Encostou a cabeça atrás. Mas a poltrona tinha um encosto baixo demais para sua altura, e ele tornou a endireitar o corpo.
-- Um momento. Já volto.
A bolsa de gelo escorregou quando ela se ergueu, e Harry arrumou-a no lugar. Quando Hermione voltou pôs qualquer coisa embaixo do pescoço dele. Algo peludo e macio.
-- O que é isso?
-- Meu ursinho. Agora, encoste. -- Hermione segurou a bolsa enquanto gentilmente ajeitava a cabeça de Harry contra o urso de pelúcia. E continuou ali perto, segurando a bolsa. Nenhum dos dois falou durante algum tempo.
-- Hermione...
-- Psiu. Relaxe.
O calor de Hermione, o apartamento na penumbra, a bolsa de gelo... ok, ele tinha de admitir, faziam-no sentir-se bem. Muito bem, na verdade. Sentiu-se ainda melhor quando ela começou, muito levemente, a empurrar alguns fios de seus cabelos para trás. Harry suspirou em um misto de alívio e prazer, e fechou os olhos. Não podia se lembrar de ter sido tratado assim em toda sua vida.
-- Harry? -- Ele entreabriu os olhos. Hermione parecia preocupada. -- Tem certeza de que não precisa de um médico? O médico do rinque disse que, caso você se sentisse atordoado ou fraco, deveria ser examinado.
-- Hermione, estou bem acredite-me.
Sentia-se, sim, atordoado e fraco, mas isso não tinha nada a ver com o ferimento. Não precisava de um médico, apenas precisava que ela continuasse a mexer com seus cabelos como vinha fazendo até agora.
Hermione continuou. E ele fechou os olhos de novo. Antecipando cada movimento dos dedos, acompanhava a respiração dela. O perfume que exalava no ar era feminino, típico de Hermione.
Harry abriu os olhos mais uma vez. E ela prosseguia fitando-o, com expressão séria. Quando os olhares de ambos se encontraram, ela confessou:
-- Eu me sentiria muito mal se alguma coisa grave tivesse acontecido com você. Em especial porque se feriu tentando me salvar. Fiquei apavorada quando constatei que você estava realmente ferido.
Algo dentro dele se suavizou. Hermione parecia tão preocupada! Harry pôs a mão atrás da cabeça dela e, bem devagar, puxou-a até que os lábios de ambos se encontrassem em um beijo suave.
-- O que significou isso? -- ela perguntou. -- Outro desafio?
-- Apenas um beijo, Hermione. Para lhe agradecer por cuidar de mim.
-- Entendo. Bem, esqueci de lhe contar uma coisa. Os Azuis venceram.
Dessa vez foi ela quem inclinou a cabeça para pressionar-lhe os lábios. Por um longo tempo Harry não se moveu. Depois sentiu a ponta de língua tocar a sua, e seu corpo todo se aqueceu.
Ele jogou a bolsa de gelo no chão. Ok, o gelo derreteria em alguns minutos, de qualquer maneira.
-- Venha! -- ele sussurrou.
Segurou-a pelo pulso puxando-a para seu colo. Ela circundou-lhe o pescoço com um dos braços e colocou a outra mão no peito de Harry. Queria ver se o coração dele batia com mais força ao se beijarem outra vez.
-- Harry, sua cabeça...
-- Esqueça minha cabeça.
Não era o latejar da cabeça que o preocupava, mas o latejar que sentia entre as coxas. Com a boca junto à dela gemeu alto dessa vez. Sentia-se como se dias houvessem passado desde que a tivera nos braços pela última vez. Como se uma existência passara. Beijá-la era como voltar ao lar. Um lar feliz, aconchegante. Hermione tinha gosto de açúcar e amendoim. Tinha um gosto de alguém que pertencia a ele.
Queria beijá-la sem parar, beijá-la por toda parte. Íntima e completamente. Senti-la derreter-se como caramelo em sua língua. Sem se separar dos lábios dela, escorregou a mão por baixo do suéter, encontrando uma pele suave. Acariciou-lhe o ventre.
Ainda beijando-a, acariciou-lhe os seios de mamilos rígidos. Hermione tremia. Seus beijos eram cada vez mais famintos, as mãos tinham movimentos cada vez mais urgentes. Harry não queria parar, não parecia poder parar. Porém ela segurou-lhe o rosto e afastou-o.
-- Harry -- Hermione murmurou --, tem certeza de que isso não é demais para você? Será que não teve um problema sério de saúde?
Harry envergonhou-se. Hermione não se preocupava consigo mesma, mas com... ele. Fitou-a. Os olhos dela ainda demonstravam preocupação, mas estavam também cheios de desejo. A paixão suavizara seus traços, a boca estava mais vermelha, o rosto mais rosado, com um calor sensual. O corpo, que ele ainda segurava no colo, pegava fogo.
Hermione lhe perguntou se ele queria parar, enquanto tornava bem claro que ela desejava continuar.
Tudo o que ele teria de dizer era que estava bem, e sem dúvida Hermione permitiria que fizessem amor. Não fora isso o que planejara o tempo todo? Seduzi-la, submetê-la a seus desejos? Provar-lhe que era o homem que ela desejava?
Sim, no subconsciente planejara deixar que o amor viesse primeiro, a conversa depois. Com qualquer outra mulher, as mais vividas com as quais convivera no passado, isso não seria um problema. Estavam familiarizadas com as regras de seu jogo.
Mas Hermione era diferente. Hermione era especial. Cuidava dela muito mais do que imaginara que o faria. Desejava que Hermione soubesse o que estava fazendo, e não que concordasse por gratidão, por pensar que ele lhe salvaria a vida.
Com um suspiro, Harry disse:
-- Precisamos conversar.
Percebeu então que Hermione retesou o corpo, corou, e retirou o braço que ainda contornava o pescoço dele.
Quando tentou se afastar, Harry prendeu-a com força.
-- Eu me importo com você, Hermione -- falou. -- Você é muito especial para mim, jamais conheci alguém como você, tão incrivelmente carinhosa. Não farei nada que a possa magoar. Por isso quero que tenha muita, muita certeza de que isso é o que deseja. Não quero que se arrependa depois. Quero que nossa primeira vez juntos seja perfeita.
Os olhos dela se iluminaram. Os lábios se suavizaram.
-- Oh! Harry...
-- Não. -- Ele tapou-lhe a boca com os dedos. -- Não me responda agora. Quero que pense em tudo cuidadosamente.
Harry levantou-se, erguendo-a consigo. Amparou-a até que ela ficasse firme e prosseguiu:
-- Partiremos depois de amanhã para Hillsboro, e terá tempo de tomar sua decisão. Qualquer que seja, me informe lá, quando estivermos a sós. Prometo que entenderei.
Harry inclinou-se para roçar os lábios dela com os seus, mais uma vez, e disse com voz grave:
-- E também prometo que, se me escolher, posso lhe garantir que não se arrependerá.
|