Prólogo!

Gritos. Ela só ouvia gritos de pavor, desespero e suplica.
Encolhida em baixo de uma mesa de madeira em um ambiente retangular, ela só conseguia olhar tudo o que estava acontecendo com pleno pavor e desespero, sem saber o que fazer; o que pensar; o que sentir.
Ela estava vendo matarem seus pais de maneira cruel e torturante.
Sua irmã, Petúnia, estava na casa de seu noivo, e ela, Lílian Evans, com apenas Doze anos estava vendo a morte de seus pais a sangue frio. Ela se sentia, amendrotada; angustiada; enjoada com a visão desestruturada de seus pais mutilados.
-- LILY, LÍLIAN! LÍLIAN EVANS!! – ela ouvia uma voz distante, até que percebeu que a voz era ao seu lado e acordou suada e praticamente caindo da cama.
Agilmente ela pegou uma pistola debaixo do travesseiro e apontou para a mulher de cabelos louros e olhos castanhos claros a seu lado berrando em seu ouvido.
-- Não precisava gritar Michelle! Me assustou. Poderia ter matado você! - exclamou a ruiva de cara fechada se sentando na cama ao lado da amiga.
-- Sonhou com a morte de seus pais novamente não? – perguntou uma outra mulher morena, dos olhos verdes escuros encostada na porta.
-- Sim! – Lílian respondeu com a voz fraca, se levantando. Era torturante para ela relembrar aqueles momentos, e infelizmente esse sonhos tinham começado a se repetir com bastante freqüência.
-- Não se preocupa Lily, nos encontraremos o assassino! – disse Michelle com um sorrisinho fraco.
-- Não quero apenas encontrar, quero fazer exatamente o que ele fez com meus pais. Quero faze-lo sofrer; quero faze-lo sentir dor; quero tortura-lo; quero mata-lo! – respondeu Lílian entrando em seu banheiro, e olhando a sua imagem no espelho.
Ela estava mais pálida do que nunca e seus cabelos muito vermelhos pareciam cintilar.
-- Mas antes de você o matar Lílian, descubra porque ele não te matou! - retrucou Nicolle friamente, agora encostada na porta do banheiro de Lílian.
-- Porque se eu tivesse morrido, quem iria contar tudo o que ele fez com meus pais? – respondeu Lílian com rancor, ainda olhando seu reflexo no espelho.
-- Ou ele não te viu mesmo! – comentou Michelle em tom divertido, como apenas ela tinha.
-- Cego ele não era, pode ter certeza! – respondeu Lilian friamente para amiga, se lembrando da imagem dos olhos profundos e negros que ela havia visto olhando por uma venda na mascara preta diretamente em seus olhos extremamente verdes com um sorrisinho de prazer, enquanto seus pais imploravam por misericordia. Aqueles mesmos olhos que ela revivia em sonhos. Que nao conseguia tirar de sua mente.
Nem Nicolle, nem Michelle responderam a essa afirmação, e um pequeno silêncio cheio de significado se expandiu entre elas.
-- É melhor você se arrumar, Kim esta nos esperando – informou Michelle por fim, quebrando o silêncio, que tanto a encomodava, mas não dando continuidade ao assunto interrompido pelo silêncio que havia caido sobre elas.
-- Como vocês conseguiram entrar em minha casa? – indagou Lilian sem dar atenção ao aviso da amiga, e deixando de olhar seu reflexo pálido e suado no espelho, pra virar a cabeça e encarar as amigas.
-- Simples. Arrombamos a fechadura – respondeu Nicolle com naturalidade, como se tivesse apenas informado a amiga que tinha comprado um par de sapatos novos.
-- Por que tanta violência? Não podiam apenas terem ligado? – Lílian perguntou sem expressão
-- Ah, mas nos ligamos. Você que não atendeu, então resolvemos verificar se você ainda estava viva! – informou Michelle saindo do banheiro junto com Nicolle, e deixando Lilian sozinha para se arrumar.
Lílian fechou a porta do banheiro, tirou a roupa e entrou embaixo da água fria que saia do chuveiro. A água caia sobre seu corpo, mas a imagem de seus pais mutilados não lhe saia da cabeça, mesmo depois de Oito anos desde o incidente ela ainda lembrava com perfeição de cada detalhe; de cada grito; de cada súplica, e parecia que nada no mundo iria preencher o vazio e a dor que ela sentia, mas que guardava só para si em silêncio.
E ela sabia que nem mesmo a água que limpa e purifica, iria fazer ela esquecer isso.
Lílian ergueu o rosto embaixo do liquido frio e sentiu a água fria lhe cair na face, fechou os olhos e esvazio a mente.
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-- Você não acha que a Lily, esta demorando demais? – perguntou Michelle da cozinha de Lílian.
-- Ela deve estar meditando – respondeu Nicolle com indiferença, ligando a tv de plasma quase do tamanho da parede que tinha na sala próxima da cozinha de Lily.
-- Ela é a única pessoa no mundo que medita embaixo da água ! – comentou Michelle indo até o barzinho no canto da sala, e servindo meio copo de Uísque pra si.
-- E você a única pessoa que se importa! – respondeu Nicolle com a mesma frieza de sempre.
Michelle simplesmente deu um unico gole em seu copo de Uísque, esvaziando-o.
-- Vamos? – perguntou Lílian entrando no recinto.
-- Até que enfim, achamos que tivesse ido pelo ralo ! – Michelle disse sorrindo.
-- Nao, mais quase morri afogada – respondeu Lílian.
-- Vamos no meu carro! – informou Nicolle à Lílian, saindo da casa, e seguindo até uma Ferrari vermelha altamente sofiscada.
Nicolle apertou o botão vermelho na chave do carro, e a porta do motorista e do passageiro se abriram para cima, fazendo o menino que estava passando de bicicleta olhar admirado, para o carro e depois para elas, e perder o controle da bicicleta.
Nicolle entrou no banco do motorista, sem nem se importar se o garoto estava bem, e Lílian sentou no banco do acompanhante ao seu lado, enquanto Michelle se acomodou toda esparramada no banco de trás.
A viagem foi calma, e silenciosa, só se ouvia o barulho do som que Michelle havia ligado, por não gostar do silêncio.
Nicolle estacionou em frente a um prédio alto, grande e magestoso, de uma cor meio gelo e com grandes janelas de bordas douradas que brilhavam a luz do sol. E bem em cima do prédio havia grandes letreiros em dourado no qual se lia ‘Hotel Goldmore’.
Era um dos hotéis, mais chiques e requisitados de Londres.
Elas rumaram para a grande porta de vidro e ouro na entrada e seguiram para o balcão do recepcionista, sem nem olharem duas vezes, para o grande saguão dourado e magestoso com grandes sofas brancos e sofisticados, nem para os enormes quadros de pintores consagrados, e bordas bordadas sutilmente a ouro.
-- Bom-dia Jack! – Michelle saldou educadamente o rapaz jovem a sua frente que apenas sorriu e deu espaço pra elas entrarem atrás do balcão.
Elas seguiram para a porta que o garoto gentilmente abriu para elas atrás de si.
Havia muitas caixas no pequeno ambiente atrás do recepcionista, mas perto de uma caixa grande, de tamanho humano escrito em grandes letras vermelhas ‘CONTEUDO EXTRITAMENTE PERIGOSO, NAO ENCOSTE’ e a forma de uma mão bem desenhada simbolizando que não era para se enconstar, havia um espelho sem borda embutido na parede que ia do chão ao teto.
Nicolle se aproximou da caixa ao lado do espelho sem dar importância ao grande aviso de 'perigo', e colocou a palma da mão em cima da que estava desenhada na caixa, no mesmo instante o enorme espelho se abriu, dando espaço a um pequeno elevador. A câmera do pequeno elevador se virou para elas, assim que elas pisaram no compartimento todo revestido de vidros, e apareceu um pequeno teclado transparente, o qual Lílian digitou uma senha; no momento em que o teclado voltou para seu lugar dentro do vidro, uma luz fraca e vermelha, passou na horizontal dos pés, as cabeças das tres mulheres, parando nos olhos, a qual a luz deu um pequeno flash e desapareceu.
-- Sejam bem vindas, Senhorita Evans, Senhorita Goulart e Senhorita Lanes. – saldou uma voz parecida com a das aeromoças de avisos de aviões.
O elevador começou a andar, mas não para cima. Para baixo. BEM baixo, e logo depois para o lado esquerdo. É, esse era o único elevador que elas conheciam que andava para os lados.
Logo que o elevador parou e a porta de vidro se abriu novamente, elas saiaram em um ambiente claro a onde NINGUEM no mundo diria que seria possivel existir, ainda mais embaixo de um hotel magnifico.
O lugar era espaçoso, com teto alto, e grandes lustres de cristal, e extremamente branco, com vários computadores, e maquinas altamentes avançados, armas, desde espadas, arcos e flechas ate canhões; tudo extremamente organizado, com muitas pessoas de aspecto profissional trabalhando.
-- Estão atrasadas! – disse uma mulher de pele morena e olhar penetrante vindo até elas.
-- Bom-dia pra você também Kim – retrucou Michelle sorrindo, o qual Kim retribuiu.
-- O que tem para nos? – perguntou Lílian, rumando até uma porta branca ao lado de uma de vidro.
-- Um homem conseguiu informações valiosas sobre o Lord – informou Kim, entrando na porta a qual Lilian, Nicolle e Michelle ja estavam dentro, e a fechando.
O aposento era uma sala espaçosa, no estilo da anterior: branca com computadores, e prateleiras com as mais diversas coisas. Havia sofas de couro preto, no canto do recinto, perto de um armario aberto que mostrava varios casacos em seu interior, e no centro da sala havia uma mesa grande e redonda de vidro, com apenas quatro cadeiras postas em seu redor.
Logo que Kim falou ‘Lord’ Michelle começou a prestar uma atenção quase indiscreta, no que a amiga estava falando. Michelle nunca havia contado para nenhuma delas, mas sempre teve uma curiosidade assustadora para saber quem era esse homem para quem elas trabalhavam, sempre achou estranho ele só manter contato com Kim, embora Kim nunca tenha o visto ao vivo, mais era a unica com quem ele falava ao telefone.
-- Bruxo ou trouxa? – indagou Nicolle sentando-se em uma das cadeiras de costas altas em volta da enorme mesa.
-- Bruxo. Alto cargo no Ministério da Magia! – respondeu Kim.
-- E o que temos que fazer? Aniquilar ou apenas pegar as informações? – perguntou Lilian sentando-se ao lado de Nicolle.
-- Aniquilar – respondeu Kim com naturalidade. - Aniquilar ele e a esposa.
-- Certo, mas por que matar ela? – questionou Nicolle, sem expressão nenhuma.
-- Porque ele pode passar as informações que tem para a mulher, já que ela também tem um alto cargo no ministério da Magia; então vocês tem que mata-los, e acabar com qualquer pista desses arquivos. Aqui esta o relatório sobre suas vitimas – retrucou Kim, entregando uma pasta preta a Lilian.
-- Você sabe que nos nunca vemos os relatorios, ou qualquer dados pessoais dos alvos – Lílian contrapos, empurrando de volta a pasta para Kim.
Era verdade. Elas nunca sabiam os nomes ou qualquer outros dados pessoais das pessoas que matavam, além do excencial que precisavam saber. Pois elas pensavam que sabendo algo sobre a pessoa, ficava mais fácil para se ter piedade e misericórdia
-- Você que sabe. E essa é a casa – informou Kim encostada na mesa com um teclado na mãe, enquanto abaixava uma tela de plasma de fronte para elas, e aparecia uma enorme casa bege com detalhes em marrom.
-- “É aqui em Londres mesmo, depois passarei o endereço correto para vocês. E essas são suas vitimas.” – continuou Kim, enquanto aparecia a imagem de um homem com seus 53 anos mais ou menos, com oculos redondos, e logo depois uma mulher de cabelos pretos e longos, com provavelmente a mesma idade. Lilian achou que ja os vira antes, e tentou pensar a onde teria sido, quando Michelle que estava sentada a sua frente a tirou de seus pensamentos.
-- Bom, mas se eles tem um alto cargo no Ministério da Magia, provavelmente a casa esta sobre o ‘Feitiço Fidelius’
-- Sim, mas o que nos fazemos já não é tão secreto assim. Tanto trouxas, quanto bruxos, já sabem que tem um grupo de pessoas matando com armas trouxas - informou Kim encarando-as - Felizmente nos estamos em vantagem, porque embora eles saibam que existem pessoas cometendo homicidios com agilidade, não sabem nem se são homens ou mulheres. E eu arriscaria a palpitar que eles estão deduzindo que sejamos homens – informou Kim, fazendo Nicolle bufar enquanto fazia uma careta de desaprovação.
-- “Bom, todos estão loucos pela maior proteção possivel, então eles tem seguranças de trouxas também, e com tecnologia avançada de segurança” – continou Kim, passando uma outra foto a qual aparecia um homem dentro de uma cabine na frente do portão de um terreno totalmente vazio, que lembrava muito um campo de futebol inutilizavel.
-- Deduzo então que temos que seduzir o guarda, para você desarmar toda a segurança? – perguntou Nicolle sacando todo o plano.
-- Exatamente!
-- Certo, mas mesmo assim tem o ‘fiel do segredo’ – lembrou Michelle levantando os pés e colocando-os em cima da mesa.
-- Simples. O guarda que cuida da segurança, é um bruxo abortado – começou Kim, sem se deixar abalar por comentar que o bruxo era abortado – E tem o papel com a ‘senha’ em algum lugar com ele. Não creio que tenha o queimado, talvez tenha achado que ainda fosse precisar. Então nosso trabalho é seduzir o guarda, sem mata-lo se possivel – continou Kim, olhando significamente para Nicolle, que apenas deu de ombros.
-- “Desfazer a segurança trouxa, e achar o papel dado pelo fiel do segredo; e depois, claro, entrar na casa e matar o casal” – terminou Kim, colocando o teclado ao lado da pasta preta.
-- Ok! – concordou Nicolle se levantando, e saindo da sala.
-- A onde você vai? – perguntou Michelle, tirando as pernas de cima da mesa.
-- Me divertir um pouco – respondeu Nicolle sem olhar para tras, e seguindo até a porta de vidro ao lado da delas que dava para um local tão grande quanto o resto do ambiente subterranio.
Ali havia todo o tipo de aparelhos, tanto de musculação, como uma grande piscina, e ringue de boxe, e é claro alvos pra treinar tiro, mira, e arco e flecha, entre outras coisas extremamente úteis para elas.
Logo que Nicolle entrou, Lilian, Michelle e Kim a seguiram, fazendo todos presente olharam pra elas; uns admirados, outros preocupados, até temerosos.
-- Se quiserem eu autógrafo uma foto para vocês, que dura mais! – exclamou Nicolle friamente. E logo depois todos voltaram ao que estavam fazendo, ainda mandando olhares de esguelha, para as quatro mulheres.
Kim, que estava logo atrás, com seu laptop, sentou na mesa que havia varios tipos de pesos para se levantar e o abriu; Lílian e Michelle pegaram cada uma, uma arma, e miraram nos alvos distantes, enquanto Nicolle pegou uma faca afiada e a tacou fazendo essa parar bem no centro do alvo. E ali estavam elas, em silêncio, treinando, enquanto pensavam calmamente nas pessoas que matariam no outro dia.
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