10. Imprudente
“Fui controlada a minha vida toda. Agora que consegui me libertar, ninguém vai conseguir me prender de novo.”
- Gina Weasley
Hermione Pov
- Não é perigoso para você me tirar do quarto desse jeito? Pelo que entendi o bloqueio só acontece enquanto eu estiver lá.
Não pude deixar de fazer essa pergunta ao mesmo tempo em que Malfoy me guiava por entre corredores, os quais eu desconhecia. Ao menos agora sabia que estava dentro da sua casa e isso me trouxe um inesperado alívio.
- Agradeço a preocupação com a minha pessoa, Granger. Porém, sabemos que você não faria a estupidez de fugir deixando uma amiga presa aqui para ir de encontro com um assassino - ele replicou com toda aquela superioridade irritante.
- Somo todos assassinos, Malfoy - eu o lembrei sendo puxada para a curva da mesma escada que descíamos há mais de dez minutos – Aliás, onde está me levando?
- Para um lugar seguro - ele respondeu quando os degraus cessaram em frente a uma sala bem iluminada, sem móveis ou objetos. Parecia mais uma espécie de arena.
Engoli em seco, não gostando nem um pouco do que o meu cérebro estava sugerindo. Aquilo me lembrava a duelos, e não havia nada que eu quisesse menos que ser humilhada pelo ex-Comensal, ex-herói-da-Guerra e recente sádico como Malfoy. Eu já podia ver sua expressão vitoriosa depois que me derrotasse luta após luta.
- Você é mesmo um doente - declarei cruzando os braços. Ele me encarou com a testa franzida.
- Terá que ser mais específica - pediu indiferente.
- Esse é só mais um dos seus jogos, não é? Você aproveita a total falta do que fazer para me humilhar em constantes lutas, nas quais você será sempre o vencedor.
Fiz menção de dar-lhe as costas e voltar para o quarto, mesmo que provavelmente eu não fosse achar o caminho certo. Entretanto, ele me arrastou para dentro com uma força desnecessária.
- Eu já estou perdendo a minha paciência com você, Granger - ele disse tirando duas varinhas de suas vestes, uma atirou a mim, a qual apanhei por mero reflexo. - Diferente do que supõe o mundo não gira ao seu redor. Eu não estou aqui para perder meu tempo com uma menina teimosa, principalmente quando tem um filho da puta descontrolado matando por aí.
- Então, por que está aqui? - perguntei completamente desarmada por seu ataque de fúria.
- Eu estou aqui, pois caso não desconfie, Zabini está rondando você - aquela nova informação congelou parte dos meus pensamentos. O medo paralisou qualquer reação e tudo que pude fazer foi me abraçar involuntariamente. - Com o Voto Perpétuo, não sei até quando posso mantê-la em segurança, vai chegar uma hora que você vai precisar se proteger sozinha.
Cruzei os braços tentando transparecer mais segurança que sentia.
- Sei me proteger sozinha.
Malfoy soltou uma risada irônica, que só despertou uma vontade de provar a ele que estava errado em duvidar.
- Você é quase tão frágil quanto a Weasley,por isso Mclaggen quase conseguiu te matar. Zabini esteve do seu lado o tempo todo e o que fez para se vingar? Absolutamente nada.
- Eu não sabia quem ele era! - resolvi me defender antes que dissesse que eu era uma criança - Na época havia uma máscara e a voz estava distorcida. Descobri praticamente ao mesmo tempo que você.
- E se ele tentasse um investida, teria conseguido. Com ou sem profecia, você é uma presa fácil - Malfoy retrucou me avaliando enquanto andava em círculo a minha volta deixando-me nervosa e alerta.
- Eu não sou - retruquei dando alguns passos para trás notando a sua aproximação.
- Quando se está lutando contra um covarde, você não pode ter moral - ele disse com o corpo tão próximo ao meu que podia sentir o calor que vinha de sua pele. A voz rouca roçou em meus ouvidos, confundindo os sentidos - Alguns golpes baixos vão ter que ser usados - o inebriante e familiar cheiro veio de encontro a mim e o sutil movimento de sua mão em minha cintura venceu o resto da distância entre nós. A mesma percepção que denunciava seu jogo de sedução foi a que falhou em interrompê-lo. – E algumas lições que aprendeu na escola terão que ser esquecidas - a sua boca, antes em meu pescoço subiu num sinuoso trajeto até encostar-se ao canto da minha. Minha respiração foi cortada quando num ato rápido e inesperado, Malfoy me puxou contra si e arrancou sem nenhuma dificuldade a varinha de minhas mãos, pressionado a sua em meu peito. - Entende o que estou dizendo, Granger? Se fosse outra pessoa, esse seria o fim de linha para você.
"Outra pessoa não teria esse efeito sobre mim" pensei corando.
Ele me soltou, deixando-me envergonhada e ainda trêmula pelo o que quase tinha acontecido. Às vezes eu me esquecia que apesar de odiá-lo, havia um desejo enlouquecido e inconveniente berrando para que eu me atirasse em seus braços e agora graças a minha completa falta de reação, devia estar muito óbvio.
- Nenhuma pessoa teria usado isso como método para desarmar - falei tentando recuperar meu orgulho.
Malfoy fez o imenso favor de me encarar com seu olhar de gelo, lembrando-me dos seus olhos cinzas, de sua boca firme tão perigosamente perto e de tudo o que eu queria esquecer. Por que as coisas que me atraíam nele era a receita de algo perigoso e desconhecido, assim como ele. Apesar de um pouco mais de liberdade que uma presa convencional, Malfoy ainda era a pessoa que me impedia de fugir. Era também muito bom em usar golpes baixos para se certificar que eu não saísse do lugar, e isso me assustava, pois não sabia até onde ele iria para conseguir o que desejasse.
- Zabini teria feito muito pior - falou devolvendo-me a varinha. - Você não tem idéia como a mente de um verme como esses funcionam.
- E você sabe? - perguntei feliz em mudar o foco da conversa.
- É o meu trabalho saber - explicou dando de ombros. - mas não vamos desviar do assunto principal, Granger.
- Não sou a tonta que está sugerindo que sou - falei andando pela sala, buscando uma distância segura dele.
- Então, prove! - ele disse e antes que eu pensasse numa resposta, um raio vermelho me acertou de raspão. Olhei para o meu braço ferido e o encarei revoltada.
Meu protesto foi abafado por outro feitiço, do qual desviei. Percebendo que Malfoy não estava no clima de conversa, acabei sem escolhas aceitando aquele teatro, como se eu tivesse chances de destruir Malfoy dentro de seu território. No entanto, é o que dizem sobre chances inesperadas, por menos sorte que tenha, um dia pode acontecer.
- Alguma hora terá que revidar - ele disse rodando a varinha nos dedos num sinal de que voltaria a atacar.
- Se acha que duelos da época do colégio vão me ajudar em alguma coisa... - comentei antes de me calar pelo próximo feitiço que Malfoy lançou.
Não saberia quais palavras usara, mas nunca em todos os livros que eu passara os olhos - modéstia a parte, foram muitos - eu vira um feitiço assim. Várias barras vermelho-vivo entraram em meu campo de visão, e rodei no mesmo lugar, notando que se tratava de uma jaula. Pensei em algo espirituoso para dizer, porém fui distraída pela jaula que encolhia aos poucos, as grades esbarrando em meus braços, rasgando o tecido das mangas da blusa e queimando a pele. - Aguamenti! - gritei histericamente para as grades, não fazendo muita diferença já que eram muitos pontos a serem queimados. - Bombarda! - ordenei, xingando-me pela estupidez de não recorrer aquele antes.
Malfoy me assistia de braços cruzados como se eu fosse uma fonte de entretenimento. Aquilo me irritou, mais que o normal. Droga, por que eu vinha me afetando tanto com tudo que ele faz?
- Uma graça de feitiço - ironizei, apontando para uma queimadura em meu braço.
- Eu garanto que você sobrevive - disse ele erguendo a sobrancelha - a propósito, você demorou tempo demais para se livrar dele.
- Qual o ponto disso? Até parece que Zabini ia perder tempo jogando uma jaula para me prender - falei sacudindo os ombros - isso é inútil, ele simplesmente usaria magia negra. Além disso, estou presa a você, não estou?
- Não exatamente - Malfoy disse franzindo a testa numa rara expressão preocupada. O que eu não estava sabendo? - Enquanto esteve foragida o mundo não parou, Granger, o que significa que eu e Harry tivemos que dar alguma desculpa para a mídia e para uma pessoa que atende pelo nome de Colin Feldman...
Eu o fitei aturdida demais para prestar atenção na semente de esperança que se instalava em meu peito. Achei que a Ala de Mistérios fazia parte de tudo que deixara para trás e havia sido destruído.
- Espere, nós não fomos demitidos depois da Profecia? - perguntei lutando para que um sorrido ansioso surgisse.
- Esqueceu que acham que Wood teria seqüestrado você e Weasley?
- Sim, mas daí Feldman acreditar nisso torna tudo diferente e... Como você e Harry não foram ao Ministerio hoje?
- Supostamente estamos a procura de vocês. Tem mais uma coisa, Feldman teve que chamar reforços para a seção e esse inclui manter Zabini e contatar Halliwell.
- Você só pode estar brincando com a minha cara! Como ele caiu nessa? E você pode esperar que eu e Gina voltemos a trabalhar lá?
- Por que acha que quero te treinar? Porque vai trabalhar com Zabini, e em alguma hora, em alguma missão ele pode tentar fazer alguma coisa e você precisa saber se defender.
- Eu ainda não consigo acreditar que Feldman engoliu essa história - comentei cética - não acho que possa voltar para lá, como se nada tivesse acontecido, além de ter que conviver com Zabini e Halliwell como se eu estivesse de acordo com a presença deles lá.
Parei temporariamente de falar me dando conta de algo que havia passado despercebido.
Tentei reorganizar meus pensamentos. Alguma peça naquele quebra-cabeça gigante parecia não se encaixar, e o que antes julguei ser paranóia, agora provava ser instinto. Depois dos últimos acontecimentos, aprendi a não duvidar dos meus instintos. Aliás, se eu os tivesse ouvido desde o princípio, nada disso estaria acontecendo.
Aquilo me cheirava traição. Um dos lados estava mentindo - ou muito provavelmente ambos o estavam - e eu acabara presa entre eles.
Recolhi-me anormalmente quieta para meus padrões. Não entenda mal, não sou uma grande faladeira, mas geralmente tenho uma opinião para tudo. Não ter o que falar era uma situação inédita. As engrenagens na minha cabeça trabalhavam tentando criar sentido em peças aparentemente tão desconexas, e que um estranho podia julgar pertencerem a histórias diferentes. Contudo, faziam parte da mesma história: a minha.
No meio da intriga, coberta de oportunismo e conveniências, arranquei das garras sádicas do seu criador a verdade corrosiva.
Draco Pov
- Eu sou tão burra - ela exclamou e olhei intrigado para aquela explosão de raiva atípica. "Burra" e Granger nunca estariam na mesma frase. Ainda mais uma dita pela própria.
- O quê? - balbuciei perplexo.
Ela voltou-se contra mim.
- Quando ia me contar? - refutou cruzando os braços.
- Do que está falando? - perguntei ainda mais confuso que antes.
- Da impostora que colocou no lugar de Gina na hora de arrancar a verdade.
Levantei-me em alerta. Eu não confiava em Zabini e o achava ridiculamente previsível. Além do que, já chegou até a Granger só para contar sobre o plano. De que lado ele está afinal? Obviamente, no dele, porém isso tampouco o beneficiava.
- Foi Zabini quem te contou?
Granger riu em deboche.
- Aquele babaca não tem nada a me dizer, e se tivesse não seria isso. Eu descobri sozinha.
- Isso é impossível - falei revisando minha atuação toda. - Você teve ajuda.
- Talvez do meu cérebro. - ironizou erguendo uma das sobrancelhas. Desviei o olhar, porque aquela expressão dela só me lembrava de tudo que queria fazer com aquele corpo. – Você deve se lembrar que Harry tentou matar Eric recentemente, entretanto fracassou.
- Lembro perfeitamente - retruquei.
- No começo, culpei o estresse que Harry estava sentindo, no entanto mesmo com toda a pressão durante a guerra ele nunca falhou em matar. Depois questionei se ele de fato queria matar o Eric e essa era por si só pergunta retórica. Logo, percebi que ele não falhou, a culpa não foi de Harry.
- E onde isso se aplica a mim?
- Chegarei lá - ela disse arrogante - Se não foi um erro de Harry, portanto foi uma defesa de Eric. Todavia, não existe uma magia que defenda alguém da maldição da morte, com exceção de Harry, mas ninguém estava o protegendo naquele momento, nem mesmo Gina. Logo, teria que ser um novo tipo de magia.
- A profecia - respondi entendendo onde ela queria chegar. - é claro.
- Sim, Eric guarda hoje dentro de si a maldição da morte. Ele não foi morto. Portanto, essa o reconheceu como guardião. -observei com assombro sua lógica perfeita - mas você conseguiu torturar a Gina, com a maldição que ela é guardiã, a Cruciatus. Isso seria impossível, eu não consegui pensar direito na hora, obviamente com toda aquela pressão. Agora vejo claramente: você me enganou. Por quê?
Havia mais que raiva em seu rosto, um tipo de mágoa azeda.
Tinha que admitir - ainda que apenas para mim - Granger é o tipo de inimigo que dá trabalho. Poucas pessoas teriam esse tipo de raciocínio rápido e tê-la do outro lado do jogo se tornava desvantagem maior a cada dia que passava.
Relaxei meu corpo contra a parede e a encarei ainda perplexo. É claro que como qualquer plano o de Harry tinha falhas, contudo se eu previ que elas podiam ser expostas tão rapidamente? Nem em um milhão de anos.
- Você acha mesmo que Harry permitiria que machucássemos a Weasley?
- A lógica não era o meu ponto forte naquela hora, Malfoy. Eu estava na frente de um homem cuja mente perturbada nunca deixou dúvidas do que podia fazer - replicou ela oferecendo um sorriso cretino.
- Mais 15 pontos para Grifinória! - falei sacudindo os ombros como se ela não tivesse me impressionado. - De algum modo, não consigo enxergar como conversar sobre isso vai te ajudar a se defender contra Zabini.
Granger cruzou os braços e ergueu a cabeça de maneira altiva.
- Isso não é conversa afiada. Eu não estou me sentindo confortável com nenhum termoo dessa situação. Primeiro vocês me prendem e agora me enganam. - ela falou ilustrando erguendo um dedo da mão para cada ação. - O que vai acontecer depois?
- Eu devo ter perdido a parte em que você se sentir confortável é mais importante que parar com o caos que Wood desencadeou. - ironizei fechando a cara. - Não estamos em um acampamento de verão contando historias ao redor de uma fogueira. Existe, por mais que você não queira encarar, uma guerra lá fora. Dezenas de pessoas foram mortas! E esse número só vai crescer cada dia que seu amigo perambula por aí!
- Engraçado você falar de guerra, quando dois dos inimigos estão ao seu lado! - ela apontou o óbvio cruzando os braços.
- Inimigo é um termo relativo. Quando se há um inimigo em comum, alianças podem se formar. Isso não quer dizer que eu confie neles.
- Ah, eu me sinto bem melhor agora - ironizou ela e me lamentei por ter lhe ensinado a arte de rebater respostas.
- Nada disso importa para você, Granger. Não é uma inimiga e nem uma aliada.
Ela baixou o rosto. Novamente, a face de decepção se fez presente
- Por que está me ajudando afinal?
Nem eu possuía resposta daquela pergunta, mas sabia que o momento não pedia sinceridade.
- Em nome dos velhos tempos. Além disso, eu odiaria ver a Zabini saindo impune. Como eu não posso fazer justiça com minhas próprias mãos, posso pelo menos ensiná-la.
Ela me encarou por alguns segundo.
-Não acredito no que estou prestes a dizer, mas é muito grifinório da sua parte me ajudar. Obrigada.
- Grifinório? Isso por acaso foi um elogio? - franzi a testa querendo fugir daquele território perigoso - Tenha certeza de que quando passarmos ao treinamento físico, você não vai me agradecer.
Hermione suspirou e percebi que algo estava prestes a acontecer. Quando ela ergueu os olhos de novo para mim, havia faíscas nele.
- Eu sei que você quer que eu pense que você não se importa comigo. Parabéns, eu estou convencida! - cruzou os braços - Por que você tenta me salvar? Eu notei o olhar que me lançou quando me viu amarrada. Fale o que quiser, mas você pouco liga se estou viva ou morta.
Minha feição endureceu. Granger havia ganhado a minha ira. Não recordo ter lançado um olhar tão intimidante antes, aproximei-me como uma pantera avança em sua presa.
- Nunca tente adivinhar o que eu penso, Granger - sibilei com mais alguns passos vendo-a acuada. - Você nã
o tem a menor idéia de que indiferente é a última reação minha a você. Já ouviu o ditado '’não brinque com fogo’'?
Granger recuava completamente assustada, acuando-se contra a parede.
- Malfoy, o que está fazendo?
- Talvez você precise refrescar sua memória - falei finalmente a alcançando segurando seu pescoço com uma não enquanto a outra prendia sua cintura. - porque eu ainda consigo lembrar de seus gritos, lembro perfeitamente das coisas que gostaria de fazer com você.
O rosto dela ficou rubro e baixou os olhos, desesperada por quebrar o contato visual.
Aproveitando esse momento de guarda baixa, envolvi seus cabelos em rabo de cavalo puxando sua cabeça para baixo. Minha boca percorreu sua pele sentindo o gosto almiscarado dela. Granger soltou um pequeno gemido ao ver-se prensada contra a parede.
Enquanto roçava meu corpo no dela, senti-a ficar eriçada. Suspirou deixando que minha boca deslizasse pelo seu colo na região onde seus seios se acomodavam, firmes e fartos como me lembrava.
- Malfoy, não podemos... Somos inimigos nessa guerra. É perigoso... - Ela lamuriava sem fazer sentido.
- Aqui não somos inimigos e você sabe disso. Posso sentir seu corpo correspondendo ao meu.
Ela tremeu, perturbada com aquelas palavras, ainda com o furor do duelo, nossos instintos animais estavam em alta.
- Ninguém pode saber - ela me pediu e vi o desejo ardendo em seus olhos. O mesmo que irradiava por todo o meu corpo.
- Essa é uma promessa - eu disse mordendo seu lábio inferior antes de mordiscar seu lóbulo da orelha. Seu corpo reagiu puxando minha blusa para tirá-la, fitei a blusa que cobria seus seios e odiei sua existência. Arranquei sem gentilezas levando junto o sutiã. Abocanhei seu seio, proporcionando seus gemidos mais altos. Ela se livrou de minha calça por mim e repeti o favor.
Parei encarando aquele corpo que passara a ocupar minha mente e ataquei. Puxei sua cintura para cima deixando que seus pés saíssem do chão, o beijo foi voraz e exigente. Eu continuava prendendo seu cabelo com as mãos e ela, naquela posição submissa, era um atentado a razão de qualquer homem.
As últimas peças de roupa foram liberadas, prendi sua cintura em meus braços, finalmente a penetrando. Na primeira, forte e profunda, Granger suspirou tomada de prazer. Outras se seguiram, mais rápidas e violentas e ela arrancou minhas costas com suas unhas.
Não sei ao certo se ainda estávamos em um campo de batalha, lutando um pela posse do outro. Ou se algo se transformara. A sensação era agridoce, porque eu não sabia se a viveria de novo.
Agarrei seu rosto forçando o contato visual.
- Você é minha. Nunca se esqueça - seus olhos âmbar ardiam de prazer e ela gemeu em resposta se agarrando ainda mais em mim.
O ápice foi violento e nossos gritos se misturaram pelo cômodo vazio. Perdendo as forças na perna e se agarrou a mim. Ficamos naquele estado calmo até que ela quebrou o silencio.
- O que quer que seja isso, me assusta, Draco - confessou grudada em meu corpo ofegante.
- Hermione, você me pertence. Não vou permitir que ninguém tente tomá-la de mim - falei com mais sinceridade que julgava possuir.
Seus olhos turvos encararam os meus e pude ver seu medo. Medo de mim. O nosso momento havia acabado e eu tinha que voltar ao papel de carcereiro.
- Recomponha-se. Temos muito a treinar ainda.
Ela assentiu desconfortável, até que eu pegando seu sutiã no chão, virei-a de costas fechando-o. Antes de sair, meus lábios tocaram seus cabelos perfumados.
- Você tem cinco minutos para voltar à arena. Dessa vez, eu não pegarei leve.
Deixei o ambiente sem encarar sua reação. O que essa maldita estava fazendo comigo? Por que eu tinha aquela vontade de protegê-la?
Harry Pov
Se tivesse que estabelecer um padrão para a ordem dos recentes acontecimentos este deveria ser iniciado pelo despertar dela. Os cabelos estavam espalhados pela cama como um leque vermelho, sua expressão atormentada me dizia que estava tendo outro pesadelo. Seria o quinto daquela noite.
Foi o mais forte da noite também, tanto que a acordou. Ela parou por um momento tentando lembrar o que fazia ali.
- O que houve?
Eu a fitei incrédulo.
- Você não lembra?
Ela coçou o cabelo, um tanto confusa e balançou a cabeça.
- Só lembro de ter entrado e te ver. Depois tudo que lembro são pesadelos e sombras. Uma dor excruciante também. - balançou a cabeça confusa - provavelmente foi apenas um pesadelo. Eu desmaiei?
Eu não queria mentir, mas não podia contar a verdade tampouco. Resolvi optar pelo meio termo.
- Em algum ponto, sim. Como está se sentindo?
- Enjaulada - foi o que ela respondeu cheia de atitude. - Onde estamos?
- A pergunta que devia estar fazendo é para onde vamos.
Gina arqueou as sobrancelhas.
-Para Askaban?
- Não, vamos para o Ministério.
-/-
Entrar no átrio seguido de Draco, Hermione, Weasley, Halliwell e Zabini era provavelmente uma das coisas mais estranhas que fazia. Contudo, era apenas mais um acontecimento que eu poderia listar em fatos bizarros acontecendo.
A reunião com Feldman foi um desastre. Gina não reagiu nada bem com o plano que desenvolvi usando uma cópia dela para assustar Hermione. Ainda por cima, teve a coragem de defender Wood. Hermione permaneceu impassível. Ela provavelmente prezava muito mais estar de volta ao seu hábitat natural.
Feldman estava mais estressado do que nunca. Draco e Zabini soltaram farpas o dia todo, enquanto Halliwell guardava um indigesto sorriso de satisfação.
Foi só quando Gina se levantou bruscamente que a reunião foi encerrada. Ela disse que iria no banheiro, Hermione a acompanhou. Halliwell que estava ocupada demais checando as unhas recebeu nossos olhares de censura.
- O quê? Não é como se elas pudessem fugir daqui, temos os guardas em todo lugar, que eu contratei. De nada, aliás - comentou altiva.
Draco, com uma mão nas têmporas, a fuzilou com o olhar.
- Você se importaria em ajudar ou a questão das suas unhas é mais importante?
Halliwell revirou os olhos incomodada.
- Espera que elas fujam do banheiro, Malfoy?
- Só vá até elas, Halliwell - retrucou ele tenso.
O clima pesado se seguiu por alguns minutos depois que ela partiu. Foi quando a mulher voltou preocupada.
- Más notícias, meninos. Elas não estão no banheiro.
Hermione Pov
-Vamos embora, Hermione - mandou Gina me empurrando com certa urgência. - Fui controlada a minha vida toda. Agora que consegui me libertar, ninguém vai conseguir me prender de novo.
- Não - eu me vi negando enquanto era arrastada pelo corredor. Eu não podia deixar tudo que estava começando a conquistar a se esvai entre meus dedos.
Gina esperou até que tivéssemos entrado na sala de Feldman para me encarar seriamente.
- O que disse? - perguntou incrédula.
- Sei o que está sentindo, Gina - menti, não só por não querer revelar que já sabia do plano baixo deles, como que não havia partilhado daquilo com ela. - A raiva, o poder querendo sair. Não é fácil descobrir que se foi traída, mas não podemos simplesmente fugir quando as coisas não estão como queríamos.
- Não se trata de fugir. Você não consegue enxergar! - exclamou frustrada checando a lareira com a rede Pó de Flu – Ficando, você só será um fantoche deles.
Pestanejei soltando o ar aos poucos, perfeitamente ciente que ela ia odiar minha resposta.
- Nesse caso, prefiro ser um fantoche deles a mais uma refém da Profecia, ou mesmo de Eric se o seu plano for se encontrar com ele - observei Gina e percebi o choque estampado em seu rosto. Forcei-me, no entanto, a continuar. - Isso eu não vou permitir, não serei um perigo para as pessoas que me importo nunca mais.
- Eu não vou deixar isso acontecer. - ela disse, provavelmente não convencendo nem a si mesma.
- Está fora de seu controle e você sabe - comentei tristemente - Escute, eu não vou te impedir. Não precisa fugir desse jeito, mas se é o que quer fazer, vá em frente. Agora tenho que te avisar que vou ajudá-los a te achar, e quando conseguirmos, não vou lhe dar cobertura como estou dando agora. Não diga que não a alertei. Não fuja, não se junte a Eric. Ele assinou sua sentença de morte.
Gina estava positivamente irritada. Não o bastante para me obrigar a ir com ela, achava eu, mas o suficiente para causar problemas.
- Por que desistiu dele?
Pensei um pouco naquela pergunta. Seria rancor pelo que Eric deixara de fazer por mim no passado? Talvez, de fato, o fosse.
Antes que conseguisse me decidir, passos e vozes no corredor me chamaram a atenção.
- Weasley? Granger? Estão aí dentro? - quis saber Halliwell e franzi a testa pela sua estupidez. Ela não esperava que respondêssemos "Sim, venha nos buscar!", esperava?
Mais passos se seguiam e percebi que tinha pouco tempo para falar tudo que precisava.
- Existe algo que precisa entender. Não fui eu que desisti do Eric, foi ele quem desistiu de si mesmo. - falei rapidamente de olho na porta fechada sabendo que Malfoy e Harry chegariam a qualquer momento. Mesmo tentando atrasar a fuga de Gina, tinha sérias dúvidas de que conseguiria impedi-la. Acima de tudo, tinha que me manter ao plano, ganhar confiança dos dois lados. Talvez fosse a única maneira de sobreviver. - Tudo que posso fazer é garantir que ele tenha um julgamento justo.
- Isso nunca vai acontecer, é só olhar para as pessoas responsáveis pelo caso! - retrucou exasperada, agora também de olho na porta - Eu tenho que ir, espero te ver em breve.
- Pena que não posso dizer o mesmo - sussurrei.
Do lado de fora, uma discussão parecia se desenvolver:
- Qual o problema? - retrucou Malfoy em alto e bom tom- Elas estão aí dentro?
- Eu não sei, a porta está trancada - contou Halliwell e tive a certeza que a veia do pescoço dele devia estar pulsando de raiva.
Olhei para Gina que exclamava "Beco Diagonal" e desapareceu nas chamas azuis. Pensei em cair e fingir que havia sido nocauteada, mas não esperava o próximo movimento de Malfoy.
- Ah, a porta está fechada? - ele gritou colérico, chutando a porta e jogando seu peso com tamanha violência que a madeira não resistiu e cedeu, a porta caindo com estrondo. - Problema resolvido!
Ele entrou com os outros três a tiracolo na sala sem ver Gina desaparecendo na lareira, mas infelizmente Harry reconheceu o familiar cheiro do Flu. Eu ainda estava perplexa demais com a violência que Malfoy abrira caminho pela sala para esboçar alguma reação.
- Ela fugiu pela lareira - anunciou Harry correndo para lá. - Para onde ela foi, Hermione?
Eu, estática e interpretando a mobília da sala, me vi sem saber o que dizer. Na certa não poderia alegar querer estar em boas graças em ambos os lados.
- Eu não posso dizer - falei esperando a explosão do restante. Malfoy bufou e se virou para o lado.
- Era só o que me faltava.
Ignorei aquele comentário e sacudi os ombros como se aquilo não fosse de importância.
- Eu prometi a ela.
- Ah, você prometeu a ela? - retrucou Harry tão furioso, que achei que a qualquer momento fosse entrar em combustão. - Por que não me disse antes? É claro que um psicopata a solta não é nada comparado a uma promessa imbecil - ele gritou irritado, percebi que tanto Halliwell quanto Zabini se entreolharam cientes da posição de intrusos no meio da briga.
- Você sabe que temos meios de arrancar essa resposta de você, não sabe? - retrucou Malfoy e desconfiei que entrou querendo controlar a fúria de Harry.
- Vá em frente então Malfoy, já lhe disse isso antes - falei me sentindo mais confiante que nunca. Não havia muita coisa que eles podiam fazer comigo agora. - No tempo que conseguir a resposta, Gina já estará bem longe.
- Sabe o que é realmente estranho? - Halliwell começou e reprimi o impulso de mandar ela calar a boca. – Você não tê-la parado. É quase como se quisesse que ela fugisse.
O veneno das palavras de Halliwell, apesar de letal, era verdadeiro. Quem mais para entender de jogo duplo do que ela?
- Sabe o que é ainda mais estranho? - questionei com falsa meiguice - eu não ter ido com ela se isso fosse parte de um grande plano. Se não a parei, é porque não é meu dever, e tampouco o de vocês, decidir para onde ela vai. Não é um crime sair para encontrar Eric.
Não obtive resposta de Draco, Halliwell ou Zabini que me fitaram reprovadores. Harry, como era de se esperar, foi o primeiro a falar. A berrar, na verdade.
- E o que você acha que vai acontecer quando ela o encontrar? É óbvio que vai seguir o exemplo dele!
Cruzei os braços, já meio irritada com o surto de raiva dele.
- É um risco, admito - repliquei tentando manter o tom de voz mais neutro possível, mas a raiva acabou levando a melhor - E o que você esperava, senhor da razão? Ela resolve encontrar vocês buscando ajuda e em troca vocês a traíram desse jeito.
- Quem é você para julgar, poço de confiança? - Harry seguiu atacando.
- Você realmente é alguém para falar de confiança. - falei debochada antes de tentar a voltar a razão - Fato é que vocês não conseguiriam impedir que ela saísse se assim quisesse. - suspirei, esgotada pela discussão - É a decisão dela.
- Você sabe o que mais é decisão dela? Tudo de ruim que acontece. Sempre.
- Ele tem razão, Granger - impôs Malfoy querendo finalizar a discussão. - Claro que existe a possibilidade dela refrear o ataque de Wood, mas a probabilidade dos dois enlouquecerem é maior. Sua amiga não tem a melhor das mentes estratégicas.
Assenti, entendendo que não havia como eu pedi por uma situação melhor. Não depois do que eu tinha feito.
- Eu tive uma idéia - Zabini soltou bruscamente e todos - eu incluída - olharam para ele em expectativa - A convivência de Malfoy e Granger não está rendendo bons frutos. Talvez devêssemos separá-los. Eu posso tomar conta da situação.
Fitei-o com puro asco lembrando-me de ocasiões passados que ele tinha me subjugado.
- Tenho certeza que pode - debochei cruzando os braços.
- Eu não acho uma má proposta - comentou Halliwell sorrindo cretina para mim. Sem dúvidas ela sabia.
- Tive uma idéia ainda melhor - disse Malfoy num tom falsamente animado - por que vocês dois não calam a boca e deixam que eu lido com o que é minha responsabilidade?
- E como pretende puni-la? - Zabini exigiu saber cruzando os braços calculista.
- Isso não é Idade Média - replicou Harry franzindo o cenho, estranhando a situação toda. - Se Draco tiver que passar esse dever para alguém, será para mim.
Quase suspirei de alívio. Era estranho me ver ser negociada como um objeto, mas se assim tivesse que ser, que fosse com Harry. Pelo menos até que eu tivesse pronta. As palavras de Gina soaram em minha cabeça e preferi ignorar. Será que eu estava realmente me transformando e
em um mero fantoche deles?
- Se as crianças pararam de brigar pelo brinquedo novo - debochou Malfoy com seu desdém típico - vou me retirar, porque alguém tem que agir aqui. Venha, Granger.
Sua mão puxou a minha e mesmo que nela houvesse uma força proposital, seus dedos acariciavam minha palma imperceptivelmente, como se me dissesse que aquilo era um teatro. Ele, o algoz malvado e eu, a rebelde prisioneira. Até quando conseguiríamos desempenhar nossos papéis, eu não tinha certeza, mas de uma coisa estava convicta: minha vida dependia disso.
Draco Pov
- Mais forte, Granger.
Por mais interpretações que pudessem ser feitas com essa fala, infelizmente a menos interessante era a verdadeira. Eu e Hermione estávamos na arena, dois dias haviam se passado do desaparecimento da Weasley. Ela tentava me acertar um soco e estava falhando em conseguir me ferir.
- Eu estou batendo, Malfoy! - ela guinchou ofegante e quase esgotada do exercício físico. - O que quer que eu faça? Tente te matar com um soco?
- Apenas me imobilizar - repliquei sentindo outro golpe dela praticamente indolor. - Onde está a garota que me deu um soco no nariz no terceiro ano?
-Eu estou cansada, Malfoy - ela se queixou e só um vislumbre me dava essa certeza. Suor pingava de seu corpo e seu estado era miserável, outros teriam pena e a mandariam descansar, contudo eu não sou como os outros.
- Pare de reclamar e comece a se defender - retruquei decidindo arrancar alguma reação dela. Empurrei-a e ela, pega de surpresa, quase caiu. Recuou um pouco tropeçando em seus próprios pés e me encarou perplexa.
- Você me empurrou?
Sem responder, espalmei as mãos em seus ombros e a empurrei novamente, dessa vez com mais força. Ela caiu, mas teve tempo de proteger o rosto e o corpo com as mãos do choque.
- Você está patética aí no chão - falei erguendo a sobrancelha e prestes a me virar. Ouvi um som de respiração ofegante logo antes que braços furiosos, entretanto inexperientes envolvesse meu pescoço, suas pernas envolveram minhas costas.Em menos de um segundo, ela estava no chão de novo, mas dessa vez eu estava por cima. Encaramo-nos por alguns segundos até que ela soltasse uma risada sem humor.
- Eu sou inútil mesmo, eu não posso me defender.
A desistência em sua voz me incomodou. Fechei a cara, prendendo seu corpo no chão cuidadosamente protegido pelo meu.
- Essa foi a sua primeira tentativa - disse seco - eu vou te ensinar a lutar, para que nunca seja refém de Zabini.
- Por que está fazendo isso por mim, Malfoy? - Granger perguntou e algo em sua vulnerabilidade me tocou. Seus cabelos estavam espalhados pelo chão, sua boca estava tremendo e aqueles olhos me fitaram desconfiados.
- Porque eu não te odeio, lembra? - falei me levantando e ajudando-a a voltar a ficar de pé. - Acho que podemos fechar por hoje. A partir de amanhã, teremos que começar a te ensinar a correr. Você precisa de resistência física.
Ela assentiu sorrindo um pouco. Nossas sessões diárias deviam ser a única relação dela com a realidade. Isso e tirando o trabalho, onde ela tentava se manter reservada.
Mesmo destruída pelo treino, havia o brilho de determinação em seus olhos. Foi impossível não me lembrar do evento de dois dias atrás, deveria ser ilegal uma mulher mexer comigo assim. Com alguma sorte, essa informação nunca chegaria a seus ouvidos.
Harry Pov
As unhas arranhavam o mármore frio do piso escorregadi, o barulho agudo era tão irritante quanto quem o produzia,o pé que eu estava segurando e puxando com a força responsável por arrastar aquele verme pelo chão foi prontamente torcido produzindo um estalo seco. Senti prazer ao ouvir o urro de dor dele. Reprimi a risada sem misericórdia que queria escapar dos meus lábios. Era cedo demais para aquilo.
Observei com prazer quando uma das unhas culpadas do irritante barulho foi quebrada e permaneceu fincada em uma das depressões do piso de mármore. Com um impulso, lancei seu corpo para o outro lado da sala, admirando todo o trajeto de sua dolorosa queda. Seu calcanhar esquerdo já estava quebrado, o que não só impedia uma tentativa de fuga, como era um bônus de divertimento para mim.
- Sabe qual o pior tipo de gente que existe, Wood? - ele, miserável como estava, não abriu a boca para responder. Aquele comportamento, por algum motivo, me incomodou. Já estava desconfiando que qualquer coisa que ele fizesse era combustível para minha raiva. Só o fato de ele estar vivo já era um incomodo.
- Eu não ouvi o que disse - zombei me aproximando mais dele. Uma das minhas mãos agarrou parte do seu rosto desejando poder esmagá-lo com a pressão dos meus dedos, porém tive uma idéia melhor.
Uma das minhas mãos fixou na parte inferior de sua boca enquanto a outra na de cima. Aos poucos, fui abrindo-a, rasgando os lados de suas bochechas. Eu observava o sangue caindo fascinado. Quando chegou na metade do seu rosto, resolvi parar antes que ele desmaiasse. Minhas mãos infelizmente estavam ensopadas de sangue. Aquele sangue imundo.
Fui até a pia disposta na sala para limpá-las, revigorado com os gritos de dor que preencham a sala como música para meus ouvidos. Foi quando olhei para meu reflexo e vi o monstro que me fitava de volta. As pupilas vermelhas, a ausência de nariz. Não, aquele não era eu.
Abri os olhos. Não tenho certeza se foi o choque do despertar ou o pesadelo em si que me deixara encharcado de suor. Provavelmente ambos. Sentei-me e passei a mão pelo rosto quase para me dar certeza de essa era vida real. Alívio reverberou pelos meus ossos, caminhei pelo quarto irrequieto e mirei o espelho com certa apreensão. Ali estava a prova que não havia motivos para me preocupar. Até que...
-Não pode ser. - pensei alto me aproximando do espelho. Havia sangue no meu rosto. Chequei para ver se eu estava ferido em algum lugar e me decepcionei ao ver que não estava. Então, da onde diabos o sangue havia surgido?
Balancei a cabeça descrente e limpei o rastro de sangue. Quase como se nada tivesse acontecido. Eu não estou louco, repeti em minha mente.
Então lembrei do que fiz com Gina. Aquele desejo irrefreável de possuí-la, de macular sua inocência, feri-la e sentir prazer com isso.
O que estava acontecendo comigo?
Hermione Pov
O merecido banho não tirou a adrenalina de meu sangue. Estar com Malfoy era perigoso e por motivos completamente alheios aliança e planos. Quando nossas peles se tocam, eu senti um incêndio acontecendo dentro de mim. Não deveria me permitir, nos permitir. O problema é que eu nunca me senti assim por ninguém. É como se ele pudesse me enxergar melhor que a mim mesma.
E era exatamente por isso que, munida de dois grampos que achei no banheiro, estava prestes a investigar o local. Demorei algum tempo entendendo a fechadura da porta.
Quando consegui abri-la, percebi que o pior erro de um bruxo é menosprezar o conhecimento trouxa. Tanto melhor para mim. Preparei para fazer uma inspeção básica e voltar logo, mas algo me parou imediatamente. Mal andei pelo corredor e estava na frente de um quarto intitulado "A. Halliwell". Como sede dessa aliança, todos devem ter se mudado para lá.
É certo que não deveria estar lá. Nem desperdiçar a minha chance de ficar em boas graças com Malfoy, já que não podia fugir. Os caminhos estavam se fechando aos poucos, cada vez eu tinham menos a escolher e mais a perder.
Porém, eu não iria ignorar meu instinto que dizia que Halliwell merecia a chance de ser investigada. Entrei em seu quarto fechando a porta com cuidado. Percebi que o mau gosto da decoração do meu quarto era sua marca registrada. Os tons enjoativos de rosa enganavam a psicopata que ela era. Ou talvez justamente anunciasse, uma vez que Umbridge também era chegada a cor. Meus olhos percorreram as cortinas em tons pastéis, a cama divinamente aconchegante cheia de travesseiros, a mesa de cabeceira repleta de pergaminhos e penas desorganizados e se fixaram na penseira. O objeto, como um imã, exerceu um tipo de magnetismo em mim. Quando percebi já estava na sua frente encarando-o. Todas as memórias proibidas de Halliwell dariam para fazer um belo estrago se pudesse tomar alguma das provas de suas últimas ações. Imaginei o rosto de Harry e Draco ao descobrirem que sua aliada devia ser expurgada da face da terra. Imaginei o rosto dela sendo desmascarada.
Além disso, Halliwell não podia me matar, tampouco me machucar. Não que isso me garantisse segurança, porém era o suficiente para sanar minhas últimas preocupações. Voltei ao corredor, olhando desconfiada para os lados. Tudo parecia tão deserto e a situação era muito propícia, e talvez única, para se desperdiçar.
Respire, Hermione. Se for para se arriscar, faça agora.
Curvei-me em direção a penseira e mergulhei na primeira memória que flutuava em sua superfície. O mergulho e a queda livre me provocaram a familiar sensação de náuseas. Pisquei tentando identificar o lugar onde estava, era um cemitério. Que lugar estranho para uma memória de Halliwell.
- Por que está aqui? - a voz da própria me assustou. Virei-me e percebi com choque que ela estava me encarando. Sua aparência estava a mesma, odiosa como sempre. Foi aí que vi que não era comigo, porque obviamente, essa Halliwell não podia me ver.
- Eu expliquei na carta - uma voz claramente masculina soou ao meu lado e virei-me de novo perplexa.
Era a voz de Eric.
Não só a voz. O corpo, as mesmas roupas, a mesma expressão. Um olhar já me garantiu que ele não estava sob efeito de nada. Fechei os olhos, tomada pelo choque e a dor da traição.
- Você não deu a sua resposta- Halliwell tinha um tom profissional.
- Você me garante que Potter vai morrer? Mesmo que no final, você tenha que matá-lo? - perguntou Eric cruzando os braços. Sufoquei o grito em minha garganta. Eu tinha que sair dali e avisar a alguém, no entanto o correto era continuar e descobrir mais.
Halliwell trocou o peso do corpo para a outra perna, entediada.
- Depende. Você me garante que quando chegar a hora vai prender Malfoy? E me deixará a par de sua localização sempre?
Eric suspirou. Ele não parecia feliz em fazer aquilo, contudo isso não tirava a culpa de seus ombros. Sua expressão era a de alguém que estava vendendo sua alma ao diabo. Tecnicamente, era isso que se tratava.
- Sim, prometo. Por que não quer que eu o mate? -Eric perguntou desconfiando.
- Está querendo saber demais, Wood. Isso é comigo. - ela foi enfática - Aceita ou não?
- Fará o Voto Perpetuo? - ele quis saber provavelmente buscando um tipo de segurança.
- Não. Eu me envolvi em um voto perpétuo muito arriscado recentemente. Não repetirei o erro.
Foi a vez de Eric cruzar os braços desconfiado.
- Como posso confiar em você?
Halliweell riu aparentemente se divertindo muito com a reação de Eric.
- E como eu posso confiar em você? Se é capaz até mesmo de trair sua protegida Weasley ao negociar a morte do amor da vida dela? - ironia e falsa meiguice pingava em sua voz. Aquela mulher realmente não fazia força alguma para que as pessoas gostassem dela.
- Deixe Gina fora disso - Eric sibilou perdendo a paciência - Você não pretende matá-la, pretende? - havia certo receio em sua voz, como só tivesse se dado conta agora que aquele detalhe podia atrapalhar seus planos.
- Eu não posso matá-la. Fiz um Voto. - contou Halliwell frustrada. – Porém não há problema. Potter tentou te matar, a maldição ricocheteou e um resquício ficou nele. O primeiro que...
- “Lançar a maldição ao receptor vai sofrer três vezes.” Eu li isso - comentou ele - Onde conseguiu essa informação? E o que significa?
- Não é óbvio? Potter é capaz de saber quando vocês usam a profecia e onde estão. Ele também foi o primeiro a tentar a usar o antídoto em você. Falhou, porque ele ainda não tinha te atacado. Da próxima vez que ele tentar realizar o feitiço, a Profecia vai se voltar contra ele.
- Quer dize que ele vai morrer? E nós não teremos mais poderes?
- Não. Significa que ele vai deter as três maldições. Depois disso, eu só terei que tomar dele.
- E como vai fazer isso?
- Creio que isso só interesse a mim.
Voltei para a realidade arfando com o coração acelerado. Assim que me pus de pé, encontrei-me com a dona das memórias que havia visitado.
- Quanta falta de educação, Granger, olhar mente alheia - ela retrucou com a varinha em punho.
- Não se for uma perturbada como você - retruquei, preparada para lutar se fosse preciso para sair dali.
- Você já foi mais agradecida - ela comentou sorrindo despreocupada.
- O que pensa que está fazendo? - sibilei confiante - sei que não pode me ferir. Sei também que não pode me manipular.
Surpresa toldou seus olhos e ela piscou divertida.
- Vejo que descobriu o que eu e seu amigo Wood temos em comum. - falou ainda i calma. Algo em sua atitude, ou talvez no que eu sabia que ela poderia fazer me deixou com medo. Tirando Bellatrix, a quem muitos neurônios perdeu em Askaban, eu não nunca tive uma mulher ardilosa como inimiga.
- Ele não é meu amigo - me vi negando e ela revirou os olhos semicerrando os olhos como se falasse como uma criança.
- Vocês são tão sensíveis. Está com inveja que Wood foi esperto antes de você?
- Temos prioridades diferentes - falei cruzando os braços irritada - Agora me deixe sair daqui.
Ela sorriu diabolicamente.
- Acho que teremos um problema quanto a isso. Eu não posso te deixar sair com essa informação daqui.
Demorou apenas um segundo para que eu entendesse do que ela estava falando. Vi o jato saindo da sua varinha e me joguei no chão. Minha mão se cortou em algo pontiagudo e não tive tempo de ver o que. Tinha apenas que sair dali. Como eu podia deixar Gina com um traidor perigoso? Como podia permitir que Harry e Malfoy corressem perigo?
Infelizmente, o destino tinha outras idéias. Um jato me atingiu e me paralisou. Halliwell dobrou seus joelhos me encarando.
- Seu sangue manchou o meu carpete, Sangue-Ruim. Parece que não se pode ter tudo. Diga adeus a sua memória.
O pânico me atingiu ao mesmo tempo em que a maldição, ainda senti seu gosto amargo em minha boca. Foi naquele segundo eu soube exatamente o que Halliwell faria.
- Obliviate!
N/B: Gente, se vocês quiserem culpar alguém pelo atraso desse capítulo podem culpar a mim. Hahaha
Acho que tem um mês que a Carol me mandou, mas eu só fui conseguir terminar de betá-lo essa madrugada. Por favor, não achem que eu fiquei procrastinando durante todo esse tempo, porém meu semestre foi atropelado devido a greve do ano passado(Na verdade, ele durou só 3 meses). Então, mil desculpas a vocês, e principalmente a você, Carolzitcha!
Quanto a fic, juro que quando li pela primeira vez esse capítulo eu senti vontade de esganar, Carol! HAHAHAHH Como você o finda nessa parte? Tentei criar mil e uma teorias a respeito desse Obliviate em uma tentativa para ele não ocorrer, mas acho praticamente impossível. Cada capítulo que passa meu amor pelo Draco aumenta! Ele pode ser uma babaca arrogante, mas ele é O cara. Hahaha A-d-o-r-o esse desejo louco que cerca ele e Hermione. Minha tristeza nessa capítulo também foi o Eric. Poxa, eu acreditava que ele era um bom cara(meu amor pelo Adam Brody super influenciou haha), mas... Ele vendeu a alma dele pro demônio mesmo fazendo esse ''pacto'' com a psico da Halliwell. A cada capítulo que passa eu me estresso com a Gina, toda essa aura de inocência dela me irrita. Ela é muito imatura e impulsiva, acha que o mundo é preto ou branco. Esse extremismo dela é algo que me frustra, mas eu espero que na segunda temporada ela amadureça, ainda que duramente.
Carol, tô muito ansiosa pra próxima temporada, quero ver como a relação de Draco e Hermione irá fluir e como de fato a síndrome se iniciará. E que destino tomará o Eric com essa loucura que ele fez. Espero que a máscara da Halliwell caía logo! hahaa
Acho que já me estendi demais, rs. Parabéns, Carol por mais um capítulo incrível!

N/A: Saudações da China! Hahahaha estou em plena viagem e isso explica, em parte, a minha demora para a postagem. Mas agora estou de volta e já toda programada. TODOS os capítulo estão escritos e esperando o ok da beta para a postagem - e claro, seus comentários. Já escrevi até o prólogo e o capítulo 1 da segunda temporada, tem alguém ansioso aí? Do mais, muito obrigada a todos os comentários, mensagens e apoio. Essa Fic não seria nada sem vocês para xingar a Gina e chamarem o Draco de gostoso.
Agora, como não podia faltar, vou responder aos seus comentários!
*The Daily Doll: Sim, senhora! Segunda temporada. E deixa eu dar uma dica: não vai ser nada bonita. Pelo menos, não o início dela. Esse capítulo ficou minúsculo hahahaha eu tava fazendo grande demais e depois pecava em coerência. Resolvi cortar certas partes para depois. É verdade, passou pouco tempo, mas foram momentos muito intensos. É que nem nossa vida, tem semanas que correm e nada, mas em algumas o dia parece não ter fim! Hahahaah teve NC nesse, a seca dele acabou! E as cicatrizes vão ser reveladas no próximo - que posto em uma semana. O treinamento te pegou de surpresa? Não se encaixava exatamente em uma das suas colocações, mas também não fugia muito do contexto. Prometo não sumir, vou lutar por esse encontro, viu! Espero que esteja tudo bem com você, beijocas!
*Beth Granger ou uma filha de netuno: Oi Beth, tudo bem? Você também tem conta no nyah, vejo seus comentários por lá também! Hahaha Ah, brigada pelos elogios. Algo me diz que se você não abandonou a Fic nesse hiatus gigante, nada mais fará você abandonar! Obrigada pelo apoio, espero ter alcançado suas expectativas com esse. Beijos!
* dangerous: Adoro saber quando alguém se revela assim, nessa hora que percebo que tem mais gente lendo essa Fic do que realmente posso ver. Brigada por socializar, seja bem vinda! O momento Dramione já está vindo, teve um nesse e vai haver um grandão no próximo. Eu demorei tanto que vou repetir: se esse hiatus não te fez desistir da Fic, nada mais o fará! Hahahah don't be a stranger, viu? Beijos!
* Brenda Chaia: Poxa, nosso encontro quase saiu! Quase! Estou louca para poder te ver e conversar sobre "Clarice Lispector"! Hahahahaah espero que tenha gostado desse capítulo também! Quando vier para o Rio, me avise!
* Lana_Sodré: Sim, saudades dos nossos papos! Uma das melhores coisas nesse universo de fics é construir essa amizade entre fãs. Mas então, acho que Hermione surtaria mesmo se alguém contasse a ela. Gina surtou mesmo, todos sabemos que ela não tem muitos parafusos.. Algo bem ruim de Eric foi revelado. Ele não é o bom moço - Ah, daí lembro que vocês nunca gostaram dele - e tem a aprontar cada vez mais. Eu não o considero mau, só alguém que fez as escolhas erradas. Não posso falar nada sobre Rony. Vocês saberão em breve, mas arrisco que será um choque. Os próximos estão pegando fogo, muita coisa junta sendo revelada. Se prepare! Hahahaah quando vamos nos falar de novo? Beijão
*H. Granger Malfoy: Gina vai ser a penúltima a ser atingida, o que significa que haverá uma nova pessoa amaldiçoada. A última cena deu muitas dicas sobre quem será e o que acontecerá a ela. Lembrem do que falaram no início da história: maior o poder, menor o controle. Hahahaha o X da Fic já foi descoberto a esse ponto, tenho certeza. Eu queria mostrar a vocês, mas não podia permitir que Hermione soubesse. Ou pelo menos, que ela lembrasse. E ao mesmo tempo, não podia quebrar o sistema que eu mesma criei para apelar pela narração em terceira pessoa. A solução foi apagar a memória de Hermione assim que ela solucionou tudo. Hahahaahah ainda bem que a Halliwell existe para isso! De todo modo, espero que tenha gostado! Beijos!
* Landa MS: Olha, eu te garanto que o Malfoy jamais vai sair por aí gritando aos sete ventos o que aconteceu. A menos que ele tenha um bom motivo. A hora dos detalhes e revelações vai chegar. Quanto ao Harry e a Gina, ainda tem muito pela frente hehehehe recebeu minha mensagem? Beijão
*Nataly D. S. : Ahhh brigada! Relaxa, quem nunca quis matar a Gina aqui? Até eu! Não queria te impedir de estudar, mas adorei saber que gostou. Zabini terá o que merece. Eventualmente. Hahahaha A Mione vai deixar de ser tão bondosa, garanto hahaha espero não ter te matado de curiosidade. Brigada de novo, beijos!
*Landa Ms: Draco é cruel, processe-o. Hahahaha mas essa falta de detalhes vai ser fundamental daqui para a frente. Brigada por sempre dar o seu alô, é super importante para mim. Beijos.
*Jacque Granger Malfoy: Tenho esse problema, não consigo me focar no casal. Nem é por não achar realista, deve ser um bloqueio, gosta das coisas acontecendo gradualmente. Depois desse capítulo, me abstenho de defender o Eric, heheeheh. A Gina coitada, olha isso é bullying! Todo mundo querendo que ela morra, dizendo que ela é chata. Ok, ela é mesmo hahaha Mas vai melhorar, garanto. Zabini é que nem brasileiro, não desiste nunca. Fique de olho nele. Esse Harry sacana vai voltar muito mais poderoso que antes. Felizmente ou infelizmente. Não posso responder nada do que me perguntou. Mas posso dizer que as respostas estão próximas. As cicatrizes chegam no próximo capítulo. Muito obrigada pelos comentários gigantescos. Mesmo. Alias, você sumiu do msn? Tem fb? Beijão
*NicolleKlein: oba, leitora nova! Que bom que gostou, espero que continue gostando. Brigada :))