Capítulo 1
Indecentes Intenções
| Respirar, Transpirar, Não Pirar! |
"Só tenho uma coisa a fazer
Me descobrir
Descobrindo você".¹
O seu corpo já demonstrava os primeiros sinais de que estava completamente desperto, mas ela recusava-se a abrir os olhos.
Continuou ali, cheia de preguiça, agarrando um travesseiro particularmente rechonchudo. O cheiro que exalava era maravilhoso e estranhamente familiar... Uma mistura de âmbar, sândalo e madeira.
Um gemido de prazer arranhou a sua garganta, enquanto enfiava o rosto mais e mais no tecido fofo do travesseiro, aspirando-o como se aquilo fosse uma droga. Desejou não sair dali nunca mais.
Tentou dormir novamente, mas uma dor de cabeça arrebatadora assolou-a. Lembrou-se vagamente das garrafas de vinho vazias e das taças de vidro sujas com seu próprio batom.
Mérlin.
O que tinha aprontado ontem? Não conseguia lembrar e, francamente, tinha medo de descobrir.
Abriu os olhos e a claridade quase fez sua cabeça fotofóbica explodir. As coisas começaram a entrar em foco aos poucos, e, para seu horror, Hermione reconheceu prontamente onde estava.
Havia estado naquele quarto pouquíssimas vezes, mas era o suficiente para lembrar-se das paredes cor de chumbo, da cama espaçosa e do tapete felpudo. Entendeu, enfim, porque o cheiro do travesseiro lhe parecia tão conhecido...
Era o cheiro dele.
Forçou a memória, mas tudo que conseguiu recordar era dos olhos verdes surpresos quando ela invadiu seu quarto.
Oh. Meu. Deus.
Abaixou os olhos para o próprio corpo, temerosa e parcialmente paralisada pelo medo. Suas roupas haviam sumido; vestia uma cueca box – de Harry, ela supôs – e uma blusa de botões, que, além de não lhe pertencer, não lhe cobriam lá muitas coisas.
Oh. Meu. Mérlin.
Sentia que estava prestes a desmaiar. Teria..? Uma onda de pânico a invadiu. Teria transado com seu melhor amigo?
O pensamento a fez soltar um gritinho de horror.
Barulho esse que chamou atenção de Harry. O homem surgiu pela porta, e Hermione não pôde deixar de prender a respiração. Ele trajava apenas as calças do pijama, deixando a mostra o peitoral bem definido.
Hermione desviou os olhos. Tinha uma queda absimal pelos ombros largos de Harry, pois era uma característica que faltava no seu Ron.
Seu Ron.
Lembrou-se dolorosamente do fora na noite anterior, e quase pôde entender o porque de acordar na cama da pessoa que Ron mais sentia ciúme nesse mundo. Vingança.
– Bom dia, gracinha – saudou Harry, com uma voz rouca que fez Hermione arrepiar.
Oh Morgana... Se havia realmente feito que pensava que tinha feito, daria todo ouro em Gringotes e mais um pouco para lembrar-se de cada detalhezinho. Certamente, dormir com Harry Potter não é algo que uma mulher se quer esquecer!
Abriu a boca, mas não emitiu som algum, como se tivesse perdido a capacidade de falar.
– Fiz um suco para você – ele disse, apontando o copo que segurava. – É de abóbora. Seu preferido.
– Obrigada – sua voz saiu estranhamente grossa, como se não fosse realmente sua.
Fez menção de pegar o copo, mas, quando o fez, as cobertas movimentaram-se sob seu corpo, expondo a pele pouco coberta. Mortificada, Hermione puxou-as de volta, cobrindo-se até o pescoço.
Harry soltou uma risadinha.
– Acha mesmo necessário?
Seu rosto ganhou uma tonalidade púrpura. Então, era assim que a grande Hermione Granger iria morrer. De vergonha, no meio de uma crise, e quase pelada na cama do seu melhor amigo.
– Mandei uma coruja para o Ministério explicando a nossa ausência hoje – informou Harry, inabalável, depositando o suco no criado-mudo ao lado da cama. – Embora eu não soubesse muito bem o que dizer, devo ser sincero.
– Obrigada. E desculpe, Harry – pediu, mesmo que não soubesse direito o porque.
O homem ergueu as sobrancelhas.
– Está estranha, Hermione.
– Eu não sei... – Ela desviou os olhos, encarando qualquer coisa que não fosse Harry Potter. – Desculpe-me por ontem... Foi um erro, e a culpa é toda minha... Não voltará a acontecer, pode ter certeza – falou muito rápido, antes que perdesse a corajem. – Espero que possa esquecer isso, detestaria se nossa amizade mudasse...
Harry soltou um sorriso malicioso.
– O que pensa que aconteceu ontem, Hermione?
Hermione soltou um muxoxo irritado, cruzando os braços sob o peito e esquecendo-se das cobertas. Quem Harry julgava ser, para zombar com seus sentimentos assim tão deliberadamente?
– Penso que aconteceu o que acontece quando dois adultos ficam numa cama de madrugada, Potter!
Mas, ao contrário do que prevera, a reação de Harry foi uma risada alta, que ressoou entre as paredes grossas do quarto. Isso a deixou mais irritada ainda. Como ele podia rir da situação embaraçosa que se meteram?
– Suponho que seja engraçado para você?
– Oh, Herms, você nem imagina o quanto – ele não parou de rir, enxugando as lágrimas que se formavam nos cantos dos seus malditos lindos olhos.
– Não consigo imaginar porque – resmungou, sentindo ganas de matá-lo.
Harry parou de rir, fitando-a por um segundo. Seu olhar era tão incisivo que Hermione sentiu-se acuada.
– Então, diga-me, Hermione Granger – aproximou-se perigosamente dela, o corpo faíscando. – Foi bom para você?
Hermione recuou, assustada. Suas órbes eram duas esferas arregaladas.
– Foi... Ham... Bem... Hum... – Gaguejou. Com que cara diria ao seu melhor amigo que não se lembrava de nada, além de risos trôpegos e um banho gelado no meio da madrugada?
Um banho. Harry estava nesse banho? Fechou os olhos com força. Oh. Ela não conseguia lembrar.
– Foi... Ham... Definitivamente... Hum... Surpreendente.
Isso! Essa era a palavra. Surpreendente. Uma palavra neutra, que não insinuava que havia sido uma noite de sexo tórrido inesquecível, e nem uma horrível e péssima ideia de sua cabeça bêbada.
Harry riu com gosto, e ela o amaldiçoou baixinho.
Antes que notasse o que aconteceu, Harry avançou na cama, tomando-a entre seus braços. Hermione ficou paralisada, demorando segundos até perceber que o amigo apenas a abraçava.
Ele nunca esteve tão aproximado e ao mesmo tempo tão “despido” perto da mulher. O rosto de Hermione estava pressionado contra o peito forte que ela tanto apreciava, e, daquela forma, podia sentir o cheiro maravilhoso de homem que Harry exalava.
– Tem mesmo uma criatividade espantadora, Srta. Granger – ele disse, afagando-lhe os cabelos.
– Por que diz isso? – Perguntou, sentindo-se uma criança dentro daqueles enormes braços.
– Não se lembra mesmo o que aconteceu ontem a noite? – Harry perguntou, a fitando com doçura.
– Não – admitiu Hermione, com um gemido culpado.
Harry então a soltou, posicionando-se na ponta da cama.
– Já passavam da três da manhã, e você aparatou aqui em casa, aproveitando-se do fato de ter livre acesso ao meu apartamento – deu um sorriso torto. – Eu estava dormindo, e só notei quando você entrou no quarto. Enfiou-se na minha cama, e começou a dizer coisas que não faziam o menor sentido. Chorou – a voz dele endureceu nessa hora. – Contou-me a história com Ron.
Hermione desejou que o chão se abrisse, e a terra a engolisse. Chegara bêbada na casa do seu melhor amigo – claramente com diversas más-intenções na cabeça – e tudo que conseguira fora chorar. Não satisfeita, embaraçou-se a manhã inteira, insinuando a ele que tinham dormidos juntos.
– Chorou mais um pouco, então coloquei você no banho.
Se ela achava que não havia mais como se envergonhar, se enganara lindamente. Encarou Harry, mortificada.
– Você fez isso sozinha, Hermione – ele tranquilizou-a, erguendo o cenho para o desespero aparente no rosto dela. – Julga-me um tarado que se aproveita de amigas?
“Não, julgo-me assim”, pensou, infeliz.
– Claro que não. Só não me lembro bem.
– Você vestiu roupas minhas – ele parou nesse instante, fitando longamente as pernas da mulher que estavam a amostra. – Pediu-me para dormir aqui, e eu deixei.
– Eu pedi? – Ganiu Hermione, envergonhada. – Oh, Harry, mil desculpas, jamais quis causar qualquer tipo de transtorno...
– Hermione, pare – interrompeu ele. – Não me causa transtornos, exceto quando chora, porque fico preocupado. Meu único pensamento nesse momento, é no que iremos fazer no resto do dia, já que estamos livres.
– Não, não – negou Hermione, enfática. –Tenho que trabalhar!
– Pensei já ter comentado que enviei corujas ao Ministério justificando nossas ausências.
Harry ergueu o cenho.
– Harry, sou chefe do Departamento, não posso simplesmente me dar ao luxo d...
– Já está feito – ele se levantou, muito altivo. – Vista-se, vamos dar uma volta, tomar um café. E não se esqueça que amanhã iremos a festa de Malfoy.
_*_
Harry mostrou-se uma companhia muito agradável. Andaram pelas ruas da Londres trouxa conversando amenidades, sentaram-se num charmoso café de mesas pequenas e calorosas, e Hermione não voltou seus pensamentos uma vez sequer a Ron.
– Não sei se é uma boa ideia ir à festa, Harry – dizia, enquanto bebericava a xícara. A bebida quente e cheia de cafeína lhe era um alívio imenso para dor de cabeça.
– Não podemos faltar – ele disse, muito calmamente. – Quem mais iria apartar as brigas de Gina e Draco?
Hermione riu, quase cuspindo café na cara do homem.
– Já está tomando como certa a briga dos dois?
– Você não?
– Realmente não entendo aqueles dois...
Harry de repente assumiu um aspecto sério e uma postura ereta. Seu semblante fechou-se, os olhos fixos no nada.
– O que há, Harry? – Perguntou Hermione, alarmada.
Ele cerrou os olhos.
– Não é nada... – Os ombros relaxaram um pouco. – Só um paparrazzi desocupado tirando fotos nossas.
– Suas – corrigiu Hermione, voltando à deliciosa tarefa de beber seu café. – Eu sou mera acompanhante. Além do mais, supus que já havia se acostumado com todo o assédio.
– Bem, ainda me irrita um pouco – confessou Harry. – Mas tento abstrair, pelo bem da minha própria sanidade mental.
Assim que terminou de falar, um flash indiscreto voou em sua direção, fazendo-os piscar.
– Não ligue – dizia Hermione, um pouco preocupada.
Harry, por sua vez, soltou um sorriso maroto.
– Sabe, Hermione – as mãos dele serpentearam por cima da mesa até encontrar as da mulher. – Deveríamos dar um show para eles.
– Está louco? – Hermione sussurrou, olhando pro amigo como se ele fosse um extraterrestre. Não ousou, porém, tirar as mãos das dele. – Ron morreria de uma cólera.
– Achei que era isso que pretendia – ele respondeu, com um sorriso enviesado.
Hermione sentiu os dedos de Harry invadindo os seus, entrelaçando, apertando, fazendo pressão. Limitou-se a ficar calada, observando. As mãos do homem eram tão calorosas, que ela apenas deixou.
Os flashes, agora mais indiscretos e febris continuavam voando na direção dos dois.
Harry aproximou-se perigosamente dela, esticando-se em sua direção. Ele roçou o nariz no pescoço alvo dela, produzindo-lhe arrepios.
– Imagine que manchete linda amanhã – ele sussurrou em seu ouvido e Hermione sentiu sua espinha gelar. – “Harry Potter e Hermione Granger, depois de anos, finalmente juntos!”
Ele beijou a base da mandíbula da mulher, e ela quase desmaiou. Harry ao menos sabia do poder de sedução que exercia sobre ela? Oh, definitivamente não queria entrar naquele infinito problema que eram seus olhos verdes...
– Harry... – suspirou de prazer.
– Hum? – Ele falou, sem realmente ouvir, muito preocupado em beijar tudo que entrava no seu campo de visão: pescoço desprotegido, lóbulos à mostra, queixo simplesmente delicioso...
Hermione agarrou e puxou os cabelos do homem, que, com um gemido de satisfação, virou-se para ela. Seus olhares penetraram um no outro, como nunca antes, cheios de intensidade, cheios de desejo.
Estavam entrando num mundo perigoso. Estavam cruzando a linha imaginária que separa a amizade do... Amor?
Não, não.
Do sexo.
*
N/A:
¹ Your Body Is A Wonderland, John Mayer
Ah, gente, sei lá se esse capítulo tá bom! É a primeira vez que escrevo uma fic desse estilo, por tanto, sejam bonzinhos comigo. Prometo que a história logo irá se desenvolver, e teremos uma Hermione beeem mais saídinha!
No mais, obrigada por todos os comentários!
A coisa mais triste pra um autor é entrar no site e ver aquela barra amarela vazia, portanto, por favor, COMENTEM! :)
Potter_Salter: Querida, como seu comentário me deixou honrada! Sério mesmo! Tantos elogios que eu nem mesmo mereço, mas que é óbvio adorei ler. Sabia que sou fã da sua fic, e estou a caminho de ler as outras! Muito me orgulho de tê-la acompanhando minhas fics com tanto fervor. Bem, espero mesmo que minha inspiração não acabe, assim como a sua, porque eu preciso de capítulos seus urgente! :P Obrigada por tudo, ok?
Melissa Hashimoto: haha, tá aí, moça, estou aqui, e o capítulo também, nem demorei tanto, estava esperando por novos leitores! Hermione nem está tão atirada e atrevida assim – pelo menos ainda não, mas em breve... Quanto às fics Hhr, novas eu não conheço muitas, mas há várias boas por ai, as do Tito são ótimas, da Potter_Salter, da Mah.Potter, e obviamente da Mione_potter_love e Lilian Granger Potter. Espero ter ajudado, obrigada pelo comentário! E espero que curta o capítulo!
Júlia Potter Malfoy: Atualizei, moça! Esperarei seu comentário para saber se gostou!
Lisa Granger: Amei seu comentário! Que bom gosta do shipper, porque essa fic vai ter muuito deles pra gente ser feliz! Obrigada mesmo pelo comentário, por ter desejado “boa sorte”, e eu nem demorei tanto pra atualizar! Comente o que achou desse capítulo, certo?
Laauras: Ah, moça, que linda você, sempre acompanhando as minhas fics! Você prometeu ser leitora assídua, hein, então espero ver você por aqui mais vezes, hihi. Obrigada!
Talismã José da Silva Moraes: Obrigada pelo comentário, e vou continuar a fic sim! Espero seu comentário para saber se gostou. Beijão
Amanda A.: Rá, você não é tão desconhecida pra mim assim, mocinha! Que bom vê-la na fic :) Espero que a fic faça juz ao seu comentário, e a deixe mesmo de cabelo em pé. Obrigada pelo comentário!
Line Silva: Oi, primeiro, obrigada mesmo pelos comentários. Segundo, as fics Hhr estão mesmo sumindo, mas se depender de mim, ainda escreverei muitas!Terceiro, que bom que gostou do prólogo, mas porque achou que Harry ia dar um chega pra lá nela? Isso não é lá do feitio dele, rs! E quanto as outras fics... Na verdade mesmo, tenho 4 fics em andamento, e uma terminada em parceria com meu amigo Tito. Eu acho que essa coisa de escrever fics tão diferentes dá-se muito também por conta da J.K, não só de mim. Ela criou personagens tão complexos que nos permite isso. Quanto a organização dos capítulos, antes de postar uma fic nova, tenho já alguns capítulos prontos, e tento atualizar em uma ordem, para não ficar dando prioridade a uma ou outra. Obrigada mesmo por esse comentário, viu, fiquei muito honrada mesmo! Fiquei me achando! Espero que continue por aqui, moça =)
Lay Potter: Puro talento, haha, como você é fofa! Como eu comentei acima, a coisa de escrever fics tão diferentes dá-se muito também por conta da J.K, não só de mim. Ela criou personagens tão complexos que nos permite isso. Espero honestamente que os autores Hhr voltem à ativa, e tragam fics desse casal amô! E Hermione ainda não tá tão femme fatale, foi mais um álcool fatale, mesmo... heiuoheioue. PS: Te mandei uma inbox no facebook que colocaste no seu perfil do site.
Amanda Conrwell: (adorei seu nick) Aí está mais! Espero que goste e comente, moça. :)
Brunizinha: Haha, vinho = dor de cabeça, sempre. Mas o que seríamos sem ele? Então, o que achou desse capítulo? E ah, eu aceitaria, também! Eiuhoiueh. Obrigada por estar sempre presente, garota!
Michelle Lima: Mais uma HH, pra mim só eles que servem! Só escrevo sobre eles, só leio sobre eles, e tenho maior preconceito com os outros casais! Haha. Hermione tá mais atiradinha nessa fic mesmo, espere e verás... ;)