*Este capítulo contem spoiler no livro “Harry Potter e as Relíquias da Morte”.
Diário de Campo - Dia 170
Sinto que a Astoria tem voltado a se degenerar. Estou em uma corrida contra o tempo. Mas estou cansada. Estou achando tudo isso que vem acontecendo tão confuso.
Hermione olhou para fora pensativa. Nunca havia imaginado que, em toda sua vida, se envolveria em um caso tão complexo. Havia saído da Mansão Malfoy abalada. No entanto, a descoberta sobre as maldições que Lucius impunha à esposa e nora, os métodos pelos quais Astoria utilizou para se aproximar e conquistar o marido, não lhe agitara tanto quanto as sensações que tivera perante Draco naquela tarde.
Flash Back
Hermione saiu do quarto de Astoria. Havia dado uma poção sem sonos à mulher para que se acalmasse. Tudo o que queria era chegar em casa. Seu cérebro estava cheio e trabalhava furiosamente. Precisava relaxar.
-Hermione? - Ela estancou ao ouvir a voz de Draco. -Não sabia que ainda estava aqui. – Ela observou o homem loiro sair de seu escritório.
-Boa tarde, Malfoy - Hermione tentou parecer simpática - na verdade, como pode ver, já estou de saída.
-Eu gostaria de conversar com você. Tem cinco minutos? – Ele perguntou apontando para a porta de seu escritório.
-Claro - Hermione respondeu desconcertada olhando na direção do quarto de Astoria enquanto caminhava.
-Por favor, sente-se - disse Draco servindo de um copo de uísque de fogo para si e uma xícara de chá para Hermione. - Tome, você está trabalhando – Ele sorriu com a brincadeira e Hermione se perdeu em seu sorriso.
Mais uma vez, um filme se passou na cabeça de Hermione. E ela parou para pensar em quão sofrida deveria ter sido a vida do homem à sua frente, lembrou-se de seu sexto ano, quando Draco teve como missão assassinar Dumbledore e como o mesmo não obteve êxito. Lembrou-se ainda que, durante a ascensão de Voldemort, o quanto ele ficara aterrorizado com o fato de que teria que reconhecer Harry. E depois que a guerra acabara, vivera uma vida de mentira com uma mulher que se se utilizara de métodos vis para mantê-lo ao seu lado.
-Hermione?- um toque breve, mas forte fez Hermione despertar de seu devaneio. Um arrepio que não passou despercebido por Draco perpassou o corpo de Hermione que se desconcertou ainda mais.
Hermione o olhou e pela primeira vez em todo aquele tempo, reparou no quanto Draco havia se tornado um homem bonito e charmoso.
-Tudo bem com você? - Draco ergueu uma sobrancelha intrigado.
-Tudo bem, Malfoy - ela respondeu impaciente -É que preciso ir para casa. Gostaria de aproveitar o resto das férias dos meus filhos.
-Entendo. Não pretendia atrapalhá-la. Apenas gostaria de saber como está a evolução do tratamento de Astoria.
2 meses depois
Draco organizava as flores que Astoria havia recebido de sua irmã. Daphne tinha bom gosto, eram as flores preferidas de sua esposa, em sua cor preferida. Parou para pensar que ainda não sabia quais eram as flores preferidas de Hermione. Balançou a cabeça negativamente com raiva. Não havia relevância alguma saber quais eram as flores preferidas de Hermione.
-Que flores lindas - exclamou Astoria acordando com a movimentação de Draco. - Retirou-as do nosso jardim?
-Não - ele respondeu sorridente - Daphne as trouxe para você.
-Daphne está aqui? - Ela perguntou. Draco, por um instante, achou que Astoria pudesse estar contrariada.
-Esteve - Draco se aproximou de sua mulher - mas como você estava dormindo e ela estava com pressa, foi embora.
-O Blás estava com ela?
“É óbvio que não, uma oportunidade única de ficarem as sós... Você acha que eles desperdiçariam?”
-Não. Ela veio sozinha. Por quê? - Draco perguntou intrigado.
“Viu? Ficaram sozinhos!”
- E vocês ficaram sozinhos? – A mulher perguntou irritada.
-Ainda não consegui entender aonde você quer chegar, Astoria. - Draco falou sério, perigoso.
“hahahahahahahaha Draco sempre foi cínico. Com esse cinismo sempre conquistou todas as mulheres que quis”.
-Deixa de ser cínico. - Astoria gritou. Draco a olhou espantado. Não discutiria com ela.
-Você está com problemas, Astoria. Não vou discutir com você! – Ele respondeu apontando o dedo em sua direção. Em seguida foi em direção à porta.
“Ele não se interessa mais pela Daphne...Ele agora só tem olhos para a Dra. Weasley”.
-Ahhhh claro. É óbvio que você não se interessa pela Daphne...
Draco parou estático. Definitivamente Astoria enlouquecera. Voltou-se para ela.
-Daphne é sua irmã, Astoria. Esposa do meu melhor amigo. Você está louca?
- Você se interessa pela Dra. Weasley. - Astoria continuou como se Draco não houvesse falado nada.
Ele caminhou lentamente em sua direção. Ira no olhar. Astoria recuou.
-Do que você está falando, Astoria?
-Você acha que não percebo a forma como olha para a Dra. Weasley? – Ela falou e se arrependeu imediatamente, os olhos de Draco se tornaram cinzentos como em um dia tempestuoso.
Perigosamente, ele se aproximou ainda mais.
-Você não sabe o que está falando.
“Isso é muito irônico. Draco Malfoy se interessando por uma sangue ruim.”
Astoria riu.
-Quem diria, hein, Draco? Você se interessando por uma sangue ruim...
Draco segurou com raiva o queixo de Astoria.
-Cala essa sua boca, Astoria. Já se deu conta das merdas que você está falando?
-Me solta - Astoria respondeu gritando. - Me solta agora.
-O que está acontecendo aqui? - Hermione perguntou assustada enquanto entrava no quarto. Da sala havia escutado o grito de sua paciente, subiu correndo. Olhou para Draco e viu que este apertava, com força, o queixo de sua esposa.
-Malfoy, por Merlin! O que você acha que está fazendo?
Draco soltou Astoria que correu para os braços de Hermione.
-Ah Dra. Weasley que bom que chegou. – Ela disse chorando - Ele estava me machucando.
-Como é que é? - Draco perguntou com raiva indo em direção à Astoria.
-Malfoy! - Hermione interviu - Saia já do quarto da Astoria. - Draco iria protestar - Agora, por favor - completou de forma clara.
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Draco estava de olhos fechados em seu escritório, balançava lentamente um copo de uísque de fogo em sua mão. Ouviu quando porta abriu e fechou. Não iria abrir os olhos até sentir um cheiro inconfundível de pergaminho.
-Você poderia me dizer o que foi aquilo lá em cima, Malfoy? - Ele abriu os olhos e viu Hermione de braços cruzados. Suas bochechas estavam rosadas, sinal típico de que estava irritada. Por um momento ele quase sorriu. Era impressionante como ele já a conhecia.
-Astoria está enlouquecendo, Hermione. Não foi com aquilo - Draco apontou em direção do quarto de Astoria. – que eu me casei.
-Malfoy! - Hermione exclamou exasperada - Não acredito nisso que estou ouvindo. Aquilo é sua esposa doente, que precisa de todo seu carinho e paciência.
-Você não entende, Hermione. É que...
-Quem não entende é você, Malfoy - Hermione pôs o dedo em riste - A sua esposa passou por um trauma. E ele ainda sofre os efeitos dos feitiços lançados nela.
-Você também passou por um trauma, Hermione - Draco se aproximou da Castanha - e é a mulher mais doce que conheço. – Ambos estancaram. Nenhum dos dois tinha a mínima noção do por que Draco Malfoy falara aquilo.
-Preciso ir, Malfoy. - Ela disse se levantando da cadeira.
-Porque agora você só me chama de Malfoy, Hermione? - Ele perguntou intrigado, receoso de que a loucura de Astoria pudesse, de alguma forma, estar afetando Hermione.
-Esse é o seu nome, não? - Hermione respondeu no mesmo tom. Ele a olhou irritado. Hermione bufou - Malfoy, eu percebi que Astoria voltou por ciúmes. E o ciúme alimenta o efeito do feitiço. Você também deveria me chamar pelo sobrenome.
-Não vou mudar a forma de chamá-la por um simples capricho de Astoria
Hermione suspirou. Ele era um cabeça dura, e não tinha como convencê-lo sem contar sobre os motivos dos ciúmes de sua esposa. Decidiu ir embora.
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Diário de Campo – dia 260
Confesso que estou bastante preocupada com Astoria. Preciso achar a reversão desse feitiço logo. Vou passar essa semana inteira pesquisando sobre feitiços das trevas no Departamento dos Mistérios.
02 Semanas depois
-Dra. Weasley... Pensei que havia me abandonado – Astoria disse em um sorriso fraco – ou que, talvez, estivesse com medo de mim.
-Obvio que não, Astoria – Hermione se apressou em dizer –Tenho procurado a reversão desse maldito feitiço. Mas acho que já estou no caminho.
-Eu não tenho muito tempo, doutora.
-Não diga isso, Astoria. Eu não encontrei as poções regenerativas? Você agora só envelhecerá pela idade – Hermione sorriu e passou a mão pelo rosto da mulher. - E você está linda.
-Eu não aguento mais ouvir essas vozes, Dra. Weasley – Astoria disse com medo – Elas não param. Não sei se resistirei a isso durante muito tempo.
-Você conseguiu resistir da primeira vez que elas apareceram. Claro que vai conseguir dessa, Astoria – Hermione disse séria.
-Da outra vez, o meu corpo estava fraco e eu saí desse mundo e mergulhei no mundo do sono onde as vozes não me incomodavam. Agora estou forte fisicamente e não consigo me manter sã, a não ser que... – ela olhou para Hermione. – Me dê uma poção degenerativa, Dra. Weasley.
-Por Merlim, Astoria – exclamou Hermione horrorizada – Não posso fazer isso.
-Porque, doutora? – Astoria perguntou triste.
“Você não vê? Ela quer te fazer sofrer. Quer que pareça louca perante o Draco.”
-Para – Astoria pôs as mãos no ouvido.
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-Você precisa encontrar logo essa maldita cura da Astoria, Weasley – Draco disse irritado. Ele e Hermione encontravam-se em seu escritório.
-Estou fazendo tudo o que posso, Malfoy! – Hermione exclamou na defensiva, estranhando o fato dele chamá-la pelo sobrenome.
-Não está fazendo rápido o suficiente.
-Olhe aqui, Malfoy – Hermione pôs o dedo em riste e Draco percebeu por suas bochechas rosadas que havia a irritado.
-Desculpe-me Hermione. – Draco sentou. Pela segunda desde que voltaram a se encontrar pós Hogwarts, ela pode observá-lo sem máscaras. Mais uma vez teve a sensação de que o peso da idade começava a se fazer presente naquele homem. Um homem que embora arrogante, havia sido marcado por histórias de horror em toda a sua trajetória. Ela sentou também. Ele continuou.
-Estou cansado disso tudo. Astoria está me enlouquecendo. Agora ela resolveu se corresponder todos os dias com Scorpius. Quer enlouquecer o garoto também – ele levantou, serviu um copo de uísque para si e voltou a se sentar. – Diz que tem medo que aconteça algo a ele e eu não conte. Absurdo. O pobre do garoto precisa escrever para ela todos os dias, se não ela surta. Como ela está? – Ele olhou para Hermione.
-Eu dei uma poção para dormir sem sonhos. Tome. –Hermione retirou alguns frascos de sua bolsa. – Dê a ela quando estiver muito agitada. E se achar que precisar – Hermione o olhou nos olhos – tome também.
05 semanas depois
Voldemort ergueu a varinha de Lúcio Malfoy, apontando-a diretamente para uma figura que girava lentamente, suspensa sobre a mesa, e fez um gesto quase imperceptível. O vulto recuperou os movimentos com um gemido e começou a lutar contra invisíveis grilhões.
- Reconhece a nossa convidada, Severo? - indagou Voldemort.
De baixo para cima, Snape ergueu os olhos para o rosto pendurado. Todos os Comensais agora olhavam para a prisioneira, como se tivessem recebido permissão para manifestar sua curiosidade. Quando girou para o lado da lareira, a mulher disse, com a voz entrecortada de terror:
- Snape, me ajude!
- Ah, sim - respondeu Snape enquanto o rosto da prisioneira continuava a virar para o outro lado.
- E você, Draco? - perguntou Voldemort, acariciando o focinho da cobra com a mão livre.
Draco sacudiu a cabeça com um movimento brusco. Agora que a mulher acordara, ele parecia incapaz de continuar encarando-a. Sentia-se covarde e impotente. Ela estava ali e ele não podia fazer nada.
- Para os que não sabem, estamos reunidos aqui esta noite para nos despedir de Astoria Malfoy que até recentemente, era casada com Draco Malfoy. Avada Kedrava
Um lampejo de luz verde iluminou todos os cantos da sala. Draco caiu da cadeira para o chão.
-Nãããããããããõooooooo – Ele gritou.
-Nãããããããããããoooooooooo – Draco acordou suado. Segurou a cabeça, puxando os fios molhados para trás. Levou um tempo para entender que havia tido um pesadelo.
Levantou pesadamente da cama. Decidiu ir ao quarto de Astoria para vê-la. Não a via há 03 semanas, havia delegado aos elfos o cuidado de sua esposa.
O quarto de Astoria estava escuro, as pesadas cortinas bloqueavam a entrada da luz do dia.
Nem em mil anos, aquele homem estaria preparado para ver o que acabara de presenciar.
-Nããããããããããããoooooooooooo – Draco caiu de joelhos chorando.
N/A.: Como a autora para em um momento como esse? Como ela pode ser tão perversa?
E aí? O que acharam? Preciso muitíssimo de saber.
O próximo capítulo vai ser bem tenso, mas vai ser bem curto. Como combinado, nos vemos daqui a 15 dias. Até o dia 20/05, xuxus!!!