Capítulo 8 - Jogo de Quadribol: Sonserina x Lufa-lufa
Tom já havia tido aulas de voo e foi outra coisa que aprendeu rapidamente. Mais depressa do que qualquer outro colega.
Quando Madame Hooch apitava e os mandava dar uma volta pelo castelo, agora que já estavam conseguindo equilibrar-se e voar um curto caminho, Tom se sentia maravilhado.
O vento batia em seus negos cabelos e os deixava levemente rebeldes. O sol quente e a sensação de conseguir fazer algo que durante tantos anos o homem trouxa sonhou, – voar – era indescritível.
Após a rápida segunda volta, desceu para terra firme e Madame Hooch veio parabenizá-lo.
- Muito bem, Riddle! Você está parecendo um perfeito jogador de quadribol! Pena que é tão jovem.
- Quadribol...?
Já tinha ouvido falar desse quadribol e pelo que entendera, era algum tipo de esporte bruxo. Tom não se interessava por esportes, mas tudo o que o ligasse àquele mundo maravilhoso era no mínimo interessante.
- Sim, o primeiro jogo será semana que vem! Sonserina e Lufa-lufa. Quem sabe em seu segundo ano você não entre para a equipe?
- Por que no segundo ano?
- Porque geralmente alunos do primeiro não jogam. São muito novos e não sabem quase nada sobre as regras. A última vez que isso aconteceu foi há mais de 50 anos.
Tom ficou tentado em aprender e mostrar que ele poderia muito bem se sair melhor que qualquer aluno do sétimo ano. Seus olhos chegaram a se estreitar e brilhar, mas então pensou que quadribol não lhe acrescentaria em nada. Não o transformaria em um bruxo melhor. Seria a mesma coisa que um jogador de futebol comparado a um cientista. Não é preciso dizer qual dos dois é mais útil para a humanidade.
- Entendo. – foi o que disse.
A professora apitou para mostrar o término da aula e os alunos se dirigiram para o almoço no Salão Principal.
A semana se passou com a atmosfera do colégio modificada. Os alunos andavam conversando animadamente sobre o jogo e apostando quem iria ganhar.
- É lógico que vou torcer para Lufa-lufa! – um menino da Grifinória passou conversando com um amigo.
Tom estava em uma sala vazia lendo suas anotações e ouviu a conversa.
- É verdade...só torço para Sonserina no dia em que ela jogar contra a Bulgária! – os dois riram.
- Apesar de que aquele aluno novo, Riddle, tem atraído simpatia de todos não é?
- É...ele nem parece um sonserino. O que será que deu no chapéu para colocá-lo lá? Por que não na Corvinal?
- Ou na nossa casa! Seria ótimo.
As vozes foram se afastando. Tom sublinhou uma palavra em seu pergaminho e fechou os livros.
Foi em direção à massa de alunos. Todos se dirigiam ao campo de quadribol.
Um grande barulho de gritos e músicas podia ser ouvido desde a entrada do castelo.
Tom foi até a arquibancada com bandeiras e roupas verdes e sentou-se na última fileira. Ainda com os livros nos braços, esperou o início da partida.
Os capitães apertaram a mão um do outro e Madame Hooch, a juíza do jogo, apitou. Os alunos em suas vassouras começaram a voar.
Tom observava tudo sem esboçar nenhum tipo de reação. E então notou de longe que um dos batedores de sua Casa era Rodolfo Bones.
Sorriu. Esperaria para seu time não ser prejudicado, não que isso importasse muito, e então começaria sua verdadeira diversão.
O placar estava 75 a 50 para Sonserina. Nenhum dos dois apanhadores conseguia ao menos chegar próximo do pomo. Eram realmente muito ruins.
Tom achou que já chegara o momento. Apanhou sua varinha de forma a ficar escondida dentro de sua capa e folheou um dos seus livros de Feitiços.
Falou de forma baixa e quase inaudível “confundus” e Rodolfo começou a voar sem rumo.
Primeiro foi em direção ao seu próprio jogador e com uma forte tacada, acertou a goles em um dos artilheiros. A torcida fez um forte “uhh” como se compartilhassem da dor que, provavelmente, o bruxo sentiu.
- Mas o que é isso?! Bones enlouqueceu? – o locutor perguntou, tão surpreso quanto o restante que assistia.
O garoto continuou voando de forma ensandecida e seguia agora para a arquibancada da Grifinória.
- Bones!! O que está fazendo? – Madame Hooch gritava, enquanto perseguia com sua vassoura, o menino.
- Parece que Bones quer se vingar dos grifinórios jogando seu próprio corpo balofo para amassar a todos.
- Melps! Mas será possível? – um professor brigou com o menino que comentava os jogos.
- Desculpe professor, mas é verdade! Vocês sabem que sonserinos e grifinórios só fazem as pazes sob a maldição império.
- Melps!!
- Ta ta. Mas alguém tem que fazer alguma coisa ou só vai sobrar poeira, olha! – e era verdade. Bones batia contra a madeira que sustentava uma das arquibancadas. A construção começou a pender perigosamente.
Com mais algumas batidas todos cairiam.
Os professores começaram a pegar suas varinhas, mas antes que pudessem fazer algo, uma voz soou pelo campo.
- IMPEDIMENTA!
Bones parecia ter atingido uma parede invisível antes que conseguisse chegar à madeira e caiu da vassoura. Dippet usou um feitiço para amortecer a queda do aluno e a balbúrdia que antes tinha no campo se calou.
Todos continuavam pensando que raios havia acontecido.
- Parece que o jovem Riddle salvou os grifinórios de uma morte bem dolorida! – Melps disse e todos se viraram em direção ao menino que ainda segurava em riste a sua varinha. – Acho que isso vai entrar para história!
Após a declaração, o silêncio perdurou novamente. Até que a voz de Melps ecoou.
- Esperem! O jogo não acabou! Parece que Wilbur, o apanhador da Sonserina viu alguma coisa! Corre Macauley! Quer dizer, voa!!!
O apanhador da Lufa-lufa parecia ter acordado após ouvir seu sobrenome, e voou no encalço de Wilbur. Mas já era tarde de mais. Wilbur ergueu a mão e a voz de Melps disse desanimado:
- E Wilbur pega o pomo de ouro. Sonserina ganha! DROGA!
- Melps!!!!
A equipe verde, junto com seus torcedores, explodiram em vivas. Tom desceu as escadas e se dirigiu para seu dormitório, mas foi interrompido por um grupo de alunos da Grifinória.
- Uau, Riddle! Muito obrigada. – disse uma menina sardenta. – Eu teria morrido se não fosse você.
- Não teria não. Os professores fariam algo. – Tom disse sem modéstia. Tentou andar mais um pouco, porém várias mãos vieram cumprimentá-lo e agradecê-lo.
Tom se sentia satisfeito consigo mesmo. Havia se divertido e aumentado sua popularidade. Externamente, porém, não apresentava nenhuma expressão.
- Tenho que ir para meu dormitório. – abriu caminho entre as pessoas que continuavam a pensar em como aquele menino era estranho.