Capítulo 7 - Vingança é Um Prato Que Se Come Frio.
Hermione se jogou na cama, enrolada em uma toalha. Passara o resto do dia no quarto, trancada, querendo entender o poder que ele tinha sobre ela, tentando entender o porquê de gostar tanto do toque dele em sua pele. Mas, quanto mais pensava, mais confusa ficava; o queria, sem dúvidas, mas precisava de mais, precisava que ele gostasse dela, que a amasse. Fechou os olhos e sentiu que eles ardiam. Estava quase chorando outra vez.
Levantou-se, rápido, e não permitiu que as lágrimas caíssem. Desceria e agiria como se nada tivesse acontecido; conseguiria o que prometera ter sobre ele, sua vingança seria naquela hora, e já tinha o plano inteiro repassado na cabeça. Hermione foi até o armário, pensando sobre o que pretendia fazer, e observou suas roupas; então, com um sorriso que poderia provavelmente ser classificado como, no mínimo, pervertido, arrancou a sua saia preta de pregas do armário e a vestiu, junto de uma blusa preta de alças grossas e decote em U, deixando seu colo à mostrar e salientar os seios. Olhou-se no espelho que tinha no canto do quarto e sorriu. Sabia que, com essa roupa seu plano não falharia. Arrumou o cabelo, deixando-o preso em um rabo de cavalo no alto da cabeça, fazendo assim com que suas costas e seu colo ficassem expostos.
Saindo do quarto, repassou o plano outra vez na cabeça, e sorriu ao chegar no térreo vendo-o encostado nas portas da sala. Ele estava vestindo uma calça social preta e uma camisa branca de botões, e, como de costume, os dois primeiros botões abertos.
- Por que as portas estão fechadas? - ela perguntou, se aproximando dele.
- Entre e veja você mesma. - ele respondeu, sorrindo, e deu dois passos para o lado, dando passagem para que ela abrisse as portas. Mione olhou curiosa para ele e abriu as duas portas ao mesmo tempo. A surpresa apareceu. A sala estava limpa, os móveis descobertos e as paredes pareciam que tinham sido pintadas outra vez. Velas se espalhavam pelo cômodo, iluminando o ambiente fracamente. A lareira estava acesa, uma mesa de jantar estava no centro; comida posta, e uma garrafa de vinho a esperando. Hermione não sabia o que dizer. Olhou para ele e viu que ele a analisava, esperando qualquer reação; apensa sorriu e entrou fazendo-a a seguir.
- Qual é a ocasião?
- Nenhuma. Só pensei em te fazer uma surpresa. - ele respondeu, pegando a garrafa de vinho e a abrindo. Serviu duas taças e entregou uma para ela, que aceitou, sorrindo igual criança. Puxou levemente uma cadeira para que ela se sentasse e ela agradeceu, rindo dos gestos dele.
Jantaram, conversando sobre o que poderiam fazer no dia seguinte. Idéias surgiam rápido, e nenhum deles percebeu que os planos eram todos coisas que casais faziam. Mione olhava para ele algumas vezes, sentindo que talvez devesse deixar a vingança para depois, se é que podia se chamar seu plano de vingança; sabia que iria se divertir junto com a vingança, e isso ela não podia negar, mas ainda assim parecia algo errado.
- Quer dançar? - ele perguntou, estendendo a mão para ela, que não tinha nem o visto se levantar e rumar para seu lado.
- Mas não tem música. - ela o viu sorrir, e, olhando para o canto, viu um velho toca discos, que parecia que nem com magia funcionaria. Sirius balançou a mão no ar e o som do velho aparelho ecoou pela casa.
A morena apoiou-se na mão dele e se afastaram um pouco da mesa; juntaram seus corpos, e ele segurava a mão esquerda dela, que apoiou a cabeça no peito dele, soltando um leve suspiro por causa da aproximação. Mione não sabia o que sentir; tinha medo que as atitudes dele fossem só para conseguir levá-la para a cama.
Sirius não sabia bem o que fazer. Sabia que suas atitudes seriam vistas como mais um pretexto para levá-la para a cama, e, no fundo esse era seu objetivo. Porém, também queria que ela visse que ele estava mudando, mudando por ela. Ficara o dia inteiro preparando aquele jantar; arrumar aquele cômodo não fora fácil, pois estava incrivelmente sujo e inabitável. Encontrara aquele disco, que agora tocava, escondido em uma estante que parecia que tinha sido revirada.
Preparara a comida e comprara o vinho na venda em Versalhes, tudo isso aproveitando que ela ficara trancada no quarto, provavelmente chateada com o que acontecera na praia. Uma voz começou a se fazer soar, vinda do aparelho, uma bela voz que cantava para aquele belo casal dançar.
Never knew I could feel like this
(Nunca imaginei que poderia me sentir assim)
Like I've never seen the sky before
(Como nunca tivesse visto o céu antes)
I want to vanish inside your kiss
(Quero morrer com um beijo seu)
Every day I'm loving you more and more
(Todo dia te amo mais e mais)
Listen to my heart, can you hear it sing?
(Ouça meu coração, você pode ouvir ele canta?)
Telling me to give you everything
(Diga-me para te dar tudo)
Seasons may change, winter to spring
(As estações podem mudar, inverno a primavera)
But I love you until the end of time
(Mas eu te amo até o último momento)
Come what may
(Aconteça o que acontecer)
Come what may
(Aconteça o que acontecer)
I will love you until my dying day
(Eu amarei você até o dia da minha morte)
O momento não poderia melhorar. Estavam próximos, sentindo o calor que seus corpos emanavam, sentindo a respiração um do outro. Moviam-se devagar, as mãos dadas com os dedos entrelaçados, de modo que quem visse a cena diria que eles eram um casal, talvez até o casal que a música falava. Um casal apaixonado, sem nada para impedir que ficassem juntos. Estavam felizes, porém não acostumados com momentos assim. Mas Sirius fez um comentário que estragara o momento.
- Ficou com um bronzeado de tirar o fôlego, Mione.
Hermione respirou fundo, sentindo o belo momento ir embora com o comentário em relação a seu corpo. "Por que ele tem que estragar tudo?", ela se perguntou, separando-se dele e voltando a pensar em seu plano. Sirius percebera que havia falado besteira e a olhou. Porém, no lugar daquele brilho que estava preso aos olhos dela nos últimos dias, ele viu um novo. Levantou uma sobrancelha, tentando achar resposta para aquele novo olhar dela.
- Sabe o que seria bom? - ela perguntou, indo na direção da mesa e pegando sua taça de vinho, bebendo um pouco. - Dormir na frente da lareira. O que acha?
Ele somente concordou, balançando a cabeça, e a olhou terminar com mais de meio copo de vinho em um gole só; assustou-se, mas nada disse.
- Vou buscar cobertas e travesseiros. - ele disse, e saiu da sala, indo em direção a escadaria. Passou a mão pelos cabelos e ficou tentando lembrar de onde já vira aquele olhar dela, pois sabia que já tinha visto. Foi então que, nos últimos degraus da grande escadaria, se lembrou onde já vira aquele olhar dela. Fora quase quatro anos atrás, quando ela jurou vingança para Harry e Ron.
Parou de subir e olhou a parede a frente. Estava entendendo tudo. Aquele olhar de vingança agora se dirigia a ele. Sorriu, preocupado, ao lembrar que a vingança da garota sobre os amigos fora extremamente divertida, porém extremamente embaraçosa. Continuou seu caminho, lembrando-se da vingança dela.
Flashback
Hermione desceu as escadas, correndo atrás de Ron e Harry. Os garotos entraram na cozinha e ficaram usando Molly como escudo, quando a garota entrou na cozinha parecendo explodir de tão vermelha que estava. Ficou olhando para eles muito nervosa, enquanto os rapazes riam dela.
- O que está acontecendo? - perguntou Molly, olhando para Mione. Remus e Sirius estavam na mesa, conversando e pararam quando os jovens entraram, fazendo barulho.
- Esse dois estavam mexendo nas minhas coisas. - ela respondeu, ainda olhando-os se esconderem.
- Não acredito que vocês estavam mexendo nas coisas da Hermione. - Molly se virou e ficou olhando feio e apontando o dedo para eles. Porém, eles não paravam de rir. - Mas no que vocês mexeram que é tão engraçado?
Mione corou da cabeça aos pés, pois não queria responder aquela pergunta. Já bastava Ron e Harry sabendo da existência daquela peça.
- Vamos, Mione. Responde para a minha mãe. - falou Ron, ainda rindo e se segurando na mesa. Harry estava na mesma situação. Todos os olhares se voltaram para a morena, que brincava com as mãos e não conseguia olhar para ninguém. Respirou fundo algumas vezes, e, levantando a cabeça, como se estivesse enfrentando um júri, ela falou devagar e bem baixo.
- Eles acharam o presente que a Ginny me deu no meu último aniversário. - ela ficou vermelha outra vez, mas dessa vez de vergonha.
- Ora, e o que era o presente? - perguntou Lupin, e viu a morena olhar, implorando para que ele não falasse mais nada.
- Conta, Mione. - disse Harry, agora mais calmo, sentando-se ao lado de Remus.
- Um espartilho branco, uma cinta-liga branca. - ela corou ainda mais, se é que isso era possível, e abaixou novamente a cabeça. Estava amaldiçoando Ginny por ter lhe dado aquele maldito presente, que nunca havia usado e que nunca usaria. Foi então que todos ouviram uma risada empolgante.
- O que isso tem de mais? - Molly perguntou, se sentando de frente para os homens. - Ora, ter um espartilho e cinta-liga não tem nada demais. Eu já tive vários.
A revelação da mulher fez Ron corar até as orelhas e os presentes rirem. Porém, antes da garota sair da cozinha, ela se virou para Harry e Ron, e disse, apontando o dedo para eles, com um estranho brilho em seu olhar.
- E vocês dois, se preparem, vou me vingar. - ela disse, levantando uma sobrancelha. Então, saiu.
Meses depois desse incidente, Harry e Ron pagaram. Hermione armara uma cilada para os dois, com a ajuda de Ginny. Os rapazes haviam chegado de uma partida de Quadribol no campo perto d'A Toca e estavam incrivelmente sujos, Molly os mandou direto para o banho; subiram as escadas conversando, e nem notaram duas garotas se apertando para ficarem cobertas pela capa de invisibilidade de Harry. Passaram quase esbarrando nelas, e entraram no quarto, que estavam dividindo, conversando. Pegaram suas roupas limpas e saíram; entraram no banheiro e deixaram uma bela folga na porta, permitindo que as garotas entrassem escondidas antes que essa fosse fechada.
Mione estava fazendo algo inusitado para ela, mas a sede de vingança era grande demais para ser deixada de lado. Esperou até que os dois rapazes ficassem somente de cuecas, e, quando Ron, que tomaria banho primeiro, fez menção de tirar a samba-canção que usava, elas tiraram a capa e cada uma tirou uma foto de um deles.
Os rapazes saíram correndo atrás delas, mas não foram capazes de lhes pegar a tempo, pois elas entraram no quarto de Ginny e em poucos segundos as fotos estavam escondidas. Eles acabaram por desistir de tentar entrar no quarto e foram tomar banho, jurando que voltariam. Quando eles conseguiram entrar no quarto da ruiva, elas riam, sentadas no chão e não conseguiam nem falar nada, afinal, além das caras de espanto dos garotos terem sido impagáveis, as cuecas que usavam fariam muita gente rir. Ron usava uma cueca samba-canção com vários ursinhos desenhados, e Harry usava uma samba-canção com nuvens e vários cupidos com flechas e tudo mais.
- Acharam engraçado? - Ron perguntou, revirando uma das gavetas da cômoda de sua irmã.
- Sim. - as duas responderam, juntas, e voltaram a rir, sem conseguir falar mais nada.
- Então vejo que já se vingou? - perguntou Harry, se conformando que nunca achariam as fotos e sentando-se no chão perto das garotas.
- Ainda falta uma parte. - respondeu Mione, um pouco mais séria. Ron parou de revirar as coisas de Ginny e olhou para elas com um olhar assassino.
- Como assim, ainda falta uma parte? - ele perguntou, se aproximando delas. - O que pretende fazer com aquelas fotos?
- Você vai ver. - ela se levantou, e ficou cara a cara com o ruivo. - Eu avisei que vocês pagariam.
E eles pagaram um pouco mais, pois na semana seguinte, no quadro de avisos da Sede, estavam as fotos dos dois rapazes somente de samba-canção. Até aí nenhum problema; o problema foi quando as fotos começaram a rodar de mão em mão e várias pessoas que não eram da Ordem tinham cópias das fotos. A vingança estava completa e os dois rapazes nunca mais mexeram com a garota, nem com Ginny, que ajudara em todo o plano.
Fim do Flashback
Sirius saiu de seu quarto rindo, ao se lembrar da cara dos garotos ao verem suas fotos com diversas pessoas que não eram nem suas conhecidas. Eles tinham pagado alto por uma brincadeira. Imaginou o que ela faria para si. Desceu as escadas, levando nas mãos dois travesseiros e duas cobertas; ao mesmo tempo que estava ansioso, estava com medo. Medo da vingança que ela jurara fazer, e, mesmo que tentasse imaginar o que ela faria, não conseguia não ter um certo receio, já que Harry e Ron pagaram caro por uma brincadeira. Tinha apenas uma vaga idéia do que ela faria com ele por aquele atrevimento.
Sorriu. A cena da manhã daquele dia ainda estava fresca em sua mente, os gemidos dela ainda ecoavam em seus ouvidos, e parecia que ainda sentia a pele dela na sua. Entrou na sala e a viu sentada na frente da lareira. Postou-se ao lado dela e esticou uma das cobertas no chão, para que deitassem. Colocou os dois travesseiros e se deitou. Mione o olhou, e, sorrindo, deitou ao lado dele. Ficaram os dois olhando para o teto, sem dizer uma palavra, cada um com um pensamento; Mione pensava em um jeito de colocar seu plano em prática, e Sirius em tentar decifrar qual era o plano dela.
Quase uma hora depois, Sirius dormia, e Hermione aproveitou esse momento para colocar seu plano em prática. Seu maior problema é que nunca havia feito isso, nem quando namorara Ron. Sabia como fazer, só nunca fizera antes, e isso lhe causava um certo medo. Virou o rosto para o olhar e viu que ele estava virado de costas para ela, respirando calmamente; resolveu conferir se ele estava realmente dormindo.
- Sirius? - ela chamou, baixo, já que ele estava perto, e também porque se chamasse alto, ele poderia acordar antes da hora. Ele não respondeu, ela sorriu.
Mione sentou-se e ficou olhando o fogo ainda forte na lareira. Não era bem uma vingança que tinha armado; estava mais para uma brincadeira travessa, uma diversão para os dois. Mas não tinha nem idéia por onde começar; olhou para ele, e decidiu que iria em frente, cumpriria o que falara para ele, mais cedo, naquele dia. Inclinou-se devagar até o corpo dele, vendo que o rosto dele estava coberto por alguns fios de cabelo, a boca um pouco aberta, deixando cheiro de vinho escapar. O fitou, alguns segundos, e ele parecia tão calmo e sossegado que quase desistiu de fazer o que pretendia.
Levantou a mão devagar e a pousou bem de leve na barriga dele, sentindo o tecido da camisa que ele vestia. O olhou no rosto, vendo se ele acordava. Quando viu que não, continuou. Voltou sua atenção para sua própria mão, e tremeu de leve quando a começou descer em direção ao cinto dele. Estava quase começando a abri-lo, quando ele se mexeu. Parou alguns segundos, mas, como ele não acordou, continuou; olhou para o cinto, e, bem devagar começou a soltá-lo. Assim que terminou, passou a mão de leve por cima do pano da calça na região mais íntima. O viu se mexer, outra vez, sem acordar, porém sentiu um volume surgir de baixo de seus dedos. Sorriu; o plano começava a dar certo.
Ainda com certo receio, continuou o carinho mais alguns segundos por ali, e, então, se inclinou para que chegasse até o ouvido dele, sem tirar sua mão do lugar; começou a respirar no ouvido dele e colocou sua mão devagar dentro da calça. Foi aí que o moreno acordou.
Sirius sentiu uma mão invadir sua calça e despertou, mas uma outra mão o segurou deitado na coberta, e ele pode ouvir a voz dela em seu ouvido. Um sorriso bobo brotou em seus lábios.
- Foi divertido ver eu me contorcer de prazer, não? - ela perguntou, sussurrando no ouvido dele. Ele concordou, balançando a cabeça; sua mão somente passava por cima do tecido da boxer dele, e, ao vê-lo balançar a cabeça dizendo que sim, ela o segurou com mais força, o fazendo gemer baixo. - Ah, não. Você me fez gemer alto e eu quero o mesmo de você.
Ela acelerou o ritmo da caricia e ele arqueou, procurando o corpo dela com as mãos, mas ela se esquivava, não permitindo que ele a tocasse. Hermione se inclinou e voltou a falar no ouvido dele:
- Vamos, Sirius. Entregue-se pra mim, me faz feliz, faz. - ela pediu, em uma voz quase infantil, ouvindo gemidos escapando pelos lábios entreabertos dele. Minutos de caricias e palavras sórdidas ditas pela boca da garota se passaram, e ela viu que ele começara a gemer com mais intensidade, indicando que logo chegaria ao clímax.
- Quer mesmo que eu continue? - ela perguntou, no que ele afirmou. Estava se divertindo mais do que esperava, mesmo que não estivesse tendo contado de pele com pele, estava excitada também, afinal, não é todo dia que se sentia tão desejada; queria ser tocada por ele outra vez, mas agora precisava se concentrar no plano. Um braço dele se ergueu e bateu com o punho no chão com certa força. Ela sorriu e percebeu que o momento de vingança chegara. - Sirius? Já?
Ele afirmou outra vez e gemeu, porém, ela tirou a mão de dentro de sua calça, e sentou-se ao lado dele, rindo. Ele se desvirou e a olhou, confuso. Mione se inclinou até ele, deixando que ele pudesse ver um pouco mais de seus seios pelo decote que se alargou pelo movimento.
- Quer prazer? Termine sozinho. - ela se levantou e saiu da sala, com a cabeça erguida, se sentindo vingada, enquanto Sirius tentava analisar tudo o que estava se passando. Não conseguia explicar o porquê da atitude dela, mas não deixaria barato; levantou-se, e saiu atrás dela.
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