Capítulo 4 - Falling Angels
Mione levantou cedo. Tinha feito suas malas na noite anterior e estava pronta para ir. Sabia que não estava fazendo tanto frio na França, então escolheu por um casaco leve, uma calça jeans e tênis. Sentou-se na cama e ficou a analisar sua viagem: iria sozinha para uma antiga casa dos Black, com um herdeiro, o digníssimo Sirius Black, mais conhecido pelas mulheres por Sirius, o conquistador; e, por seus amigos, por Six. "Será que ele se importaria se eu o chamasse assim?". Ela pensou, rindo. Seria engraçado chamá-lo pelo antigo apelido, mas seria ainda mais engraçado chamá-lo de Padfoot ou Pads.
Olhou para suas malas perto da porta, refez a lista de roupas que estavam lá dentro mentalmente, e riu ao lembrar-se que colocara uma camisola totalmente inapropriada para a ocasião. Riu também ao imaginar a reação que Sirius teria ao vê-la usando aquela peça de roupa, digamos, um pouco indecente.
- Mione? - ele chamou, batendo devagar na porta.
- Entra. - ela disse, se levantando e indo à direção da porta. Ele entrou e sorriu ao vê-la.
- Podemos ir? - Sirius perguntou, sorrindo para ela. Ela concordou, e desceram as escadas.
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Os pés bateram no chão de grama e ela soltou o braço dele. Arranjaram uma chave do portal que os levou até Versalhes, e depois aparataram para a casa em Falling Angels. A garota olhava para os lados, maravilhada. A casa era em um penhasco, de costas para o mar. A grama era verde e reluzia com o brilho do sol; a pintura da casa já não era a mesma, estava toda descascada, dando um ar de antiguidade ainda mais belo a construção; uma cerca delimitava o terreno, porém não havia outras casas por perto; o lugar era isolado. A casa tinha dois andares, parecia ter muitos quartos e ser extremamente grande.
- Vamos entrar? - ele perguntou, chamando a atenção dela, que sorria, feliz. - Está mais alegre por ter aceitado tirar essas férias?
- Com toda certeza. - ela andou mais rápido que ele, chegando antes à porta de entrada; buscando no bolso, encontrou a velha chave e a colocou na fechadura. A porta se abriu, rangendo baixo, e um cheiro característico de lugar fechado os atingiu.
Entraram devagar, madeira rangendo sob seus pés. Mione abriu a porta por inteiro, deixando luminosidade entrar no hall; Sirius colocou as malas no chão e puxou sua varinha, falando um feitiço. As cortinas e janelas dos cômodos se abriram, e o lugar se tornou claro e arejado. O hall era grande e possuía apenas duas portas, uma levando para a sala e outra para uma escadaria que levava para o segundo andar. Analisou a casa; colunas altas subiam em espiral, paredes com a pintura descascada, móveis velhos encobertos por velhos lençóis.
- Vou mandar as malas lá para cima, tudo bem? - ele perguntou, mas ela parecia estar em outro mundo. Balançou a varinha no ar e as malas seguiram pela porta que levava a escadaria e depois aos quartos.
Viu Mione seguir na direção oposta das malas e a seguiu. Ela olhava cada coisa, cada móvel, os descobrindo dos lençóis.
- Cada móvel lindo. - ela sussurrou, para si, mas ele pode ouvir. Entrou na sala, descobrindo todos os móveis que lá estavam, ficando maravilhada com eles, afinal, pelo tempo em que estavam na casa, eles estavam conservados demais. Sentou-se em um sofá ainda coberto e olhou para Sirius, só agora percebendo que ele estava naquele cômodo; sorriu para ele e bateu com a mão no sofá, o chamando para sentar-se.
Ficaram em silêncio lado a lado, Sirius vez ou outra olhava para ela de canto de olho, esperando falar algo, mas ela nada disse, só olhava para os lados. O silêncio ficou incomodo.
- Gostou?
- Se eu gostei?! - ela virou o corpo ficando de frente para ele. - Eu amei esse lugar, e olha que nem vi tudo ainda!
- Fico feliz. Depois de tudo que passou você merecia umas férias mesmo. - Sirius se virou para ficar de frente para ela. Olhavam-se nos olhos.
- Fico feliz que tenha vindo comigo. - ela o abraçou, porém, ao se separarem, a cena do Ministério se repetiu. Mione ainda estava com as mãos nos ombros dele e ele a segurava pelos braços; ele olhava fundo nos olhos castanhos dela, via um brilho diferente, algo que nunca tinha visto antes. Ela olhava nos olhos dele, e um fogo ardia no fundo daqueles olhos cinzas dele; um fogo do qual ela desejava descobrir a intensidade.
Aproximaram-se aos poucos. Mione encostou o nariz no dele, a respiração irregular, e passou a língua nos lábios, os umedecendo. As bocas estavam próximas, a respiração irregular dele batia com a dela, e os lábios se tocaram de leve.
- Não. - ela disse, se levantando e virando de costas para ele. Ela precisou respirar fundo várias vezes para se acalmar.
- Me desculpe... - ele disse, se ajeitando no sofá e levando as mãos ao rosto; abaixou a cabeça até os joelhos, contendo a própria respiração e frustração.
- O que vamos comer? - ela perguntou, como se aquela pequena demonstração de desejo mútuo não tivesse acabado de acontecer.
- Não sei. Vou buscar algo na venda em Versalhes. - ele se levantou e deu alguns passos, mas ela o parou, segurando seu braço. Ele a olhou, a vendo engolir seco umas duas ou três vezes.
Mione mordeu o lábio inferior algumas vezes. Não sabia bem porque o parara, mas não estava querendo que ele fosse e a deixasse sozinha. ''Vai falar o que, hein? Solte-o.'' ela se ordenou, e, devagar soltou o braço dele. Porém, foi a vez dele fazer algo por impulso; assim que o braço dela o soltou, ele a empurrou até a parede mais próxima pelos ombros e a prensou com seu corpo. Olhava fundo nos olhos dela, mas seu olhar recaiu nos lábios, que estavam vermelhos e deixavam um cheiro de morango escapar.
Prensou ainda mais seu corpo ao dela, sentindo cada músculo reagir ao corpo da garota. As mãos estavam presas aos ombros dela, as mãos dela estavam em sua barriga, como se tentasse lhe afastar. Afastou-se devagar, tirando o calor do corpo dela do seu, libertando-a da parede. Sirius não a olhou outra vez e saiu da casa, aparatando logo depois. Mione escorregou pela parede até atingir o chão. Uma de suas mãos foi até seus lábios e os tocaram de leve, e um sorriso fraco se formou.
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Entrou na venda e ficou olhando para as prateleiras. Nem sabia o que queria comprar, estava desnorteado. Balançou a cabeça, devagar, e pegou uma cesta. Dirigiu-se em passos lentos ao primeiro corredor, e passou por vários tipos de pães. “Porque ela atiça e corre?” ele se perguntou, pegando alguns tipos diferentes de pão.
Ela era linda e sabia disso, por isso fazia isso; estava brincando com ele. ''Porém, ela escolheu a pessoa errada para brincar!". Sirius passou para o segundo corredor e escolheu mais algumas coisas, mas sua mente estava na casa em Falling Angels, estava no corpo da jovem Hermione, no corpo jovem e quente dela. Balançou a cabeça outra vez, quando percebeu que estava tendo uma ereção em plena venda na cidade. Era quase impossível ficar sem ter aquela reação ao corpo dela, afinal, não era de hoje que a olhava de outro jeito, mas somente aquele corpo era de valia para ele. Aquele seios, aquelas coxas grossas, aquele trasei... Se apoiou na prateleira e fechou os olhos. Aquilo era tortura, tinha aceitado ir naquela viagem para sair um pouco da sede, para ver outros lugares, outras pessoas; mas não, só via ela, o corpo dela lhe provocando, os lábios dela sendo umedecidos pela língua que tinha certeza que o levaria a loucura. A via nua na cama com ele, ela ao pé da cama, engatinhando em sua direção, pedindo por ele.
- Tudo bem, senhor? - perguntou um jovem, perto de Sirius, ao vê-lo apoiado na prateleira.
- Sim, sim. - ele mal olhou para o jovem, apenas se desencostou da prateleira e, abrindo, os olhos seguiu com as compras, mas as imagens dela não paravam de vir em sua mente. Tinha que se acalmar ou quando chegasse na casa iria jogá-la contra uma parede e tê-la até mesmo contra a vontade.
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Ouviu a porta se abrindo no andar de baixo. Sabia bem quem era, mas estava com medo de ir até ele. O tempo em que ele ficara fora havia sido uma tortura para ela. Mione ficou sentada um bom tempo no chão depois que ele a prensara na parede, e o sorriso não sumia de seus lábios por nenhuma razão. Pensou no corpo dele há pouco a prensando naquela parede. Pode senti-lo, sentir os músculos de suas pernas pedindo passagem para as pernas dela e quase a tinha consentido se ele não tivesse se afastado. Ao mesmo tempo em que achava errado pensar nele dessa maneira, não podia evitar, ele parecia arder contra ela naquele momento, e ela queria se queimar, sem dúvida alguma.
Se escorando na parede, levantou-se, e lembrou de como ele estava quente, em como o hálito dele batia contra sua pele, os lábios vermelhos pedindo pelos dela. Fechou os olhos e encostou-se à parede. Suas mãos subiram na altura em que antes encostaram na barriga dele, barriga com músculos definidos. Mais para baixo. Sorriu largamente. Aquilo não havia como negar; tinha sentido aquilo e só podia significar uma coisa: ele também a queria.
Balançou a cabeça e resolveu subir e arrumar seu quarto enquanto ele estava fora. Tinha que tirar aqueles pensamentos da cabeça. Subindo as escadas, imaginou-o sem roupa, e sentiu sua face esquentar; imaginou Sirius a puxando para os degraus da escada e a tendo ali mesmo, os gemidos de ambos ecoando pela casa. Balançou a cabeça outra vez, abriu a porta do quarto e viu suas malas ao pé da cama. Imaginou Sirius deitado na cama a esperando e ele pedia por ela, pedia pelo corpo dela, pedia por sexo. Hermione deu um leve soco na parede ao lado da porta e bufou; tinha que tirar esses pensamentos da cabeça antes que ele chegasse ou seria capaz de pular no pescoço dele sem cerimônias.
- Hermione? - ele chamou, ouviu uma resposta fraca vindo do andar de cima. Foi até a cozinha deixando as compras no balcão. Era melhor não vê-la agora, ainda estava com aquelas imagens na cabeça e queria tomar um banho frio antes de vê-la outra vez.
- O que comprou? - ela perguntou, entrando na cozinha. Sirius demorou a se virar e a olhar, e se arrependeu ao fazê-lo; ela vestia um short colado ao corpo que ia até o meio de suas coxas, uma camiseta com um decote em V e os cabelos soltos.
Respirou fundo e se afastou do balcão, onde ela estava mexendo nas compras. Tinha que a todo custo parar de olhar para as pernas dela, afinal, ela poderia se virar e ver. "E qual seria o problema ela ver que você a está olhando?", um sorriso se passou pelos lábios dele. Aproximou-se dela devagar, vendo que estava entretida com as compras, colou seu corpo ao dela por trás. Mione deu um pequeno pulo de susto, mas não se mexeu, apenas escutou a respiração dele em seu ouvido e a voz baixa e rouca dele falar.
- Comprei coisas suficientes para a semana toda, não vamos mais precisar sair daqui. - ele pousou as pontas dos dedos na cintura dela, a sentindo tremer de leve.
"É pra jogar, Sirius Black? Então vamos jogar." Mione continuou a mexer nas compras, sem responder ao que ele tinha dito, mas, já que era jogo, ela resolveu jogar. Retirou um pote de geléia e de manteiga de amendoim dos pacotes e se virou; agora ele a prensava no balcão, frente a frente. Ela sorriu, segurando os dois potes; percebeu que ele não iria sair dali, e resolveu que era hora de atacar.
O maroto a viu colocar os potes no balcão e se virar para o olhar outra vez. Ao vê-la sorrir, ele colocou as mãos no balcão e se aproximou ainda mais do rosto dela. Ela passou uma das mãos pelo pescoço dele e o puxou devagar para junto de si. Seus lábios se colaram.
Nem um dos dois sabia quem começara, mas um não deixava o outro fugir. Porém Mione conseguiu fugir dos lábios dele e o empurrou com força para trás. Ambos respiravam com dificuldade; ficaram se olhando alguns momentos, mas ele não se conteve, avançou sobre ela e a prensou outra vez no balcão. Ela deixou. Longos minutos de beijos ora suaves, ora selvagens.
- Para. - ela aproveitou um momento em que ele desceu os lábios para o pescoço dela, e falou, com a respiração falha.
- Tem certeza? - ele perguntou, fazendo uma trilha de beijos do pescoço para o colo.
- Sim.
Ele parou de beijá-la e a olhou. Viu que ela tinha aquele brilho diferente nos olhos, mas mesmo assim aceitou o pedido dela. Se afastou e nem se importou em esconder a reação que estava tendo em seu corpo por querê-la. Os olhos dela, porém, recaíram naquela parte do corpo dele, e ela se virou envergonhada.
- Vou para o meu quarto. - ele disse, saindo satisfeito da cozinha, afinal, ele não era o único que estava refreando desejos naquela casa. - Tomar um banho.
Ela suspirou ao ouvir a última frase dele. Estava tremendo pelo beijo até agora; as pernas estavam bambas, os lábios vermelhos e inchados. Talvez aquela viagem tivesse sido um grande erro. Ou um grande acerto.
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