- Quer escutar o coração do bebê?
Gina levantou a cabeça para o marido.
- Querida... – sussurrou ele, pedindo permissão para ela.
Ela sorriu para ele, paciente.
Harry suspirou. Ele estava muito nervoso.
Observou a imagem na tela. Não entendia nada, mas achava lindo.
- Claro – a excitação e ansiedade estavam visíveis na voz dele.
Ela ligou um aparelho na televisão. Esse aparelho tinha caixas de som tão pequenas mas com uma potencia estonteante. Dentro da sala começou a projetar batimentos cardíacos. Acelerados e um pouco frágeis. Harry sentiu o corpo ser invadido por um sentimento forte e único.
O corpo estava quente e confortável. Ele tinha um amor dentro dele que crescia muito. As lágrimas quentes desceram sobre o rosto morno de Harry, fazendo Gina apertar sua mão.
Gina sorriu para o marido.
A médica limpou o gel da barriga de Gina e disse:
- Podem esperar aqui alguns instantes, vou buscar uma ficha para começarmos a discutir como será o pré-natal do bebê.
Depois dela desaparecer no corredor Gina abraçou o marido.Harry abraçou a mulher com cuidado e sem a apertar muito.
- Alice! – protestou Gina, abrindo a porta do banheiro.
A amiga não conseguia falar.
- Alice o que está acontecendo com você?
Gina segurou os cabelos de Alice para trás do rosto. A amiga terminou de vomitar e foi em direção a pia.
Alice começou a lavar o rosto.
- Alice, se abre comigo.
Alice chorava.
- Me desculpe Gina.
Alice se sentou no chão com o rosto pingando ainda. Gina apanho a toalha e secou o rosto da amiga agachada.
- Eu não estou comendo direito. – confessou.
- Porque? Está reagindo mal a algum alimento?
- Não, eu estou tentando ficar magra.
Gina parou de secar o rosto da amiga.
- Não se emagrece parando de comer e nem vomitando. Eu achava que você era mais esperta Alice.
- Eu estou apelando para tudo Gina.
- Porque isso?
- Eu acho que Cedrico não me quer!
Gina suspirou.
- Eu vi ele com uma oriental ontem na frente da casa da Lily.
- Ele esta na cidade?
- Sim, ele chegou ontem e está na casa da Lily.
Gina pensou por alguns instantes.
- Eu vou perguntar a Harry sobre isso, mas não pare de comer Alice. Diminuir a comida é mais conveniente, e tente não comer muito depois das oito.
- Para você parece fácil.
Gina passou a mão no rosto da amiga.
- Quando você tem que nutrir outra pessoa com o que você come, você olha tudo com outros olhos. E você também nutre algo quando come.
- Não estou grávida – ela encostou a cabeça na parede.
- Mas você tem um corpo para nutrir e fazer funcionar! Alice, você é linda, engraça e inteligente.
Gina sorriu para a amiga, que relutou alguns instantes e depois sorriu também.
- Quer comer uma salada de ricota e folhas verdes?
Gina continuou a sorrir depois da proposta da amiga.
- Claro!
Gina e Alice prepararam uma salada para as duas e jantaram na cozinha do restaurante junto com os cozinheiros, que optaram por carnes com massa.
- Então você vai ter que comer carne novamente? – perguntou Minerva, a cozinheira chefe.
- Sim, a obstetra me indicou um nutricionista, mas já me adiantou isso. Estou me acostumando ainda.
- E não adianta ficar só nesse pratinho de salada não em! – comentou Nick, o homem que cuidava da televisão de cachorro e churrasqueira do bar. – Tem que nutrir muito bem o nosso amiguinho aí.
Todos riram.
- Pode deixar. Tenho certeza que Harry preparou um bife acebolado para mim – ela fez um careta. – Ele estava comigo hoje mais cedo quando a obstetra me disse isso.
Eles voltaram a rir.
Gina e Harry haviam recém saído do trabalho de Gina.
- Estou preocupada com a Alice.
- Porque querida?
- Hoje ela estava vomitando. Me disse que queria ficar magra.
- Bulimia?
- Não – ela suspirou – É por causa do Cedrico.
Harry olhou rapidamente para a mulher, enquanto dirigia.
- O que ele fez?
- Ontem ela viu ele com uma oriental na frente da casa da sua mãe.
- Uma oriental?
- É.
Harry afrouxou a gravata.
- Quem é ela Harry?
- Eu acho que é a Chang.
- Quem é Chang? Uma ex-namorada do Cedrico?
- Espere.
Ele apanhou o celular, mesmo dirigindo. Gina nunca havia visto Harry ser imprudente no transito, e nem ligar para alguém enquanto dirigia.
- Alô, Cedrico? É o Harry sim. – um pausa – Olha, veio só você para cá?
Harry freou o carro.
- Como é que é? Ok, ok. Você não deveria ter deixado Cedrico! Ta ok. – Harry desligou o celular.
Ele voltou a tomar velocidade.
Gina não se atreveu falar nada até chegar em casa.
- Pode me explicar o que está acontecendo? – ela se atreveu a perguntar quando Harry já estava sentando no sofá.
Ele permaneceu em silencio, com a mão pousada na testa.
- Gina... – ele tirou a mão da testa – A Cho Chang não era namorada do Cedrico. Ela ficou com o Cedrico um tempo, e nesse tempo eu conheci ela. – Gina apertou os dedos nos braços do sofá – E depois que eles terminaram, nós namoramos.
Gina levantou as sobrancelhas.
- Só? – perguntou ela olhando para o chão.
- Ela e as amigas dela vieram para a cidade.
Gina teve vontade de explodir. Se levantar e gritar. Era ciúmes, raiva e agonia misturados.
- Foi por isso que eu disse para Cedrico que ele não deveria ter deixado.
- O que elas vieram fazer aqui? – perguntou Gina, controlando as lágrimas.
- Não sei Gina! Eu não falo com ela desde os meus dezessete anos!
- Esta bem – ela respondeu se levantando de forma brusca.
- Gina, se acalme! – ele se levantou também.
- Calma? Eu não estou nervosa! – respondeu ela com o tom de voz alto.
- Não fique nervosa, olha o bebê! – pediu ele, o mais paciente que pode.
- Ah, agora tudo é o bebê! – ela saiu na direção da cozinha.
Gina apanhou um copo e depois abriu a porta da geladeira com força, deixando a porta da geladeira bater no armário que ficava ao lado.
- Gina por favor...
- Harry! – ela cortou ele. – Você não tem culpa! A final, o que ela iria querer na cidade mais distante de tudo dentro dos Estados Unidos?
O copo de vidro com água caiu e se espatifou no chão perto das pernas de Gina.
- GINA! – gritou Harry, correndo até ela e a tirando pelo colo de perto dos cacos.
- Harry, me solta! – ela gritou.
Harry a soltou, realmente ela estava muito nervosa.
- Gina... meu amor.
Ele a abraçou. Ela tinha lágrimas nos olhos.
- Me desculpe Harry. Desculpa. – ela pediu, agarrando a gola da camisa dele.
Eles ficaram em silencio algum tempo.
- São os hormônios amor.- ele apertou ela um pouco contra o corpo. – Não quero saber porque e nem como a Cho chegou aqui. Eu tenho a minha família agora, e é você que eu amo, jamais esqueça isso!
Gina aliviou o corpo.
- Eu também te amo. Você é tudo para mim Harry. – ela alisou o rosto dele, enquanto o mesmo tirava os fios de cabelo do rosto dela.
- Vai tomar um banho e se deita! Eu levo sua janta na cama.
Gina suspirou.
- Obrigada Harry
Harry abriu a porta do quarto. Gina estava com o mesmo livro daquele dia, sobre bebês. Ela estava com o abajur ligado e tinha os olhos muito vermelhos, sinal que ela havia chorado muito.
- Querida... – disse ele, chamando atenção.
Ela levantou os olhos do livro.
- Nem notei você chegando – confessou ela jogando o livro na mesinha de cabeceira e arrumando o edredom para eles jantarem. – Estava lendo sobre a mudança de animo da grávida. Os hormônios alteram bastante – ela tentava se explicar, mesmo Harry entendendo.
Harry depositou a bandeja com seus dois pratos feitos em cima da cama. Neles haviam um arroz com pimentões coloridos, um bife de frango em cada prato (Gina logo reconheceu que o seu prato havia o bife menor), e uma salada verde.
- Peguei o bife menor para você, sei que voltar a comer carne deve ser complicado.
Gino deu uma risada.
- Não como carne desde os quatorze anos.
- Você nunca me disse isso – comentou Harry, apanhando seu prato e começando a comer.
- Você nunca perguntou – ela sorriu.
- Então, o que tens a me contar senhora Potter?
- O que quer saber? - ela riu
- Me conta da sua infância.
Gina sorriu enquanto terminava de mastigar a primeira garfada da comida que o marido fez. Aquela noite iria render muitas risadas. |