PARTE IV FAMILY ____________________________________
- Alice... – disse Gina, terminando de contar a quantia arrecadada naquele dia de trabalho.
- Fala – respondeu a amiga, terminando de fechar as cortinas do restaurante.
- Quando você tem que contar uma coisa MUITO importante a uma pessoa, e não sabe como. O que se deve fazer?
Alice deixou uma cadeira cair sem querer.
- Como assim?
- Responda Alice! Eu preciso da sua ajuda.
- Depende do que se trata, mas eu vejo que você não irá me contar do que se trata.... Bem, você tem que achar a melhor saída... Talvez veja do seguinte ponto: Se baseie em uma situação vivida por alguém próximo, e tente fazer parecido. – houve uma pausa- E é sobre o Harry?
- O que é sobre mim? – ele entrou no restaurante.
Gina jogou um olhar ameaçador para Alice.
- Nada Harry – se adiantou Alice. – Só estava perguntando a Gina sobre um receita, e se foi de sua autoria...
Harry deu uma risada gostosa.
- Me diga Alice, você e Cedrico andam se falando?
Alice jogou um pano de prato contra Harry.
- Não é da sua conta!
Gina riu também.
- Acho que é ele quem vem buscar ela na sexta-feira Harry...
- Até você está contra mim Gina? – brincou Alice. – Estamos conversando sim Harry.
Harry apenas riu. Gina saiu de atrás do balcão e beijou Alice no rosto, se despedindo dela.
Depois foi na direção de Harry, e os dois saíram do restaurante.
- Falou com o médico?
- Sim, sai do hospital agora. Acabei de levar o papai para a casa que a mamãe comprou na cidade, acho que os dois vão acabar morando lá mesmo.
- Que alivio... – suspirou a ruiva.
Harry a abraçou pelos ombros.
- Devíamos marcar um jantar nesse sábado na casa da mamãe. Convidaríamos seus pais também, a final, eles acompanharam esses dois meses de hospital, exames e choros.
Gina sorriu.
- Seria ótimo.
Gina levava a bandeja até a mesa no jardim dos fundos da casa de Lily e Tiago. Os homens estavam ali atrás conversando e rindo enquanto escutavam uma musica baixinha. Gina largou a bandeja com a lasanha de berinjela e queijo branco na mesa. Voltou para a cozinha para terminar de pegar as saladas enquanto Lily e Molly estavam em uma conversa sobre filhos...
- O Harry nunca foi um filho de dar muito trabalho, a não ser pela hora do parto...
Molly riu do comentário.
- A Gina sempre foi uma criança comportada, e um tanto fechada. Ela tinha alguns problemas com os colegas que só fiquei sabendo em conversas com os professores.
- Não é mais fácil você falar que os colegas tinham problemas comigo? – perguntou Gina, pegando a travessa com saladas.
- É, realmente. O problema da Gina era conseguir ser deixada de lado pelos colegas, e depois ajudar eles com as tarefas propostas pelos professores. – disse Molly.
- Bom coração – comentou Lily.
Gina sorriu.
- Mamãe, qual foi a reação do papai quando você contou a ele que estava grávida?
Lily deixou a tampa da panela do arroz cair.
- Ele ficou feliz querida. Mas e você querida, quando vai contar a ele?
Gina apertou os dedos contra a travessa de salada.
- Em breve mamãe. Tudo está calmo, e acho que encontrei o momento certo.
- Incrível a lasanha que você fez no jantar – elogiava Harry, enquanto saia do banho.
Ele passava a toalha nos cabelos. Gina sorriu, enquanto estava deitada na cama e com seu abajur ligado. Ele ficava muito engraçado dentro daquele pijaminha listrado. Harry jogou a toalha em cima da poltrona do quarto e se sentou ao lado de Gina.
A casa agora estava toda mobiliada e pintada. Tudo da forma que Gina queria. Mesmo brincando, Harry e ela haviam pintado um dos quartos de verde claro, e haviam deixado reservado. O moreno sempre brincava que ali seria o quarto do primeiro bebê dos dois.
Mas o que ele realmente faria quando soubesse sobre o que estava crescendo dentro de Gina?
- O que está lendo? – perguntou ele, arrumando o edredom sobre ele.
- Entendendo os bebês. – respondeu ela, fechando o livro e o colocando em cima da mesinha de cabeceira.
Harry deu uma risada nervosa.
- Você parece uma mãe para as crianças do orfanato, mas comprar um livro sobre crianças para eles... Você é incrível.
- Harry, não é para o orfanato.
O marido ficou a observar os próprios pés por alguns instantes, enquanto a mulher se ajoelhava em cima da cama, e depois sentava por cima das pernas.
- Querido... – ela sussurrou.
Ele virou o rosto para ela.
- Estou grávida.
Gina percebeu Harry engolir a saliva de forma lenta.
Os olhos claros dos dois se encaravam.
O corpo de Harry foi invadido por um arrepio caloroso e paternal. Algo estava crescendo ali. Além da parte que Harry nunca imaginou existir dentro de si, a parte paternal, estava aflorando um sentimento maior por um alguém que estava por vir.
O sentimento partenal dele sempre existiu. Ele foi seu próprio pai por anos, aqueles que o pai de verdade não esteve consigo. Ele cuidou de Lily com todo seu amor e carinho, muito alem de um amor de um filho de menos de dez anos.
O amor que ele sentia por Gina era maior do qualquer coisa no mundo, e saber que o fruto dele era uma criança fez-se em seus lábios um sorriso calmo e feliz.
Gina entendeu que Harry estava feliz quando em meio a um olhar distante, as lágrimas nasceram em seus olhos claros.
Ela cautelosamente o abraçou.
A mão dela deslizou sobre os cabelos dele, e ele apertou seu corpo contra o dela de forma delicada.
- Não acredito... – ele sussurrou a confissão. – Vou ser pai...
Ela sorriu.
Em um momento um tanto desesperado, em pensar na situação de Lily viveu. Harry segurou o rosto de Gina com cautela, e olhou fixamente em seus olhos.
- Jamais irei lhe abandonar. Quero que tudo seja da forma mais perfeita. Prometo tentar ser o melhor pai do mundo para o nosso filho.
Gina, que ainda tinha o sorriso nos lábios, suspirou.
- Querido – ela segurou as mãos do marido e as tirou de leve de seu rosto, as apertando contra as dela. – Você será um ótimo pai, eu sinto isso.
Harry também sorria.
- Posso cometer uma loucura?
As idéias na cabeça de Gina deram voltas estranhas. Não imaginaria o que ele faria.
- Se não tiver nenhum dano físico, moral e psicológico... – brincou ela.
Harry se levantou em um vulto. Abriu a janela mais rápido ainda. Colocou metade do corpo para fora e gritou
- EU VOU SER PAPAI!
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