Gina saiu da sala do doutor agarrada a sua bolsa, enquanto Lily segurava o choro.
- Não posso contar ao Harry agora. – disse Gina.
As duas haviam parado na pequena praça de alimentação do hospital, para Lílian poder tomar um copo de água.
- Não posso mesmo!
- Você vai achar o momento certo Gina!
- Toda essa situação do Tiago tem de passar.
- Falando nisso, faz mais de vinte minutos que cirurgia acabou, acho que podemos ir lá visitar eles.
Então, elas foram na direção do quarto de Tiago e Harry.
Gina e Lily entraram no quarto de repouso dos dois. Eles estavam dormindo. Gina se sentou ao lado da cama de Harry e ficou a observar ele.
Como seria a reação dele ao saber que possivelmente Gina estava grávida? Claro, tudo era uma probabilidade! Nenhum ginecologista havia a confirmado isso, e ela precisava dessa confirmação para contar aquilo a Harry.
Gina tentava se recordar sobre sua menstruação, o que foi muito difícil.
Quando ela levantou o olhar, Lílian estava ao lado da cama de Tiago.
- Desculpem não termos chegado antes.
Gina se virou para a porta, era Arthur e Molly entrando.
- Aquela lataria do seu pai furou um peneu
- Não fale assim do meu caro querida.
Molly revirou os olhos.
- E como foi? – perguntou Molly.
- Não falamos com o médico ainda – respondeu Lily, um tanto apreensiva.
- Me chamaram? – perguntou o homem de jaleco branco entrando na sala com alguns papeis na mão.
Lily sorriu um tanto aliviada pela expressão aliviada do médico.
- Até agora nenhuma rejeição, fluxo de sangue bom... É, eu acho que o seu marido irá passar menos de uma semana conosco.
Houve um suspiro longo da parte de todos.
- E o Harry doutor?
- Amanhã a noite já está sendo liberado. – informou ele. – Sem mais delongas, tenho uma outra cirurgia para fazer. Boa noite.
Gina olhou pelo canto dos olhos para o relógio de parede, terrivelmente brega que havia no lugar. Já passava das oito horas...
- Acho que amanhã não irei trabalhar... – a voz era um pouco fraca.
- Ahh... – Gina bufou rejeitosa – Está pensando nisso?
- Para falar a verdade, sim.
Gina passou a mão na testa do marido e depois a beijou.
Gina havia ido embora por insistência de Harry.
De baixo do chuveiro e com a cabeça apoiada na parede, Gina refletia sobre si mesma. A mão involuntariamente encontrava a barriga. Era bobagem, mas sentia vontade proteger seu ventre.
Ela havia chorado algumas vezes. Umas de felicidade, umas de desespero e a ultima vez chorou para acalmar a si mesma. Não havia o porque chorar. Aquilo podia ser engano, mas no fundo ela não queria que fosse um engano.
Uma criança, um bebê... mais um laço para unir ela e Harry!
Gina colocou seu roupão, nada preocupada com os cabelos molhados encostados nas costas. Ela caminhou até o quarto e apanhou o telefone na mesa de cabeceira.
- Oi mamãe. Você pode conversar? – ela perguntou.
Gina sentou-se na cama e se apoiou nos travisseiros.
- Claro minha querida – respondeu ela.
- Como foi que você descobriu que estava grávida?
GIna escutou apenas a respiração da mãe.
- Porque esse assunto querida? Aconteceu algo?
Agora Gina sabia era a vez da mãe escutar apenas a respiração da filha.
- Não mamãe. Só curiosidade.
Molly deu uma risadinha, como se entendesse do que seria informada daqui alguns dias.
- Foi quando meus enjôos começaram, e quando eu notei que meus absorventes estavam sobrando de mais.
Gina deu uma risada ao escutar aquilo. Aquela conversa era estranha.
- Acho que meus absorventes estão no armário desde antes do casamento, e isso me preocupa mamãe. – Gina encarava a rua. Vazia, fria, escura e solitária.
- Você já foi no medico?
Gina sabia que do outro lado a mãe dava pulos, mas tentava se controlar ao perceber a preocupação da filha.
- Tenho um amanhã. E não sei como irei falar para o Harry!
- Tudo tem um momento certo querida... – exclamou Molly.
- Obrigada mamãe.
- De nada querida.
- Boa noite.
- Boa noite. Durma bem.
Gina esperou que a mãe desligasse o telefone. A mulher continuou ali encarando a rua, e imaginando “como teria problemas se não cercasse o jardim”
Ela resolveu que tinha que estar sozinha ali. Então estava. Tinha que enfrentar sozinha aquela noticia. Aquilo mudaria a vida dela e de Harry, então ninguém mais teria esse direito de receber essa confirmação primeiro do que ambos.
A ginecologista que estava atendendo Gina entrou na sala com uma enfermeira.
- Podemos começar o ultra-som?
Gina confirmou com a cabeça.
Tentou não tremer, mas não conseguiu. Aquilo era tenso de mais para não se tremer.
Um gel gelado entrou em contato com a barriga de Gina. Aquele aparelho foi encostado em sua barriga. Gina não virou o rosto para a televisão, fitava o rosto da ginecologista.
Quando um sorriso se formou na face da médica, Gina suspirou.
- Três meses, como eu suspeitava.
Os braços de Gina amoleceram a caíram da cama estreita que ela estava deitada.
- Oh Céus.... – comentou Gina, encarando a barriga. – Estive tão preocupada com meu casamento e com os exames de Harry que não percebi nada. – ela levou a mão na testa.
A médica fez algumas anotações na prancheta que havia em sua mão.
- Você precisa começar o pré-natal...
Gina se sentou na cama.
- Eu preciso de água, por favor.
A médica deu uma risadinha enquanto pressionada o botão do bebedor, deixando a agua encher o copo de plástico que ela havia colocado a baixo dele.
- O choque foi tão grande? Você não desconfiou em nenhum momento?
Gina apanhou o copo das mãos da médica.
- Nenhum.
Já havia passado oito dias desde a consulta com a doutora Jane. As noites de Gina tinham sido encomodas e quase sem nenhum sono. Ela pensava como seria carregar alguém dentro de si. Ter de proteger alguém. Ser responsável por sua alimentação e parte da saúde...
- Esta acontecendo algo. – disse Harry.
Gina estava sentada ao lado de Harry, enquanto eles almoçavam.
- Não Harry, esta tudo bem. E como seu pai está reagindo ao novo rim?
- O médico vai dar um parecer hoje. Ontem ele deixou que o resultado estava sendo positivo... Mas temos que ir ao médico com ele todo o mês.
- Ah, melhor... – ela relaxou os ombros.
Harry e ela permaneceram em um constante silencio até o final do almoço. Já dentro do carro, enquanto Harry levava Gina até o trabalho, um comentário vindo de Gina deixou Harry estranho...
- Nossa, que sono! – comentou ela, bocejando.
- Você tomou café depois do almoço...
- Ando meio cansada.
Harry estacionou o carro na frente do restaurante de Tom.
- Você anda estranha Gina.
- Ando cansada e um pouco preocupada, só isso Harry. – ela pousou a mão no braço dele – Não se preocupe com isso querido. Depois que o rim do seu pai estiver “ok” eu vou ficar melhor, juro.
Ele aproximou seu rosto ao dela e a beijou na testa.
- Obrigada por se preocupar com meu pai querida. Fico grato por isso.
Gina encostou seus lábios aos de Harry de forma rápida.
- Boa tarde querido, e é melhor correr, se não chega atrasado no trabalho.