Ao saírem do aeroporto, e com um tanto de dificuldade explicar ao motorista do táxi o lugar da pousada que eles ficariam, os dois puderam conferir a paisagem da cidade de Toledo.
O olhar maravilhado de Gina estava escancarado com ela prensada ao vidro do carro. Os sorrisos e gritinhos abafados surgiam a cada instante. Uma das mãos ligada a de Harry, apertava-a a cada pequena esquina percorrida.
- De recién casados?
- Sim – respondeu Harry, ao motorista.
- Felicitaciones – disse o motorista, educado.
- Gracias – arriscou o espanhol, o moreno.
- Não conhecia esse seu lado – disse Gina, tirando o rosto de perto do vidro.
- Tenho minhas raízes – e o moreno riu.
- Dizem que os espanhóis são os mejores amantes. Don Juan, por exemplo...
- Não conhecia esse seu lado – disse ele, no mesmo tom dela.
Harry deu um tapinha no ombro de Gina, e a ruiva mostrou a língua pra ele de forma boba.
- Aquí señores
Harry e Gina desceram do carro. A ruiva deu uma volta em torno de si, com o olhar alto para as construções do local. O final do dia era mágico, tanto para Harry quando para Gina.
As construções em pedra deixaram o ar mais rústico. Árvores e um pequeno jardim estavam também na frente do hotel.
Gina suspirou com a mão nos lábios.
- Gracias, mas una vez. – e a voz do motorista se afastou.
Gina tinha os olhos preenchidos pela magia espanhola.
O hotel era um pouco afastado da rua, mas ainda tinha aquele cheiro. O ar espanhol era leve e tinha um toque caliente. Tudo parecia menos denso, com uma respiração profunda todo o cansaço da viagem de avião estava evaporando.
Sensações misturadas em segundos proporcionaram a Gina um rápido balanceamento sobre Harry. Aquele lugar era diferente, e ela estava ali por ele. Alguma coisa dentro dela se acendeu, e não comum. Porque realmente estava em casa. Agora, ela precisava apenas estar com ele para se sentir em total harmonia com sigo mesma.
Como se já estivesse ali ou como ela estivesse em casa, ela abraçou Toledo como se abraçasse Billy, seu urso, nas noites de tensão adolescente.
Como se abraçasse Molly depois de um pranto.
Como se abraçasse Arthur depois de algo triste.
Como se abraçasse às crianças do orfanato depois de um dia cansativo.
Como se abraçasse seu futuro, no caso, Harry Potter.
Seu corpo foi tomado por um leve arrepio, quando o marido a abraçou por trás.
- Você é incrível. Já lhe falei isso? – perguntou ela, se virando para ele.
- Pode repetir quantas vezes desejar! – e beijou a ponta do nariz dela. – Obrigada por fazer da minha vida algo realmente incrível.
A garota passou a mão pelo rosto do moreno com um pouco de cautela e não se preocupou com o tempo daquele carinho.
- Obrigada a você.
O lugar era muito mais do que mágico. Eram casinhas de pedra, que o cliente alugava devido ao sua necessidade. Harry tratou de alugar uma casinha pequena , mas aconchegante. Eles haviam gastado bastante com o casamento, e aquela casa era o melhor que podiam fazer.
Era uma época com poucos turistas, e o hotel não estava com muitos clientes, sendo assim, Harry e Gina não teriam vizinhos nas casinhas ao lado e sossego seria a palavra chave da lua-de-mel.
Eles fizeram questão de ir caminhando até a casinha, e aproveitando o lugar.
Canteiros com arvores, pássaros cantando no meio dos galhos e folhas, flores diversas, restaurante todo em madeira tratada bem ao meio da pequena vila de casinhas de pedra... Tudo muito natural e com uma paisagem tranqüila.
- Número oito. – disse Harry, conferindo o número do chaveiro da chave. – Essa é a nossa.
Gina sorriu.. Não sabia se era para Harry ou era para si mesma. Ultimamente seus sorrisos não tinham motivo certo, apenas surgiam em certos momentos...
Enquanto Harry abriu a porta, Gina permaneceu na “estradinha” que tinha. As malas estavam ali com eles, mas ela achou que não seria coveniente atropelar os planos de Harry querendo entrar na casa de forma apressada, então, esperou.
Quando ele abriu a porta, se virou para ela.
- Bem vinda senhora Potter. – disse Harry, indo até ela.
- Senhora me deixa velha. – protestou Gina.
- Desculpe senhorita. – disse ele, apanhando a garota no colo.
Gina apertou seus braços entorno ao pescoço do marido, que parecia demasiado excitado com tudo aquilo para prestar atenção que ela estava tão realizada quanto ele.
Ao entrar na casinha, com ela no colo, Harry acendeu a luz com a ajuda de seu cotovelo.
A sala transmitia calmaria e o ar que Toledo tinha em cada lugar: Amor.
Harry colocou delicadamente a mulher no chão. Os dois ficaram apenas olhando para o lugar por alguns instantes, pareciam realizados de mais para acreditar que aquilo era verdade.
- Vão me chamar de Senhora Potter agora? – perguntou ela. – Isso me deixa velha. Estou preocupada.
Harry riu.
- Se arrependeu? – falou ele, no mesmo tom irônico e risonho dela.
- Você já se arrependeu de fazer a melhor coisa da sua vida?
- Não. Não me arrependo de ter decidido que você entraria em minha vida para sempre.
- É assim que eu me sinto.
Era diferente. Ela não podia negar. Acordar com os braços de Harry em torno de seu corpo já fazia parte de seu dia a dia, desde que os dois resolveram morar juntos. Gina tentou colocar a culpa da “diferença” no canto dos pássaros que a acordaram, também tentou justificar aquele sentimento com o sol que entrou pelas frestas da janela, pensou no vinho da noite passada, mas era idiota de mais colocar a culpa no vinho que Harry abriu para os dois,e por fim tentou culpar a lareira acesa.
Nada disso fazia parte da real diferença.
As mãos dos dois estavam entrelaçadas perto da cintura de Gina, e quando ela apertou um pouco mais a mão contra a de Harry. Sentiu. Sentiu o anel de ouro em sua mão esquerda, que agora simbolizava sua união com Harry.
Mas ainda não era aquilo.
Abriu os olhos e encarou a lareira que ainda tinha lenha a queimar. Com muita cautela, ela tirou os braços de Harry de em torno dela e se virou para ver Harry.
Com o peito ainda nu da noite passada e os cabelos rebeldes, ele estava adormecido. Gina sorriu para a face do marido. Levantou sua mão na altura do rosto de Harry e a passou nos cabelos dele, jogando para trás alguns fios que estavam em sua testa.
- Muito feio Harry! – disse Gina. – Fingir que esta dormindo.
Harry deu uma pequena gargalhada enquanto abria os olhos.
- Queria ser acordado pela minha mulher.
- Você queria que eu fizesse o café! – disse ela, brincando.
- Acertou em cheio!
- Bom dia, amor. – e ela encostou os lábios aos dele.
- Bom dia. – respondeu ele, depois do beijo.
