A manhã fora tranqüila e ensolarada para Gina. A correria das noites ou dos fim de tarde de expediente, não havia na manhã de trabalho. Ela pode assistir o programa local de televisão de forma tranqüila, e contou ter atendido meras oito pessoas.
- Ufa – disse Tom, entrando no restaurante. – Estou morto – e se sentou.
- Água? – ofereceu Gina.
Ele suspirou.
Gina foi até o freazer e pegou uma garrafinha de água para o chefe.
- Aqui – disse ela, entregando a garrafa ao chefe e se sentando ao lado do chefe.
- Tom, queria te levar em um lugar sabe... – comentou a ruiva, encarando o chefe.
- Que tipo de lugar? – perguntou ele, bebendo um pouco da água.
- Um lugar especial. E que vai mudar o seu futuro.
- Olha, se for loteria ou algo do tipo eu to fora!
Gina riu.
- Tem que ser você e a Victorie.
- Então é realmente importante... – e ele bebeu mais um gole da água.
- Importante não é a palavra certa. Emocionante seria mais compreensível para tal lugar. Depois das sete horas, está bom para você?
- Sim...
- Prepare umas doze caixas de pizza. – e ela se levantou.
- Com pizza dentro? – perguntou o homem, com desconfiança.
- Claro! – riu Gina, indo na direção do balcão.
- Eu não vou me arrepender?
- Se você se arrepender, eu pago todas as doze pizzas!
- Fechado – disse Tom, com um olhar confiante sobre Gina.
Perto do meio dia, Gina estava trocando de horário com sua amiga, quando o celular começara a tocar.
- Alo? – disse ela, terminando de prender o cabelo.
- Amor – era Harry.
- Oii – respondeu ela, com um sussurro.
- Seus pais gostam de pudim?
- Sim, porque?
- Estou na padaria. Quero levar algo para a sobremesa.
Gina apenas riu.
- Estou no trabalho. Vou ter a tarde livre para ver os preços dos móveis e das coisas para a nossa casa.
- Eu não sei se aquela casa vai poder ficar com a gente... – disse Harry, um tanto desanimado.
- Não importa amor. Mas é bom ter uma base dos preços, para ver o que precisamos de dinheiro. E não esqueça que precisamos de um fogão urgente!
Harry riu.
- Nem me fale. Preciso experimentar sua comida logo...
- Falando em comida, meus pai vai fazer panquecas hoje.
- Estou indo te buscar – informou ele.
- Estou esperando.
E Gina desligou o celular, e depois o colocando dentro do bolso.
Depois de alguns minutos de espera, tendo de romper uma conversa empolgante com Alice (sobre o noivado), Gina entrou dentro do carro e inalando um cheiro estonteante de pudim.
- Nossa – suspirou ela. – Se eu comesse pelo cheiro eu já havia devorado todo o pudim.
Harry sorriu, e passou sua mão pelo pescoço de Gina e a chamando para um beijo.
Os dois se beijaram e sorriram.
A ida até a casa dos pais de Gina, o assunto fora todo voltado para a casa dos dois, e eles fizeram uma lista do que mais precisariam comprar. Mas a lista havia apenas quatro itens quando o carro chegou até a casa dos Weasleys.
Harry e Gina desceram do carro e caminharam juntos até a porta da casa.
Quando entraram, o cheiro de molho branco misto ao de brócolis estava pela casa toda. E Gina permaneceu apenas respirando, fundo, todo aquele cheiro gostoso.
- Só não vai perder a fome – disse Harry, já voltando da cozinha sem o pudim.
- Colocou na geladeira? – perguntou a ruiva.
- Deixei no sol para os raios solares acabarem com o pudim que custou quinze reais – e ele revirou os olhos.
Gina riu.
A ruiva foi até a cozinha e encontrou o pai com a barriga no fogão, fritando as panquecas. E a mãe da garota estava fazendo um suco de laranja.
Gina suspirou por longos instantes.
Em pensar que agora tudo seria diferente para ela. Ela não teria mais aquilo... Chegar em casa e encontrar os pais fazendo seu prato favorito todos os sábados.
Ela não teria mais quem lavaria sua roupa, ou que se preocupasse se ela chegasse tarde em casa. Agora, era ela por ela.
Claro, teria Harry.
Mas Harry não era sua mãe, ou seu pai.
- Querida.. – disse Molly, se virando para a filha.
- Oi mamãe – disse a garota, sorrindo.
- A comida está quase pronta...
- Ok – respondeu ela.
Gina não percebeu aonde estava Harry, mas resolveu que poderia deixar ele sozinho por algum tempinho.
Ela subiu as escadas devagar e foi até seu quarto.
A ruiva apenas abriu a porta do quarto e ficou o observando. Como seriam suas noites solitárias e sem amigos? Aquela dor no coração de ver os outros rirem dela? Gina nunca fora a mais excluída da turma, mas sim, ela sabia que era a que mais sofria.
Sempre sobrava nos trabalhos. Sempre tinha vontade de chorar quando alguém ria de forma debochada do que ela falava. Sempre ficava magoada quando as pessoas reclamavam dela gostar de ler livros. Gina tinha medo de ser ela mesma todo esse tempo, de mostrar o que gostava e de colocar suas opiniões a frente de todos.
Ela apertou os olhos e uma lágrima no canto dos olhos se formou.
Talvez a chave para essa libertação maior fosse Harry, e desde o principio havia sido ele. Ele tinha chegado para mostrar que ela tinha que ser ela mesma, e não ficar com vergonha disso. Ela não precisava se rebaixar a tal ponto.
Ela passou a mão no canto dos olhos e permaneceu com os olhos ainda fechados e projetando lágrimas.
Ela suspirou ao lembrar de tudo o que o garoto havia feito por ela, e o quanto ela resistiu. Foi burra em resistir? Não, ela não havia sido burra.
Quando se lembrou da agonia de Harry não chegar aquela tarde, depois da madrugada juntos, a ruiva sorriu. Como havia sido burra. Ele estará sempre com ela, sempre!
Não se pode tocar com um violão sem cordas.
Não se pode sonhar sem ter pensamentos.
Não se pode amar sem ter alguém/algo para dar seu coração.
Não existe o dia sem a noite.
Não existe a melodia sem a sinfonia.
Não existiria mais ela sem ele.
E agora, não existiria mais Gina sem Harry.
- O que aconteceu? – perguntou alguém, chegando perto dela.
Ela não precisou abrir os olhos para saber que era ele.
- Gina, meu amor... – disse ele, limpando as mãos nas calças e depois passando no rosto dela.
Ela abriu os olhos de vagar.
- Gina, o que houve? – perguntou ele, mais uma vez.
- Eu te amo – disse ela, apenas movimentando os lábios.
Gina se jogou contra os braços de Harry, e os dois ficaram abraçados por longos minutos.
- Gin... – começou ele, mas ela colocou a mão em seus lábios.
- Eu só queria te agradecer por tudo isso. – e ela aprofundou seu olhar ao dele. – É estranho, mas eu tenho certeza que você é a pessoa certa para mim, desde o inicio. Quero estar com você em todos os momentos. Quero acalmar seu pranto. Sorrir pela sua alegria. Aconselhar você em momentos de dúvida. – e ela não conteve, e já estava com os olhos escorrendo lágrimas. – É idiota falar tudo isso, mas é a verdade. Não sou mais nada sem você.
Os dois voltaram a se abraçar de forma forte e apaixonada.
- Você é linda – disse ele, passando a mão nos cabelos dela.
- Vejo que o meu pai já apresentou a você o bolinho de espinafre dele – disse ela, se referindo ao que Harry estava comendo antes de limpar as mãos.
- Ah sim – disse ele, se afastando um pouco para ambos conversarem melhor. – Podíamos vir almoçar aqui todo final de semana.
Os dois riram.
- Preciso colocar umas roupas na minha mala, para levar para a nossa casa. – comentou ela, olhando para o quarto.
- Hummm.... Nossa casa... – disse ele, rindo. – Não vejo a hora de te chamar de minha esposa.
Ela sorriu para ele.
- Já pode chamar de minha mulher. – afirmou ela, passando as mãos no cabelo dele e lhe dando um beijo carinhoso. |