Gina segurava firme a mochila em cima do colo, e Harry percebeu a tensão da noiva.
- É por causa da prova? – perguntou Harry, sabendo que não era por causa da prova.
- É – mentiu ela.
- Não minta para mim – pediu ele, estacionando o carro do outro lado da rua da escola.
- E se ela querer me bater? – perguntou Gina, tensa.
- Ela não vai pensar nisso. – disse Harry.
- Estou com medo – confessou ela.
- Vou estar aqui para te proteger – sussurrou ele, perto dos lábios dela e logo iniciando um beijo.
Ela o beijou mais aliviada, e logo o sinal bateu.
- Tenho que ir – disse ela, saindo do carro com pressa.
Muitos alunos estavam à frente da escola. Gina correu até a porta, mas foi impedida pelas lideres de torcida e o pessoal do futebol.
- Ora, ora – disse a garota que Gina tinha enfrentado.
Gina apertou os lábios.
- Com licença, o coisa nojenta – disse Gina.
A garota riu ironicamente.
- Aqui não tem o seu namoradinho para te defender – disse ela.
- Eu não me lembro dele estar perto quando eu te deixei lá em baixo. – e Gina levantou as sobrancelhas. – E qual à parte do “com licença” você não entendeu? Não tem a capacidade de entender isso, não é?
A garota começou a ficar brava à frente de Gina.
- SUA VA... – ia começar a garota.
- Gina – alguém sussurrou nas costas de Gina.
Gina se virou para quem a chamava.
- Esqueceu isso dentro do carro – disse Harry, entregando o estojo dela.
Todos os garotos do futebol recuaram um pouco pelo tamanho de Harry. E para falar a verdade, os garotos do futebol nem eram tão fortes assim!
- Obrigado querido! – disse ela, beijando o rosto dele.
Harry deu uma encarada nas garotas de forma brusca e voltou na direção do carro.
- Está dormindo com ele? – perguntou a líder de torcida.
- Mais um motivo para você me odiar não é? Sou a melhor da turma e estou NOIVA – ela mostrou a aliança – do garoto que você ficou encantada. – e Gina sorriu ironicamente, igual ela havia feito para Gina. – Sai da frente! – disse Gina, empurrando a garota e entrando na escola.
Gina foi até a sala de aula de cabeça baixa e rindo-se ao lembrar da expressão no rosto da garota quando falou que estava noiva. Chegou na sala e deu graças a Deus pelo professor ter ido bater o xerox das provas. Ela se sentou na primeira classe, e não bastou muito tempo para o celular vibrar. Era uma mensagem de Harry:
“Me orgulho de você. Eu te amo.
Boa prova”
Ela sorriu para a mensagem e foi até a janela da sala, Harry a cuidava de dentro do carro e ela sorriu para ele.
- Muito bem alunos – disse o professor Timmy entrando na sala – Sentados, com as mochilas fechadas. Apenas caneta em cima das mesas!
- Um emprego Harry? – perguntou Gina, se jogando nos braços de Harry. – Que maravilha!
- Vou trabalhar em uma agencia de turismo, como tradutor. – e ele sorriu. – Espanhol sabe?
Ela sorriu para ele.
Os dois almoçavam sentados no colchão, ambos comendo comida japonesa. Ela se sentiu orgulhosa do namorado.
- Tenho que trabalhar hoje a tarde – e ela suspirou. – To com saudade das crianças
- Eu também.
Os dois sorriram uma para o outro.
Depois de ter contato a novidade para Alice, e ela ter espalhado para todos depois de um grito de surpresa, Gina foi chamada até o gabinete do chefe. Lá ele falou que estava precisando arrumar um motivo para dar um aumento pelo excelente serviço da garota, e agora que ela era noiva, ele queria “ajudar” ela. Assim, o presente de casamento seria um aumento no salário.
As cinco horas da tarde, ela largou o serviço, e para sua surpresa o carro vermelho de Harry estava na frente do seu trabalho. Ela chegou perto e riu quando percebeu que era ele mesmo que estava dentro do carro.
Ela abriu a porta e quando entrou dentro do carro, logo beijou o noivo.
- Como foi o primeiro dia? – perguntou ela.
- Vou ter muito trabalho. Tem muitas pessoas querendo visitar as cachoeiras da cidade ,sabia? – e ele sorriu. – Vamos até o orfanato?
- Claro – e ela colocou o sinto.
Enquanto os dois rumavam para o orfanato, conversaram sobre o dia de trabalho de ambos.
- Um aumento? Nossa, temos que grifar o nome do seu chefe na nossa lista de convidados.
- Nem me fale – e ela revirou os olhos – A mulher dele adora falar que eu sou a filha que os dois nunca tiveram...
- Eles não tem filhos? – perguntou Harry.
- Estranho, não acha? – e ela suspirou, olhando para a estrada – Eles tem várias filiais do restaurante no país, tem dinheiro para dar e vender, e não tem filhos...
- Eles já conheceram o orfanato? – e quando Harry fez essa pergunta, a mente de Gina clareou.
- Não – respondeu em um sussurro. – CLARO! – disse ela, em voz alta. – Eles iriam adorar. Sabe, o Lucio não pode ter filhos...
Os dois ficaram quietos por alguns instantes.
- Chegamos – anunciou Harry, estacionando o carro.
Como era de se esperar, as crianças haviam deixado os dois exaustos com perguntas sobre o casamento e até criando uma discussão para saber quem seria a dama de honra de Gina. Além de Gina e Harry terem que pular corda, amarelinha e brincar de esconde-esconde com as crianças, eles tiveram também que beijar e abraçar muitas vezes as crianças com muita saudade. Os adolescentes do orfanato também ficaram muito entusiasmados com a noticia do casamento, e logo começaram a falar da roupa que usariam quando Gina falou que todos iriam a festa.
Chegando em casa, os dois não faziam idéia do que iriam comer, mas trataram de se jogar no colchão e ficar alguns instantes apenas relaxando.
- Minha barriga – se explicou Harry, pelo barulho estrondoso.
Gina suspirou.
- A minha perdeu a língua. Porque se não estaria falando também.
- Estou faminto – e ele abriu os olhos.
- Nem me fale.
Eles permaneceram ali, deitados e suspirando.
- Que tal ligarmos para o meu trabalho e pedir um hambúrguer para cada um?
- Fechado!
Harry pegou o telefone e encomendo a janta dos dois. Enquanto não chegava, e enquanto Gina tomava banho, Harry instalava uma televisão de segunda mão na sala da casa.
- Aonde achou isso? – perguntou ela, saindo do banheiro e secados os cabelos ruivos.
- Estava no estoque do escritório, eles iam mandar para o lixão porque compraram uma mais moderna. – e a televisão ligou – É só para matar o silencio.
- Tenho que ligar para a mamãe. – e ela suspirou
- Gina... – disse Harry, paciente. – Você não pode colocar seus pais em primeiro plano. Você vai cursar um vestibular em breve, tem que começar a pensar em sua vida daqui para frente.
Ela sorriu para si mesma.
- Tenho que começar a pensar na nossa vida.
Os dois sorriram.
- Vai tomar seu banho logo, antes que o jantar chegue.
- Amanhã depois do trabalho vamos fazer um rancho, e passar em uma loja e trazer um fogão para cá. – disse ele, passando os braços na cintura dela e beijando o rosto dela.
Ela riu.
- Sua sorte que eu sei cozinhar.
- Minha sorte foi eu encontrar você. – e os dois se beijaram. |