- Cuidado Harry. – disse a mãe do garoto, quando ele freou o carro.
- Desculpa – pediu ele.
Os dois saíram do carro em silencio. Eles caminharam até a porta e Lily percebeu que o garoto estava nervoso quando bateu na porta.
- Calma Harry – pediu ela.
- To tentando.
- Mas você já não conhece eles? – perguntou ela em voz baixa.
- Sim, mas... é complicado – ele respondeu mais baixo ainda.
O trinque da porta se mexeu, mas com certeza não mais que o coração aflito de Harry.
- Olá – e o rosto calmo de Gina apareceu a porta.
- Olá – respondeu Lily, no mesmo tom de voz. – Gostam de limão? – perguntou ela, levantando a torta.
O sorriso de Gina fez o “sim” ficar mais claro do que qualquer palavra dita.
- Entrem – disse ela, abrindo a porta.
Os dois entraram e esperaram Gina fechar a porta.
- Estão todos no jardim dos fundos. – e eles se dirigiram a cozinha.
Harry nunca havia passado por aquele cômodo inteiro, assim então, ele e a mãe foram guiados por Gina.
- A torta precisa ficar na geladeira? – perguntou Gina, quando eles passaram pela geladeira.
- Ah, sim – completou Lily.
Gina abriu a geladeira e Lily acomodou a torta em um prateleira vazia. Depois disso, eles partiram até uma porta, que revelava um jardim aos fundos da casa.
A mesa da cozinha, retangular, estava ali. As cadeiras e pratos posicionados de forma alinhada e todo o lugar estava com um cheiro leve de comida.
A senhora Weasley se levantou e o senhor Weasley, abarrotado de casacos, demorou um pouquinho mais.
- Mãe, pai... essa é a mãe do Harry. Conheci ela lá no restaurante, antes mesmo do Harry, digamos...
Todos sorriram.
- Olá – disse a senhora Weasley, com o mesmo sorriso da filha.
Depois da janta, que por sinal estava ótima, Molly e Lily encontraram muitas coisas em comum, e estavam em uma conversa de longas gargalhadas, logo depois que o Senhor Weasley resolveu ir se deitar. O som estava ligado baixinho, Gina empilhava os pratos e Harry a ajudava levar o que eles usaram na janta pra dentro da cozinha.
Ele voltava da cozinha, quando sua mãe e Molly passaram por ele, em um conversa empolgante:
- É realmente incrível aquele lugar, mas não sabia que lá tinha uma vila de índios...
- Sim – confirmou Molly – te mostro as fotos, tenho muitas daquele lugar....
E passaram em direção a sala.
Harry sorriu e voltava para o jardim, onde a música estava um pouco mais alta. Ele caminhou e de vagar até a porta. A luz da cozinha e do pequeno corredor antes da porta que ligava a casa ao jardim estava apagada, e ele pode observar tudo o que Gina fazia com certo conforto, pois ele não gostaria que ela o pegasse a observando, pareceria constrangedor.
Ela passava algumas músicas, e a capa do CD estava em sua mão, quando ela encontrou a música perfeita ela largou a capinha do CD em cima do som.
A música se tratava de Don’t Cry, do Gun N’ Roses. Ela rodopiou algumas vezes em torno de si, com certa delicadeza e calmaria. Seus lábios sussurravam a canção, e mal se mexiam. Harry percebeu que a garota estava de pés descalço, assim encontrando a grama levemente molhada pelo sereno. Suas mãos puxavam o laço do avental que ela estava usando, e ela o jogou em uma cadeira.
A saia do vestido dela dançava com o vento proporcionado pelos seus giros. Ela não levantou o olhar em nenhum momento, ela encarava a grama e todo o esplendor que a noite lhe proporcionava.
- Uh – disse ela, em forma de susto.
Harry, com um impulso que ele não saberia informar a qualquer pessoa, mas ele estava ali junto a ela. Suas mãos na cintura dela, sem ao menos ela permitir.
- Posso? – perguntou ele.
As mãos dela foram até ao ombro dele, e ela piscou muitas vezes até isso acontecer, como uma forma de acreditar naquilo.
- Claro – e respirou muito fundo.
Dois e dois.
Era assim que era contado os passos da música.
Gina levou algum tempo até conseguir olhar nos olhos de Harry. De fato, o medo de se entregar a um rapaz que ela mal conhecia era frustrante. Mas ao chegar aos olhos de Harry, que ela tanto amava, ela sentiu conforto e alivio. Seu sangue pareceu dar sinal que estava mais quente do que tudo, em resultado disso, ela sentiu seu rosto corar e toda a extensão do corpo reagir de dentro para fora.
Agora ela não cantava mais, os lábios dela eram meio apenas de repassar os suspiros momentâneos dela.
Os dois se encaravam, os copos um pouco distantes mas não era motivo para não proporcionar uma dança incrível. A música não era muito favorável aquela dança, mas ao momento a melodia dramática e ao mesmo tempo romântica era perfeita. Harry conhecia a letra, Dê-me um sussurro e dê-me um sinal; Dê-me um beijo antes de me dizer adeus.
Mas a música já tinha chego ao fim, e Harry e Gina não haviam percebido. Realmente, suas mentes não estavam ligadas de nenhuma forma ao lugar, a música e nem mesmo ao chão. Eles estavam preocupados, hipnotizados e ligados um ao outro. A ligação dos dois era forte e só perceberam isso quando a próxima música começou, acordando os dois pelo toque mais forte.
Ele foi o primeiro a soltar ela, com um pouco de vergonha.
Ela passou a mão nos cabelos longos e sorriu ao mesmo tempo.
Ele resolveu sorrir também.
- Vamos querido? – eles se viraram para a porta e Lily vinha caminhando com Molly ainda na cozinha.
Eles pareceram aliviados por elas não terem visto a cena anterior. Mas se sentiram completamente vazios ao perceberem que era a hora dele partir, pelo menos naquele final de noite.
- Então, até a próxima – comentou Lily, a porta da casa.
Harry e Gina pareceram tristes e ao mesmo tempo envergonhados, e não se encararam em nenhum momento.
- Espero que a gente possa se ver em breve – disse Molly. – Boa noite.
Lily e Harry caminharam até o carro, e o garoto tomou direção do veículo.
Ele ficou quieto todo o percurso até a casa, e apenas falou quando entrou dentro de casa.
- Aonde vai? – perguntou Lily, tirando o cachecol.
- Deitar – respondeu ele, se espreguiçado.
- Mas não é nem meia noite ainda – comentou ela rindo-se.
- To cansado. Pintei um orfanato todinho hoje – e sorriu.
- Quando eu fui te levar o carro de volta, você parecia muito sujo, e ao mesmo tempo cansado. Boa noite querido – e sorriu para o filho.
Ele sorriu para a mãe e foi para o quarto. Chegando lá, apenas se jogou na cama. Não tirou pos tênis e nem nada. As mãos atrás da cabeça, e o pensamento estava naquele jardim, com aquela música e aquela garota.
Ele sorria para si mesmo.
De fato, ele nunca se declarou a nenhuma garota, ou fizera a metade do que estava fazendo por Gina.
Mas em algum momento na vida de um rapaz, ele tende a fazer pelo menos a metade do que Harry fazia. Talvez todos os garotos do mundo precisassem do que Harry estava tendo: Um lugar com a garota perfeita e nenhum amigo idiota ao lado fazendo comentários bestas. E claro alguém que ele pudesse se abrir sobre o assunto, no caso de Harry sua mãe.
Muitos rapazes precisariam disso para se declarar a uma garota pessoalmente.
Havia se passado vinte minutos desde que ele voltara da casa de Gina, escutou sua mãe ir se deitar, haviam passado dois carros na rua, o tic tac do relógio estava frenético e o garoto moreno que se encontrava na cama não conseguia nem cochilar.
E não conseguiria jamais, pois seu celular acabara de vibrar.
Como instinto ele o apanhou da forma mais rápida que pode, clicando em qualquer botão para a lanterna do celular ligar e ele poder ver do que se tratava a mensagem.
No visor do celular, a mensagem era curta, simples e de um tremendo significado:
Preciso de você. Me encontre na esquina da minha casa daqui quinze minutos.
Com amor, Gina. |