- Aonde estava? – perguntou Lily, quando o garoto entrou dentro de casa.
- Eu.. – disse ele em um suspiro e se jogando no sofá – encontrei ela.
- Ela? – perguntou sua mãe, confusa.
- Ela é diferente!
- Já escutei isso muitas vezes... – disse Lily, trocando de canal a televisão que chuviscava e fazia um barulho além das falas dos jornalistas.
- Não mãe... – disse Harry, se sentando no sofá – ela.. ela... – ele começou a procurar as palavras certas.
- Vai querer comer o que hoje? – perguntou ela, resolvendo mudar de assunto.
- Pizza – disse ele, se levanto e se espreguiçado.
- Comemos isso ontem.
- Gostei daquela pizza.
- Fala isso pra cozinheira de lá – disse Lily, desligando a televisão. – Já te disse sobre o teu lado simpático?
- Estou trabalhando nisso.
Os dois riram e Harry pegou a chave de dentro do seu bolso e jogou para a mãe.
O lugar era o mesmo, e Harry não se importava com as pessoas que freqüentavam o lugar. Sua cabeça não estava ali, estava no orfanato com a garota. Eles entraram e sentaram-se no mesmo lugar. Harry olhava para a janela.
- O mesmo de ontem – disse Lily antes que a garota falasse algo.
A ruiva apenas sorriu e foi até o balcão fazer o pedido.
Quando voltou, a garota trouxe os copos e a coca cola. Harry nem observou, mas a garota já havia servido o seu refrigerante quando a pizza chegou.
- Obrigada – disse Lily quando a garota colocou a pizza na mesa.
Harry “acordou” com a voz da mãe, mas foi o “De nada” que a garçonete falou que o fez olhar para os olhos verdes da garota ruiva.
- Gina? – perguntou Harry.
- Olá – respondeu ela.
- Você trabalha aqui?
- Ao que tudo indica... – disse ela apertado os lábios.
Ele sorriu.
- A pizza é ótima. – ele disse, se servindo de um pedaço.
Gina sorriu,
- Algo mais? – perguntou ela, olhando para Lily.
- Seu telefone – disse Harry, de boca cheia pegando um guardanapo e caneta.
Gina o encarou brevemente, e logo Lily disse:
- Não, obrigada.. Gina.
Gina foi atender outra mesa. Deixando os dois a sós.
Harry acompanhou com os olhos a garota e quando encontrou os da mãe, chegou a se assutar.
- O que foi? – perguntou ele, depois de engolir o pedaço de pizza.
- Você parece um cachorro que não se alimenta a meses!
Ele riu.
- É sério. Se ela tiver bom senso, deve estar com medo de você! – disse Lily enquanto servia um pedaço de pizza.
- O que eu fiz de errado? – perguntou ele, tomando um gole do refrigerante.
- Você está “pulando” muito rápido.
- Como assim?
- Vai com calma. Mulher não gosta de homem assim.
- E mulher gosta do que?
- Do que ele está fazendo – disse Lily apontando para o outro lado do restaurante.
Harry se virou e viu algo que não queria. Um loiro alto, elegante e com o cabelo tão branco quanto a pele, sorria para a garota e falava com uma forma doce.
Harry se virou para a frente e agarrou as toalhas da mesa, as apertado de forma violenta.
- Calma – disse Lily, paciente. – Ela apenas está sorrindo para ele.
Harry se afundou em mais um pedaço de pizza, o que lhe restava era esperar...
Ele estava do outro lado da rua. Sentado no capo do carro, já que dentro do carro não bastava para passar sua excitação. Ele batia os pés, seu estomago revirava e parecia o primeiro encontro de sua vida.
- Até amanhã – dizia ela para a mulher, que aparentemente era a cozinheira.
Ela iria o ver? Ele estava aparecendo no meio do nevoeiro e da escuridão da noite? O poste que ele estava em baixo o iluminaria o suficiente? Parecia que sim!
- Você? – ela perguntou, ainda do outro lado da rua.
Ela olhou para os dois lados da rua, para se certificar que nenhum carro iria vir. Bobagem, pois aquela cidade haviam poucos carros nas ruas, e se haveria, seria quando o sol estivesse dominando o céu. Mas ela parecia cuidadosa (e perfeita) de mais para se deixar enganar pelo silencio da cidade.
- Eu – disse ele, tirando as mãos do bolso.
Ela sorriu e passou uma mecha do cabelo para trás da orelha.
- O que faz aqui?
- Eu estava.. – pensou ele – esperando..hum.. você.
Ela arregalou os olhos.
- Sua mãe sabe disso?
- Quando eu falei para ela que tinha que conquistar a garota mais bonita do mundo. Ela aceitou.
A ruiva riu.
Ah o riso dela. Harry pareceu escutar aquela melodia que o fez tão bem milhares de vezes em um segundo. Os músculos do rosto se contraindo por causa dos lábios que sorriam e os olhos que se apertaram de leve, deixavam tudo mais suave para Harry.
- Quer uma carona?
- Eu moro perto – disse ela, controlando o riso e ficando levemente séria.
- Eu insisto – disse ele. – Eu comprei algo para você – disse ele, indo na direção do carro e abrindo a porta do motorista – Eu sabia que iria estar frio... então.. – disse ele, tirando do carro dois copos de café. – Você gosta de Café?
- ãnnn... – começou ela, com uma boca torta.
- Claro... – começou ele – Pedi com leite. Pela sua pele suave e clara eu pude decifrar que você toma leite. Bobagem, mas eu decifro as pessoas pelo rosto. E vi você colocando açúcar em seu suco no restaurante. Então, eu espero que goste!
Ela suspirou.
- Você está me perseguindo? Vigiando? - disse ela, pegando o copo.
- Investindo seria a palavra perfeita.
Ela estava com o café nos lábios, e ao escutar o que o garoto havia falado deixou cair um pouco do café nos lábios.
- Opa – disse ela, com a mão indo do queixo para os lábios, evitando que o café pingasse na roupa.
Ele sorriu do jeito atrapalhado dela, e ela percebeu.
- É que isso é estranho para mim. Aqui – se referindo a cidade – ninguém nunca quis sair com a esquisita e nerd da turma... – e parou, com os olhos fixos nas mãos apertadas no copo de café.
O celular da garota tocou, e ela ficou aliviada por isso. Não queria falar sobre o que a magoava.
- Alo? Sim mamãe, já estou a caminho de casa... – e sorriu ao desligar o telefone. – Minha mãe – disse ela, colocando o celular no bolso.
- É melhor eu te levar para casa... – disse ele, abrindo a porta do carro.
- Não – suplicou ela. – Minha mãe..
- Ah.. – ele disse – ela não pode te ver com rapazes?
- Não.. não.. – disse ela, negando a primeira negação – É que.. – e ela procurou as palavras perfeitas, mas ele já estava rindo. – Ah, é que.. eu nunca sai com ninguém.
Ele parou de rir.
- Fico lisonjeado em ser o primeiro a lhe levar para casa – disse ele, sorrindo – Entra!
E ela não pode recusar!
- Você mentiu – disse Harry, desligando o carro. – Você mora um pouco longe.
Ela riu.
- Não queria incomodar.
- Você não incomoda.
E ela sorriu.
- Me fala mais de você – disse ele, ligando a luz de dentro do carro.
- O que quer saber? – ela perguntou, olhando para ele.
- Tudo. Tenho todo tempo do mundo pra escutar você, na verdade, não me incomodaria em escutar você pelo tempo que for.
E ela sorriu.
O rosto dela foi virado com certa velocidade ao escutar a porta da casa de abrindo. Harry também observou a mulher que chegava a porta. Ela era baixinha e gorduxa, tinha os cabelos igualmente ruivos aos da filha.
Ela ficou observando os dois da porta.
- Tenho que ir – disse ela abrindo a porta – Boa noite, e obrigada. – disse enquanto fechava a porta.
Ela caminhou pelo jardim da casa até a porta, e percebeu que o garoto a seguia segundos antes de chegar a porta da casa.
- O que está fazendo? – perguntou ela, o mais baixo que pode.
- Sou um rapaz decente, vou te deixar na porta de casa – falou ele em meio a um sorriso – Boa noite – ele cumprimentou a mãe de Gina, que estava séria.
- Boa noite querido – disse ela, abrindo um sorriso sincero. – Obrigada por trazer a minha Gina em casa.
- De nada – disse ele, passando a mão no cabelo.
- Quer uma xícara de café? – perguntou ela. – Esta meio frio...
Gina e ele se entreolharam, e os dois riram ao mesmo tempo.
- Adoraria!
A casa era bem simples, com o básico que uma sala pedia: Televisão, sofá, bidê, abajur, fotos em porta retratos e alguns cds de música empilhados.
Gina se sentou no sofá, a mãe dela partiu para a cozinha e Harry ficou observando as fotos. Haviam muitas fotos de Gina e seu pai, e ela parecia amar muito ele.
- Aqui... – disse a mãe de Gina, entregando uma xícara com café preto para o rapaz.
- Obrigada – disse ele, e se sentou no sofá oposto ao de Gina.
- Normalmente é o Arthur que vai buscar a Gina, mas no começo do mês ele pegou uma gripe muito forte – disse a mulher, que tinha a aparência cansada. – Não gosto dela andando pelas ruas a noite.
- Mãe, a cidade é vazia – sussurrou Gina.
- Mas perigosa! – disse a mãe dela.
- Posso ir buscar ela enquanto o senhor Arthur não está bem – disse Harry, sorrindo.
- Não – disse Gina, no mesmo instante com uma careta, mas sua voz foi abafada pela da mãe.
- Seria uma grande ajuda que você estaria nos dando. E a Gina adoraria! – disse a mulher.
Gina ficou sem palavras, com a boca meio entreaberta e sem reação sobre a afirmação da mãe, ela apenas sorriu com vergonha.
- O café da sua mãe é bom! – disse Harry, na porta da casa da garota.
Ela apenas riu.
- Você não tem a idade que aparenta.
- Pareço ser mais velho?
- Não – ela respondeu, meiga.
- Vinte anos é uma idade complicada – ele disse.
- Os meus dezoito também, tenho que estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Isso é irritante!
Ele riu.
- Até amanhã.
- Até – ela respondeu, fechando a porta.
- Espera – ele colocou o pé entre a porta e a parede.
- O que houve? – ela perguntou.
- Seu celular... – ele pediu.
Ela riu e passou o celular para ele.