PARTE I
LOVE
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As horas de viajem tinham sido cansativas e um tanto exaustivo. Mesmo não dirigindo, a chuva intensa deixava os olhos do garoto presos a tensão e a estrada. Ao encostarem na frente da nova casa, a chuva ainda era intensa. Mas não fora o suficiente para Lily cancelar o descarregamento do carro. As caixas eram pesadas e as malas também.
O moreno terminava de esvaziar a ultima caixa de papelão. Toda aquela mobília o acompanhava alguns anos, a constante mudança de casa e cidade não o incomodava mais.
- Tudo bem filho? – perguntava sua mãe, na porta do seu novo quarto.
- Estou bem – disse ele, jogando a ultima peça de roupa dentro do guarda-roupas.
- Vai ser só por um tempo filho... – disse Lily – Eu sei que você gosta de cidade grande, mas foi para cá que eu fui mandada...
- Mãe.. eu entendo – disse o moreno de olhos verdes e paciente.
- Eu me preocupo com você – e ela abraçou o filho.
- Eu vou ficar bem aonde você estiver bem – respondeu ele.
Ela respirou fundo e largou o garoto.
- Vamos comprar algo para comer?
- Ah, você sabe que eu como qualquer besteira. – respondeu Harry, batendo a porta do armário com mais força do que pretendia ter investido.
- Vamos atrás de uma pizza – respondeu ela, saindo pela porta do quarto do rapaz.
Ele sorriu e seguiu a mãe.
Depois de ter rodado alguns minutos, eles encontraram um pequeno restaurante que servia pizza. Os dois estavam sentados perto de uma janela um pouco úmida devido a chuva. Haviam pedido a pizza a alguns minutos...
- Merda – reclamou o rapaz jogando o celular em cima da mesa.
- O que houve meu filho?
- Internet.
- Está devagar?
- Aqui nem pega – disse ele, com as sobrancelhas arqueadas.
A ruiva suspirou.
- Desculpa mãe, eu fiquei nervoso. – respondeu ele.
Ela sorriu, e a comida chegou.
- Vão querer algo para beber? – perguntou a garçonete.
- Uma coca cola – disse Lily olhando para a moça.
Harry permaneceu com a cabeça baixo, e já tratava de devorar um pedaço da pizza.
A garota, igualmente ruiva a Lily, foi até o freazer e trouxe uma coca cola e copos com gelo. Colocou na mesa e serviu os dois, Lily agradeceu.
Os dois permaneceram em silencio toda a refeição.
- Você podei r pagar a conta querido?
- Claro – respondeu Harry.
Ele se levantou e foi até o caixa. Chegando lá, a mesma garota que havia atendido eles estava lá, mas Harry não percebeu isso, ele continuava com a cabeça baixa. Ele jogou a conta em cima do balcão.
- Vinte e cinco – disse a garota.
Ele contou o dinheiro que a mãe havia lhe dado e deixou em cima do balcão, e partiu sem nem olhar para a garota. Chegando a mesa, ele esperou em pé a mãe levantar.
- Você tem que trabalhar o seu lado simpático – disse a mãe do garoto, enquanto virava a esquina perto da casa deles.
- Você acha? – respondeu ele.
Ela riu.
- Amanhã você vai levar aquelas roupas que o seu primo Duda não quer mais para o orfanato.
- E aqui tem isso?
Ela encarou o filho brevemente.
- Estive me informando sobre a cidade que iríamos morar.
- Você se informa de mais mamãe – respondeu Harry, rindo.
- O trabalho da sua mãe é praticamente este!
No dia seguinte, Harry se levantou cedo, muito cedo. Era seis horas e ele já estava de pé, na varanda da casa se alongando para uma caminhada pelo bairro. O frio estava no ar e a grama ainda estava molhada do sereno e da chuva do dia anterior.
O garoto começou a corrida que sempre fazia pelas manhãs, independente do lugar que estava.
Sua mãe e ele vagavam de cidade em cidade trabalhando para o governo, fiscalizando planilhas de construções civis.
O garoto começou sua corrida em passos lentos, e logo após aumentando a velocidade. Pode ver que a cidade era de poucas pessoas, e também habitavam pessoas muito idosas.
- Como foi a caminhada? – perguntou a mãe do garoto, levando a xícara de café aos lábios.
- Tranqüila. Quando vamos embora? – perguntou ele, jogando o casaco em cima do sofá.
- Acho que depois de amanhã. A cidade é pequena e pelo que eu pude estudar, só tem duas construções.
- Finalmente – disse ele, indo na direção da mesa. – Depois é aonde?
- Nova Iorque.
- Aleluia – disse ele, pegando uma das torradas do prato da mãe.
- Não esqueça das roupas – disse ela.
- O que a tia Petúnia tem na cabeça? Porque ela acha que eu iria querer as roupas do Duda?
- Ela se acha superior a todos – disse a mãe, sem tirar os olhos do notbook.
O garoto riu e foi na direção do quarto. Dentro do quarto olhou para os lados e ficou um pouco ali, apenas pensando. Foi até a janela e observou do outro lado da rua uma pequena movimentação de carro saindo, consultou o relógio: 8 horas.
- Mãe, ta na tua hora – gritou ele.
Passava do meio dia e o garoto estava no sofá com um prato de miojo instantâneo sabor picanha sendo devorado. Um copo de coca cola pela metade estava em cima da mesa estava com o gelo intacto ainda, tamanho frio.
Ele terminou seu almoço e logo após vagou pela casa alguns minutos, encontrando a caixa de roupas do primo Duda.
- Não acredito que eu vou ter que dar esse lixo para outras pessoas – disse ele brincando.
O primo era extremamente gorduxo, mas as roupas estavam em boas condições e ele sabia que poderia ajudar outras pessoas...
Harry levou a caixa de roupas até o carro, depois partiu em direção ao tal orfanato.
Ele vagou pela cidade meia hora, até chegar a entrada da cidade. De longe ele observou o lugar, e foi se aproximando aos poucos. Quando saiu do carro, começou a escutar vozes de crianças.
Resolveu avaliar o lugar antes de tirar a caixa de roupas do porta malas.
Chegando perto do lugar pode ver um campo de areia. Crianças entre 2 á 3 anos brincavam de roda com uma garota maior.
Ele se concentrou primeiramente na felicidade das crianças cantando e brincando, um sorriso em seus lábios se formou, mas logo ele se desconcentrou ao encontrar uma voz mais grave e encantadora do que a das crianças.
Seu olhar subiu dos baixinhos até a ruiva que cantava junto com eles. O sol estava atrás dela, e ele não podia ver direito o rosto dela, apenas o uma linha desenhando o contorno do corpo dela. Os cabelos ruivos e lisos dançavam a melodia do vento, enquanto ela brincava cantava com as crianças.
Ao sair da frente do sol, ele piscou algumas vezes até o embaçar dos olhos pararem.
Quando voltou a olhar a garota, ela já não estava mais de costas par o sol, e ele encontrou os olhos verdes e profundos dela. Ela parou no instante que os olhares se chocaram, deixando algumas crianças se esbarrarem.
Pedindo desculpas e de um modo delicado, ela pediu que todos partissem para os balanços velhos e enferrujados do parquinho.
Ela fingiu não ter reparado no garoto, mas parecia impossível.
Começou uma pequena caminhada até o lugar que ele se encontrava.
- Oi – disse ele, quase sem ar.
- Olá – respondeu ela, normal – Quem é você? – perguntou ela, desconfiada.
- Vim doar umas roupas... – disse ele, ainda sem ar.
- Você está bem? – perguntou ela.
- Ótimo. Nunca estive melhor. – respondeu ele, agora conseguindo respirar.
- Então, quer entrar para ver as crianças? – perguntou ela.
Ele passou a mão no cabelo, ele faria qualquer coisa para ficar ao lado dela.
- Claro...
A garota aparentemente conhecia bem o lugar, guiou Harry até o campo de areia. Ele ficou observando as crianças, igual a garota fazia.
- Bem... você... – começou ele, sem jeito – Como se chama?
- Gina – disse ela, um pouco seca.
- Você trabalha aqui?
- Não, apenas venho aqui nas horas vagas. Ajudar, sabe? – propôs ela.
- Ajudar? – perguntou ele.
- Essas crianças precisam de amor e atenção. – respondeu ela, com raiva da insensibilidade dele. – O que disse que ia fazer aqui mesmo? – perguntou a ruiva, com muita raiva do garoto.
- Calma... – disse ele.
Ele respirou fundo e permaneceu calado. Os dois permaneceram em silencio, e a ruiva estaca com os braços cruzados olhando as crianças á sua frente.
Harry começou a olhar as paredes do lugar, elas pareciam acabadas, tanto quanto o coração agoniado de Gina.
- Bem, vamos pegar as roupas? – perguntou ele.
- Ótimo – disse ela, vendo uma forma de se livrar do garoto.
Os dois foram até o carro e pegaram a caixa de roupas.
- Ok, pode deixar que eu levo para dentro... – disse Gina.
- Eu faço questão – suplicou ele.
Ela o encarou, e viu que era sincera à vontade dele. Então, deixou ele fazer o trabalho pesado.
- Pode deixar nessa mesa – disse ela, abrindo uma salinha.
- Claro... – disse ele, colocando a caixa de roupas em cima da mesa que ela indicou.
Ele estralou os dedos e ela sorriu.
- Obrigada – e ela apertou os lábios.
- Só vou aceitar se você aceitar sair comigo! – disse ele.
Ela riu e passou a mão nos cabelos.
- Um dia, quem sabe... – e sorriu.
- Posso voltar amanhã?
Ela olhou para os lados, procurando uma resposta.
- Pode – disse ela, enquanto soltava o ar dos pulmões.