Ciúmes
– Ei o que é isso Pontas? – perguntou Black. Da carteira atrás deles Severus avistou um pequeno maço de pergaminhos que aparentemente caíram da mochila do Potter quando ele retirou seu livro padrão de feitiços avançados.
– Ah... não é nada... – falou o Grifinório parecendo constrangido. O amigo pegou um dos papéis rapidamente antes que ele pudesse guarda-los e olhou atentamente. Parecia uma carta.
– Uma carta da Evans? – perguntou Black divertido.
– Deixe ele Almofadinhas. – aconselhou o lobisomem.
– Vocês trocaram cartas nas férias? – o garoto parecia achar muita graça.
– Não enche Black! – Potter tentou pegar o envelope da mão dele sem sucesso.
Antes que alguém pudesse impedir Black abriu a carta e começou a ler:
– “Querido Thiago, – querido é?? – zombou o garoto – ...Não suportava mais esperar pela sua resposta, vigiei o céu dia e noite nos últimos dois dias, mas ela finalmente chegou....”
– Chega Sirius! – falou Potter irritado.
Na mesa de trás Severus quebrara a ponta de sua pena sem se dar conta, de tanto que a forçara no pergaminho. Ele viu o lobisomem retirar o papel da mão do amigo e entregar de volta à Potter.
– Ah, qual é? – reclamou Black.
– Obrigado Aluado. – agradeceu Potter.
– Querido é? Humm... Sinto cheiro de namoro no ar, heim, Pontas? – zombou Black.
– Cala a boca, Sirius! – falou Thiago entre dentes lançando um olhar amedrontado para Lílian no outro lado da sala. A ruiva sorriu para ele e Potter sorriu de volta.
Na mesa de trás Severus esmagava a pena em suas mãos, os nós dos dedos brancos. Sentiu o ciúme se espalhar pelo seu corpo como o veneno de uma cobra, lento, ácido.
– Mas você gosta realmente dela? – perguntou o Lobisomem.
– Realmente gosto. – confessou o apanhador.
– Será que ela gosta de você? – perguntou Pettigrew que havia assistido tudo em silêncio até aquele momento.
– Ela me deu provas bem convincentes ontem. – Potter sorriu.
– Uuh! – exclamou Black – Dá-lhe Pontas! – ele deu um tapa nas costas do amigo.
Severus sentiu sua garganta se apertar. Viu Potter olhar novamente para Lílian que sorriu de novo, parecendo achar muita graça de algo.
– Silêncio classe. – disse o professor Swenney adentrando a sala.
Ele parou em frente à eles.
– Senhor Snape, algum problema? – questionou.
– Eu...ahm...Minha cabeça professor – resmungou Severus.
– Então por favor vá a aula hospitalar, o senhor está parecendo que foi acertado por um trasgo. – falou o professor se sentando.
Severus levantou-se rápido ignorando as risadinhas dos garotos à frente e o olhar confuso de Lílian. Chegou no final do corredor e parou ao lado de uma estátua idiota. Respirava forte e desenfreado. Então era isso não é? As cartas de Potter ela respondia, esperava ansiosamente. E quantas cartas que ele, Severus, mandou durante as férias? Oito? Nove? Por que as dele ela não respondera? Por quê? Ela nunca o perdoaria?
– Merda! – ele chutou a estátua com toda a força e sentiu o pé doer imediatamente. Continuou golpeando a estátua, até que a dor o cansou e então ele pegou sua varinha.
– Diffindo! – gritou e a estátua se quebrou em centenas de pedacinhos.
– Srº Snape! – chamou uma voz atrás de si. Sabia quem era e não se virou – O que pensa que está fazendo? – ouviu-o se aproximar.
Alguém tocou seu ombro.
– Olhe para mim, Severus. – ordenou o homem.
Ele se virou para fitar o Prof. Dumbledore. O professor ficou alguns segundos olhando para ele, algumas imagens perpassaram sua cabeça.
– Pare de fazer isso! – vociferou o garoto.
– Me desculpe. – murmurou Dumbledore rapidamente. – O que houve Severus?
– Nada. – ele apontou a varinha para estátua despedaçada e ela se ergueu novamente. Então ele começou a se afastar. A respiração passava em fagulhas pelo seu peito. Ele deveria ser muito idiota para sentir ciúmes. Só um idiota sentiria ciúmes de algo que nunca foi seu. Mas afinal o que ele era além de um perfeito idiota?
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N/A: Ciúmes é uma merda não é?