Vergonha
Havia coisas que o faziam afundar em vergonha. Como se esta fosse uma lama infectada que o tomava por inteiro.
– Severus...por favor...por favor...
A voz lamuriosa atingiu seu cérebro sacudindo-o. Ele fitou a mulher que o encarava com os olhos marcados. Ela girava acima dele e ele desejou por um momento matar todos na sala. Será que seria possível? Imaginou-se lançando feitiços desordenadamente, tentando atingir o máximo de coisas vivas possiveis.
– Silêncio – o Lord das Trevas ordenou e foi como se sua voz o puxasse como um gancho.
A mente continuou impassível, em superfície. A mulher silenciou e o Lord continuou seu discurso. Severus se concentrou em manter a mente em paz sob o olhar acusador da mulher, deixando as palavras de Voldemort fluírem por ele sem sentido. Ele continuou fitando a mulher enquanto ela girava.
– Avada Kedrava! – ele ainda estava fitando-a quando a luz de seus olhos subitamente desapareceu. Desapareceu como uma lâmpada apagada, desapareceu em definitivo.
O som da cobra deslizando em direção ao corpo embrulhou seu estomago e quando o som dos ossos de Charity sendo quebrados penetrou seu cérebro foi como uma pancada em sua cabeça.
Severus acordou assustado, arfando. Virou para a lateral da cama e vomitou. Aquela onda de vergonha espalhando-se pela sua garganta como veneno, tomando seu corpo como veneno de cobra. O que ele não daria para estar no lugar de Charity agora? O que não daria? Por que tinha que dever lealdade ao velho estúpido? Por quê?