7. Epílogo
- Merda. - xinguei baixinho. - Merda.
Sentada impacientemente na ponta da cama, eu encarava os quatros objetos que não atormentavam minha mente. O primeiro deles era uma garrafa de tequila, recém-aberta mas já na metade – afinal, pra que cuidar de um fígado quando você pode dar de cara com cães do inferno prontos pra te levar pra lá a qualquer segundo? -. O segundo, um maço de mentolados. - mesma coisa com meus pulmões. O terceiro era meu celular, desligado por tanto tempo, agora piscava anunciando uma caixa de mensagens lotada. E o quarto, e principal era um palito. Um maldito palito de plástico.
Na verdade o dilema com o celular não existia, era apenas um pretexto para adiar. Eu tinha que ligar. Pela primeira vez desde que deixara Hogsmeade, enfrentar e decidir tudo sozinha não era uma opção. Não somente porque ele tinha o direito de opiniar, como também eu não tinha ideia do que fazer.
Suspirando, apanhei o celular ansiosamente. Achar o nome dele na lista de contatos foi fácil, mas eu, covarde, alonguei o processo o quanto pude. Fechei os olhos ao levar o aparelho trouxa ao ouvido. Após alguns toques, a voz dele soou, para minha surpresa, soou como música. Eu estava aliviada.
- Preciso te ver. - disse, sem rodeios.
- Gina? Gina! Onde você esteve? Eu te procurei até no -
E Draco emudeceu. Como caçadores, tínhamos um vocabulário próprio. “Inferno” era uma palavra constante, e era lá que ele iria dizer que havia me procurado, mas, nesse caso, se ele tivesse realmente olhado lá, havia uma grande chance de me encontrar. Meus sentimentos ficaram obscuros, assim como os dele, e isso o fez calar.
- Eu preciso te ver. - repeti.
- Onde você está?
- Londres. Quero dizer, não estou em Londres, mas posso chegar em poucas horas. Você pode me encontrar no Caldeirão Furado?
- Sobre o que é?
- É... complicado. Amanhã?
- Ótimo.
- Na hora do almoço.
- Você ainda vai fazer algo? Por que tão tarde?
- Não. É só que eu... deveria parar pra dormir durante à noite.
- Você sempre dirigiu madrugada adentro...
- As coisas meio que... mudaram.
- Ahn, ok, eu acho que te vejo amanhã então.
- É. Tchau.
Nos breves segundos que estive com Draco no telefone, um alívio tomou conta de mim, mas assim que ele se foi, medo substituiu alívio. Meu coração acelerou e em ridículos segundos, eu senti meu rosto molhar de lágrimas.
- Porra de hormônios. - xinguei entre soluços.
Levei bem uns trinta minutos pra me recompor, mas quando consegui sair, o pavor tomou conta de mim. Nas últimas semanas, confesso, toda aquela coragem e conformação começou a sumir, e o medo de que cada passo fosse o último, o medo de ouvir um rosnado a qualquer momento cresceu. Mas o que eu experimentei quando deixei o quarto do hotel... não era medo, era terror. E todos sabem que pessoas apavoradas são mais frágeis, alvos fáceis. Isso, é claro, me deixava muito mais tranquila.
Merda.
Checando o corredor mais vezes que o necessário – e agarrando minha garrafinha de água benta no bolso também mais do que o necessário – eu caminhei apressadamente até o estacionamento do hotel. Entrei no Chevy onde, felizmente, eu ainda me sentia segura e tirei um minuto para respirar longamente antes de ligar o carro.
Após sair do estacionamento, girei o botão do meu cd player e estava tocando AC/DC. Minha música favorita, Highway To Hell, pela primeira vez na vida me irritou. Apertei o botão para avançar para a próxima faixa e para meu total desgosto a música que se seguiu chamava-se Hell Bells.
- Vá se foder! Você não sabe cantar sobre outra coisa, não? - xinguei o rádio antes de desligá-lo com força. - Lindo, Gina. Agora você está discutindo com um cd player.
Como havia dito a Draco, não resisti muito tempo no volante depois que anoiteceu, e eu parei em um outro hotel para descansar. Na hora do jantar, quis me matar. Assim que dei a primeira garfada, a culpa pesou. Nada de diferente estava ali: fritura, carboídrato, carne e refrigerante. Reconsiderei. Talvez pensar no meu fígado – e nos outros órgãos – não fosse uma ideia tão ruim, afinal de contas. Voltei ao bifê e me servi novamente: substituí a batata frita pela assada, mantive o bife, e acrescentei arroz à grega. Devia servir.
Antes de me deitar, chequei meu celular. Haviam muitas ligações perdidas e algumas mensagens de texto. Decidi ler uma, apenas para me arrepender no momento seguinte. “Quando eu pensei em desistir, quando eu pensei em parar... você ligou o celular. É um sinal. Não vou desistir de te encontrar e parar essa merda, Gina.”
Hermione.
Eu amava Hermione? Uma vadia condenada ao inferno era capaz de amar?
E, embora eu tivesse milhões de tópicos prontos para borbulharem em minha mente, aquela foi a última coisa que fui capaz de pensar aquela noite.
Por dormir antes das nove, coisa que eu não fazia desde a época de escola, fui capaz de acordar cedo. Tomei um relaxante banho, e me vesti distintamente. O frio do fim de outono e início de inverno me permitiam usar um sobretudo negro maravilhoso, assim como luvas e um par de botas incrível. O cabelo longo eu prendi inteiramente para trás num rabo-de-cavalo alto. Eu queria poder me olhar, encarar meu rosto. Depois da maquiagem, tentei me perfumar, mas só de abrir o frasco da colônia desejei jogá-lo da janela. Foi o que eu fiz. Porra de hormônios.
Cheguei no Caldeirão Furado muito mais cedo do que imaginei. Decidi tomar café. Não sei porquê decidi me incomodar com essa babaquice de mudança para bons hábitos, eu não poderia mantê-los de qualquer maneira. Eu não poderia manter nada... nada. Eu sabia disso e, no entanto, engoli torradas com feijão e leite mesmo assim.
Para minha surpresa, Draco não demorou muito para chegar, e ele o fez assim que eu estava pagando minha conta. Ele me encarou, aturdido por um momento, e depois me abraçou tão forte que eu realmente me perguntei o quanto ele queria me salvar.
- Você está... uau... uau.
- Isso é um elogio, suponho. - consegui um sorriso fraco.
- Você decidiu... lutar? Eu estive atrás de você o tempo todo. Hermione também.
Minhas feições endureceram.
- Não quero falar dela. Podemos conversar lá fora?
- Como quiser.
Caminhamos rapidamente até o Chevy, mas não entramos. Eu o havia estacionado em uma rua semi-deserta e o vento frio batia no meu rosto, me dando uma certa memória inconsciente de liberdade, era gostoso. Encostei no carro e observei Draco fazer o mesmo. Não levou nem dez segundos até ele acender um cigarro.
- Apaga, por favor.
- What the fuck, Weasley?
- Por favor. - repeti. - Estou... tentando parar.
- Ow, tá aí algo que eu não pensei. Imaginei que você não estaria ligando... para nada.
É, Malfoy, você me conhece. Me permiti mais um sorriso.
- Eu não estava...
- Então agora você decidiu lutar e com isso melhorar os maus hábitos? Isso é ótimo, Gina.
- Eu não sei o que eu decidi.
- Nós podemos dar um jeito nisso. Tirar... a maldição. Eu trabalho pra Whiles, há centenas de caçadores lá, alguém tem que saber de alguma coi -
- Eu estou grávida.
- … sa de consertar isso. Afinal, quantos casos aparentemente sem solução não consegui – Espera, o que você disse?
- É, Malfoy. Eu estou esperando um filho seu, e posso ser arrastada para o inferno com ele a qualquer instante.
- Fodeu.
Mas homi!
sou filha da puta, falaí. *-*
q
Eu disse que tinha muita coisa pra explicar, e que isso aconteceria no epílogo né? E claramente não foi explicado. Kkk. #fail
Bom... por mais que essa seja a história completa da nossa Garota Infernal, Gina Weasley, não dá pra ignorar o que acontece daqui pra frente né? E o que acontece com a Mione também.
Por isso, a nossa nerd favorita está na ~~ ativa ~~ escrevendo uma fic só pra ela, olha que limds -q
Siiiiiiiim... o que acontece depois está muito mais direcionado a Hermione e o Draco do que a nossa putinha ruivinha favorita. Enfim, leiam e descubram, please? :D
Tá aqui o link, ó: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=39388
Espero que vocês tenham gostado de Garota Infernal, e gostem e acompanhem também Highway To Hell.
1 bj pra quem é travesti.