22. O fim da inocência parte 2

"Não sei porque tudo que o rodeia, me deixa tão fascinada. Esse loiro me encanta de algum modo estranho."- disse em pensamento. Andava pelo local, passando as mãos ao longo das bordas da cama, acariciando a seda. Pegou a ponta do lençol negro e levou ao nariz aspirando aquele cheiro inebriante. "Ali tudo cheirava à ele."- dizia em voz alta, mas olhando para ver se o via.

Chegou a um aparador, onde havia alguns objetos e poções. Ela passou a mão direita também neles, e então viu uma cômoda antiga e sofisticada. Uma das gavetas estava meio aberta. Ela se virou para ver se estava sozinha, para em seguida abri-la.

Com a curiosidade aguçada de uma criança, puxou uma caixa de madeira com serpentes tatuadas. Seus dedos acariciaram o topo, e depois abriu suavemente. Ela tinha alguns recortes do Profeta Diário, tudo sobre ataque de Comensais da Morte. Houve um em particular que chamou sua atenção, porque na capa estava uma mulher linda, majestosa de longos cabelos loiros e grandes olhos azuis acinzentados. Seus lábios pintados de vermelho mostravam a perfeição de uma dama aristocrática. A pele branca e a postura imponente não deixou dúvidas de quem se tratava.O vestido preto, cabelos quase prateados de tão loiro e os olhos..., lindos olhos. Lembrava muito os de Draco. Foi então que viu seu nome, "Narcissa Malfoy," sob o título: "Outra vítima da floresta da tirania"

"É mãe de..."- disse quase num sussurro.

Mas ela não pôde completar a palavra, pois sentiu uma mão agarrando o seu braço violentamente e jogando-a contra a parede. Hermione teve que fazer esforços para não cair. Quando ela olhou para a frente desejava  não ter feito isso, em sua frente pode visualizar a figura de um loiro irado. Seus olhos perderam todo o brilho e a castanha, nunca tinha os vistos tão grandes e vermelhos. Seu corpo tremia e seus olhos se encheram de lágrimas muito antes de os gritos irromperem a sala. Só ele tinha a habilidade para fazê-la sentir-se assim em um piscar de olhos.

"Nunca me ouvi? Quantas vezes vou ter que repetir para não mexer em minhas coisas.Não se atreva a tocar nelas! - Draco gritou com raiva jogando a caixa com todos os recortes para o chão.

Hermione estava presa entre ele e a parede. E fechou os olhos de susto pelo barulho ensurdecedor da caixa sendo jogada ao chão.

"Desculpe! Eu não pensei ... - disse ela trêmula.

Draco a encurralou ainda mais contra a parede. Suas mãos agarraram o pescoço da castanha porém sem apertar. Ela observou que suas mãos ainda estavam com as luvas negras que usava. Ela gemeu quando ele apertou seu pescoço de encontro a parede, enquanto grossas lágrimas correram nos cantos dos olhos.

"Não se atreva a continuar chorando, eu já proibi..., você de chorar. Pare de chorar! .- disse com uma voz rouca, que só conseguiu passar para a castanha. - Quero que pares já! É uma ordem.

"Eu não consigo parar...- disse ela chorando. Sentia-se tão estúpida. Suas mãos pequenas tentaram se fechar nas mãos enormes de Draco numa tentativa inútil de tirá-las de seu pescoço.Draco ficou puto com isso, e não por ela ter tentado se defender e sim por ter provocado nele arrepios como se uma corrente elétrica passasse por todo seu corpo. Ele não aguentou a ira dentro de si e bateu nela, Hermione deu um pequeno grito. Seus narizes se tocaram e os hálitos que saíam de suas bocas se misturavam. Hermione podia sentir os cabelos do loiro encostando nela enquanto ele colava sua testa uma na dela.

"Você é minha!- ele falava, com uma voz rouca e ao mesmo tempo doce e doentia. Eu faço o que quero com você, Niobe."- a cada palavra ele roçava os lábios nas partes alva do pescoço dela. "E você vai aprender o que é obediência. Suas lágrimas me encomodam. Você devia ter parado quando mandei." -ele falava tudo tremendamente baixo e usava o nariz fino para acariciar a pele, branca e intocável. Sua respiração acelerada, não impediu de fazer a coisa mais improvável para a castanha. Ele levou o dedão ao lábios de Hermione e contornou-os, de uma forma tão sensual que a castanha se atreveu a abrí-los. Os olhos do loiro se encheram por um momento de luxúria e chegou aproximar sua boca da dela encostando-a em um carinho único. Quando fez mensão de abrí-la em cima dos lábios de Hermione, seu sentido aguçado de sonserino o alertou. Sua expressão mudou rapidamente para uma raiva profunda. E bateu na castanha novamente, fazendo com que ela fosse ao chão com o impacto.

Hermione chorou novamente, mas agora também de frustação, não entendia a reação do loiro. Ele era inconstante a todo tempo, quando estava perto dela.

"Pare de chorar! Agora."- Ela engasgou um pouco, e soltou um gemido. - "Chorar é para os fracos, e nenhuma das minhas guerreiras será fraca. Eu não posso tirar seu sangue impuro, mas a fraqueza e o medo, isso sim eu posso."- ele estava calmo agora. Frio, duro, cruel e Hermione queria parar de chorar, mas não conseguia deter as lágrimas que teimavam cair. E o fato daqueles olhos cinzentos estarem tão cravados nela só pioraram as coisas. Desde sua chegada ao local, raramente tinha chorado, mostrando frieza grande, mas ela não era feita de pedra como ele esperava que ela fosse.

Draco era gelo em pessoa. Sentou-se em uma cadeira acochoada no canto de seu quarto, enquanto a castanha ainda continuava, caida ao chão. E loiro não tirou o casaco, nem as luvas, olhou friamente para Hermione e falou sem piedade.

"Justamente por isso eu a quero aqui Niobe, para lhe ensinar como deverá se portar. E o que você tem que aprender é me seguir. Nada é gratuito, e agora, você vai aprender sua primeira lição: ser forte .- disse a ela. Olhou-a no chão ainda chorando. - Isso vai doer, mas apenas para que eu possa lhe ensinar. Nós faremos isso até que seus olhos não deixem cair uma lágrima sequer, só dependerá de você.

Hermione não entendia o que ele dizia até que viu a varinha dele estendida em sua direção. Ela tentou se levantar e correr para a porta, mas o feitiço Crucio chegou antes mesmo que pudesse se mover.

Um grito de dor se espalhou pelo local. Hermione se contorcia no chão, com lágrimas escorrendo por suas bochechas rosadas. Draco olhava fixamente, sem compreender por que ele não sentia prazer em vê-la sofrer. Mas, sentia-se no dever de fazê-la ver a realidade, no mundo dos bruxos agora, só sobrevivem os mais fortes. Essa inocência infantil devia desaparecer. Ele se encarregaria de moldá-la, para torná-la uma ferramenta poderosa para ele. Ela tinha que aprender, a qualquer custo. E aliás, pagar por ousar a tocar suas coisas. Ele a mudaria para sempre.

Estava no quinto cruciatus, um após outro, no qual Hermione tinha vontade de morrer. Logo, porém, a escuridão começou a emanar de seu corpo, o mesmo que tinha acompanhado quando ela derrotou Saskia. Seus olhos turvaram-se e as lágrimas pararam. Draco percebeu imediatamente, e removeu o feitiço.

Hermione permanecia imóvel no chão, olhos fechados, respirando com dificuldade e ainda sentia dores em seu corpo. Será que não se moveu, não querendo fazer nada. Seu corpo inteiro balançou, mas nenhuma lágrima caiu de seus olhos. O loiro caminhou até ela, e se ajoelhou ao lado, acariciando sua bochecha. Ela abriu os olhos, e olhou friamente para Draco. E pela primeira vez se incomodou com o olhar da castanha. Mas não demonstrou.

"Você aprendeu uma importante lição hoje'- disse ele. "Considere isso como um favor." E agora eu tenho uma boa notícia para você: seu nome verdadeiro é Ágatha. Ágatha Miller.

Hermione ficou em silêncio. Esse nome não tinha som, e nem era seu. Ela tinha pensado estupidamente que quando descobrisse seu nome ficaria feliz, e se sentiria diferente. Mas não foi o caso.

Draco pegou-a nos braços e levou-a, colocando-a em sua cama. Ele caminhou até seu armário, tirou de lá uma poção em uma garrafa de cobra. Pegou-a e colocou o conteúdo na boca da castanha.

-"Tome isto e a dor vai embora .- disse deixando o resto ao lado na mesa. - Você vai dormir por algumas horas, quando você acordar você pode ir para seu quarto.

E com isso ele a deixou.