- Hermione... foi muito, muito tempo.
- Eu sei, Char... eu sei, meu amor...
Ele sorriu ao vê-la subir sobre si. As pernas ao lado do seu corpo. As cores do por-do-sol iluminavam a pele nua e ele tinha certeza que teria aquela imagem gravada para sempre em sua memória.
***
Flashback
Ron continuava gritando exaustivamente pelo nome de Hermione. No andar de cima, ela sentia a dor percorrer seu corpo incontáveis vezes. Draco olhava para o vazio. A voz de Hermione causava-lhe arrepios. Nunca pensou que se sentiria dessa forma. Nas palavras... era tão fácil xinga-la, humilha-la. Seu pai já o havia castigado com aquela maldição. A dor de ambos era a mesma.
- Sujeitinha de sangue-ruim! Por que não fala a verdade?
- Estou falando! Estou falando a verdade!!!
Bellatrix Lestrange respirou com raiva.
- Cisa, chame Fenrir de volta – medo passou pelo rosto de Draco. Sua mãe vacilou antes de sair em busca do lobisomem.
- O que você vai fazer?
- Ou ela conta a verdade. Ou será entregue ao Lobo.
- Não... Não, por favor... Eu estou falando a verdade.
- Isso será divertido de assistir – disse Lucio sentando-se – Não acha, meu filho?
Draco não respondeu. Que loucura era aquela? Transformar alguém em lobisomem não parecia nada divertido. Ainda mais Fenrir... que era completamente insano.
- Draco... – ouviu a voz fraca e baixa de Hermione chamando – Por favor...
Ele ouviu seu pai rindo, mas ele estava tenso. Nervoso. Mal conseguira confirmar que era Potter... como poderia ver algo como aquilo e ficar impassível. Sua mãe chegou acompanhada de Greyback e falou:
- Bella, não precisamos disso. A moça está falando a verdade. Você já a torturou o suficiente.
Ignorando a irmã, Bellatrix dirigiu-se ao lobisomem.
- Quer mordê-la? – Draco viu os olhos de Fenrir brilharam de antecipação – Diga a verdade, sangue-ruim!
- Estou dizendo! A espada é falsa!
Greyback aproximou e respirou perto da pele de Hermione. Draco observava aquilo tudo enojado.
- Você deve ser saborosa, garota...
- Você pode provar – Bellatrix fez um corte na pele de Hermione e deu o pequeno punhal para que Greyback provasse o sangue.
- Bella... – Narcisa pediu novamente.
- É, talvez ela esteja falando a verdade, mas não vamos deixar nosso Lobo sem recompensa, não é? Rabicho, traga o duende.
Draco viu o medo nos olhos de Hermione. Viu também que Greyback mostrou seus dentes e, antes que pudesse tocar em Hermione, lançou um feitiço. Fenrir chocou-se contra a parede e desmaiou.
- Draco! – seu pai exclamou – O que você pensa que está fazendo?
Só que antes que pudesse responder, a sala foi invadida por Harry e Rony
Charles assistiu calado a lembrança de Hermione. Já havia se passado quase um mês desde a invasão de Greyback na Floresta Proibida. Hermione tinha decidido conversar com Draco e, por fim, perdoa-lo. Aquilo causou uma grande briga com o namorado.
- Eu sei que ele errou. Ele sabe também, senão não teria me contado.
- Só que é algo que você precisa fazer? Por ele ter te ajudado... ter te salvado.
- É algo que eu quero fazer – o ruivo olhou nervoso para a paisagem que se estendia a sua frente. Estavam na sacada da casa dele – Mas, eu entendo você. Venha comigo.
- Não posso ser amigo dele, Hermione.
- Não estou pedindo isso. Ele parte amanhã para o cruzeiro e ficará fora por meses. Apenas não quero que ele vá sem saber que eu o perdoei.
O ruivo assentiu calado. No fim daquela tarde, Hermione e Charles aproximaram-se da mansão Malfoy e foram recebidos por Monstro. Pouco tempo depois, Draco apareceu. A última vez que ambos se viram foi no Hospital. Draco estava abatido, a barba por fazer. A roupa amassada. Ele era sempre tão impecável.
- Hermione...
- Oi, Draco – ele sorriu e aproximou-se cauteloso. Soltando a mão de Charles, ela percorreu a distância que os separava e o abraçou – Nunca mais faça algo assim.
- Nunca vou cansar de pedir perdão – ele falou no ouvido dela. Lutando contra a vontade de beija-la, afastou-a de si – Weasley – ele falou e cumprimentou rapidamente o outro homem.
- Malfoy. Passamos aqui apenas para Hermione dizer que perdoa a merda que você aprontou. Eu não posso dizer o mesmo.
Draco deu de ombros.
- Minhas desculpas são para ela e não para você.
Hermione olhou para os dois e achou melhor ir embora.
***
Charles andava pelos terrenos observando seus primeiros dragões. Ele já havia contratado três tratadores, mas ainda havia muito que ser feito. Funcionários do Ministério ainda compareciam semanalmente para verificar a segurança do local.
Muito curiosos apareciam e Charles cobrava uma entrada simbólica. Hermione o ajudava sempre que podia, ajudando na seleção de candidatos, revisando relatórios e feitiços de proteção.
Meses depois, ela já havia se mudado definitivamente para a casa de Charles. Toda manhã ela encontrava o ruivo observando o horizonte de sua sacada. Era uma manhã fria e Hermione levantou-se enrolada na cobertas, caminhou até lá e o envolveu em um abraço.
- Você parece mais pensativo hoje – ela falou com a cabeça apoiada às costas dele.
Charles virou-se ficando de frente para ela. Os dois envolvidos pelo cobertor. Uma brisa leve e os primeiros raios de sol começavam a banhar a planície esverdeada.
- Case-se comigo.
Ela sorriu.
- Case-se comigo. Mês que vem. Nada extravagante. Minha família e alguns amigos. Case-se comigo, Hermione.
Não era uma pergunta. Ele não precisava de resposta. Sorrindo, ela o beijou-o.
***
Alguns anos depois
Usando toda sua força, Keith levantou o banco e levou até onde queria. Depois subiu com cuidado e apoiou-se na grade precisando ficar na ponta do pé para ver dentro do berço.
Charles observava tudo da porta, apoiado no batente, braços cruzados e um sorriso no rosto. Depois de um tempo aproximou-se do filho.
- O que veio fazer aqui? – perguntou baixinho para Keith.
- Ela não vai morar no hospital? – o pequeno perguntou imitando a voz baixa do pai. Charles riu.
- Claro que não! Por que acha que sua irmã iria morar no hospital?
- Ela dormiu lá.
- Quando você era um bebê você também dormiu no hospital. Todos bebês dormem – ele olhou desconfiado para o pai.
- Ela não tem dente. Ela vai ficar banguela? – Charles riu novamente.
- Todo bebê é banguela.
- Por que ela é minha irmã?
- Porque nós somos seus pais e pais dela também – ele voltou a observar o bebê no berço e Charles fez o mesmo. Nenhum dos dois notando que agora era Hermione quem os observava.
- Acho que você não é pai dela.
- E por que não?
- Ela não tem cabelo vermelho. Eu tenho cabelo vermelho e meus primos também tem cabelo vermelho.
- Sirius não tem cabelo vermelho. E sua irmã tem o cabelo que nem da sua mãe.
- Então a mamãe não é minha mamãe? Eu não tenho cabelo marrom.
Charles riu e beijou seu filho.
- Você tem os olhos da sua mãe. Às vezes acontece isso, os filhos têm olhos da mãe, cabelos do pai,...
O menino ficou pensativo olhando para o pai, para a irmã, para o pai e para irmã.
- E por que isso acontece?
Charles engasgou com a pergunta.
- Por quê? Ahn, bem... é que quando você é bem pequenino e está na barriga na mamãe, você vai crescendo... e bem... você é um pouco de cada. Mistura um pouco de cada.... É... um pouco do papai... um pouco da mamãe...
- Não entendi. Como eu vou parar na barriga da mamãe pra fazer essa mistura?
Hermione não conseguiu conter a risada e Charles olhou para ela. O rosto vermelho.
- Que tal continuarmos essa conversa lá embaixo para não acordamos a Amy? Tem bolo para você, meu pequeno.
Keith pulou do colo do pai e desceu correndo.
- Há quanto tempo você está aí?
- Alguns minutos... – ela riu e encostou um pouco a porta.
- Mione, como vamos explicar... Podemos fugir da pergunta, que tal? – ela o olhou e Charles começou a descer os degraus lentamente. Era impossível deixar de responder uma pergunta a Keith.
- Vamos responder, oras. Não tem nada de mais.
- Nada de mais?
- tenho certeza que será muito mais difícil para você quando for a vez de Amy – ela riu da expressão que ele fez.
- Decidido. Amy terá aulas em casa. Só sairá depois dos 17 anos – hermione o olhou com a expressão brava.
- Machista – Charles a puxou e desceu alguns degraus para ficarem da mesma altura.
- Estou brincando, Hermione... – ele a beijou.
- Ahh papai para com isso, credo! Vocês não iam responder como faz a mistura de bebê na barriga da mamãe?
Eles sorriram e sentaram-se com o filho. A lareira iluminando a sala.
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Bom, fic chegando ao final. Epílogo curtinho!!! Eu sei... Para quem gostou dessa, estou ideia para uma outra deles, mas será mais tensa....
Adorei escrever e muito obrigada pelos comentários e apoio! Difícil escrever uma fic com um shipper que saia um pouco do esperado!
Beijosss