Frio...
Frio. Um frio percorria sua espinha, agarrava-se à sua garganta, parecia que haviam enchido seu corpo de gelo. Aquela sensação horrível de perda o invadia e arrancava-lhe o que havia no seu peito. Por um momento visualizou-se abraçando-a, prendendo-a contra si, trancando-a dentro dele. Mantendo-a sua, intacta. E então ele aparataria ainda abraçado à ela, e iria para o fim do mundo. Ali ele contaria todos os segredos que guardava, e diria à ela, o quanto ela era importante, essencial, necessária. Ele choraria e pediria perdão. E ela sorriria lindamente e o beijaria. Por que, afinal, lá no fundo, ele sabia que ela sentia o mesmo. E o frio se espalhava, já não sentia a ponta dos dedos.
– Está me ouvindo, Severus? – ela falou novamente. Ele apenas a fitou impedindo que seus dentes batessem. – Eu estou apaixonada pelo James, e eu...eu acho que não devemos mais nos ver. Não concordo com as coisas que você faz. – repetiu.
Ele a fitou por um enorme segundo, gravando o rosto dela dentro de si. E então virou as costas.
– Sev... – ouviu-a chamar baixinho, mas ele já tinha passado pela porta. Dentro dele não havia mais nada. Só frio.