O que ela estava fazendo? Em um pânico súbito, Gina olhou-se no longo espelho. Como as coisas poderiam estar acontecendo tão rapidamente e saído tanto de seu controle? Um ano atrás... não, seis meses atrás... não sabia da existência de Harry Potter. Em aproximadamente uma hora, se casaria com ele. Comprometida. Para uma vida inteira. Para sempre.
De algum lugar no fundo de seu cérebro veio um chamado ao pânico, dizendo-lhe para fugir, e fugir rapidamente. Gina não percebeu que movera até que um susto a fez voltar para o lugar.
— Fique imóvel, Srta. Weasley — ordenou Winky com firmeza. — Há duas dúzias desses botões minúsculos. — Ela usou um tom de reclamação, embora, pessoalmente, achasse que a escolha de Gina do vestido de seda cor de marfim, com seu corpete justo e saia rodada, fora inspirada. Um bom vestido tradicional de casamento, decidiu, não um daqueles conjuntos excêntricos de calça e blusa, minissaia vermelha ou coisa assim. Winky continuou fechando a fileira de minúsculos botões de pérola nas costas. — Fique imóvel agora — ordenou mais uma vez, quando Gina se mexeu.
— Winky — murmurou Gina com fraqueza —, realmente acho que vou ficar enjoada.
A governanta olhou para o reflexo de Gina. O rosto estava pálido, os olhos enormes, mais escuros pelo leve toque de sombra cinza-azulada.
— Isso é puro nervosismo.
— Nervosismo — repetiu Gina, arqueando as sobrancelhas. — Eu nunca fico nervosa. Isso é ridículo.
A mulher inglesa sorriu por um momento enquanto Gina endireitava os ombros.
— Nervosismo, ansiedade, tensão... todas as mulheres sentem isso no dia de seu casamento.
— Bem, eu não — declarou ela quando o frio na barriga voltou.
Winky apenas fungou enquanto acabava de abotoar.
— Pronto, este é o último.
— Graças a Deus — murmurou Gina, dirigindo-se para uma cadeira antes que Winky a alcançasse.
— Não, você não vai sentar. Não vai amassar esta saia.
— Winky, pelo amor de Deus...
— Uma mulher precisa sofrer de vez em quando. Em resposta, Gina praguejou de maneira nada feminina. Arqueando uma sobrancelha, Winky pegou a escova de cabelos da cômoda.
— Um belo jeito de uma noiva tímida falar.
— Não sou uma noiva tímida. — Gina se afastou antes que Winky pudesse penteá-la. — Tenho 28 anos — continuou, andando de um lado para o outro. — Devo estar louca, devo estar completamente louca. Nenhuma mulher sã aceita se casar com um homem numa lanchonete de fast-food.
— Você vai se casar no jardim da Sra. Granger — corrigiu Winky. — E está um dia lindo para isso.
O tom prático motivou Gina a fazer uma careta.
— E eu nunca deveria tê-la deixado me convencer disso, também.
— Hah! — A exclamação fez Gina arquear as sobrancelhas. Winky gesticulou com a escova de modo ameaçador. — Hah! — repetiu, efetivamente fechando a boca de Gina. — Ninguém a convence de nada. Você é uma mulher difícil, teimosa e obcecada, e está tremendo na base porque há um homem difícil, teimoso e obcecado lá embaixo que vai competir com você.
— Certamente não estou tremendo na base — corrigiu Gina, insultada. Winky viu o leve rubor corar o rosto pálido.
— Está morrendo de medo. Gina colocou as mãos nos quadris.
— Obviamente não tenho medo de Harry Potter.
— Hah! — repetiu Winky enquanto puxava um banquinho. Subindo nele, começou a escovar os cabelos de Gina. — Você provavelmente vai gaguejar e tremer no momento em que fizer os votos, exatamente como uma garotinha tola que não sabe direito o que quer.
— Jamais gaguejei na vida. — Enunciando cada palavra com precisão, Gina olhou para o reflexo das duas no espelho. — E nada me faz tremer.
— Veremos, certo? — Satisfeita consigo mesma, Winky fez um belo penteado nos cabelos de Gina. Para prendê-los no topo da cabeça, usou uma coroa de hibiscos brancos e cor-de-rosa. Argumentara que lírios-do-vale ou botões de rosas seriam mais adequados, mas secretamente achou que as flores exóticas estavam deslumbrantes.
— Agora... Onde estão aquelas pérolas adoráveis que a Sra. Granger lhe deu?
— Ali. — Ainda irritada, Gina apontou para a pequena caixa de jóias que continha o presente de Hermione.
Eles deveriam ter fugido e se casado escondidos, como Harry sugerira, pensou. O que a fizera acreditar que queria toda aquela confusão que um casamento envolvia? O que a fizera pensar que queria se casar, em primeiro lugar? Quando seus nervos começaram a se exaltar novamente, percebeu o olhar irônico de Winky e levantou o queixo.
— Bem, coloque — ordenou a governanta, segurando as pérolas rosadas na mão. — Foi muito inteligente do Sr. Potter lhe mandar flores para combinar com elas.
— Se você gosta tanto dele assim, por que não se casa com Harry? — murmurou Gina, prendendo os brincos com dedos que se recusavam a parar de tremer.
— Suponho que você já vá fazer isso — disse Winky alegremente, engolindo um nó de emoção na garganta. — Mesmo sem um véu e grinalda apropriados. — Queria muito dar um beijo no rosto de Gina, mas sabia que isso enfraqueceria a ambas. — Vamos então — disse em vez disso. — Está na hora.
Eu ainda poderia desistir, pensou Gina enquanto Winky a conduzia pelo corredor. Ainda há tempo. Ninguém pode me obrigar a passar por isso. Não há absolutamente nada que possa me fazer sair para aquele jardim. Qual era a frase?, perguntou-se. Casar com pressa, arrepender-se depois? Aquilo certamente estava sendo feito com pressa.
Fazia somente quatro dias desde que Harry a pedira em casamento. Quatro dias. Talvez o pior erro tivesse sido contar a Hermione. Deus, ela nunca vira alguém se mover tão rapidamente uma vez que uma decisão fora tomada. Gina concluiu que devia ter ficado em estado de choque para deixar Hermione envolvê-la em planos e arranjos. Uma cerimônia íntima no jardim da casa dela, uma recepção com champanhe. Fugir para se casarem escondidos? Hermione havia descartado a idéia com um aceno de mão. Isso era coisa para adolescentes tolos. E um vestido de noiva não seria adorável? Gina se descobrira presa na armadilha. E agora ali estava.
Mas não, corrigiu a si mesma enquanto ela e Winky chegavam à base da escada. Tudo que tinha de fazer era se virar e ir para a porta. Poderia entrar em seu carro e partir. Mas este seria o modo covarde. Endireitando os ombros, Gina rejeitou a idéia. Não fugiria, apenas sairia e explicaria muito calmamente que mudara de idéia. Sim, isso bastaria. Sinto muito, praticou mentalmente, mas decidi não me casar, afinal de contas. Estaria muito calma e muito firme.
— Oh, Gina, você está maravilhosa. — E lá estava Hermione, vestida de seda azul, com lágrimas nos olhos.
— Hermione, eu...
— Absolutamente maravilhosa. Eu gostaria que você tivesse permitido a marcha nupcial.
— Não, eu...
— Não importa, contanto que você esteja feliz. — Hermione deu-lhe um beijo carinhoso no rosto. — Isso não é tolice? Sinto-me exatamente como uma mãe. Imagine ter os primeiros sentimentos maternais na minha idade.
— Oh, Hermione.
— Não, não, eu não vou ficar sentimental e arruinar a minha maquiagem. — Fungando, ela se afastou. — Não é todo dia que sou madrinha de um casamento.
— Hermione, eu quero...
— Eles estão esperando, sra. Granger.
— Sim, sim, é claro. — Apertando a mão de Gina por um instante, ela saiu para o jardim.
— Agora você, srta. Weasley. — Gina permaneceu parada onde estava, perguntando-se se o modo covarde não surtiria mais efeito. Winky colocou uma mão firme nas suas costas e a empurrou. Gina se viu no jardim, olhando para Harry.
Ele lhe pegou a mão e levou-a aos lábios. Ela notou os olhos de Harry, sorridentes, seguros. Estava vestido num terno cinza perolado, mais formal do que Gina jamais o vira. Mas os olhos continham a mesma intensidade de quando ele esperava por um arremesso. Ela se viu andando com Harry para o meio do jardim, que era cercado de flores e de árvores ornamentais que Hermione adorava.
Ainda estava em tempo, pensou quando o padre começou a falar numa voz calma e clara. Mas não conseguia abrir a boca para impedir o que já estava acontecendo.
Ela se lembraria dos aromas para sempre. Jasmim e baunilha, e a leve fragrância de botões de rosa. Porém, não viu as flores, porque seus olhos estavam presos aos de Harry. Ele estava repetindo as palavras que o padre dizia, as palavras tradicionais faladas incontáveis vezes por incontáveis casais. Mas Gina as ouviu como se fossem pronunciadas pela primeira vez.
Amor, honra, esperança.
Ela sentiu o anel deslizar em seu dedo. Sentiu. Porém, mais uma vez, não pôde ver, porque não era capaz de tirar os olhos de Harry. Dos galhos de uma cerejeira, um pássaro começou a cantar.
Gina ouviu sua própria voz, forte e segura, repetir as mesmas promessas. E sua mão, sem o menor tremor, colocou o símbolo da promessa no dedo de Harry.
Um voto, uma promessa, uma dádiva. Então os lábios deles se moveram ao mesmo tempo, selando o pacto.
— Eu ia fugir, ela recordou.
— Eu teria pego você — murmurou Harry contra seus lábios.
Atônita e irritada, Gina recuou. Ele estava sorrindo, as mãos ainda em seus cabelos. Para a confusão das pessoas presentes no jardim tranqüilo e fragrante, ela praguejou, então jogou os braços ao redor do pescoço dele e riu.
— Ei! — Snyder deu um empurrão firme em Harry. — Dê uma chance a mais alguém.
A idéia de Hermione de uma cerimônia íntima foi o epítome de um eufemismo de produtora. Embora Gina não tivesse se dado ao trabalho de contar, sabia que havia mais de cem "convidados absolutamente essenciais". Descobriu que não se importava. O brilho era seu presente para Hermione. Havia uma fonte borbulhante de champanhe, um bolo branco e cor-de-rosa de cinco andares, e travessas de prata com comida nas quais, pela primeira vez, Gina não tinha o menor interesse. O que acabou sendo bom, uma vez que passou pelos braços de muitas pessoas, sendo beijada, abraçada e congratulada, até que tudo se tornasse uma nuvem de cores e som.
Conheceu a mãe de Harry, uma mulher pequena e elegante que lhe beijou o rosto antes de desatar a chorar. O pai dele a abraçou apertado e murmurou que agora que Harry estava casado, pararia com aquela bobagem e trabalharia na empresa da família. Gina se descobriu herdando uma família inteira, uma família grande, confusa, que não se encaixava exatamente nas fantasias de sua juventude. E, durante tudo isso, via Harry apenas de relance, enquanto ela passava de primo em primo para ser avaliado, analisado e discutido como uma nova aquisição fascinante.
— Dêem um pouco de sossego para a garota. — Uma mulher robusta de cabelos grisalhos afastou os outros de lado com um aceno imperioso da mão. — Estes Potter são um bando de tolos. — Ela suspirou, então estudou Gina com um longo olhar. — Sou sua tia Tonks — apresentou-se e estendeu uma das mãos.
Gina aceitou o aperto de mão, sabendo instintivamente que o gesto era, de alguma maneira, mais sincero e mais íntimo que todos os beijos que recebera. Então, com percepção repentina, ela soube.
— O pingente de ouro. Tonks sorriu, satisfeita.
— Ele lhe contou, não é? Bem, Harry é um bom menino... mais ou menos. — Uma sobrancelha reta e sensata se arqueou. — E não vai intimidar você, vai?
Com um sorriso, Gina meneou a cabeça.
— Não, senhora, ele não vai.
Tonks assentiu, dando um breve tapinha na mão de Gina.
— Ótimo. Estarei esperando uma visita em seis meses. Tempo necessário para que um casal resolva as primeiras dificuldades. Agora, se eu fosse você, pegaria o meu marido e fugiria desta multidão. — Com o conselho, ela partiu. Gina teve sua primeira sensação de um parentesco sincero.
Mesmo assim, pareceu levar horas antes que pudessem escapar. Gina havia pretendido subir novamente e trocar de roupa, mas Harry encontrara a oportunidade certa, puxado-a para fora da casa, colocado-a em seu carro e partido. Agora, parava o carro na garagem da casa dela e suspirava.
— Conseguimos.
— Foi rude — murmurou Gina.
— Sim.
— E muito esperto. — Inclinando-se, ela o beijou. — Especialmente a parte de roubar uma garrafa de champanhe no caminho.
— Mãos rápidas — explicou ele, saindo do carro. Gina riu, mas sentiu uma onda de nervosismo enquanto andavam até a porta. A mão de Harry estava cobrindo a sua. Ela podia sentir a pressão pouco familiar de seu anel de casamento contra a pele.
— Um problema — começou, afastando o sentimento. — Você me tirou de lá sem a minha bolsa. — Ela olhou para a porta, então de volta para Harry. — Sem chaves.
Harry enfiou a mão no bolso e tirou sua própria chave. Gina franziu o cenho de leve ao lembrar que agora ele possuía uma chave. Uma chave para sua vida. Apesar de ter percebido a reação dela, Harry não disse nada. Apenas usou a chave e abriu a porta silenciosamente. Pegou-a nos braços e, com a risada de Gina, a sutil desarmonia foi esquecida.
— Eu não sabia que você era tão tradicionalista — murmurou ela. — Mas... — Parou de falar ao ouvir o som de um latido alto e agudo. Perplexa, olhou para baixo e viu um pequeno cachorro marrom com um focinho preto correndo em volta dos pés de Harry, fazendo mergulhos ocasionais nos tornozelos dele. — O que é isso? — conseguiu perguntar.
— Seu presente de casamento. — Com a ponta do pé, ele acariciou o cachorrinho, fazendo-o rolar de costas. — Feio e doméstico o bastante?
Gina olhou para o rosto enrugado do vira-lata.
— Oh, Harry — sussurrou, perto das lágrimas. — Seu tolo.
— EJ. deve ter deixado o cão aqui aproximadamente uma hora atrás, se ele não se atrasou. O sujeito na loja de animais pensou que eu fosse louco quando falei que queria um cachorro feio e doméstico.
— Oh, eu amo você! — Gina lhe apertou o pescoço com força, então saiu dos braços dele. Em seu vestido de casamento, ajoelhou-se no chão para brincar com o cachorrinho.
Ela parecia jovem, pensou Harry, muito jovem quando enterrou o rosto nos pêlos do pequeno cão. Por que ele expunha as vulnerabilidades de Gina constantemente, e depois não sabia ao certo como lidar com isso? Havia tanta doçura nela... Entretanto, de alguma forma ele se sentia mais confortável quando ela era dura e irônica. Era a mistura, pensou quando se ajoelhou ao seu lado. Era à mistura fascinante que Harry não conseguia resistir.
— Nosso primeiro filho. — Gina riu quando o cachorro dormiu exausto no tapete.
— Ele tem o seu nariz.
— E os seus pés — retorquiu ela. — Ele vai ser enorme, pelo tamanho das patas.
— Talvez você consiga um papel para ele em algumas propagandas de ração — comentou ele enquanto a ajudava a levantar.
Gentilmente, Harry lhe beijou a face, e seguiu com os lábios pelo queixo e para o outro lado. Sentiu o súbito entrecortar da respiração de Gina em sua pele.
— O champanhe está esquentando — murmurou ele.
— Não estou com sede.
Ele a estava conduzindo lentamente em direção à escada, ainda plantando aqueles beijos suaves como plumas em seu rosto durante o caminho, deixando-lhe os lábios quentes que procuravam os de Harry sutilmente atormentados. Subiam a escada, sem pressa, enquanto Harry começava a desabotoar aquela longa fileira de botões minúsculos.
— Quantos são? — murmurou ele entre beijos.
— Dúzias — respondeu ela, afrouxando-lhe a gravata quando chegaram à metade do caminho.
Os dedos dele eram ágeis. Antes que chegassem à porta do quarto, Harry já tinha o vestido frouxo até a cintura. Gina lhe removeu o paletó e, usando os dentes para lhe mordiscar o pescoço, puxou-lhe a camisa para fora da calça.
— Você vai me beijar em algum momento? — exigiu ela sem fôlego.
— Claro. — Mas ele apenas a enlouqueceu, deslizando os lábios sobre os ombros delgados enquanto afastava a seda. Então, tirou-lhe o vestido, deslizando as mãos sensualmente sobre o corpo esbelto, até que um amontoado de seda estivesse aos pés de Gina. Brincou com a lingerie de renda que ela usava, pequena e sexy, perfeita para atormentar um homem. E apesar da lingerie atormentá-lo, Harry lutou para se manter no controle. Sempre lutava antes de se descobrir perdido nela.
Os dedos de Gina percorreram suas costelas nuas para roçar sobre o estômago antes de encontrar o fecho da calça dele. Ela ouviu a respiração de Harry acelerar antes que as mãos másculas se tornassem mais exigentes. Precisando, desejando, Gina o puxou consigo para a cama.
Por que deveria haver tanto desespero agora que estavam tão seguramente ligados um ao outro? Embora nenhum dos dois entendesse isso, ambos sentiam. A urgência de tocar, de saborear. De possuir. A gentileza foi abandonada enquanto uma paixão sedenta e primitiva tomava seu lugar. Os beijos provocantes foram substituídos por beijos ardentes e apaixonados. As mãos de Gina procuravam, tão habilmente quanto as dele, por pontos fracos. Cada gemido criava uma nova onda de excitação, cada suspiro aumentava o desejo atordoante, até que nenhum dos dois soubesse se os sons eram de prazer ou de desespero. E ambos se recusavam a sucumbir ao fogo.
Harry encontrou os seios rígidos e firmes. Gananciosamente, os saboreou, causando uma poderosa onda de deleite em Gina. Enquanto gemia em rendição, as mãos dela o puxavam para mais perto, o corpo se movimentando sinuosamente sob o dele, até que Harry se viu perdido em Gina.
Pele queimava contra pele. O ritmo acelerou. Cada vez mais e mais rápido, até que estavam ofegantes e agarrados, mas ainda não prontos para se render. Gina deslizou as mãos pelas costas largas úmidas, sobre os músculos poderosos que acentuavam a incrível força de Harry. Todavia, a força física não significava nada na inescapável areia movediça da paixão. Ambos estavam presos, igualmente incapazes de se libertar.Com uma força súbita, ela mudou de posição, de modo que ficassem abraçados, lado a lado. Gina reinvindicou-lhe a boca, com tanta sede e tanto ardor quanto era capaz, tomando de forma tão enlouquecida quanto estava sendo tomada. Seus cabelos caíam entre os dois, formando uma cortina em seus rostos, de modo que Harry não podia respirar sem respirá-la. Se fosse capaz de algum raciocínio, poderia ter se imaginado absorvido por Gina. Mas não havia um pensamento sequer na mente de nenhum dos dois, e o desejo crescera demais para ser refreado.
Ela se mexeu de bom grado quando Harry a moveu, beijando-a profundamente enquanto a penetrava quase com violência. Então houve somente fúria, velocidade e calor, conduzindo-os para longe de tudo, exceto um do outro.
— Acha certo eu precisar de você cada vez mais? pensou Gina em voz alta.
— Hmm... — Harry não queria se mover ou sair do conforto do corpo dela sob o seu. — Só não pare de precisar de mim.
Era fim de tarde. A luz que entrava pela janela era suave... Logo seria noite. A noite do casamento deles. Entretanto, Gina ainda se sentia somente uma namorada. Como seria se sentir esposa? Erguendo a mão, olhou para o anel em seu dedo. Era incrustado com diamantes e safiras que brilhavam suavemente no crepúsculo.
— Não quero que seja diferente amanhã — pensou em voz alta novamente. — Não quero que nada mude.
Harry levantou a cabeça.
— Tudo muda. Você vai ficar furiosa se eu usar toda a água quente no meu banho. Eu ficarei furioso se você beber a última xícara de café.
Gina riu.
— Você tem um jeito de simplificar as coisas!
— Essas são as coisas básicas de um relacionamento, Sra. Potter — declarou ele e a beijou.
Os olhos que tinham começado a se fechar para o beijo se abriram.
— Potter — repetiu ela. — Eu tinha me esquecido dessa parte. — Considerou por um minuto. — Isso me faz pensar em sua mãe... embora, é claro, ela seja muito gentil.
Harry deu uma risada abafada.
— Não se preocupe. Só se lembre de que ela mora a quinhentos quilômetros de distância.
Gina rolou para ficar deitada em cima dele.
— Você tem uma família amável.
— Sim, e não queremos nos misturar com eles mais do que o necessário.
— Bem... — Gina deitou a cabeça no peito largo. — Não. Pelo menos não tão cedo — acrescentou, pensando na tia dele. Relaxou mais uma vez quando Harry começou a lhe acariciar preguiçosamente os cabelos. — Harry?
— Hmm?
— Estou feliz por decidirmos vir para cá, em vez de viajar.
— Iremos para Maui por duas semanas perto do Natal. Quero que conheça minha casa lá.
Gina pensou em seus compromissos se decidisse aceitar a oferta de Hermione e dirigir o filme para a tevê a cabo. De um jeito ou de outro, conseguiria duas semanas de folga.
— Eu amo você.
A mão dele parou por um momento antes de a pressionar mais junto a seu corpo. Aquelas eram três palavras que Gina não dizia com freqüência.
— Eu lhe disse o quanto você estava linda no momento em que Winky a empurrou para o jardim?
Gina ergueu a cabeça.
— Você viu isso?
Sorrindo, Harry lhe percorreu a orelha com a ponta do dedo.
— Engraçado, não imaginei que você fosse ficar tão apavorada quanto eu.
Ela o olhou por um momento, e um sorriso curvou seus lábios.
— Você ficou realmente apavorado?
— Meia hora antes do casamento, fiz uma lista das razões pelas quais deveríamos cancelá-lo.
Gina arqueou uma sobrancelha.
— Havia muitas?
— Perdi a conta — disse ele, ignorando o estreitar dos olhos de Gina. — Só consegui pensar em um bom motivo para seguir com aquilo.
— Oh, verdade? — Ela ergueu o queixo quando inclinou a cabeça. — E qual foi?
— Eu amo você.
Gina encostou a testa na dele.
— Só isso?
— Foi a única razão que me ocorreu. — Ele deslizou uma das mãos até o quadril dela. — Embora eu esteja pensando em mais uma ou duas agora...
— Hmm. Como o fato de estarmos casados poder ser vantajoso para a campanha publicitária? — Ela começou a roçar o nariz atrás da orelha dele.
— Oh, claro. Essa está no topo de minha lista. — Harry gemeu quando o primeiro tremor o percorreu. — Seguido de perto pelo fato de ter alguém para arrumar minhas meias.
— Pode esquecer esse — murmurou Gina, movendo-se para um dos ombros dele. — Mas há sempre o fato de ter acesso privilegiado à diretora quando fizer aquele papel na tevê a cabo.
— Ainda não decidi se vou fazer. — As pernas de ambos se entrelaçaram quando alteraram as posições. — Você já?
— Ainda não. — Os pensamentos dela começaram a vagar quando Harry lhe segurou um dos seios. — Mas você deveria fazer.
— Por quê?
Preguiçosamente, Gina abriu os olhos para fitá-lo.
— Eu não deveria lhe contar.
Intrigado, ele se apoiou sobre o cotovelo e brincou com os cabelos dela.
— Por que não?
Gina suspirou e deu de ombros.
— A última coisa de que você precisa é alguém alimentando seu ego.
— Vá em frente. — Ele lhe beijou o nariz. — Posso lidar com isso.
— Ora, Harry. Você é bom.
Ele parou no ato de enrolar uma mecha dos cabelos dela em seu dedo e a fitou.
— O que você disse?
Gina movimentou-se novamente.
— Bem, não quero dizer que você sabe representar — murmurou ela. — Não comece a se iludir.
Harry sorriu, apreciando quando ela arqueou a sobrancelha numa expressão irônica.
— Ah... Isso faz mais o seu estilo.
— Você fica bem na câmera — continuou Gina. — Faz idéia de quantos astros têm dificuldade de ficar à vontade diante da câmera? — Harry gemeu, mais interessado na curva do ombro dela. — Você sabe representar a si mesmo. De forma natural, Harry — persistiu, afastando-o por um momento. — E se aceitar alguns papéis que combinam com você, pelo menos por um tempo... bem, quando estiver pronto para se aposentar do beisebol, poderia seguir carreira no cinema.
Ele começou a rir, mas parou ao ver a expressão nos olhos de Gina.
— Você não está brincando.
Ela o olhou fixamente, e então suspirou.
— Vou detestar a mim mesma quando precisar dirigi-lo em algumas semanas, mas você é muito, muito bom, e deveria pensar sobre isso. E se ficar com complexo de astro quando eu lhe disser para fazer algo diante da câmera uma dúzia de vezes, eu vou...
— Vai o quê? — desafiou Harry.
— Fazer alguma coisa — replicou Gina de forma ameaçadora. — Alguma coisa desprezível.
Ele lhe deu um sorriso travesso.
— Promete?
Uma vez que Gina não pôde conter a risada, forçou-o a rolar o corpo, de modo que estivesse deitado ao seu lado de novo.
— Sim. E agora vou fazer amor com você até os seus ossos derreterem.
— Isso está no meu contrato? — ele quis saber.
— É melhor acreditar nisso.
n/a: penúltimo capítulo, comentem!!!