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10. Capítulo Dez


Fic: Regras do Jogo


Fonte: 10 12 14 16 18 20
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Vestiários tinham seu cheiro próprio. Suor, talco, unguento, o aroma levemente químico de água trata­da de piscina, e a fragrância dominante de café. A mis­tura de odores era tão presente em sua vida que Harry sequer notava ao vestir sua camisa de aquecimento. O que notava era a tensão. Isso era inescapável. Mesmo a determinação de Snyder para pregar peças nos outros não era capaz de aliviar o nervosismo no vestiário na­quela tarde. Quando um time passava meses junto... trabalhando, suando, vencendo e perdendo... rumo a um objetivo comum, nada seria capaz de acalmar seus nervos para enfrentar o sétimo jogo da World Series.


Se eles estivessem no embalo, o clima seria diferen­te. Todos os pequenos desconfortos típicos do fim de uma temporada mal seriam notados: as pernas cansa­das, as pequenas dores no corpo. Mas os Wizards haviam perdido os dois últimos jogos para os Herons. Um atleta profissional sabe que a habilidade não é o único fator determinante em uma vitória. Estar no embalo, ter sorte, aproveitar as oportunidades, tudo conta.


Mesmo se os Wizards pudessem ter alegado estar em uma má fase, poderia ter havido um pouco mais de animação no vestiário. O fato era que os Herons joga­ram melhor. O número de rebatidas entre os oponentes era quase o mesmo... mas os Herons haviam mar­cado pontos, enquanto os Wizards desperdiçaram muitas corridas. Agora chegava a última chance para ambos os times. Então, quando acabasse, voltariam todos a suas vidas fora do calendário da MLB.


Harry olhou para Snyder, que estaria em seu barco fretado na Flórida na semana seguinte. Pescando e contando mentiras, ele dizia. Kinjinsky jogaria no in­verno, em Porto Rico. Maizor, o primeiro arremessador, se prepararia para ser pai pela primeira vez quan­do sua esposa desse à luz em novembro. Alguns iriam para o circuito de festas e entrevistas... dependendo do resultado daquele último jogo. Outros pegariam em­pregos tranqüilos até que fevereiro chegasse, e, com ele, os treinos da primavera.


E Harry Potter faria propagandas, refletiu ele com uma pequena careta. Mas a idéia não lhe parecia mais tão tola quanto alguns meses atrás. Sentia certo prazer em atuar diante da câmera, embora Gina não cha­masse aquilo de prazer. Mas ele não estava muito satis­feito com a idéia de outdoors que Rony inventara.


Sorriu um pouco enquanto vestia as chuteiras. Um hype em torno de Harry Potter, dissera Gina, alegan­do que aquilo era apenas parte do jogo. Ela estava cer­ta, é claro, como geralmente estava sobre essas coisas. Mas Harry não achava que algum dia ficaria completa­mente confortável com o jeito como Gina era capaz de estudá-lo com aqueles olhos calmos e descrevê-lo com uma pequena quantidade de palavras bem esco­lhidas. Qualquer homem não ficaria desconcertado por ter se apaixonado por uma mulher que podia facil­mente interpretar cada expressão, cada movimento ou cada palavra dita sem pensar? Admita, Potter, disse a si mesmo, você poderia ter escolhido uma mulher mais fácil. Poderia, refletiu, mas não o fez. E, uma vez que Gina Weasley era quem e o que ele queria, ela valia o esforço que era necessário para conquistá-la e conti­nuar com ela. Harry não era tão prepotente a ponto de acreditar que já tivera uma vitória definitiva.


Sim, Gina o amava, mas a confiança dela era algo muito tênue. Parecia esperar que ele fizesse um movimento, para apenas em seguida fazer o seu. E as­sim o jogo continuava. Era justo, decidiu. Ambos fo­ram programados para competir. Ele não queria do­miná-la... queria? Franzindo o cenho, Harry puxou um boné de seu armário e examinou-o cuidadosamente. Se tivesse de responder com honestidade, diria que não tinha certeza. Gina ainda o desafiava, como fi­zera desde o primeiro momento. Agora, juntamente à sensação de desafio, havia tantas emoções que era difí­cil identificá-las.


Ele ficara zangado quando Gina não mudara sua agenda de trabalho para voar para o leste durante os jogos no estádio dos Herons. E, quando se sentira zan­gado, ela havia se tornado fria. Seu trabalho, lhe dissera, não podia ser colocado de lado para satisfazer as neces­sidades dele, e nem mesmo as dela, não mais do que o de Harry podia. Apesar de entender, ele não gostara da­quilo. Simplesmente a queria lá, precisando saber que ela estaria na platéia, de modo que pudesse olhar para cima e vê-la. Quisera saber que Gina estaria lá quan­do o longo jogo terminasse. Puro egoísmo, admitiu. Ambos possuíam uma boa dose de egoísmo.


Com um sorriso amargo, deslizou uma das mãos pelo taco. Ela lhe avisara que não seria fácil. Gina conquistara a própria independência muito antes de ele entrar em sua vida. As circunstâncias a haviam transformado na pessoa que era, embora ela ainda não tivesse esclarecido completamente que circunstâncias foram essas. Todavia, tinha sido por aquela pessoa, a mulher forte, vulnerável, prática e que gostava de pri­vacidade, que Harry se apaixonara. Entretanto, às vezes mal conseguia conter a vontade de sacudi-la e dizer-lhe que fariam as coisas do seu jeito.


Harry supunha que o que exemplificava a situação deles naquele ponto era o arranjo de moradia. Ele ti­nha praticamente se mudado para a casa dela, embora nenhum dos dois tivesse discutido o assunto. Mas Harry sabia que Gina considerava a casa somente sua. Conseqüentemente, estava morando com ela, mas não estavam morando juntos. Ele não sabia ao certo se sua paciência duraria o tempo necessário para transpor aquela última barreira... sem deixar um enorme bura­co ao passar.


Praguejando baixinho, pegou uma luva de rebatedor no armário, guardando-a em seu bolso traseiro. Se tivesse de usar um pouco de dinamite, usaria, decidiu.


—   Ei, Potter! Aquecimento no campo interno.


—   Certo. — Ele pegou sua luva e calçou-a. Lida­ria com Gina, disse a si mesmo. Mas antes, havia um campeonato a vencer.


Alternadamente praguejando e tamborilando os de­dos no volante, Gina atravessou o estacionamento à procura de uma vaga.


—     Eu sabia que deveríamos ter saído mais cedo — murmurou ela. — Teremos sorte se encontrarmos uma vaga a um quilômetro do estádio.


Recostando-se sobre o assento, E.J. interrompeu a música que cantarolava para comentar:


—    Ainda faltam 15 minutos para o início do jogo.


—    Quando alguém lhe consegue um ingresso grá­tis — disse Gina de modo preciso —, o mínimo que você pode fazer é estar pronto quando vão apanhá-lo. Uma vaga ali! — Ela acelerou e deslizou entre dois carros com centímetros de folga. Pisando no freio, olhou para seu companheiro. — Pode abrir os olhos agora, E.J. — disse secamente.


Cautelosa, ainda que imediatamente, foi o que ele fez.


—  Certo. — E.J. olhou para o carro ao seu lado.


—     Agora, como saímos?


—    Abra a porta e encolha a barriga — aconselhou ela, torcendo-se para conseguir sair de seu próprio lado. — E corra, certo? Não quero perder a entrada deles no campo.


—    Notei que seu interesse em beisebol cresceu durante o verão, chefe. — Agradecendo por sua ma­greza, E.J. se espremeu para sair do Datsun.


—    É um jogo interessante.


—    Sério? — Juntando-se a Gina, ele sorriu.


—    Cuidado, E.J., ainda estou com seu ingresso. Pos­so negociá-lo vinte vezes antes de chegarmos à porta.


—    Ora, Gina, pode contar ao seu amigo o que já está nos jornais.


Gina fez uma careta, enfiando as mãos nos bol­sos. Houvera fotos de Harry com ela, notinhas pertur­badoras e insinuações em cada jornal que lia por mais de uma semana. Em Los Angeles, as fofocas se espa­lhavam rapidamente, e um magnífico jogador de beisebol e sua atraente diretora eram definitivamente alimento para fofoca.


—    Consegui até mesmo algumas informações pri­vilegiadas — continuou E.J., alegremente ignorando a expressão raivosa nos olhos de Gina. — Os boatos dizem que talvez Harry assuma... hã... o show business seriamente — disse, dando-lhe um outro sorriso.


—    Hermione tem um papel para ele, se Harry quiser — replicou Gina, esquivando-se do significado ób­vio daquilo. — É um papel pequeno, mas bom. Eu não quis ir fundo nisso com Harry até depois do cam­peonato. Ele já tem muita coisa na cabeça.


—    Sim, eu diria que Harry tem tido algumas coi­sas na cabeça já faz um tempo.


—    E.J. — disse ela em tom de censura quando lhe passou o ingresso.


—    Sabe — continuou ele, enquanto lutavam para passar entre a multidão —, sempre me perguntei quan­do apareceria alguém capaz de abalar um pouco essa sua frieza externa.


—    Sério?! — Ela não queria parecer estar se diver­tindo, e pôs os óculos escuros para esconder o humor em seus olhos. — E, aparentemente, você pensa que alguém conseguiu, certo?


—    Querida, é impossível alguém se aproximar de vocês dois sem sentir a paixão. Tenho pensado... — E.J. mexeu na frente da camisa, como se estivesse en­direitando uma gravata. — Como seu melhor amigo e colega de trabalho, talvez eu deva perguntar as inten­ções do Sr. Potter.


—  Experimente, E.J., e eu quebro todas as suas lentes. — Dividida entre divertimento e irritação, Gina se acomodou em sua cadeira. — Sente-se e me compre um cachorro-quente.


Ele sinalizou para o vendedor ambulante.


—    O que você quer no cachorro-quente?


—    Completo.


—    Vamos, Gina. — Ele pegou algumas notas no bolso, trocando-as por cachorros-quentes e refrigeran­tes. — De amigo para amigo, o quanto isso é sério?


—    Você não vai desistir, vai?


—    Eu me importo.


Gina o fitou. Ele estava sorrindo, não o sorriso zombeteiro que ela via tão freqüentemente, mas um sorriso simples de amizade. Aquela era, talvez, a única arma contra a qual Gina não tinha defesa.


—    Estou apaixonada por ele — confessou baixi­nho. — Suponho que seja sério.


—    Muito sério — concordou ele. — Meus para­béns.


—    E eu deveria me sentir como se estivesse an­dando à beira de um penhasco? — perguntou ela, ape­nas meio brincando.


—    Não sei. — E.J. deu uma mordida considerável em seu cachorro-quente. — Nunca tive a experiência.


—    Nunca se apaixonou, E.J.? — Recostando-se no assento, Gina sorriu. — Você?


—    Não. É por isso que passo tanto tempo olhan­do para as mulheres. — Ele suspirou longamente. — Isso é um negócio complicado, Gina.


—    Sim. — Ela lhe tirou o boné de beisebol e o golpeou com ele. — Aposto que é. Agora cale a boca. Eles vão anunciar a escalação.


Um negócio complicado, pensou Gina nova­mente. Bem, EJ. não estava muito errado, mesmo que tivesse dito aquilo brincando. Procurar um amor era uma ocupação solitária da qual ela desistira... ou assim pensava anos atrás. Encontrá-lo, mesmo sem ter procurado, era ainda mais complicado. Uma vez que o amor encontrava uma pessoa, permanecia, indepen­dentemente do quanto você tentasse se livrar dele. Mas Gina não estava tentando se livrar, refletiu. Es­tava apenas tentando entender como isso se encaixaria em sua vida e fazer alguns ajustes.


—   Na terceira base, quarto rebatedor, número 29, Harry Potter!


A multidão já alvoroçada se tornou frenética quan­do Harry entrou no campo para assumir seu lugar jun­to aos jogadores. Quando ele parou ao lado de Snyder, deixou os olhos vaguearem. E encontrou os de Gina. Com um sorriso, inclinou o boné, como de costume. Era um gesto para o público, mas Gina sabia que lhe fora dirigido pessoalmente. Era todo o reconhecimen­to que Harry lhe daria até que o jogo estivesse termina­do. Era tudo que ela esperava.


—   Vou bater mais do que você hoje, Homem de Gelo — avisou Snyder, sorrindo para a multidão. — Então Gina vai perceber o erro que cometeu.


Harry não tirou os olhos dela.


—    Ela vai se casar comigo. Snyder ficou boquiaberto.


—    Está brincando! Bem, ei...


— Ela só não sabe ainda — acrescentou Harry num murmúrio. Cumprimentou o campista-direito, quinto rebatedor. — Mas vai saber.


Gina detectou uma mudança no sorriso de Harry, alguma coisa sutil, mas inconfundível. Estreitando os olhos, tentou decifrar o que era.


—  Ele está planejando alguma coisa — murmurou. EJ. aperfeiçoou a foto com sua pequena máquina fotográfica.


—  O quê?


—  Nada. — Ela girou o refrigerante, chacoalhan­do os cubos de gelo. — Nada.


Um famoso cantor de blues foi ao microfone para cantar o hino nacional. As duas linhas de atletas removeram seus bonés. O público se levantou, em silêncio pela última vez em mais de duas horas. A excitação era tão tangível que Gina pensou que poderia estender a mão e agarrar um punhado. Uma excitação que au­mentou cada vez mais, até explodir em gritos e asso­bios quando a última nota do hino foi tocada. Os Wizards assumiram seus lugares no campo.


Locutores esportivos gostam de dizer que o sétimo jogo da World Series é o momento supremo do espor­te, o maior teste de esforço da equipe e de cada joga­dor. Aquele não era exceção. Na primeira entrada, Gina viu o campista-central dos Wizards se estender à frente a fim de pegar uma bola e correr, depois se agar­rar a ela quando o impulso o forçou a dar uma camba­lhota. Viu o interbases dos Herons parecer voar atrás de uma bola para agarrar uma rebatida. No fim da quarta entrada, os times tinham um ponto cada, am­bos home runs.


Gina vira Harry guardar sua posição na terceira base, roubando, como Rony teria dito, duas rebatidas certeiras e iniciando uma dupla eliminação. Observando-o, ela percebeu que ele jogava aquela partida como jogava qualquer outra: com total concentração, com firme determinação. Se estava nervoso, se o pen­samento de que aquele era o jogo estivesse em algum lugar de sua mente, isso não transparecia. Quando en­trou para rebater, ela se inclinou sobre a grade de pro­teção.


Antes de entrar na caixa, Harry deslizou uma das mãos de cima a baixo no taco, como se verificasse se não havia lascas. Ele estava esperando a calma, não a calma dos fãs frenéticos, mas uma calma interior. Em sua mente, podia ver Gina inclinada sobre a grade, os cabelos caindo sobre os ombros, os olhos frios e diretos. O frio em sua barriga diminuiu.


Quando parou na home plate, sua prioridade era avançar o corredor. Com Snyder na primeira base, ele teria que pôr a bola muito além do campo interno. E o arremesso deles seria cuidadoso. Nas duas vezes em que fora rebater, Harry fizera uma rebatida simples no espaço entre a terceira base e o interbases.


Harry assumiu sua postura e fitou diretamente os olhos do arremessador. Observou os movimentos, viu a bola vindo em sua direção e bateu. O arremesso foi fora da zona de strike. Bola um.


Saindo da caixa, Harry bateu o taco contra os tênis para limpá-los. Sim, eles seriam cuidadosos nos arremessos. Mas ele podia levar Snyder à segunda base tão facilmente com uma base por bolas quanto com uma rebatida. O problema era que a segunda base não era uma posição que garantisse um ponto a Snyder.


O segundo arremesso foi errado, baixo e para fora. Harry checou o sinal do treinador da terceira base. Não permitiu que seus olhos seguissem na direção de onde Gina estava sentada. Sabia que mesmo aquele breve contato destruiria sua concentração.


O arremesso seguinte veio em sua direção, quase lhe acertando a mão, e foi rebatido para fora. A multi­dão exigiu uma rebatida válida. Harry olhou para Sny­der, que estava parado na base, antes entrar na caixa novamente.


Esperando igualar a contagem, o arremessador ten­tou uma outra bola curva e rápida. Naquela fração de segundo, Harry jogou seu peso para a frente. Com pul­sos retos e firmes, rebateu, girando os quadris junta­mente com o bastão. Teve a satisfação de ouvir a bola bater no bastão antes que a multidão estivesse em pé, gritando.


A bola passou voando sobre o campo central e, em­bora três homens a perseguissem, nenhum deles che­gou antes que ela caísse na área de terra no fim do campo, batendo alto no muro. Com a torcida gritan­do de todos os lados, Harry se contentou com uma corrida de duas bases. O suor escorria por suas costas, mas ele mal sentia. Pensou por um momento que, se tivesse puxado a bola um pouco para a direita, ela teria passado limpa, marcando dois. Então parou de pensar nisso.


Com Snyder na terceira base, ele não podia sair muito na frente, e se contentou em colocar apenas al­guns centímetros entre si mesmo e a base. A chance de Farlo sacrificar para Snyder marcar era pequena. O campista externo podia mandar a bola para qualquer lugar do campo, mas não era um rebatedor de potên­cia. Harry se agachou, balançando os braços para man­ter os músculos relaxados.


Farlo logo ficou para trás, rebatendo para fora dois arremessos e frustrando a multidão. Harry simples­mente se recusou a pensar na possibilidade de ficar preso em uma base de novo. Os jogadores das bases os estavam pressionando, em busca daquela bola rasteira que poderia se transformar numa dupla eliminação.


Harry viu o arremesso, avaliou-o como uma curva baixa e ficou tenso. Farlo sorriu e rebateu para o cam­po direito. Harry já estava correndo por instinto antes mesmo de mandar seus pés se moverem. O treinador da terceira base estava acenando para ele. Anos de trei­namento fizeram Harry passar pela terceira base à toda, se lançando à home plate, sem hesitação ou questiona­mento. Viu o receptor se agachando, pronto para rece­ber a bola, dando cobertura à home plate como uma parede humana. Lembrou-se de que o campista direi­to dos Herons era conhecido por sua força e precisão antes de se jogar na base principal, deslizando com os pés e levantando muita poeira. Sentiu uma pontada de dor quando seu corpo colidiu com o do receptor, ou­viu o forte sopro de ar de seu oponente na colisão e viu a pequena bola branca ser engolida pela luva.


Eles eram uma confusão de membros entrelaçados. A dor era mútua. O árbitro abriu os braços.


—  Salvo!


A multidão enlouqueceu, estranhos abraçaram es­tranhos, cervejas caíram de copos. Gina descobriu que E.J. a abraçara para uma dança rápida. A câmera fotográfica bateu no peito dela, mas Gina levou di­versos segundos para sentir isso.


—  Meu homem! — gritou E.J., girando-a e a fa­zendo colidir com um homem à direita, que jogou sua caixa de pipocas no ar.


Não, pensou ela sem fôlego. Meu homem.


Na plate, Harry não se concentrou no alvoroço da multidão, mas em levar ar suficiente aos pulmões para se levantar novamente. O joelho do receptor batera forte em suas costelas. Levantando-se, espanou a sujei­ra de seu uniforme com as mãos e se dirigiu ao banco, onde os membros de seu time o esperavam. Desta vez, permitiu que seus olhos a encontrassem. Gina esta­va de pé, os braços ainda ao redor de E.J. Mas o rosto se suavizou com um sorriso dedicado somente a ele.


Tocando o boné, Harry desapareceu no banco. O treinador já tinha o antiinflamatório em spray pronto para suas costelas.


Harry já havia se esquecido de suas dores muito antes de assumir sua posição de defesa no início da nona en­trada. Os Herons diminuíram a vantagem para um ponto com corridas heróicas na sétima entrada. Desde então, ambos os times se mantiveram firmes na defesa. Mas agora Maizor estava encrencado.


Com apenas um eliminado, ele tinha um corredor na segunda base e um rebatedor forte. Ele poderia fazê-lo andar, considerou Harry enquanto o receptor levantava o capacete e ia em direção ao montículo para falar com o arremessador, Mas os Herons tinham mais rebatedores fortes na escalação, e alguns reservas que não podiam ser subestimados. Harry andou lentamen­te até o montículo, notando que Maizor estava tenso.


—    Vai pegá-lo? — perguntou Harry enquanto o receptor mascava um chiclete do tamanho de uma bola de golfe.


—    Sim, Maizor vai cuidar dele, não vai?


—    Claro! — Maizor virou a bola na mão diversas vezes. — Nós todos queremos uma carona no novo carro esporte do Potter.


Harry deu de ombros à menção do prêmio ofereci­do ao melhor jogador da partida. Eles ainda precisa­vam pôr mais dois para fora, e sabiam disso.


—   Uma coisa. — Ele ajustou seu boné. — Não o deixe rebater na minha direção.


Maizor praguejou. Então, sorriu, e relaxou visivel­mente.


—   Vamos jogar.


Por sobre o ombro, Maizor olhou para o corredor na segunda base. Satisfeito porque a liderança dele não era tão grande, arremessou a bola. Harry quase pôde ouvir o vento quando o bastão bateu, um pouco acima da bola. Kinjinsky falou, dizendo a ele para se acalmar e repetir o arremesso. Ele fez isso, mas desta vez o rebatedor o acertou em cheio.


Como se um botão tivesse sido apertado, Harry foi para a bola, saltando de seu lado enquanto Kinjinsky se movia rapidamente para cobri-lo. Ele teve somente alguns instantes para julgar a velocidade e a altura. En­quanto sentia seu corpo cair na direção da bola, sentiu o corredor passar por ele em seu caminho para a ter­ceira base. Caindo sobre os joelhos, Harry a pegou per­to do solo. Sem perder tempo se levantando, jogou a bola em direção à terceira base. Kinjinsky a agarrou rapidamente e agüentou firme quando o corredor des­lizou na sua direção.


—              Ainda tentando fazer as jogadas fáceis parece­rem difíceis? — comentou o interbases enquanto pas­savam um pelo outro. Ambos estavam cobertos de terra e suor. — Mais um, amigo, só mais um.


Harry deixou o barulho ensurdecedor da multidão penetrar seus sentidos enquanto se agachava na tercei­ra base. Sua expressão era totalmente impassível. O próximo corredor, que poderia empatar, estava na pri­meira base. No momento em que a contagem chegou a três em base e dois fora, estar no campo era como estar no olho de um furacão. O barulho e a turbulên­cia da arquibancada os rodeavam. No campo, a tensão era silenciosa.


Maizor arremessou para dentro, atrapalhando o rebatedor. A bola foi batida, tomando efeito para fora. Harry a perseguiu em direção aos assentos, correndo com velocidade total como se o muro não estivesse à sua frente. Ele podia pegá-la, sabia que podia pegá-la... se nenhum torcedor excitado estendesse o braço e a agarrasse antes.


Com a mão livre, segurou na grade de proteção e ergueu a luva. Sentiu o impacto da bola e fechou o couro sobre ela. Enquanto as pessoas começavam a gritar, se descobriu de frente para Gina. A bola pra­ticamente caíra no colo dela.


— Boa, campeão. — Inclinando-se, ela o beijou na boca.


Então, um dos jogadores o agarrou pela cintura, e o resto foi loucura.


 


Harry teve mais champanhe jogado sobre si do que poderia ter bebido. O líquido se misturou ao suor e limpou um pouco da sujeira. Snyder se posicionara no topo de um armário, e de lá esvaziava duas garrafas de champanhe em qualquer um que estivesse à vista, in­clusive repórteres e dirigentes da liga. Acusado de estar se exibindo, Harry foi atirado de roupa e tudo na ba­nheira de hidromassagem. Agradecido, despiu-se e per­maneceu ali mesmo, com meia garrafa de champanhe. Da banheira, deu suas entrevistas enquanto a água combatia as dores de seu corpo e a confusão reinava ao seu redor.


O arremesso para sua corrida dupla havia sido uma bola rápida por fora. Sim, seu mergulho para a home plate fora arriscado, considerando a força do campista direito, mas ele saíra com uma boa vantagem. Conti­nuou respondendo perguntas, enquanto Snyder, em um uniforme ensopado de champanhe, era posto, de forma não muito gentil, na banheira com ele. Harry foi mais para baixo do chuveiro e bebeu o champanhe ge­lado direto da garrafa. Sim, a ruiva na arquibancada era Gina Weasley, sua diretora nas propagandas da DeMarco. Harry sorriu quando Snyder fez uma obser­vação perspicaz para chamar a atenção dos repórteres. Companheiros de equipe podiam provocar um ao ou­tro, mas se protegiam entre si.


Harry fechou os olhos por um momento, apenas um momento. Queria lembrar o instante em que ela se inclinara à frente e levado os lábios aos seus. Tudo havia sido exaltado naquele segundo da vitória. Ele pensara ser capaz de ouvir cada grito vindo da multi­dão. Tinha visto a luz do sol brilhando na pintura des­cascada da grade, sentido o calor quando sua mão se fechara ao redor da bola. Então, vira os olhos de Gina, fechados, suaves, lindos. A voz baixa, passan­do excitação, humor e amor, tudo em duas palavras. Quando ele lhe tocara os lábios, os de Gina estavam quentes e macios, e, por um instante, isso tinha sido tudo que Harry sentira. Apenas a textura sedosa dos lábios dela. Nem mesmo ouvira o fim do jogo ser anunciado. Quando fora arrastado de volta para o campo pelos companheiros de time, Gina simples­mente baixara o queixo sobre a grade e lhe sorrira. Mais tarde. Pensou ter ouvido o pensamento dela tão claramente quanto se tivesse sido falado.


Levou duas horas para que o último repórter saísse. Os jogadores estavam se acalmando. A primeira come­moração da vitória acabara, sendo substituída por uma alegria calma que muito em breve se transformaria em nostalgia. O ano estava encerrado. Não haveria mais treino no campo, treino de rebatidas, noites passadas em aviões com jogos de cartas e roncos. Eles exerciam uma profissão em que o hoje acabava rapidamente, e o amanhã exigia sempre todos os seus esforços. Agora, não existia um amanhã, mas o ano seguinte.


Alguns estavam sentados, conversando calmamen­te nos bancos no meio da desordem do vestiário, en­quanto Harry se vestia. Ele olhou para um arremessador substituto, um rapaz de aproximadamente 19 anos, completando seu primeiro ano de campeonato. Ele segurava suas caneleiras nas mãos como se não pu­desse partir sem elas. Harry guardou sua luva na sacola de lona e de repente se sentiu velho.


—    Como estão as costelas? — perguntou Kinjinsky, pendurando a própria sacola sobre o ombro.


—    Bem. — Harry gesticulou para o garoto no banco. — O garoto mal tem idade para votar.


—    Sim. — Kinjinsky, um homem maduro de 32 anos, sorriu. — Isso é terrível, não é? — Os dois riram enquanto Harry fechava o armário pela última vez na­quele ano. — Vejo você na primavera, Potter. Minha mulher está esperando por mim.


Harry fechou o zíper de sua sacola enquanto refletia sobre aquilo. Ele também tinha uma mulher, e levaria trinta minutos para chegar às montanhas.


—   Ei, Harry. — Snyder o alcançou antes que ele chegasse à porta. — Você realmente vai se casar com ela?


—   Assim que conseguir convencê-la disso. Snyder assentiu, não questionando aquela resposta.


—   Ligue para mim quando marcar o casamento. Quero ser o padrinho.


Com um sorriso, Harry estendeu a mão e apertou a de Snyder.


—   Com certeza você vai ser, George. — Ele foi para o corredor, fechando a porta do ginásio e da tem­porada.


Quando emergiu do lado de fora, estava anoite­cendo. Apenas alguns torcedores ainda permaneciam ali, mas Harry lhes deu autógrafos e o tempo que eles quiseram. Pensou preguiçosamente sobre comprar uma outra garrafa de champanhe para si mesmo e para Gina enquanto assinava seu nome num boné de beisebol de um menino de 12 anos. Champanhe, um fogo queimando na lareira, velas. Parecia um bom ce­nário para propor casamento. Seria naquela noite, porque não achava que podia perder.


O estacionamento estava quase deserto. A ilumina­ção enfraquecia conforme o crepúsculo se aprofunda­va. Então Harry a viu. Gina estava sentada no capo do carro dele, iluminada por uma lâmpada de segu­rança, os cabelos como centelhas de fogo ao redor do rosto delicado, mas de ossos fortes. O amor o arreba­tou, um amor tão possessivo que lhe tirou o fôlego. Exceto pelos lábios que se curvaram num sorriso, ela não se moveu. Percebeu então que Gina o estava observando havia algum tempo. Esforçando-se para recuperar algum controle sobre seus músculos, conti­nuou andando em sua direção.


—    Se eu soubesse que você estava aqui fora, teria saído mais cedo. — Ele sentiu a dor em suas costelas novamente. Não pelo ferimento, dessa vez, mas por uma necessidade com a qual ainda não se acostumara.


—    Pedi que EJ. levasse o meu carro. Não me im­portei em esperar. — Aproximando-se, ela pôs ambas as mãos sobre os ombros dele. — Parabéns.


Deliberadamente, Harry colocou sua sacola de lona no asfalto e mergulhou as mãos nos cabelos de Gina. Eles se entreolharam brevemente, infinitamente, antes que ele abaixasse os lábios e tomasse o que necessi­tava.


Suas emoções estavam mais sintonizadas do que tinha percebido. Todo o prazer da vitória, o desgaste que vinha de consegui-la, os resíduos da excitação e tensão subiram à superfície, aumentando de intensi­dade, depois lavados por um desejo que abrangia tudo. Gina. Como ele poderia ter imaginado que ela pas­saria a ser tudo... todas as coisas? Um tanto nervoso pela intensidade de seus sentimentos, Harry se afastou. Um homem não podia vencer quando seus joelhos es­tavam tremendo. Deslizou uma das mãos pelo rosto dela, querendo ver aquela expressão desejosa nos olhos de Gina.


—   Eu amo você.


Com as palavras dele, Gina descansou a cabeça contra o peito largo e respirou profundamente. Podia sentir o aroma de banho, uma fragrância sutil de sabo­nete que falava de ginásios e vestiários habitados ape­nas por homens. Por alguma razão, aquilo a fez se sen­tir incrivelmente feminina. As luzes se tornaram mais fracas enquanto eles permaneciam abraçados e em silêncio.


—    Cansado demais para comemorar? — murmu­rou ela.


—    Não. — Ele lhe beijou os cabelos.


—    Ótimo. — Afastando-se, ela desceu do capô. — Vou lhe pagar o jantar, para começar. — Gina abriu a porta de passageiro e sorriu. — Com fome?


Até aquele momento, Harry não percebera que es­tava faminto. O pouco que comera antes do jogo fora consumido pelo estresse.


—    Sim. Posso escolher o lugar?


—    O céu é o limite.


 


Quinze minutos depois, Gina olhava em volta, no colorido Paraíso do Hambúrguer.


—    Sabe — disse ela, estudando a placa luminosa no formato de um pão com gergelim —, eu tinha me esquecido do seu gosto por comida de baixo valor nutritivo.


—    Cem por cento de carne bovina — declarou Harry, pegando um enorme sanduíche com três fatias de pão recheado de carne e queijo.


—    Se você acredita nisso, acredita em qualquer coisa.


Sorrindo, ele lhe ofereceu uma batata frita.


—    Cínica.


—    Se você me ofender, não vou ler a página de esportes para você. — Ela pôs a mão sobre o jornal dobrado que acabara de comprar. — Aí, não vai ouvir os elogios que a imprensa lhe fez. — Quando Harry deu de ombros, despreocupado, Gina abriu o jor­nal. — Bem, eu quero ouvi-los. — Com uma das mãos no milk-shake, começou a ler. — Aqui... Oh. — Parou de repente e fez uma careta.


—    O que foi? — Harry se inclinou à frente. Na primeira página havia duas fotos, lado a lado. A pri­meira era de Harry pegando a bola dos assentos no mo­mento final do jogo. A segunda era do beijo impulsivo de Gina. A manchete dizia:


"POTTER MARCA PONTO... DUAS VEZES!"


—  Simpático — decidiu ele —, considerando que não marquei ponto, peguei... uma bola alta. — Ele girou a cabeça, lendo o artigo, que citava os pontos altos do jogo... críticas e elogios. — Hmmm... "E Potter acabou o jogo com uma corrida para a grade, pe­gando uma bola fora de Hennesey que caiu na arqui­bancada, em um dos melhores jogos da temporada.


Como de costume, o melhor jogador fez o impossível parecer rotina. Ele recebeu sua recompensa da sexy ruiva" — ele deu uma breve olhada para Gina — "Gina Weasley, uma diretora de propagandas bem-sucedida que tem sido vista com o jogador dentro e fora das filmagens."


—    Eu realmente detesto isso — disse Gina com tanta veemência que Harry a olhou em surpresa.


—    Detesta o quê?


—    Ter minha foto exposta dessa maneira. E esta... esta especulação infundada. E aquela matéria no Ti­mes alguns dias atrás.


—    Aquela que disse que você parecia uma cigana de cabelos vermelhos dourados com olhos cor de fu­maça?


—    Não tem graça, Harry. — Gina empurrou o jornal de lado.


—  Também não é trágico — apontou ele. — Eles deveriam cuidar da própria vida. Recostando-se, Harry mordeu uma batata. —        Você provavelmente seria a primeira a me dizer que se expor ao público torna as pessoas propriedade pública.


Gina fez uma careta, sabendo que aquelas ti­nham sido precisamente as suas palavras quando eles discutiram a questão dos outdoors.


—    Você está exposto ao público — argumentou ela. — E assim que ganha a vida. Eu não. Trabalho atrás das câmeras e tenho direito à minha privacidade.


— Já ouviu falar em cumplicidade criminosa? — Ele sorriu antes que ela pudesse retorquir. Em vez de uma observação rude, Gina suspirou longamente. Pelo menos eles são precisos — acrescentou Harry. Já pensei em você como uma cigana.


Gina pegou seu cheeseburger, franziu o cenho e deu uma mordida.


—  Ainda não gosto disso — murmurou. — Eu acho... — Ela deu de ombros, incerta de quão tola ia parecer. — Sempre fui um pouco sensível demais em relação à minha privacidade, e agora... o que está acon­tecendo entre nós é importante demais para que eu compartilhe com qualquer um que tenha cinqüenta centavos para comprar um jornal.


Harry se inclinou à frente de novo e lhe pegou a mão.


—  Isso é bom — disse suavemente. — Isso é mui­to bom.


O tom na voz dele despertou uma nova emoção em Gina.


—  Não quero que nos escondamos como dois eremitas, Harry, mas também não quero que cada pas­so que dermos esteja no noticiário noturno.


Com um pouco mais de indiferença do que estava sentindo no momento, ele deu de ombros e recome­çou a comer.


—   Romance é notícia... Assim como divórcio, quando envolve celebridades.


—   Isso não vai diminuir com a campanha DeMarco, nem se você decidir aceitar aquele papel no filme. — Gina pegou outra batata frita do saquinho e comeu. — Quanto mais famoso você ficar, mais a imprensa o perseguirá. Isso é enlouquecedor.


—   Posso cancelar meu contrato — sugeriu ele.


—   Não seja ridículo.


—    Há outra solução — considerou Harry, observando-a engolir a batata e pegar outra.


—    Qual?


—   Poderíamos nos casar. Quer mais sal na batata? Gina o olhou fixamente, então se esforçou para encontrar a voz.


—   O quê?!


—    Perguntei se você quer mais sal na batata. — Ele lhe ofereceu um pequeno pacotinho de papel. — Não — disse quando ela não respondeu nem se mo­veu. — Eu também disse que poderíamos nos casar.


—    Casar... — ecoou Gina tolamente. — Você e eu?


—    A imprensa diminuiria a pressão por um tem­po. Pessoas casadas não são notícias tão quentes quan­to amantes. É a natureza humana. — Ele largou o sanduíche no prato e se inclinou em direção a ela. — O que você acha?


—    Acho que você está louco — Gina conseguiu responder num sussurro. — E não acho que isso tenha graça.


Harry segurou-lhe o braço quando ela começou a se levantar.


—   Não estou brincando.


—    Você... você quer se casar para que nossas fotos não saiam no jornal?


—    Não ligo a mínima se nossas fotos saem no jor­nal ou não, você liga.


—    Então, você quer casar para... para me aplacar. — Gina parou de lutar contra o aperto dele em seu braço, mas seus olhos estavam repletos de fúria.


—    Nunca tive nenhuma intenção de aplacar você — respondeu Harry. — Eu não conseguiria aplacá-la nem se dedicasse minha vida a isso. Quero me casar porque amo você. Vou me casar com você — corrigiu ele, subitamente zangado —, nem que eu tenha de arrastá-la, chutando e gritando.


—    É mesmo?


—    Pode ter certeza de que sim. É melhor você se acostumar com a idéia.


—    Talvez eu não queira me casar. — Gina em­purrou a comida para o lado. — E aí?


—    E uma pena. — Ele se recostou, olhando-a com a mesma expressão tempestuosa com que ela o fitava. — Eu quero me casar.


—    E acha que isso basta, não?


—    Basta para mim.


Gina cruzou os braços sobre o peito e o encarou.


—    Chutando e gritando.


—    Se é assim que você quer...


—    Posso morder, também.


—    Eu também.


O coração de Gina batia descompassado, mas ela se deu conta de que não era por causa da raiva. Não, não tinha nada a ver com raiva. Harry estava sentado lá, do outro lado da mesa laminada, em frente à refei­ção dos sonhos de um garoto de 12 anos, dizendo-lhe que eles iriam se casar, quisesse ela ou não. Gina descobriu, para seu próprio espanto, que gostava da­quilo. Mas não ia facilitar as coisas para ele.


—  Talvez ganhar a World Series tenha subido à sua cabeça, Harry. Será necessário mais do que uma discussão com ânimos alterados para fazer eu me casar com você.


—    O que você quer? — questionou ele. — Velas e música suave? — Irritado por ter estragado seus pró­prios planos, inclinou-se sobre a mesa novamente e segurou-lhe as mãos. — Você não é o tipo de mulher que precisa de uma cena, Gina. Sabe o quanto é fácil fazer uma, e quão pouco significa. O que você quer, afinal?


—    Tomada dois — murmurou ela muito calma­mente. — Você sabe a sua motivação — começou em sua voz fria de diretora —, mas, desta vez, suavize e tente um pouco de requinte. Peça, não informe — su­geriu, fitando-lhe os olhos.


Harry sentiu a raiva, ou talvez tivesse sido medo, esvair-se dele. As mãos que seguravam as de Gina se tornaram mais gentis.


—  Gina — ele ergueu uma das mãos e pressio­nou-lhe os dedos em seus lábios —, você quer se casar comigo? — Sorriu por sobre as mãos unidas de am­bos. — Que tal assim?


Gina entrelaçou os dedos nos dele.


—  Perfeito.

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