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9. Capítulo Nove


Fic: Regras do Jogo


Fonte: 10 12 14 16 18 20
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Hermione apareceu para dar sua aprovação final ao set. Nos fundos do estúdio, serenamente indiferente às pi­lhas de equipamentos, luzes e sombras, havia o cenário de uma sala de estar aconchegante. Um sofá confortá­vel em tom marrom era iluminado enquanto os técni­cos faziam ajustes. Sobre uma mesa ao lado do sofá, um abajur Tiffany aparentemente daria a iluminação suave e sexy que a equipe tentava alcançar. Hermione an­dou ao redor de cabos e caixas para ver o cenário de um novo ângulo.


De bom gosto, concluiu. E eficaz. DeMarco esta­va satisfeito com a primeira propaganda. Tão satisfei­to, pensou ela com uma careta, que insistira para que sua namorada atual aparecesse naquela. Bem, esse era o show businnes, pensou enquanto consultava o reló­gio. Gina havia reclamado repetidamente da escalação do elenco. Então, desistira de reclamar, dizendo que pelo menos DeMarco não insistira para que escre­vessem um diálogo para a moça.


O segmento do estúdio estava sendo filmado pri­meiro, apesar de aparecer no final da propaganda. Jul­gando pelo temperamento de Harry, Gina decidira que provavelmente seria melhor começar pela parte mais difícil, de modo que o resto se tornasse mais fácil para ele. E, refletiu Hermione enquanto olhava para o re­lógio, a sorte deles continuava. Os Wizards jogariam a World Series na semana seguinte, dando às propagan­das um impacto muito maior.


Do lado de fora do estúdio, um longo bufê fora instalado no hall. E.J., o coordenador de produção e o assistente de câmera já se aproveitavam disso. Gina estava no estúdio, comendo um pedaço de queijo en­quanto supervisionava os detalhes finais.


—   Que coisa, Bigelow, aquela luz está piscando de novo! Troque a lâmpada ou consiga um outro abajur. Silbey, deixe-me ver que tipo de efeito temos com essa nova gelatina.


Obedientemente, ele apertou um botão de modo que a luz filtrasse através da folha colorida e parecesse quente e íntima.


—   Certo, nada mal. Som?


A técnica de som andou para baixo do microfone. Com uma expressão inocente, ela começou a recitar uma quadrinha infantil com algumas variações interes­santes, fazendo uma reverência ante à salva de palmas.


—   Algum problema? — perguntou Hermione, se apro­ximando e parando ao lado de Gina.


—   Resolvemos tudo. E do seu lado?


—    Tudo funcionando como deveria. — Distrai­damente, ela endireitou a bainha da manga. — Vi de passagem a "senhora DeMarco". Ela é deslumbrante.


—    Graças a Deus — Gina falou. — DeMarco vai aparecer?


—    Não — Hermione sorriu ante o tom resignado de Gina. Ela detestava parentes, amigos e namorados pe­rambulando pela filmagem. — Diz que Cho alega que ele a deixaria nervosa, mas não deixou dúvida de que ela deve receber um tratamento de rainha.


—   Não vou morder — prometeu Gina. — Harry ensaiou as falas comigo. Está bom... se ele não ficar desajeitado diante da câmera.


—   Harry não parece ser desajeitado. Gina sorriu.


—    Não. E acho que ele está começando a gostar, apesar da relutância.


—    Ótimo. Tenho um roteiro que quero que ele leia. — Numa escada acima da cabeça delas, alguém praguejou com irritação. As feições suaves de Hermione não deram qualquer indicação de que ela tivesse ouvi­do. — Há um papel, um pequeno papel, para o qual acho que Harry é perfeito.


Gina se virou para dar total atenção a Hermione.


—   Um filme? Ela assentiu.


—    Para a tevê a cabo. Não vamos fechar o elenco antes de um mês ou dois. Portanto, Harry tem muito tempo para pensar sobre isso. Eu gostaria que você lesse também — acrescentou casualmente.


—    Claro. — Refletindo sobre a idéia de Harry como ator, Gina virou-se para dar outra instrução a alguém da equipe.


—    Talvez você queira dirigir. Gina parou no meio da instrução.


—    O quê?!


—   Sei que está feliz em dirigir propagandas — continuou Hermione, como se Gina não a estivesse olhando boquiaberta. — Sempre disse que gostava de criar algo rápido e intenso, mas este roteiro pode fazê-la mudar de idéia.


—    Hermione. — Gina poderia ter rido se não esti­vesse atônita. — Nunca dirigi nada mais complexo do que um comercial de sessenta segundos.


—    Como o vídeo promocional das séries que es­treariam no outono, que você filmou no último verão? Três grandes estrelas da tevê me garantiram que você era uma das melhores com quem já trabalharam — disse, secamente, de modo a mal poder ser considera­do um elogio. — Venho querendo colocá-la nisso há muito tempo, mas não queria pressionar. — Hermione lhe deu um tapinha na mão. — Ainda não quero pressio­nar, apenas leia o roteiro.


Após um momento, Gina assentiu.


—    Tudo bem, vou ler.


—    Boa menina. Ah, aí está Harry. — Os olhos dela o analizaram com discriminação profissional. — Minha nossa, ele veste as roupas maravilhosamente bem — murmurou.


Parecia que o próprio Harry havia escolhido o sué­ter de cashmere azul-claro e o jeans azul-acinzentado, vestindo-os de maneira casual. O fato de as roupas lhe caírem perfeitamente não era tão importante quanto o impacto que causavam... o estilo negligente, que não vinha do dinheiro, mas sim de uma classe natural.


Isso ele possuía, pensou Gina. Sob o rosto atraen­te e corpo atlético, havia uma classe inata em Harry. Algo que nunca poderia ser ensinado. Ele segurava um copo de refrigerante em uma das mãos, olhando sobre a borda enquanto estudava a sala.


Harry achou o lugar apertado e aparentemente de­sorganizado, mas o pequeno cenário estava ordenado, com um sofá, mesa e abajur. Perguntou-se brevemente como alguém podia trabalhar em meio a tantos cabos enrolados, enormes caixas pretas e diversos tipos de luzes. Então viu Gina. Ela podia, pensou com um sorriso. Simplesmente lidaria com o caos até que con­seguisse exatamente o que queria. Podia ter chorado como uma criança em seus braços algumas noites an­tes, mas, quando estava no trabalho, era forte como uma leoa.


Talvez, refletiu Harry, por isso mesmo tivesse se apaixonado por ela... e talvez por isso mesmo fosse manter esta pequena informação para si mesmo du­rante um tempo. Se ele quase entrara em pânico quan­do entendera os próprios sentimentos, Gina sem dúvida entraria. Ela ainda não estava pronta para con­fiar e se entregar sem restrições.


Gina se aproximou, observando-o com olhos es­treitos. Harry pensou, pouco à vontade, que ela era capaz de fazê-lo se sentir como um manequim numa loja de departamentos quando o olhava daquela ma­neira. Era seu olhar de diretora, avaliando, procuran­do falhas, ponderando sobre os ângulos.


—    E então? — perguntou ele finalmente.


—    Você está maravilhoso. — Se Gina tinha no­tado a leve irritação na voz dele, ignorou. Estendendo uma das mãos, desalinhou-lhe um pouco os cabelos, e estudou o efeito. — Sim, muito bom. Nervoso?


—    Não.


O rosto dela se suavizou com um sorriso.


—   Não fique tão sério, Harry. Isso não vai ajudá-lo a entrar no clima. Agora... — Unindo o braço ao dele, Gina começou a levá-lo em direção ao cenário.


—     Você sabe suas falas, mas teremos colas caso lhe dê um branco. Portanto, não há com o quê se preocupar. O que queremos é aquele tipo de machismo implícito e despreocupado. Lembre-se de que este é o fim do segmento. Na primeira cena, você está de uniforme no campo. Depois vem a cena no vestiário enquanto está trocando de roupa, e então esta. Luzes suaves, uma dose de uísque, uma linda mulher.


—    E devo tudo isso a DeMarco — disse ele seca­mente.


—    A mulher, pelo menos — respondeu ela no mesmo tom frio. — É simplesmente uma afirmação de que as roupas combinam com a imagem de um ho­mem. Espera-se que os homens sejam convencidos de que a grife DeMarco é a certa para suas imagens. Sen­te-se ali. — Gina gesticulou para um dos cantos do sofá. — Fique naquela sua postura preguiçosa quando estiver relaxando. Algo casual, mas não desleixado.


Ele franziu o cenho, irritado por ela poder dissecar cada gesto seu e rotulá-lo.


—   Agora?


—   Sim, por favor. — Gina deu um passo atrás enquanto Harry se acomodava no sofá. — Isso, bom... ponha o cotovelo um pouquinho mais para trás no braço do sofá. Certo. — Ela sorriu novamente. — É isso que eu quero. Você está ficando bom nisso, Harry.


—    Obrigado.


—    Vai falar diretamente para a câmera desta vez — avisou Gina, gesticulando atrás de si, onde a câ­mera estava colocada sobre uma grua. — Fique calmo, relaxe. A garota vai chegar atrás de você, inclinando-se quando lhe entrega o copo de uísque. Não olhe para ela, apenas toque-lhe a mão e continue falando. E sor­ria — acrescentou, consultando seu relógio. — Onde está a garota?


Naquele momento, Cho entrou, alta e deleitosa, seguida por uma loura deslumbrante e dois homens de terno. Melhor do que na foto que DeMarco enviara, percebeu Gina, e a fotografia já havia sido impres­sionante. A mulher era jovem, mas não jovem demais. Tinha aproximadamente 25 anos, estimou Gina, olhos grandes cor de ameixa e cabelos negros e bri­lhantes. O corpo era curvilíneo, marcado por um ves­tido com um decote tão avantajado que por pouco não fora impedido pela classificação do horário. Ela não passaria despercebida na propaganda, pensou Gina, observando Cho andar pelo estúdio. A pai­xão vibrava em cada movimento. Desta vez, Gina buscaria a mais pura sensualidade... pelos cinco segun­dos e meio em que Cho ficaria na tela. Para uma pro­paganda de trinta segundos, seria mais do que sufi­ciente.


Ignorando os murmúrios de apreciação de sua equi­pe, Gina aproximou-se para conhecer a namorada do cliente.


—    Olá. — Ela estendeu a mão com um sorriso. — Sou Gina Weasley. Vou dirigir você.


—    Cho Chang — disse ela numa voz rouca que fez Gina se arrepender instantaneamente de não ter lhe dado falas.


—   Estamos muito satisfeitos em tê-la conosco, srta. Chang. Tem alguma pergunta antes de começarmos?


Cho deu um pequeno sorriso.


—    Come?


—    Se houver alguma coisa que você não enten­da... — começou Gina apenas para ser interrompi­da pela loura.


—    A signorina Chang não fala inglês, srta. Weasley — disse ela rapidamente. — Não foi informada?


—    Ela não... — Parando, Gina olhou para o teto com uma careta. — Adorável.


—    Sou a secretária pessoal do sr. DeMarco. Ficarei feliz em traduzir.


Gina deu um olhar longo e irritado para a loura e se virou.


—    Aos seus lugares! — ordenou. — Vai ser um longo dia...


—    Um pequeno empecilho? — murmurou Harry quando ela passou por ele.


—    Cale a boca e sente-se, Harry.


Segurando um sorriso, ele deu um passo à frente para pegar a mão de Cho.


—    Signorina — começou, e chamou a atenção de Gina ao continuar em italiano fluente. Sorrindo, Cho respondeu com animação, gesticulando livre­mente com sua outra mão.


—    Ela está empolgada — comentou Harry, saben­do que Gina parara atrás dele.


—    É o que parece.


—    Ela sempre quis fazer um filme americano. — Ele falou com Cho novamente, alguma coisa que a fez jogar a cabeça magnífica para trás e gargalhar com vontade. Virando-se, dispensou a loura com um giro do pulso e enganchou o braço no de Harry. Quando eles estavam de frente para ela, o californiano de cabe­los negros e a oriental de cabelos negros, Gina ficou impressionada com o contraste perfeito. Aqueles cinco segundos e meio de filme, pensou, iriam crepitar como uma floresta em chamas... e fazer um senhor merchandising para DeMarco.


—    Você parece falar italiano bem o bastante para ajudá-la — comentou Gina.


—    Aparentemente. — Ele sorriu de novo, notan­do que Gina não estava com ciúme, mas aprecian­do, como se ele e Cho já estivessem em cena. — Ela gostaria que eu traduzisse.


—    Tudo bem, diga-lhe que vamos ensaiar uma vez para lhe mostrar o que ela precisa fazer. Ajustem as luzes! — Indo para o cenário, Gina esperou impa­cientemente que Cho e Harry a seguissem, enquanto ele traduzia as instruções de Gina. — Sente-se, Harry, e diga a ela para observar com atenção. Vou co­meçar com você. — Harry se acomodou no sofá como foi instruído. — Faça tudo como se a câmera já esti­vesse rodando.


Ele começou, falando com facilidade, como se es­tivesse conversando com amigos em uma visita. Per­feito, pensou Gina quando pegou o copo de uísque e andou para a câmera atrás do sofá. Inclinou-se para a frente, colocando o rosto perto do dele enquanto lhe oferecia o drinque. Sem olhar para a câmera, Harry aceitou, erguendo os dedos da outra mão para deslizar pelo dorso da de Gina quando ela a colocou sobre seu ombro. Gina endireitou o corpo devagar, saindo do alcance da câmera enquanto ele terminava a fala.


—     Agora, pergunte a ela se entendeu o que precisa fazer — ordenou Gina.


Cho levantou a mão com elegância à pergunta de Harry, silenciosamente comunicando: "E claro".


— Vamos tentar uma vez. — Gina foi para trás de E.J. e dos assistentes que moveriam a grua para os closes. — Silêncio! — exigiu, efetivamente interrom­pendo alguns murmúrios discretos. — Rodando... — a claquete foi exibida: Harry Potter para DeMarco, cena três, tomada um. Ela estreitou os olhos para Harry. — Ação.


Ele foi bem o bastante na primeira tomada, mas Gina achou que Harry ainda não se aquecera para aquilo. Cho seguiu as instruções, levando o copo, inclinando-se sobre ele sugestivamente. Então... olhou para cima enquanto a câmera rodava.


— Corta! Harry, explique a Cho que não pode olhar para a câmera, por favor. — Ela sorriu para a mulher, esperando comunicar paciência e compreen­são. Precisou muito das duas coisas quando chegaram à quinta tomada. Em vez de se tornar mais acostuma­da à câmera, Cho parecia cada vez mais nervosa. — Cinco minutos de intervalo — anunciou Gina. As luzes foram apagadas, e a equipe começou a se dirigir ao bufê. Com outro sorriso, Gina gesticulou para Cho se juntar a ela e Harry no sofá. — Harry, diga-lhe que só precisa ser natural. Ela é linda, e os poucos se­gundos em que vai aparecer no filme causarão um im­pacto tremendo.


 


Cho ouviu com as sobrancelhas unidas, então sor­riu para Gina.


—    Grazie. — Pegando a mão de Harry, ela come­çou um longo discurso emocional, desculpando-se por sua falta de jeito e requisitando por alguma coisa gelada para acalmar os nervos.


—    Tragam um suco de laranja para a signorina Chang — exigiu Gina. — Diga-lhe que não é de­sajeitada de maneira alguma — continuou diplomati­camente. — Ah, peça-lhe que imagine que vocês são amantes, e que, quando a câmera desligar...


—    Já entendi — disse Harry com um sorriso. Quando falou com Cho novamente, ela riu, então meneou a cabeça antes de responder. — Ela falou que vai tentar imaginar isso — Harry traduziu para Gina —, mas, se imaginar bem demais, Carlo cortará a mi­nha cabeça...


—    Temos de nos sacrificar pela nossa arte — re­plicou Gina secamente. — Harry, ajudaria se você colocasse um pouco mais de tempero nisso.


—    Tempero? — repetiu ele, arqueando uma so­brancelha.


—    Um homem que não se sente excitado com uma mulher como ela se insinuando sobre seu ombro precisa de uma transfusão. — Levantando-se, Gina bateu-lhe no ombro. — Veja o que pode fazer.


—    Qualquer coisa pela arte — respondeu ele com um sorriso irônico.


Quando EJ. se posicionou atrás da câmera nova­mente, Gina foi para trás dele.


—  Vamos ver se conseguimos uma cena boa desta vez — murmurou ela.


—    Chefe, posso fazer isso o dia todo. — Ele focou em Cho e suspirou. — Acho que morri e fui para o paraíso.


—    DeMarco vai cuidar disso se você não tomar cuidado. Posições!


Melhor, pensou ela. Sim, definitivamente melhor quando eles completaram a sexta tomada. Mas não perfeita. Ela instruiu Harry para pedir que Cho desse à câmera um olhar lânguido antes de sorrir de maneira sedutora para ele. A instrução perdeu alguma coisa na interpretação.


—    Corta! Peça-lhe para ficar ao lado da câmera e observar novamente. — Gina assumiu o lugar de Cho, movendo-se para trás de Harry enquanto ele fa­lava, pegando o copo de chá morno que imitava uís­que. Desta vez, quando Harry pegou o copo, levou a outra mão dela para seus lábios, pressionando ali um beijo suave sem quebrar o ritmo do diálogo. Gina sentiu um arrepio subindo por seu braço e esqueceu de se afastar.


—    Apenas me pareceu natural — justificou Harry, entrelaçando os dedos com os dela.


Gina pigarreou, ciente de que a equipe observa­va com vívido interesse.


—   Tente assim, então — murmurou ela de modo casual. Voltou para E.J., mas, quando se virou, os olhos de Harry ainda estavam sobre ela. Gina me­neou a cabeça em frustração. Conhecia aquele olhar. Lentamente, o significado claro como cristal, Harry sorriu.


—     Posições! — ordenou ela em sua própria defesa.


 


Foram necessárias mais três tomadas antes que Gina conseguisse o que queria. Satisfeita consigo mesma, Cho deu dois beijos exuberantes em Harry, um em cada face, então se aproximou de Gina e murmurou alguma coisa. Olhando para Harry, Gina viu aquele olhar divertido e aparentemente inocente no rosto dele.


—  Apenas agradeça — aconselhou ele.


—  Obrigada — Gina falou com obediência quando Cho lhe pegou a mão e apertou-a, antes de partir com seus companheiros. — Pelo que eu estava agradecendo? — perguntou, usando a manga da cami­sa para secar o suor da testa.


—    Ela estava elogiando seu gosto.


—    Oh?


—    Falou que seu namorado é magnífico. Abaixando o braço, Gina o olhou.


—    Verdade? — perguntou friamente.


Harry sorriu, deu de ombros de maneira apologéti­ca, então saiu para ver se restara alguma coisa no bufê.


Com as mãos nos quadris, Gina o olhou se afas­tando. Não lhe daria a satisfação de deixar seu próprio sorriso escapar.


—  Locação em uma hora! — ordenou.


 


Gina estivera certa em pensar que a breve terceira cena do comercial seria a mais difícil de filmar. Filmou a segunda a seguir, levando luzes, equipamentos e equipe para o vestiário dos Wizards. Hermione conseguira, com um pouco de negociação, alguns dos melhores jogadores do time de Harry para fazer figuração. Uma vez que Gina conseguiu fazê-los ficar quietos de modo que parassem de acenar para câmera ou fazer anúncios fictícios ao microfone, o trabalho começou a funcionar. E funcionar bem.


Por causa da relativa facilidade com que cada seg­mento progredia, Gina achou sua dor de cabeça crescente inexplicável. Verdade, o vestiário estava ba­rulhento entre as tomadas e, após a primeira hora de muitos corpos sob luzes quentes, cheirava como um vestiário, mas aquela dor de cabeça era pura tensão.


No começo, ela simplesmente a ignorou. Então, quando isso se tornou impossível, começou a ficar ir­ritada consigo mesma. Não havia motivo para ficar tensa. Harry seguia bem as ordens, puxando o suéter de cashmere sobre o peito nu para cada tomada. E cada vez que ele lhe sorria, Gina sentia a dor de ca­beça aumentar.


No momento em que a equipe se preparava para a cena no campo de beisebol, ela se convencera de que tudo estava sob controle. Era somente uma dor irri­tante, algo que resolveria com duas aspirinas quando chegasse em casa. Enquanto observava o técnico de som trabalhar em um microfone, sentiu um braço musculoso deslizar por seus ombros.


—    Olá! — Snyder lhe sorriu, conseguindo um sorriso automático em resposta. Ele era, pensou ela, tão perigoso quanto um cocker spaniel.


—    Pronto para a próxima cena, George? Você foi muito bem antes. É claro, não estará na câmera desta vez.


—  Sim. Quero mencionar que você está cometen­do um grande erro usando Harry. Muito magro. — Ele flexionou um braço musculoso.


Gina assentiu em aprovação.


—    Lamento, mas não tenho nada a ver com a es­colha do elenco.


—    Uma pena. Ei, agora que sou um astro, você vai me buscar no aeroporto?


—    Esqueça, Snyder. — Antes que Gina pudesse responder, Kinjinsky se aproximou, um boné em uma das mãos, um taco na outra. — Ela está fora de sua liga. — Ele sorriu para Gina, gesticulando a cabeça para o atleta de seu time. — Snyder é especialista em dançarinas do ventre.


—    Mentira. — Snyder parecia um coroinha superdesenvolvido. — Tudo mentira.


—    Quando minha filha crescer — disse Kinjinsky suavemente — vou dar conselhos a respeito de ho­mens como ele. — Andando para a base, jogou a bola no ar e a rebateu para o campo central.


—    Kinjinsky é o melhor do time com os bastões de treino — murmurou Snyder para Gina. — Uma pena que tenha tantos problemas com uma bola arre­messada para valer.


—    Pelo menos eu consigo correr da primeira à se­gunda base em menos de dois minutos e meio — de­volveu Kinjinsky.


Snyder, muito acostumado às zombarias de seu corredor de base, fingiu um olhar ofendido.


—  Tenho um problema anatômico genético — explicou para Gina.


—    Oh... — Entrando na brincadeira, ela pareceu solidária. — É uma pena.


—    É. Se chama pé-de-chumbo — comentou Harry, chegando atrás dele.


Ouvir a voz de Harry fez a dor de cabeça que Gina quase esquecera piorar de novo. Virou-se para encon­trá-lo observando-a com seus colegas de time com um sorriso preguiçosamente divertido. Harry estava de uniforme completo, o branco reluzente que realçava a pele dourada. O boné azul-marinho sombreava-lhe os olhos, dando-lhe uma aparência arrogante. De manei­ra possessiva, estudou-a com cuidado. Desta vez, Gina sentiu um friozinho na barriga, além de um nó na garganta.


—    Só estou entretendo sua mulher — disse Snyder genialmente.


—    Gina é dona de si mesma. — Mas havia al­guma coisa inconfundivelmente possessiva na frase.


Ouvindo aquilo, Snyder percebeu que havia algo mais profundo ali do que imaginara. Então o raio fi­nalmente atingira o homem de gelo, pensou. Snyder possuía o talento para provocar sem piedade, e a natu­reza de um homem que cuidava de passarinhos com a asa quebrada.


—    Quando ela perceber o quanto fico bem na câmera, você vai perder seu trabalho.


—    DeMarco não tem nenhuma linha de produ­tos para lutadores de sumo — replicou Harry.


—    Cavalheiros — Gina falou, interrompendo-os. — A equipe está pronta. George, se você puder assumir seu lugar na primeira base para dar a Harry seu alvo...


—    Ai! — Ele recuou. — Tente não tomar isso ao pé da letra, Potter. Não quero estar na lista dos incapa­citados na próxima semana.


—    Microfone! — Gina se aproximou de Kinjinsky. —Acerte as bolas para Harry... Mas não facilite muito para ele, quero ver um pouco de esforço.


Com um sorriso, Kinjinsky jogou outra bola para o alto.


—    Verei o que posso fazer. Assentindo, ela andou em direção à equipe.


—    Posições! Harry, alguma pergunta?


—  Acho que posso lidar com isso. — Ele foi para a terceira base, automaticamente levantando um pou­co de terra com o tênis.


Ela olhou através das lentes, sentindo o coração acelerar mais uma vez quando focou em Harry. Incli­nando o corpo sobre um dos quadris, ele lhe sorriu, Gina se afastou, gesticulando para E.J.


—    Ei, chefe, você está bem?


—    Sim, estou bem. Rode o filme.


Foi perfeito. Gina sabia que podia usar a primei­ra tomada sem problemas, mas optou por mais duas. Ambas foram ótimas. Kinjinsky bateu a bola para Harry com força suficiente para fazê-lo saltar antes de arremessar para Snyder na primeira base.


—    E a vencedora é a terceira tomada — anunciou E.J. quando Gina declarou a sessão encerrada.


—    Sim. — Inconscientemente, ela levou a mão à nuca.


—    Ele não deveria nem ter conseguido pegar a bola — continuou E.J., observando Gina enquanto começava a guardar seu equipamento.


—    Ele parece ser bom em fazer o impossível — murmurou ela.


—    Dor de cabeça?


—    O quê?! — Olhando para baixo, ela encarou E.J. que a estudava intensamente. — Não é nada. — Irritada, abaixou a mão. Harry já estava conver­sando no montículo com seus dois companheiros de equipe. Tinha a mão enluvada sobre o quadril, rindo do mais novo conceito de Snyder para uma peça a pregar no time. — Não é nada — repetiu num mur­múrio, pegando um dos refrigerantes da geladeira portátil.


Não podia ser nada, disse a si mesma quando abriu a garrafa e bebeu um gole prolongado. O que quer que estivesse acontecendo com seu corpo era apenas fruto da fadiga após um longo dia de trabalho. Precisava de aspirina, uma refeição decente e oito horas de sono. Precisava ficar longe de Harry.


No instante em que o pensamento apareceu, ela ficou furiosa. Ele não tem nada a ver com isso, disse a si mesma com fervor. Estou cansada, tenho trabalhado muito, eu... Notando o olhar especulativo de E.J., Gina piscou.


—    Você poderia ir embora logo? Ele deu um sorriso amplo.


—    Estou indo. Vou deixar o filme na edição. Assentindo com um breve movimento de cabeça,


Gina foi até o montículo a fim de agradecer a Snyder e Kinjinsky. Ouviu parte da idéia de Snyder, algo so­bre sapos na área de aquecimento, antes que Harry se voltasse para ela.


—    Como foi?


—    Muito bom. — Um calor percorria sua pele agora, físico, tangível. Ela deu sua atenção aos outros atletas. — Quero agradecer a vocês dois. Sem a ajuda de vocês, a filmagem não teria corrido tão tranqüila­mente.


Snyder apoiou o cotovelo no ombro de Kinjinsky.


—    Apenas se lembre de mim quando quiser algo mais do que um rostinho bonito em um desses comer­ciais.


—    Tudo bem, George.


Harry esperou o resto da conversa transcorrer, adi­cionando comentários com facilidade, embora sua concentração estivesse toda em Gina. Esperou até que os jogadores se despedissem e fossem para o vestiá­rio para segurar o queixo de Gina. De perto, com paciência, examinou-a.


—   O que há de errado?


Ela deu um passo atrás, para interromper o toque.


—    Por que algo deveria estar errado? — pergun­tou. O toque dele a deixara nervosa e fizera sua cabeça pulsar. — Deu tudo certo. Acho que você vai ficar satisfeito quando o filme estiver editado. Com as duas propagandas no ar durante a World Series, não filmare­mos mais até novembro. — Virando-se, notou que a maior parte dos membros da equipe já havia partido. Descobriu que queria estar longe antes que ela e Harry ficassem completamente sozinhos. — Tenho algumas coisas para fazer no escritório, então...


—    Gina — ele a interrompeu —, por que você está aborrecida?


—  Eu não estou aborrecida! — Reprimindo a fú­ria, voltou-se para ele. — Foi um longo dia, estou can­sada. Isso é tudo.


Lentamente, Harry meneou a cabeça.


—    Tente de novo.


—    Deixe-me em paz — exclamou Gina numa voz baixa e trêmula, que informou a ambos quão perto ela estava de uma crise nervosa. — Só me deixe em paz.


Deixando a luva cair no chão, ele lhe segurou am­bos os braços.


—  Sem chance. Podemos conversar aqui, ou pode­mos ir para sua casa e discutir o assunto. Você escolhe.


Ela se afastou.


—    Não há nada a discutir.


—    Tudo bem. Então vamos jantar e ver um filme.


—    Eu lhe disse que tenho trabalho a fazer.


—    Sim. — Harry assentiu vagarosamente. — Você mentiu.


Uma raiva aguda preencheu os olhos de Gina.


—    Não preciso mentir, tudo que tenho de fazer é lhe dizer não.


—    Verdade — concordou ele, controlando seu temperamento. — Por que está zangada comigo? — A voz era calma, paciente. Os olhos não. O sol batia contra eles, acentuando a sexualidade feroz.


—    Não estou zangada com você! — ela quase gritou.


—    As pessoas geralmente gritam quando estão zangadas.


—    Eu não estou gritando — declarou Gina, au­mentando ainda mais o tom de voz.


Curiosamente, Harry inclinou a cabeça.


—    Não? Então o que está fazendo?


—    Tenho medo de estar me apaixonando por você. — A expressão de Gina se tornou cômicamen­te surpresa depois que as palavras saíram. Olhou-o in­crédula, então cobriu a boca com uma das mãos como se pudesse apagar as palavras.


—    Ah, é? — Ele não sorriu ao dar outro passo em direção a ela. Nem em finais de campeonato se lem­brava de ter ficado tão ansioso, mas, com o máximo de seu autocontrole, não deixou transparecer. — Isso é verdade?


—    Não, eu... — Em defesa, ela olhou ao redor... apenas para descobrir que estava sozinha com ele. So­zinha no território de Harry. As arquibancadas se er­guiam como muralhas para enclausurá-los no campo de grama e terra. Gina saiu do montículo. — Não quero ficar aqui.


Harry meramente acertou seu passo com o dela.


—    Por que o medo, Gina? — Ele ergueu uma das mãos para o rosto dela, fazendo-a parar. — Por que uma mulher como você teria medo de se apaixonar?


—    Eu sei o que acontece — disse Gina, com olhos escuros subitamente tempestuosos em contraste com a voz trêmula.


—    Certo. Por que não me conta?


—    Eu vou parar de pensar. Vou parar de ser cuida­dosa. — Ela deslizou a mão agitada pelos cabelos. — Vou me doar até perder a razão, e, quando acabar, não me restará nada. É sempre assim — sussurrou, pen­sando em todos os seus pais transitórios, pensando em Draco. — Não vou permitir que isso aconteça de novo. Não posso me envolver com você por diversão, Harry. Isso simplesmente não está funcionando. — Sem no­ção de rumo, Gina se virara e começara a andar rumo à terceira base. Harry sentiu o calor de seu pin­gente de ouro contra o peito e resolveu que aquilo era o destino. Sem pressa, seguiu-a. A terceira base era seu reino pessoal.


—  Você está envolvida comigo, esteja se divertin­do com isso ou não.


Ela lhe lançou um olhar penetrante. Aquele não era o homem calmo e sereno, mas o guerreiro. Gina endireitou os ombros.


—   Isso pode ser remediado.


—  Tente — desafiou ele, calmamente segurando sua camisa na mão e puxando-a para si.


Gina inclinou a cabeça para trás, furiosa, e talvez mais assustada do que jamais se sentira na vida.


—    Não vou continuar saindo com você. Se não pode trabalhar comigo, resolva isso com Hermione.


—    Oh, eu posso trabalhar com você — murmu­rou ele suavemente. — Até posso mesmo aceitar ordens suas sem grandes problemas, porque você é exce­lente no que faz. Já lhe falei uma vez que seguiria suas regras enquanto a câmera estivesse ligada. — Harry olhou ao redor, silenciosamente declarando que não havia câmera desta vez. — É difícil combater um ho­mem em seu próprio terreno, Gina, especialmente um homem que está acostumado a vencer.


—    Eu não sou um troféu, Harry — disse ela com surpreendente firmeza.


—    Não. — Com uma das mãos ainda lhe segu­rando a camisa, ele tocou gentilmente o rosto de Gina com a outra. — Troféus são conquistados por um time. Uma mulher é uma proposta particular. In­tervalo da sétima entrada, Gina. Hora de respirar rapidamente antes que o jogo recomece. — A mão em seu rosto desceu para lhe segurar o pescoço. Ela se per­guntou se ele podia sentir sua pulsação loucamente acelerada. Então, Harry sorriu, aquele sorriso longo e perigoso que sempre a seduzia. — Eu estou apaixona­do por você.


Ele falou tão calmamente, com tanta simplicidade, que Gina levou um momento para entender. Cada músculo de seu corpo enrijeceu.


—  Não faça isso.


Harry arqueou uma sobrancelha.


—    Não me apaixonar ou não contar?


—    Pare. — Ela pôs as mãos no peito dele numa tentativa de empurrá-lo. — Isso não é brincadeira.


—    Não, não é. Do que tem mais medo? — per­guntou ele, estudando-lhe o rosto pálido. — De amar ou de ser amada?


Gina meneou a cabeça. Tomara tanto cuidado para não cruzar aquela linha tênue, tanto cuidado para impedir que qualquer um a cruzasse. Hermione fizera aquilo, e E.J., percebeu. Amava os dois. Mas era um tipo inteiramente diferente de amor. Aquilo a apavo­rava, a petrificava.


—  Você poderia me perguntar quando aconteceu. Eu não saberia responder — continuou Harry, massageando os músculos tensos do pescoço de Gina. — Não houve um aviso, nem sinos ou violinos tocando. Nem mesmo posso dizer que fui pego de surpresa por­que notei que estava acontecendo. Não tentei fugir ou evitar, também. — Meneou a cabeça antes de levar os lábios aos dela. — Você não pode fazer isso desapare­cer, Gina.


O beijo a abalou até a alma. Foi forte, poderoso e exigente, sem o menor indício de urgência. Era como se Harry soubesse que ela não podia ir a lugar algum. Podia lutar contra ele, pensou Gina. Ainda podia lutar contra ele. Mas a tensão se esvaía de seu corpo, preenchendo-a com uma sensação de liberdade que pensara jamais ser possível alcançar. Alguém a amava.


Sentindo a mudança, Harry se afastou. Não a ga­nharia com paixão. Suas necessidades eram profundas demais para se contentar com isso. E então os braços de Gina o envolveram, o rosto pressionado contra seu peito num gesto não de desejo, mas de confiança. Quem sabe o início da verdadeira confiança.


—   Fale — murmurou ela. — Só diga.


Harry a abraçou apertado, acariciando-lhe os cabe­los, enquanto uma brisa soprava no estádio vazio.


—   Eu amo você.


Com um suspiro, Gina ergueu a cabeça e segu­rou-lhe o rosto nas mãos.


—  Eu amo você, Harry — murmurou antes de to­mar-lhe os lábios nos seus.

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