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2. Capítulo Dois


Fic: Regras do Jogo


Fonte: 10 12 14 16 18 20
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Gina estivera esperando o telefonema. Afinal de contas, ele sabia seu nome completo, e seu nome esta­va na lista telefônica. Mas não esperava que fosse acon­tecer às 6h 15 da manhã de um domingo.
Grogue de sono, ela tateou em busca do telefone, conseguindo pegar o sem fio enquanto a base caía pe­sadamente no chão.
—     Alô... — murmurou sem abrir os olhos.
—     Gina Weasley?
—   Hmm... — Ela se deitou de novo no travesseiro. — Sim...
—   Aqui é Harry Potter.
Instantaneamente alerta, Gina abriu os olhos. A luz estava suave e fraca com o amanhecer, e alguns pássaros começavam a cantar. Ela tateou para achar o despertador de corda ao lado da cama, e fez uma care­ta quando viu que horas eram. Reprimindo uma tor­rente de ofensas, manteve a voz suave e sonolenta.
—   Quem?
Harry mudou o telefone para a outra mão e franziu o cenho.
—   Harry Potter, terceira base. O jogo dos Wizards da outra noite.
Gina bocejou, afofando o travesseiro sem pressa.
—     Oh — foi tudo que ela disse, mas um sorriso travesso curvou-lhe os lábios.
—     Ouça. Quero ver você. Nós vamos voar de vol­ta depois do jogo em Nova York esta tarde. Que tal um jantar? — Por que ele estava fazendo isso?, per­guntou a si mesmo enquanto andava de um lado para o outro no pequeno quarto de hotel. E por que, em nome de Deus, não estava fazendo aquilo com um pouco mais de estilo?
—     Jantar — repetiu Gina sem demonstrar inte­resse, enquanto sua mente trabalhava com rapidez. Não era típico de Harry esperar que uma mulher não tivesse planos que não pudessem ser alterados para sa-tisfazê-lo? Seu primeiro instinto foi recusar friamen­te... mas seu senso de ridículo a venceu. — Bem — começou ela, e fez uma pausa. — Tal­vez. A que horas?
—     Apanho você às nove — respondeu Harry, ig­norando o "talvez". Se não conseguia tirar uma mulher da cabeça por três dias, descobriria por quê. — Tenho o endereço.
—     Tudo bem, Harly, às nove.
—  Harry — corrigiu ele, seco, e desligou. Deitando-se novamente no travesseiro, Gina co­meçou a rir.
Ainda estava de excelente humor quando se arru­mou para a noite. Entretanto, pensou que era uma pena que o arquivo que lera sobre Harry não contivesse um pouco mais do que todas aquelas estatísticas de beisebol. Alguns detalhes pessoais teriam lhe dado mais vantagens. O que Harry Potter teria a dizer se sou­besse que estava levando sua futura diretora para jan­tar?, perguntou-se. De alguma forma, Gina não achava que ficaria muito satisfeito quando soubesse que ela omitira aquela pequena informação. Mas o ce­nário todo era bom demais para perder. E havia o fato de que ele tocara alguma coisa em seu interior, da qual ela queria se livrar antes que começassem a trabalhar juntos.
Enrolada numa toalha de banho, Gina ponde­rou sobre que roupa usaria. Não saía muito com homens. Escolha própria. Experiências anteriores in­fluenciaram sua atitude em relação aos homens. Se eram bonitos e charmosos, Gina fugia deles.
Tinha somente 17 anos quando conhecera o pri­meiro garoto bonito e charmoso. Ele tinha 22, e aca­bara de sair da faculdade. Quando fora ao restaurante em que ela trabalhava, Draco fora simpático e generoso com uma gorjeta. Tudo começara com um cinema uma ou duas noites por semana, então um piquenique no parque durante a tarde. O fato de ele não estar trabalhando não perturbara Gina na época. Ele di­zia querer esperar o verão acabar antes de procurar um emprego.
A família de Draco era de Boston, conhecida e re­quintada. O requinte, ele havia explicado com um hu­mor insolente que a fascinara, queria dizer que eles possuíam muitas heranças, mas pouco dinheiro ime­diato. A família tinha planos para ele, sobre os quais Draco se sentia indiferente graças às despreocupações típicas da juventude. Mencionava a família de vez em quando, avós, irmãs, com um humor que falava de uma intimidade que Gina invejava quase dolorosa­mente. Draco podia zombar deles, ela percebia, porque era um deles.
Ele alegava necessitar de um pouco de liberdade, alguns meses para relaxar depois do regime rígido da faculdade. Queria entrar em contato com o mundo real antes de escolher a carreira perfeita.
Jovem e carente de afeto, Gina absorvera tudo que ele lhe dizia, acreditado em cada palavra. Ele a encantara com uma instrução que ela sempre tinha desejado, mas nunca fora capaz de ter. Elogiava-a, di­zendo-lhe que era linda e doce, então a beijava como se estivesse sendo sincero. Houvera tardes na praia com pranchas de surfe alugadas, e Gina mal notava que pagava por elas. E quando ela lhe entregara sua inocência com um misto de excitação, vergonha e medo, Draco parecera satisfeito com isso. Rira do seu jeito embaraçado e ingênuo e fora gentil. Na época, Gina achara que nunca tinha sido tão feliz.
Quando Draco sugerira que morassem juntos, Gina concordara de imediato, querendo cozinhar e limpar para ele, ansiando em acordar e dormir ao seu lado. O fato de que seu salário miserável e gorjetas sustentavam a ambos não passava por sua mente. Draco falava de casamento da mesma forma que falava de trabalho: vagamente. Eram coisas para o futuro, algo muito prático que pessoas apaixonadas não de­viam se preocupar tanto. Gina concordara, feliz e otimista com o que acreditava ser seu primeiro lar de verdade. Um dia, eles teriam filhos, pensava. Meninos com o rosto bonito de Draco, meninas com os enor­mes olhos castanhos dele. Crianças com avós em Bos­ton, que sempre saberiam quem eram seus pais e onde ficava seu lar.
Por três meses, Gina trabalhara arduamente, guardando parte de seu salário para um futuro do qual Draco sempre falava, enquanto ele perseguia o que chamava de "seus estudos", e sistematicamente rejeita­va todos os empregos anunciados no jornal, alegando que não eram adequados. Gina só podia concordar. Para ela, Draco era inteligente demais para um traba­lho manual, importante demais para uma posição co­mum. Quando o emprego certo aparecesse, sabia que ele aceitaria, e então escalaria até o topo em sua carreira.
Às vezes, ele parecia impaciente, mal-humorado. Como sempre tivera de roubar sua própria privacida­de, Gina o deixara ter a dele. E quando ele saía de seus momentos privados, sempre se encontrava cheio de energia e planos. Vamos aqui, vamos ali. Não, hoje. O dia seguinte era sempre muito distante para Draco. Para Gina, pela primeira vez em 17 anos, o hoje era especial. Tinha alguma coisa... alguém... que lhe per­tencia.
Enquanto isso, trabalhava por longas horas, cozi­nhava para ele e guardava suas gorjetas num pequeno pote de remédios em uma prateleira da cozinha.
Uma noite, Gina tinha ido para casa depois de um longo turno, para descobrir que Draco partira, le­vando consigo seu pequeno aparelho de televisão branco-e-preto, sua coleção de discos, e seu pote de remédios. Um bilhete estava em seu lugar:
Gina,
Recebi um telefonema de casa. Meus pais estão me pressionando... eu não sabia que a pressão começaria tão cedo. Eu deveria ter lhe dito antes, mas suponho que pensei que isso acabaria passando. Uma velha tradição familiar... uma união com minha prima em terceiro grau, como em matrimônio. Nossa, isso parece arcaico, mas é como minha família funciona. Pansy é uma boa garota, o pai dela tem uma conexão com o meu. Eu e Pansy somos noivos há alguns anos, mas ela ainda está em Smith, então isso não parecia importante. De qual­quer forma, vou entrar para os negócios da família dela. Executivo júnior com uma possibilidade de me tornar vice-presidente em cinco anos, ou algo assim. Não há como lutar contra família, dinheiro e a praticidade me­ticulosa da Nova Inglaterra, querida, especialmente quando eles continuam me lembrando de que sou o her­deiro. Quero que saiba que nesses últimos meses tive mais espaço para respirar do que já tive em muito tempo e, suponho, do que terei em um tempo ainda mais longo.
Sinto muito sobre a tevê e as coisas, mas eu não tinha dinheiro para a passagem aérea, e não era o mo­mento certo para dizer aos meus pais que gastei todas as minhas economias. Vou lhe pagar de volta assim que puder.
Continuo desejando que as coisas fossem diferentes, mas fui encostado contra a parede. Você foi maravilho­sa, Gina, realmente maravilhosa. Seja feliz.
Draco
 
Gina tinha lido a carta duas vezes antes que todas as palavras fossem registradas. Ele partira. Suas coisas materiais não haviam importado, mas ele sim. Draco fora embora, e ela estava sozinha... novamente... por­que não tinha se formado em Smith, nem possuía uma família em Boston, ou um pai que pudesse oferecer um bom emprego a alguém que ela amasse, de modo que Draco a escolhesse. Ninguém nunca a escolhera.
Gina chorara até que não houvesse mais lágri­mas, incapaz de acreditar que seus sonhos, sua con­fiança e seu futuro tinham sido destruídos em um ins­tante.
Então crescera rapidamente, reprimindo seu idea­lismo. Nunca mais seria usada. Nunca mais competi­ria com mulheres que possuíam todas as vantagens. E não trabalharia como uma escrava num pequeno res­taurante, a fim de ganhar o bastante para viver num apartamento de um quarto com pintura descascada.
Ela rasgara o bilhete em pequenos pedacinhos, de­pois lavara o rosto com água gelada até que todos os traços de lágrimas desaparecessem.
Andando pelas calçadas com todo o dinheiro que sobrara em seu bolso, Gina viu-se diante da Granger Productions. Havia entrado com uma atitude agressiva, de maneira hostil, passando pela recepcio­nista e entrando no departamento de pessoal. Saíra de lá com um emprego novo, não ganhando muito mais do que ganhava atendendo mesas, mas com uma nova ambição. Subiria na vida. Uma coisa que a traição de Draco lhe ensinara era que podia depender apenas de uma pessoa: ela mesma. Ninguém mais ganharia sua confiança ou a faria chorar novamente.
Dez anos mais tarde, Gina tirou um vestido pre­to e justo do armário. Era um traje altamente sofistica­do que comprara principalmente para os eventos so­ciais que faziam parte de sua profissão. Ela tocou a seda e assentiu. O vestido era perfeito para sua noite com Harry Potter.
 
Enquanto dirigia pelas montanhosas ruas de Los An­geles, Harry considerou suas ações. Pela primeira vez em sua carreira, tinha permitido que uma mulher o distraísse durante um jogo. E aquela nem mesmo ten­tara! Pela primeira vez, havia telefonado para uma es­tranha de uma distância de cinco mil quilômetros a fim de marcar um encontro, e ela nem mesmo sabia quem ele era. Pela primeira vez, estava planejando sair com uma mulher que o deixara totalmente furioso sem ter dito mais do que algumas palavras. E se não fosse pela viagem profissional na noite seguinte à do jogo no Estádio Wizards, teria ligado para Gina antes. Procurara pelo número dela no aeroporto em seu ca­minho para pegar o avião que o levaria a Nova York.
Trocou de marcha na subida ao fazer uma curva. Durante todo o vôo para casa, tinha pensado sobre Gina Weasley, tentando classificá-la. Modelo ou atriz, concluíra. Ela possuía o rosto para isso... não era realmente linda, mas, com certeza, única. A voz lem­brava um rouco sussurro. E Gina não soara muito feliz ao telefone naquela manhã, recordou com expres­são pensativa quando pisou no acelerador. Não havia lei que dizia que o cérebro precisava combinar com uma aparência intrigante, mas alguma coisa nos olhos dela naquela noite... Harry reprimiu o sentimento que tinha estudado, pesado e calculado.
Um coelho surgiu à sua frente e parou, hipnotiza­do pelos faróis do carro. Harry freou, desviou e prague­jou quando o animal correu de volta para a margem da estrada. Tinha uma fraqueza por pequenos animais que seu pai nunca entendera. Mas, até aí, seu pai havia entendido muito menos sobre um garoto que escolhe­ra jogar beisebol em vez de assumir uma lucrativa po­sição de poder na Potter Chemicals.
Harry diminuiu a velocidade para verificar sua lo­calização, então virou na estrada escura que levava à pequena propriedade cercada por árvores. Gostou do lugar instantaneamente... o isolamento, o som melo­dioso dos grilos. Era um pequeno pedaço de terra a 35 minutos de Los Angeles. Talvez ela não fosse tão pou­co inteligente, afinal. Ele parou seu MG conversível atrás do Datsun de Gina e olhou ao redor.
O gramado precisava ser aparado, mas só tinha a acrescentar ao charme rural da casa. Era uma estrutura pequena, com muitos vidros e uma varanda circular. Ele ouviu o barulho de água do riacho estreito que corria atrás da casa. Havia um aroma de verão... de flores cuja fragrância forte não podia identificar, e uma aura inexplicável de paz. Encontrou-se desejando que não tivesse de dirigir de volta para um restaurante lo­tado e com luzes brilhantes. Ao longe, um cachorro começou a latir freneticamente, enviando ecos para enfatizar a vastidão. Harry desceu do carro, perguntando-se que tipo de mulher escolheria uma casa distante dos confortos da cidade.
Havia uma aldrava antiga de latão no formato da cabeça de um porco do lado direito da porta. Aquilo o fez sorrir quando bateu. No momento em que ela abriu a porta, Harry esqueceu todas as dúvidas que o perseguiram durante o trajeto pelas montanhas. Desta vez, achou que ela parecia uma feiticeira sedutora... a pele clara em contraste com um vestido preto, um amuleto pesado de prata entre os seios. Os cabelos es­tavam puxados para trás das têmporas com dois pen­tes, e caíam de maneira selvagem até os quadris. Os olhos possuíam a cor de fumaça, as pálpebras estavam escurecidas por alguma maquiagem brilhante e sutil. Ela não usava batom. Ele sentiu um perfume que o fez pensar em haréns do leste da índia, seda branca e rou­cas risadas femininas.
—     Olá. — Gina estendeu a mão. Foi necessária muita força de vontade para completar o gesto casual. Como ela poderia saber que seu coração dispararia com a visão dele? Aquilo era tolice, porque já tinha imaginado como Harry ficaria em roupas sofisticadas. Precisava fazer isso se planejava filmá-lo. Mas de algu­ma maneira, ele parecia mais alto e mais esbelto, até mesmo mais másculo de calça e paletó... e, de alguma forma, o rosto era ainda mais atraente na parca luz sombreada da varanda da frente. Seus planos de con­vidá-lo para um drinque foram cancelados. Quanto antes estivessem no meio de uma multidão, melhor.
—     Estou faminta — disse ela quando dedos fortes se fecharam sobre os seus. — Vamos? — Sem esperar resposta, saiu e fechou a porta.
Harry a conduziu para o carro, então se virou. De saltos, Gina ficava quase da sua altura.
—     Quer que eu suba a capota?
—     Não. — Gina abriu a porta de seu lado. — Gosto do ar fresco.
Ela se recostou e fechou os olhos, enquanto ele li­gava o motor e começava a voltar em direção à cidade. Harry dirigia rapidamente, mas com o controle estuda­do que Gina sentira nele desde o começo. Uma vez que velocidade era uma de suas fraquezas, ela relaxou e aproveitou.
—   O que você estava fazendo no jogo na outra noite?
Gina sentiu o sorriso curvar seus lábios, mas res­pondeu suavemente:
—     Uma amiga tinha alguns ingressos. Pensou que eu pudesse achar interessante.
—     Interessante? — Harry meneou a cabeça com a palavra. — E você achou?
—     Oh, sim, apesar de ter esperado que fosse ser tedioso.
—     Não notei nenhum entusiasmo particular de sua parte — comentou ele, lembrando-se do olhar cal­mo e direto. — Pelo que recordo, você não se moveu durante as nove entradas.
—     Não precisei — retornou ela. — Você já estava fazendo o bastante.
Harry lhe enviou um olhar rápido.
—    Por que você estava me olhando fixamente? Gina considerou por um momento, então optou pela verdade:
—   Eu estava admirando seu corpo. — Ela se virou com um meio-sorriso. O vento soprou os cabelos no seu rosto, mas Gina não se incomodou em afastá-los. — É um corpo muito bonito.
—   Obrigado. — Ela viu um brilho de humor nos olhos dele que a agradou. — Foi por isso que concor­dou em jantar comigo?
Gina sorriu mais amplamente.
—    Não, apenas gosto de comer. Por que você me convidou?
—    Gostei do seu rosto. E não é todo dia que uma mulher me olha como se fosse me emoldurar e me pendurar na parede.
—    Verdade? — Ela lhe deu uma piscadela inocen­te. — Pensei que isso fosse algo muito típico em sua profissão.
—    Talvez. — Ele tirou os olhos da estrada tempo o bastante para encontrar os dela. — Mas você não é típica, é?
Gina arqueou uma sobrancelha. Sabia que ele lhe dera o que ela considerava o maior elogio de todos?
—    Talvez não — murmurou. — Por que pensa assim?
—    Porque, Gina Weasley, também não sou típi­co. — Ele saiu da área coberta de árvores e entrou na estrada. Gina decidiu que era melhor ter cuidado.
O restaurante era grego, com comida picante, aro­mas exóticos e violinos. No momento em que Harry lhe serviu um segundo copo de ouzo, Gina ouviu um garçom com um avental respingado de gordura cantar vigorosamente enquanto servia souvlaki. Como sempre, a atmosfera mexeu com ela. Envolvida, assis­tiu e absorveu tudo ao redor, enquanto conseguia co­mer uma refeição saudável.
—     No que está pensando? — Harry quis saber. Ela o fitou, desconcertada pela intensidade do olhar dele. Olhos que seduziam com suavidade.
—     Que este é um lugar alegre — disse ela. — O tipo que parece ser administrado por uma família fe­liz. Mamma e Pappa na cozinha, mexendo em mo­lhos, uma filha grávida cortando vegetais enquanto o marido serve no bar. Tio Stefos atende mesas.
A imagem formada o fez sorrir.
—     Você vem de uma família grande? Imediatamente, a luz desapareceu dos olhos dela.
—     Não.
Sentindo uma barreira, Harry a contornou.
—   O que acontece quando a filha tem o bebê?
—   Ela o coloca num berço no canto e fatia mais vegetais. — Gina cortou um pedaço de pão na me­tade e deu uma mordida.
—    Muito eficiente.
—     Uma mulher bem-sucedida tem de ser. Recostando-se, Harry girou seu drinque no copo.
—     Você é uma mulher bem-sucedida?
—     Sim.
Ele inclinou a cabeça, observando a luz da vela brincar na pele dela.
—    Em quê?
Gina deu um gole de seu drinque, apreciando o jogo.
—    No que faço. Você é um homem bem-sucedido?
—   No momento, sim. — Harry deu um sorriso... um que dava um ar jovial ao seu rosto. — Jogar beise­bol é uma profissão instável. Uma bola pega uma tra­jetória errada... o arremessador manda algumas perto de você... Não se pode prever quando uma queda vai começar ou parar. Ou pior, por quê.
Aquilo se parecia um pouco com a vida para ela.
—    E você tem muitas quedas?
—    Uma já é demais. — Dando de ombros, ele colocou o copo sobre a mesa novamente. — Já tive mais do que uma.
Com sua primeira curiosidade genuína, Gina se inclinou à frente.
—    O que você faz para sair de uma?
—    Troco tacos, troco a posição dos tacos. — Ele deu de ombros de novo. — Mudo de dieta, rezo. Ten­to o celibato.
Ela riu, um som quente e delicioso.
—    O que funciona melhor?
—    Um bom ataque. — Ele também se inclinou à frente. — Quer ver um?
Quando a sobrancelha dela se arqueou, ele ergueu um dos dedos para traçá-la. Gina sentiu um tremor interno pelo corpo todo.
—    Acho que passo.
—    De onde você é? — murmurou ele, a ponta do dedo descendo pelo rosto e traçando a linha do maxi­lar. Sabia que a pele de Gina seria macia assim.
—    De nenhum lugar em particular. — Gina es­tendeu a mão para pegar o copo, mas ele a cobriu com a sua.
—    Todo mundo vem de algum lugar.
—    Não — discordou ela. A mão dele era mais fir­me do que Gina imaginara, os dedos mais fortes. E o toque era gentil. — Nem todo mundo.
Pelo tom de voz, Harry percebeu que ela estava fa­lando a verdade, e Gina viu isso. Ele roçou um polegar no pulso delicado, descobrindo a pulsação firme ali, apesar de acelerada.
— Fale-me sobre você.
—     O que quer saber?
—     Tudo.
Gina riu, mas foi totalmente sincera quando res­pondeu:
—     Não conto tudo para qualquer pessoa.
—     O que você faz?
—     Sobre o quê?
Ele deveria estar exasperado, mas se pegou sorrindo.
—   Sobre o trabalho, para começar.
—     Oh, eu faço propagandas — replicou ela em tom leve, sabendo que ele concluiria que ela trabalha­va diante das cameras. O jogo continha um aspecto travesso que a agradava.
—     Também farei isso em breve — disse ele com uma careta rápida. — Você gosta?
—   Eu não faria se não gostasse.
Harry lhe enviou um olhar atento, então assentiu.
—   Não, você não faria.
—     Você não parece muito ansioso para tentar fazer comerciais — comentou Gina, tirando a mão da dele. O contato prolongado com Harry, ela descobriu, dificul­tava sua concentração, e a concentração lhe era vital.
—     Não quando tenho de recitar algumas falas to­las e usar roupas de outras pessoas. — Preguiçosamen­te, ele brincou com uma mecha dos cabelos dela, enrolando-a no dedo, enquanto continuava fitando-lhe os olhos. — Seu rosto é fascinante, mais encantador do que lindo. Quando a vi no estádio, pensei que você parecia uma mulher do século XVIII. O tipo que tem uma fila de amantes ansiosos.
Com um murmúrio baixo de humor, Gina se inclinou para mais perto.
—   Este foi o primeiro ataque, Sr. Potter?
O aroma feminino parecia ter se intensificado pelo calor da vela. Ele se perguntou se cada homem no res­taurante não estava ciente do perfume... e dela.
—   Não. — Seus dedos se apertaram brevemente, quase como um aviso, nos cabelos ruivos. — Quan­do eu fizer o meu primeiro, você não precisará per­guntar.
Instintivamente, Gina se afastou, mas seus olhos permaneceram calmos, a voz continuou suave.
—     É justo. — Definitivamente, ela o colocaria num filme com mulheres, decidiu. Loiras ardentes, para contrastar. — Você monta? — perguntou abrup­tamente.
—     Monto?
—     Cavalos.
—     Sim — respondeu ele com uma risada curiosa. — Por quê?
—     Apenas curiosidade. E quanto a vôo livre em asa-delta?
A expressão de Harry se tornou mais intrigada do que divertida.
—   Isso é proibido no meu contrato, assim como esquiar ou correr de carro. — Ele não confiou no traço de humor nos olhos dela. — Posso saber que jogo você está fazendo?
—     Não. Podemos comer a sobremesa? — Gina lhe deu um sorriso brilhante, deixando-o ainda mais desconfiado.
—     Claro. — Observando-a, Harry sinalizou para o garçom.
Trinta minutos depois, eles atravessaram o estacio­namento para o carro dele.
—     Você sempre come assim? — quis saber Harry.
—     Sempre que tenho a chance. — Gina se aco­modou no assento do passageiro, então estendeu os braços acima da cabeça num movimento preguiçoso e inconscientemente sensual. Ninguém que não tivesse trabalhado num restaurante poderia apreciar total­mente comer em um. Ela gostara da comida... e da noite. Talvez, pensou, tivesse gostado de estar com Harry porque haviam passado três horas juntos e ainda não se conheciam. O mistério adicionava uma pitada de tempero.
Em poucos meses, eles iriam se conhecer bem. Um diretor não tinha escolha senão penetrar o mundo in­terno de um ator, e era o que Harry seria, gostasse disso ou não. Por enquanto, Gina escolheu aproveitar o momento, o mistério e a breve companhia de um ho­mem atraente.
Quando Harry se sentou ao seu lado, inclinou-se para lhe segurar o queixo na mão. Ela lhe encontrou os olhos serenamente, e com aquele toque de humor que estava começando a frustrá-lo.
—   Você vai me contar quem é?
Estranho, pensou Gina, que ele tivesse o mesmo entendimento da noite que ela.
—   Ainda não decidi — disse Gina com sinceri­dade.
—   Vou vê-la novamente?
Ela lhe deu um sorriso enigmático.
—   Sim.
Cuidadoso com o sorriso e com a rápida concor­dância dela, Harry ligou o motor.
Não gostava de saber que ela estava brincando com ele... não mais do que gostava de saber que teria de voltar para mais. Conhecia uma variedade de mulhe­res... desde as frias sofisticadas até as tietes pegajosas. Havia inúmeras diferenças entre os extremos, mas Gina Weasley não parecia se encaixar em nenhuma delas. Possuía uma sexualidade esnobe, assim como uma vulnerabilidade suave. Embora seu primeiro ins­tinto tivesse sido levá-la para a cama, agora se desco­bria querendo mais. Queria remover as camadas da personalidade de Gina e estudá-las, uma a uma, até que a entendesse completamente. Fazer amor com ela seria apenas parte da descoberta.
Eles fizeram o trajeto de carro em silêncio, enquan­to uma música suave tocava no rádio. Gina estava com a cabeça inclinada para trás, olhando para as es­trelas, sabendo que aquela era a primeira vez em meses que relaxava num encontro amoroso, e não queria analisar o motivo. Harry não achava necessário quebrar o silêncio confortável com conversa, assim como não achava necessário dar aquelas indiretas previsíveis de como gostaria de acabar a noite. Ela sabia que não haveria uma luta física no acostamento da estrada, ou uma discussão embaraçosa quando chegassem à porta de sua casa. Harry era seguro, decidiu e fechou os olhos. Parecia que tudo daria muito certo, afinal de contas. Seus pensamentos começaram a ir para sua agenda do dia seguinte.
O movimento do carro a acordou, ou melhor, a falta do movimento. Gina abriu os olhos para en­contrar o MG parado dentro de sua propriedade, o motor desligado. Virando a cabeça, viu Harry relaxado no assento, observando-a.
— Você dirige muito bem — murmurou ela. — Geralmente não confio o suficiente em ninguém para adormecer num carro.
Ele havia gostado dos momentos de quietude en­quanto a observava dormir. A pele de Gina parecia etérea à luz da lua, extremamente clara, com um leve rubor nas faces. O vento desembaraçara os cabelos rui­vos, de modo que Harry sabia como eles ficariam espa­lhados sobre um travesseiro após uma noite de paixão ardente. Mais cedo ou mais tarde veria aquilo, deter­minou-se. Depois que suas mãos os acariciassem.
— Desta vez é você quem está me olhando fixa­mente — assinalou Gina.
E ele sorriu. Não o sorriso que ela passara a esperar, mas um sorriso lento e perturbado, que lhe deixava os olhos escuros e perigosos.
— Suponho que ambos teremos de nos acostumar com isso.
Inclinando-se, ele abriu a porta. Gina não enrije­ceu ou mudou de posição quando Harry roçou o corpo contra o seu, mas simplesmente observou. Como se, pensou Harry, ela estivesse considerando suas palavras com muito cuidado. Ótimo, concluiu quando saiu do carro. Desta vez Gina teria alguma coisa na qual pensar.
—     Gosto deste lugar. — Harry não a tocou enquan­to percorriam o caminho que levava à casa, embora Gina tivesse esperado que ele lhe pegasse o braço ou a mão. — Tive uma casa em Malibu uma vez.
—     Não mais?
—     O lugar ficou muito movimentado. — Ele deu de ombros enquanto subiam os degraus da varanda. Os passos de ambos ecoavam na noite. — Se vou viver fora da cidade, quero um lugar onde não tropeço no vizinho o tempo todo.
—     Não tenho este problema aqui. — Ao redor deles, a área verde estava escura e silenciosa. Havia apenas o som do riacho e a música dos grilos incansá­veis. — Há um casal que mora a quatrocentos metros daquele lado. — Gina gesticulou para o leste. — Recém-casados que se conheceram num seriado de televisão. — Encostando-se contra a porta, ela sorriu. — Não temos nenhum problema em ficar longe do caminho um do outro — acrescentou com um suspi­ro, sentindo-se relaxada e com sono. — Obrigada pelo jantar. — Quando ofereceu uma das mãos, pergun­tou-se se ele aceitaria ou ignoraria e a beijaria. Espera­va que a última opção acontecesse, até mesmo se per­guntou com curiosidade, como seria sentir a pressão dos lábios dele nos seus.
Harry sabia o que ela esperava, e os lábios de Gina, como tinham feito desde o começo, o tentaram. Mas achou que era hora de ela ter alguma coisa inesperada.
Pegando-lhe a mão, inclinou-se à frente. Viu nos olhos acinzentados que Gina aceitaria seu beijo com pra­zer. Em vez disso, tocou os lábios no rosto dela.
Com o roçar da boca aberta de Harry sobre sua pele, Gina apertou-lhe os dedos. Geralmente, via beijos e abraços de forma distante, como se por trás de uma câmera, imaginando, sem paixão, como a cena ficaria no filme. Agora não via nada, mas sentia. On­das turbulentas de desejo pareciam percorrer sua pele, embora ele não a tocasse... Apenas a mão forte cobrin­do a sua, os lábios quentes na sua face.
Vagarosamente, observando-lhe os olhos ardentes, Harry foi para a outra face, movendo os lábios com a mesma leveza, como uma pena. Gina sentiu as on­das aumentarem, até que estavam ecoando em sua ca­beça. Ouviu um gemido baixo, inconsciente de que vinha de si mesma. Quando o desejo a dominou, vi­rou a boca, procurando pela dele, mas Harry subiu por sua pele, beijando-lhe as pálpebras, de modo que se fechassem. Enfeitiçada, ela permitiu que ele viajasse pelo seu rosto, deixando seus lábios tremendo em an­tecipação, sem serem satisfeitos. Gina testou a respi­ração quente de Harry em seus lábios, sentiu o calor deles quando passavam perto, mas a boca sensual des­ceu para seu queixo, tocando-o provocativamente com a língua.
Os dedos de Gina se afrouxaram nos dele. Rendi­ção lhe era algo desconhecido, e ela não reconheceu o sentimento. Harry percebeu quando lhe prendeu o ló­bulo entre os dentes. Seu corpo estava pulsando, doendo de vontade de pressionar-se contra ela e sentir a sua­vidade especial que somente as mulheres possuíam. Contra seu rosto, os cabelos exuberantes de Gina eram tão sedosos quanto à pele, assim como tão fra­grantes. Foi necessário extremo controle para impedir que suas mãos mergulhassem naqueles cabelos, para não tomar aquela boca que esperava desejosamente pela sua. Ele lhe traçou a orelha com a língua e a sentiu tre­mer. Lentamente, roçou beijos na testa e nas sobrance­lhas delicadas enquanto seguia para a outra orelha. Mordiscou-a de levinho, deixando a língua deslizar so­bre a pele sedosa, até ouvi-la gemer novamente.
Ainda assim, evitou a boca de Gina, pressionan­do os lábios na pulsação do pescoço elegante, lutando contra a vontade de descer mais, sentir, provar o gosto da curva sutil dos seios abaixo da seda preta. A pulsa­ção dela estava acelerada, assim como a respiração. Do alto das montanhas, um coiote uivou para a lua.
Uma excitação atordoante o inundou. Poderia tê-la agora... sentir aquele corpo longo e flexível sob o seu, perder-se naqueles cabelos selvagens e maravilhosos. Mas não teria tudo dela. Necessitava de mais tempo para isso.
—   Harry. — Gina sussurrou o nome com voz rouca, excitando-o ainda mais. — Beije-me.
Gentilmente, ele pressionou os lábios no ombro dela.
—   Estou fazendo isso.
A boca de Gina parecia estar em chamas. Pensara entender desejo, o sentira muitas vezes no passado. Mas jamais tinha conhecido um desejo como aquele.
—   Beije de verdade.
Ele se afastou o bastante para lhe ver os olhos. Não havia luz neles agora. Estavam opacos de desejo. Os lábios estavam entreabertos num convite, a respiração ofegante. Harry se inclinou para mais perto, mas man­teve os lábios a centímetros dos dela.
— Da próxima vez — murmurou suavemente.
Virando-se, deixou-a perplexa e esperando.

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