Atrás da mesa, com o fogo queimando ruidosamente, Gina trabalhava em ritmo acelerado. Tinha dedicado pesquisas meticulosas e longas horas de reflexão ao caso Walker. A história era quase típica demais. Irene Walker era jovem e tinha acabado de se formar na faculdade quando casou. O marido nunca permitiu que ela trabalhasse, exigindo que cuidasse da casa, cozinhasse e dedicasse a vida ao conforto dele. Agora que o casamento estava se destruindo, Irene não tinha salário, nenhuma experiência profissional e uma criança para cuidar. Gina pretendia que sua cliente fosse compensada pelos quatro anos que passara como empregada, cozinheira e anfitriã. O fato de que Irene apanhava do marido deixava Gina ainda mais determinada a fazer justiça.
E vou conseguir, pensou com satisfação, e fechou o livro de advocacia. George Walker vai pagar. Se Irene ao menos continuasse com as sessões de terapia...
Meneando a cabeça, Gina disse a si mesma para ir devagar. Já estava muito envolvida emocionalmente no caso de Chad Rutledge. Devia tomar cuidado.
Chad, pensou, pressionando as têmporas por um momento. O caso não estava indo tão bem quanto o de Irene Walker. Gina já contatara metade dos nomes da lista que ele dera. Até agora, ninguém lhe dera uma prova favorável. Preciso de alguma coisa, pensou, jogando a caneta de lado. Tenho de ir ao tribunal com mais do que a história de Chad e meus próprios sentimentos.
Recostando-se na cadeira, olhou para o teto e pensou no caso em questão. Uma bonita estudante universitária, com uma família privilegiada financeiramente. Um garoto de rua com uma atitude hostil e um temperamento explosivo. Se fosse a palavra de Chad contra a de Beth, Gina tinha poucas dúvidas de qual seria o resultado. Então, havia a evidência médica, a condição de Beth quando fora admitida na Emergência do hospital, a admissão de Chad de que estivera com ela. Não, Gina não podia ir ao tribunal com aquilo e esperar que desse certo. Especialmente quando não confiava inteiramente em seu cliente.
Oh, ele era inocente, não duvidava disso. Mas temia que o garoto perdesse a cabeça se ela pressionasse Beth, cometendo a loucura de fazer uma confissão em pleno tribunal.
Com um suspiro, Gina lembrou que ainda possuía alguns nomes na lista de Chad para contatar. De dois deles, só tinha o primeiro nome, o que significava que teria de fazer uma viagem até a universidade e um pequeno trabalho de detetive.
— Gina?
Distraída, ela olhou para cima.
— Sim, Lucy.
— Vou embora agora, a menos que você precise de alguma coisa. Harry ligou meia hora atrás, dizendo que a reunião acabou, mas que passaria aqui antes de ir para casa.
— Oh. — Gina não notou o olhar especulativo de Lucy, enquanto mirava o fogo na lareira. — Não, Lucy, pode ir. Preciso terminar algumas coisas. Eu tranco a casa.
— Quer que eu lhe faça um café antes de ir?
— Não, obrigada. — Gina a fitou. — Boa noite, Lucy.
— Para você, também — murmurou Lucy com um olhar significativo antes de virar-se para o corredor. — Diga a Harry que deixei os recados sobre a mesa.
— Certo. — Lucy era muito mais perspicaz do que parecia, pensou ela. Embora Harry e Gina trabalhassem diariamente na mesma casa mantendo uma relação profissional e amigável, a mulher mais velha parecia perceber alguma coisa. Gina perguntou-se se era possível manter o relacionamento com Harry em segredo, e de repente questionou por que sentia que isso era necessário.
Pensativa, levantou e andou até a lareira. O fogo estava baixo, e ela adicionou lenha, observando os violentos estalos. Talvez suas emoções estivessem assim, brandas e cuidadosas até que Harry entrara em sua vida. Agora sabia como era se sentir em chamas, ser tomada por um calor ardente.
Aquilo a assustava. Harry tinha a habilidade de faze-la deseja-lo com uma paixão desinibida e irrestrita. O poder de faze-la pensar nele nos momentos mais estranhos.
Ele parecia não ter problemas com emoções, ou em demonstra-las, enquanto Gina fora treinada a suprimir paixões e controlar os sentimentos. Mesmo agora que já se libertara de muitos medos, ainda estava longe da personalidade aberta de Harry. Nunca teria a espontaneidade dele. Ao mesmo tempo que o invejava, não o compreendia completamente. Entendia, contudo, que Harry tinha a habilidade de dominar apenas pela força da personalidade.
Talvez por isso ela tivesse insistido que eles mantivessem o relacionamento em nível profissional durante as horas de trabalho. Momentos em que Gina precisava ter controle sobre suas emoções, seus sentimentos e pensamentos.
Vou me apaixonar se não tomar cuidado, pensou com uma onda de pânico enquanto assistia à lenha nova pegar fogo. Seja não estivesse apaixonada!
Com um gemido de irritação, afastou-se da lareira, então ouviu o telefone da sala dele tocar. Uma olhada no relógio a informou de que eram quase seis horas e os escritórios estavam oficialmente fechados. Dando de ombros, foi até a porta ao lado para atender.
— Escritório de Harry Potter — disse enquanto acendia a luz.
— Ele ainda não voltou? — perguntou uma voz irritada.
— Não, lamento. — Gina pegou uma caneta e sentou na cadeira de Harry. — O sr. Potter está fora do escritório. Quer deixar recado?
— Onde está esse garoto? — gritou a voz exasperada. — Venho tentando falar com ele a tarde inteira.
— Sinto muito, o sr. Potter está em uma reunião fora daqui. Quer que eu lhe peça para retornar amanhã?
— Esse garoto nunca para quieto – murmurou a voz.
— Perdão?
— Hah!
Gina franziu o cenho.
— Posso anotar seu nome e número, e também um recado se desejar.
— Não é Lucy quem está falando — afirmou o homem de repente. — Onde está Lucy?
Divertida, e um pouco perplexa, Gina largou a caneta.
— Lucy já foi embora. Aqui é Gina Weasley. Sou associada do sr. Potter. Há alguma coisa...
— A irmã de Rony! — interrompeu a voz. — Tenho desejado conversar um pouco com você, garota. Soube que está trabalhando aí com Harry.
— Sim — começou ela confusa. — Conhece meu irmão?
— Se o conheço? — Houve uma explosão de risada. — É claro que o conheço, menina. Permiti que ele casasse com a minha filha, não permiti?
— Oh. — Entendendo quem era, Gina recosto-se. Não tinha sido avisada sobre Thiago Potter? — Como vai, sr. Potter? Já ouvi falar muito do senhor.
— Hah! — exclamou ele. — Você não escuta meu filho, escuta?
Ela riu, brincando com o fio do telefone, sem ciência de que estava relaxando pela primeira vez em oito horas.
— Harry fala muito bem do senhor. Lamento que ele não esteja no momento.
— Hum, bem... — Ele parou como se uma idéia tivesse se formado em sua mente. — Você também é advogada, não é?
— Sim, eu me formei em Harvard alguns anos depois de Harry.
— Que mundo pequeno! Mione me contou que você fez as pazes com Rony. Boa linhagem.
— Bem, sim... — Um pouco confusa pela frase. Gina parou.
— Os laços de sangue são importantes, sabia?
— Suponho que sim.
— Você não tem de ficar supondo, menina. Precisa manter os laços fortes. Meu aniversário está chegando — anunciou ele sem uma pausa.
— Parabéns.
— Eu não queria fazer nada, mas minha esposa adora uma festa. Não gosto de desapontá-la.
— Não — concordou Gina, sorrindo. — É claro que não gosta.
— Ela sente falta das crianças, sabe? Cada um foi para um lado — murmurou ele em tom melancólico. - E não há netos.
— Ah — murmurou Gina, sem saber o que dizer.
— Alguns netinhos para que ela mime nos anos de inverno — continuou Thiago com um suspiro. - Mas quando as crianças pensam nas necessidades dos pais?
— Bem...
— Lilian quer todas as crianças aqui no próximo fim de semana — interrompeu ele. — Uma reunião de família. Queremos que Harry traga você.
— Obrigada, sr. Potter, eu...
— Thiago, garota. Afinal, você é parte da família agora. Os Potters cuidam de sua família.
—Tenho certeza que sim — replicou ela, então riu. — Eu adoraria ir ao seu aniversário, Thiago.
— Ótimo. Está combinado, então. Diga a Harry que a mãe dele o quer aqui na sexta à noite. Advogada também, não? Isso é conveniente. Sexta à noite, Gina.
— Sim. — Meio confusa, Gina se despediu. — Boa noite, Thiago.
Ela desligou com a estranha sensação de que tinha concordado com muito mais do que passar um fim de semana em Hyannis Porte . Franzindo o cenho, pensou sobre a conversa. Parecia que Thiago Potter era tão excêntrico quanto a lenda dizia.
O quanto Harry seria parecido com Thiago? Certamente, tinha herdado a habilidade do pai em dominar a conversa quando queria. E havia alguma coisa na risada. E o que era aquilo de boi linhagem?
Ouvindo a porta da frente se abrir, Gina levantou e foi para o topo da escada.
— Olá.
Harry olhou para cima.
— Oi.
Reconhecendo a fadiga na única sílaba, Gina desceu e se aproximou.
— Como foi?
Ele pendurou o casaco num cabide do hall.
— Três horas com Ginnie Day.
Gina não precisava de mais. Erguendo aí mãos, começou a massagear-lhe os ombros.
— Você não gosta dela — afirmou quando Harry deu um suspiro.
— Não, não gosto. Ela é mimada, egoísta vaidosa. Tem a cortesia de uma garota de cinco anos.
—Deve ter sido uma tarde muito prazerosa — brincou Gina.
Harry riu e levou as mãos para os pulsos dela.
— Não preciso gostar da mulher, apenas tenho de defende-la. Seria mais fácil se a própria Ginnie não fosse a melhor arma do promotor. Não há uma maneira de fazer o júri simpatizar com a ré. A maior parte das emoções estará do lado de quem a acusa, e eu terei de lidar somente com a lei.
— Você vai a julgamento — disse Gina.
Um sorriso brincou nos lábios de Harry quando assentiu em concordância.
— Eu preferia apresentar esse tipo de caso a um juiz. Quando disse a Ginnie, ela teve um chilique e me despediu. — Rindo da expressão ultrajada de Gina, ele segurou-lhe o rosto, depois a beijou. — Por cinco minutos — acrescentou. - Ela pode ser rude, mas não é estúpida.
— Ela teria uma lição se você tivesse aceitado a dispensa e partido.
— Você faria isso?
Gina sorriu.
— Não, mas teria ficado tentada. Seu trabalho acabou por hoje?
— Sim. — Ele deslizou as mãos para a cintura dela e a abraçou.
— Então, pegue seu casaco — ordenou Gina num impulso que a teria surpreendido semanas antes. — Vou leva-lo para jantar. E depois, para minha casa.
— Sério?
— Sério. — Gina pegou o próprio casaco e entregou-lhe o dele.
Harry a estudou, notando que os olhos escuros estavam tão confiantes quanto as palavras. Tocou-lhe os cabelos.
— Gosto do seu estilo, advogada.
— Potter — retornou Gina abotoando o casaco —, você ainda não viu nada.
Vermelha de frio e segurando uma garrafa de champanhe gelado, Gina abriu a porta de seu apartamento. O jantar os relaxara, afastando da mente as exigências do trabalho e as pessoas envolvidas nos casos judiciais. Agora, eram apenas um homem e uma mulher com vidas problemas próprios.
— Vou pegar os copos — declarou Gina, entregando a garrafa a Harry.
Ele olhou para o rótulo.
— Suponho que você pretende me confundir com champanhe.
Voltando com duas taças, ela sorriu.
— Estou contando com isso. Por que não abre logo?
Erguendo uma sobrancelha, Harry rasgou o alumínio do topo da garrafa.
— Posso não ser manipulado tão facilmente quanto você pensa.
— Oh, não? — Ela colocou as taças sobre a mesa, então, aproximou-se e removeu-lhe o casaco. Dessa vez, não iria ser conduzida, iria conduzir. Mordiscou-lhe o lábio inferior, enquanto desatava o nó da gravata. Quando sentiu os braços dele a circularem, afastou-se, mantendo os lábios quase colados aos de Harry. — Que tal aquele champanhe?
— Nós já não o bebemos?
Com uma risada baixa, ela segurou a ponta da gravata entre o polegar e o indicador.
— Não. — Lentamente, Gina tirou-lhe a gravata e jogou-a de lado. Sentiu um rápido tremor com o próprio ato e perguntou-se se ele também sentira. — Por que não serve? — sugeriu, abrindo os três primeiros botões da camisa dele. — Vou colocar uma música.
Enquanto atravessava a sala, Gina tirou os sapatos. Ligou o aparelho de som em volume baixo, de modo que o blues que tocava não passava de um sussurro. Quando diminuiu as luzes, Harry olhou-a para vê-la retirando o blazer.
— Acho que estou numa situação difícil — disse ele, enchendo as taças.
Com uma risadinha, Gina se aproximou.
— Você está numa situação difícil. — Pegando uma taça, ela sentou no sofá e puxou Harry par seu lado. — Dificílima — acrescentou, mordiscando-lhe a orelha.
—Talvez eu deva me colocar inteiramente em suas mãos. — Virando a cabeça, ele encontrou-lhe a boca, mas ela só permitiu que Harry a saboreasse brevemente.
— Essa é a minha idéia. — Gina brindou com Harry e tomou um gole do champanhe. — Eu já lhe disse que você me fascina? — perguntou ela enquanto brincava com as curvas da orelha dele.
— Não. E eu, já lhe disse? — Harry ergueu mão para aconchega-la a seu corpo, mas ela a pegou na sua.
— Sim. — Vagarosamente, Gina levou a mão de Harry até os lábios, pressionando-os contra a palma. Esta noite, seria toda mulher, apenas uma mulher. — Mãos fortes. Uma das primeiras coisas que notei foi que suas mãos não eram suaves como eu esperava. Imaginei a sensação delas em minha pele. — Ela entrelaçou os dedos nos dele e levou a taça aos lábios novamente.
Sentindo o desejo tomar conta do corpo, Harry a encarou. Ela o estava hipnotizando. Não sabia que Gina tinha tal capacidade, e o sentimento o deixou queimando e estranhamente fraco.
Na luz parca, os olhos dela estavam escuros e misteriosos, com uma expressão sedutora que o abalou desde o primeiro instante.
— Gina...
— Então há sua boca — continuou ela, roçando os lábios de leve sobre os de Harry. — Da primeira vez que você me beijou, eu não podia pensar em mais nada — sussurrou, inclinando a cabeça quando ele pensou em aprofundar o beijo. — As vezes excitante, outras, incrivelmente gentil. Eu poderia passar horas e horas somente beijando você. — Mas afastou-se e deu um gole do champanhe.
— Gina. — Sua voz era baixa quando lhe segurou a nuca e puxou-a para mais perto.
Gina manteve a distância com uma mão sobre o peito dele. Mais tempo, pensou. Queria explorar mais o poder que acabara de descobrir.
— Gosto dos seus olhos. — Ela podia sentir o desejo de Harry nos dedos pressionados em sua pele. Sempre que a tocava, ele tinha o controle. Dessa vez, o controle seria seu, pensou. — Gosto da maneira como eles escurecem quando você me quer. Posso ver isso agora. Você está tenso.
Quando sentiu o coração disparado violentamente contra sua palma, o próprio coração acelerou.
— Beba seu champanhe e relaxe.
Com o corpo pulsando, ele encontrou o desafio nos olhos de Gina. Com muito esforço, soltou-lhe a nuca e lutou contra a primeira onda de desejo. Ela pretendia enlouquece-lo, e sabendo disso, Harry determinou-se a recuperar algum controle.
—Você sabe que quero você. E sabe que eu a terei.
— Talvez. — Ela sorriu e balançou os cabelos. O aroma sedutor pareceu envolve-lo. — Quando penso em fazer amor com você, penso em tempestades. — Preguiçosamente, Gina correu um dedo pela frente da camisa dele, então abriu o resto dos botões. — Estranho, nunca tenho a imagem de nada plácido quando penso em você. — Deslizou as mãos pelo peito nu, descendo bem devagar.
— Se você quer que eu seja gentil — Harry conseguiu sussurrar —, este não é o caminho.
— Falei que era isso o que eu queria? — Observando-o, Gina tomou-lhe a boca, dessa vez deixando que o beijo se alongasse.
Atordoado de prazer, Harry entrelaçou as duas mãos nos cabelos dela e aprofundou o beijo. Com a respiração já irregular, alcançou o zíper nas costas do vestido de Gina.
Ainda não, Gina disse a si mesma, enquanto a paixão começava a consumi-la. Queria algo mais naquela noite. Queria mais alguns momentos de controle. Sentindo o vestido se afrouxar, afastou-se.
— Gina... — começou Harry gemendo, mas ela esquivou-se e se levantou.
— Você não quer mais champanhe? — perguntou, servindo o próprio copo.
Num movimento rápido, Harry levantou e agarrou-lhe o braço.
— Você sabe muito bem o que eu quero.
Uma outra onda de excitação a percorreu, e Gina manteve o tom de voz baixo.
— Sim. — Impulsivamente, bebeu o conteúdo da taça num gole só. — Um drinque tão refinado. Leve-me para a cama — convidou aproximando-se. — E faça amor comigo.
Quando o último fio de controle desapareceu, Harry a puxou para seus braços. A taça caiu no tapete e rolou pela sala.
— Aqui — exigiu ele. — E agora. — beijando-a, arrastou-a para o chão.
As mãos másculas pareciam estar por todos os lugares ao mesmo tempo, testando, explorando, enquanto a boca fundia-se à dele. Gina se glorificou naquilo, o corpo respondendo de maneira selvagem.
Ela removeu a camisa de Harry, e quando ele liberou-lhe a boca brevemente, Gina mordiscou-lhe o ombro de leve.
Gemendo, Harry despia-a totalmente, sentindo a pele quente e maravilhosa contra a sua. Seu corpo estava em chamas, fazendo-o agir rapidamente, com desespero. Achava que tinha sentido prazer antes, mas nada podia se comparar àquilo.
Gina estava nua sob ele, as curvas arredondadas enlouquecendo-o. A música sussurrada parecia pulsar vigorosamente agora. E o aroma feminino e único prometia pura paixão.
Então, ele a possuiu com uma força que a fez gritar seu nome. Harry a beijou, abafando os sons, enquanto a amava com uma intensidade indescritível. Nada mais existia no mundo, e ele não queria nada mais. Pegos na espiral da tempestade, eles se movimentaram em ritmo alucinante até que as forças foram diminuídas de seus corpos satisfeitos. Com algo parecido com dor, Harry sentiu a sanidade retornar.
Entretanto, ainda não podia se mover. Com o rosto enterrado nos cabelos dela, respirava com dificuldade. Estava tremendo, percebeu com uma onda de medo. Nenhuma mulher, nenhuma paixão jamais o fizera tremer. O que Gina estava fazendo com ele?, perguntou-se, enquanto tentava recuperar o fôlego. A última coisa de que se lembrava claramente era de tê-la puxado para o chão. Todo o resto, foram sensações. Eles podiam ter ficado deitados ali por dez minutos ou por horas. Nem mesmo agora que o desespero passara, podia raciocinar.
Ele a machucara? Estivera quase violento quando a arrastara para o chão. Tinha perdido todo o senso e espaço naquele momento.
Harry levantou a cabeça para fita-la. Os olhos de Gina estavam abertos, mas as pálpebras pesadas pareciam sonolentas. A pele tinha o brilho da paixão que haviam compartilhado. Incrivelmente, sentiu o desejo despertar de novo. Abaixando a cabeça para os cabelos dela, respirou fundo. Precisava de um minuto para recompor-se, ou a possuiria como um louco mais uma vez.
Gina acariciou-lhe as costas. Vira algo nos olhou de Harry que nunca esperara: vulnerabilidade. E mesmo agora, aconchegada ao corpo forte, não estava certa se o queria vulnerável. Sentir isso apenas reforçava sua própria fraqueza. Devagar e com muito sucesso, Harry escalara as paredes de suas defesas. E as coisas não eram tão simples agora.
Quando Harry ergueu a cabeça de novo, os olhos escondiam os segredos.
— Você é uma mulher surpreendente, Gina. - Ele a beijou levemente nos lábios.
— Porquê?
— Toda essa paixão, todo esse... fogo. Em uma mulher que se esforça tanto para ser fria... composta. Você queria me enlouquecer, não queria?
Ela suspirou quando a boca de Harry deslizou por seu pescoço. Sentia-se triunfante. Descobrira mais um lado de Gina Weasley.
— Eu consegui enlouquece-lo.
Ele sorriu contra sua pele antes de levantar a cabeça novamente.
— Vamos tomar aquele champanhe agora antes que eu a leve para cama, como você pediu. — Harry serviu a taça sobre a mesa, então ofereceu-lhe.
— Parece que você perdeu a outra taça. Vamos compartilhar essa.
Sentando-se, Gina saboreou o gosto da bebida.
— Está ainda mais gostoso agora — murmurou, passando o copo para ele.
—Como você disse, um drinque refinado. — Harry levou uma das mãos aos cabelos dela e acariciou-os. — Gina, passe esse fim de semana na minha casa. Podemos comer, assistir a filmes, brincar no sofá. Ambos estaremos sob muita pressão pelas próximas semanas com a aproximação do julgamento. Talvez demore um bom tempo para que possamos ficar juntos assim de novo.
A imagem que ele descreveu era tentadora... e assustadora. Mais um passo na intimidade. Embora uma parte sua quisesse recuar, ela não pôde resistir.
— Não posso pensar em nada melhor... Oh, espere. Seu pai.
Harry riu, então deu um gole do champanhe antes de passar-lhe a taça.
— O que meu pai tem a ver com isso?
— Ele ligou. Esqueci de lhe contar. — Ela bebeu um pouco, os olhos sorrindo. — Acredito que recebemos uma intimação.
— Verdade? — Harry traçou-lhe a curva do ombro.
— Para o fim de semana — confidenciou Gina, rindo quando o dedo dele parou.
— Fim de semana?
— O aniversário de seu pai: — Inclinando-se contra ele, Gina encheu a taça novamente. — Ele não queria festa, mas sua mãe...
— É claro. Meu pai, nada exigente, iria passar o dia do aniversário como qualquer outro dia do ano. Só vai aceitar uma festa porque minha mãe quer. E, naturalmente, só vai receber parentes porque é assim que ela espera.
Gina riu.
— Bem, foi muito gentil da parte dele me incluir no convite. Estou ansiosa para ir. Gostei de falar com seu pai, embora a conversa tenha sido meio confusa.
— Como? — Harry traçou-lhe a orelha com a língua.
— Hum... Ele disse alguma coisa sobre Rony e eu sermos de boa linhagem. Harry... — Quando ele mordiscou-lhe o lóbulo, ela perdeu a linha de raciocínio.
— O que mais? — murmurou ele, satisfeito que a voz de Gina estava instável e o corpo flexível contra o seu. Dessa vez, eles iriam fazer amor devagar, saboreando cada momento.
— Alguma coisa sobre ser conveniente que nós dois somos advogados. — De alguma maneira, ela estava aninhada nos braços de Harry, as mãos fortes alisando-lhe o corpo. E estava rendida.
— Entendo. — Harry continuou as carícias. — Mione já lhe contou como ela e Rony se conheceram?
— O quê? — Com os olhos já fechados e o corpo se derretendo, Gina mal conseguia raciocinar. — Não, ela não me contou. Harry, faça amor comigo.
Harry perguntou-se como ela reagiria quando soubesse que o pai dele havia armado um encontro entre Mione e Rony na esperança de formar um par. Como reagiria quando soubesse que Thiago Potter não hesitava em dar uma mãozinha quando sentia que encontrara o parceiro ideal para um de seus filhos. E que Gina certamente seria ideal. Perguntou-se, enquanto roçava-lhe a boca com a sua, como se sentia em relação à idéia.
Mas não era uma noite para reflexões, decidiu quando Gina circulou-lhe o pescoço.
Levantando-se, pegou-a nos braços e a levou para a cama.
N/a: Mais um capítulo ae gentee!
Demorei um pouco pra postar esse capítulo, pq minhas aulas na facul começaram e eu fiquei um pouco sem tempo!
Eu simplesmente adoro esse capítulo! O Thiago é supeeeeer! *__*
Mais 'aventuras' estão pra chegar, vcs não perdem por esperar!
beeijOs
e até o próximo cap.