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1. Capítulo Um


Fic: Regras do Jogo


Fonte: 10 12 14 16 18 20
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— Um atleta. Maravilhoso. — Gina tomou um grande gole do café preto e forte, recostou-se em sua cadeira de couro macio e fez uma careta. — Adoro isso.


— Não precisa ser sarcástica — retornou Hermione suavemente. — Se DeMarco quer usar um atleta para as propagandas, por que você deveria objetar? — Ela olhou distraidamente para o volumoso anel de ouro em sua mão direita. — Afinal de contas — continuou com sua voz seca —, você vai dirigir grande parte dos comerciais.


Gina enviou a Hermione um olhar característico. Olhos acinzentados diretos e intransigentes penetra­ram os olhos castanhos suaves da mulher mais velha. Um dos grandes talentos de Gina, e sua maior arma, era a habilidade de encarar qualquer pessoa, desde um presidente corporativo até um ator temperamental. Desenvolvera tal talento cedo, como uma defesa con­tra sua própria insegurança, e a partir de então o refi­nara para transformá-lo numa arte. Era uma arte, con­tudo, que não impressionava Hermione Granger. Aos 49 anos, ela era dona de uma companhia multimilioná­ria, a qual começara com inteligência e coragem. Por quase um quarto de século, vinha administrando as coisas do seu jeito, e pretendia continuar fazendo isso.


Conhecia Gina havia dez anos... desde que Gina tinha 18 anos e conseguira um emprego na Granger Productions. Então, assistira à escalada de Gina, de contra-regra a iluminadora, de iluminado­ra a assistente de camera, e daí para diretora, Hermione nunca se arrependera do impulso que a fizera dar a Gina seu primeiro comercial de 15 segundos.


A intuição tinha sido a base para o sucesso de Hermione com a Granger Productions, e, intuitivamente, sen­tira o grande talento de Gina Weasley. Além disso, Hermione a conhecia, a entendia, como poucas pessoas o faziam. Talvez porque compartilhassem duas caracte­rísticas básicas: ambição e independência.


Após um momento, Gina desistiu com um sus­piro.


— Um atleta — murmurou novamente enquanto olhava ao redor de seu escritório.


Era uma sala pequena, as paredes cor de âmbar cla­ro alinhadas com fotografias de dúzias de seus comer­ciais. Havia um sofá de dois lugares — revestido em tecido de veludo marrom confortável o bastante para não encorajar visitas longas. A poltrona com o encosto acolveraado fora comprada em um bazar, juntamente com uma mesinha de centro que se inclinava levemen­te para a esquerda.


Gina estava sentada atrás de uma mesa velha e riscada, que possuía uma gaveta que não fechava direi­to. Sobre a mesa, havia pilhas de papéis, uma luminá­ria e diversas canetas descartáveis e lápis quebrados. As canetas e lápis estavam dentro de um vaso Sevres. Atrás dela, à janela, uma arácea morria aos poucos em um lindo pote de cerâmica trabalhada.


—   Ora, Hermione, por que eles não podem conseguir um ator? — Gina ergueu as mãos em seu típico ges­to teatral, depois baixou o queixo sobre elas. — Você sabe como é tentar conseguir que esportistas e astros de rock digam uma fala sem que pareça artificial demais? — Com um murmúrio desgostoso que não dava espa­ço para comentário, empurrou a pilha de papéis para um monte semi-ordenado. — Uma ligação para um agente de talentos e eu poderia ter cerca de cem atores qualificados aparecendo aqui, loucos pelo trabalho.


Pacientemente, Hermione tirou um fio de algodão da manga de seu blazer de linho cor-de-rosa.


—     Você sabe que as vendas aumentam se a propa­ganda é feita por um nome reconhecível ou por um rosto familiar.


—     Nome reconhecível? — Gina jogou a cabeça para trás. — Quem já ouviu falar de Harry Potter? Nome ridículo — murmurou para si mesma.


—     Todos os fãs de beisebol no país. — O sorriso brando disse a Gina que era inútil discutir. Conseqüentemente, preparou-se para discutir mais.


—     Nós estamos vendendo roupas, não o Louisville Sluggers.


—     Oito Gold Gloves — continuou Hermione. — Uma média de 325 rebatidas por ano. Liderando a liga em RBIs nesta temporada. Potter esteve na terceira base no All-Star por oito temporadas consecutivas.


Gina estreitou os olhos.


—   Como você sabe tanta coisa? Não acompanha beisebol.


—   Faço a minha lição de casa. — Um sorriso frio tocou a boca arredondada e perfeita de Hermione. Ela nunca fizera uma plástica facial, mas era religiosa em relação às suas visitas ao consultório da cosmetóloga Elizabeth Arden. — É por isso que sou uma produto­ra de sucesso. Agora, é melhor você fazer a sua. — Ela se levantou preguiçosamente. — Não faça nenhum plano. Tenho ingressos para o jogo desta noite. Os Wizards contra os Valiants.


—   Quem?


—   Faça sua lição de casa — aconselhou Hermione an­tes de sair e fechar a porta do escritório.


Com um suspiro exasperado, Gina girou sua ca­deira, de modo que pudesse ficar de frente para a vista de Los Angeles: prédios altos, vidros brilhando e trân­sito congestionado. Ela tivera outras vistas de Los An­geles durante a escalada em sua carreira, mas haviam sido mais perto do nível da rua. Agora, olhava a cidade do 20a andar. A distância significava sucesso, mas Gina não refletiu muito sobre a questão, pois isso a teria encorajado a pensar no passado... algo que evita­va meticulosamente.


Reclinando-se na grande cadeira, brincou com a ponta de sua trança. Seus cabelos eram ruivos, com mechas douradas que pintores tentavam imortalizar. Eram longos, espessos e rebeldes. Gina era feminina o bastante para não querer cortá-los por questão de praticidade, e preferia usar uma trança grossa durante as horas de trabalho. Uma trança que caía nas costas de uma blusa de seda e passava do cós de sua calça jeans surrada.


Seus olhos, enquanto ponderava as palavras de Hermione, estavam pensativos. Eles possuíam íris acinzen­tadas, pálpebras longas, e eram cercados por cílios do mesmo tom claro dos cabelos. Raramente pensava em escurecê-los. Sua pele era levemente rosada e delicada, e exigia tanto cuidado quanto os cabelos, mas a fragi­lidade acabava ali. O nariz era pequeno e arrebitado, a boca grande, o queixo vigoroso. Era um rosto instá­vel... lindo em um momento, austero no momento seguinte, mas sempre autoritário. Ela usava uma leve camada de batom cor-de-rosa, brincos de bijuteria e uma gota de um perfume de 200 dólares o grama.


Pensou sobre a conta DeMarco: jeans de grife, rou­pas esportes exclusivas e couro italiano macio. Uma vez que eles haviam decidido estender a propaganda para além das páginas brilhantes de revistas de moda, para a televisão. Chegaram à Granger Productions e, conseqüentemente, a ela. Era um bom contrato de dois anos com um orçamento que daria a Gina todo o espaço artístico que pudesse desejar. Disse a si mes­ma que merecia isso. Havia três prêmios Clio na pra­teleira à sua esquerda.


Nada mal, pensou ela, para uma mulher de 28 anos que entrara na Granger Productions com um di­ploma de ensino médio, uma boa lábia e mãos suadas. E U$ 12,53 no bolso, lembrou, e então reprimiu o pensamento. Se quisesse a conta DeMarco... e queria... simplesmente teria de fazer o jogador de beisebol tra­balhar. Irritada, virou a cadeira novamente para a mesa. Pegando o telefone, apertou dois botões.


— Consiga-me tudo que temos sobre Harry Potter — ordenou Gina enquanto afastava papéis de seu caminho. — E pergunte para a Sra. Granger a que horas devo apanhá-la esta noite.


 


A menos de seis quarteirões de distância, Harry Potter enfiou as mãos nos bolsos e fez uma careta para seu empresário.


—  Como deixei você me convencer a fazer isso? Rony Dutton deu um sorriso que revelou dentes le­vemente tortos e muito charme.


—    Você confia em mim.


—    Meu primeiro erro. — Harry estudou Rony, uma figura não muito humilde e amigável, expressão severa e enervantes olhos azuis. Sim, confiava nele, pensou Harry, até mesmo gostava do homem, mas... — Eu não sou modelo, Rony. Sou um jogador de beisebol.


—    Você não vai atuar como modelo — corrigiu Rony. Quando uniu as mãos, o sol brilhou na pulseira de seu relógio suíço. — Você vai "dar credibilidade". Jogadores de beisebol fazem isso desde a primeira lâ­mina de barbear.


Harry bufou, depois andou ao redor do escritório organizado, com design oriental.


—   Esta não é uma propaganda de barbeadores, e não vou "dar credibilidade" a uma luva de beisebol. São roupas, pelo amor de Deus. Vou me sentir um idiota.


Mas não vai parecer um, pensou Rony quando pegou uma cigarrilha fragrante. Acendendo-a, estudou Harry por sobre a chama. O corpo longo e esbelto era perfei­to para a grife DeMarco... assim como os cabelos neg­ros e a inconfundível aparência californiana. O rosto magro e bronzeado, olhos verdes escuros e cabelos enca­racolados já haviam tornado Harry o favorito de fãs do sexo feminino, enquanto seu jeito amigável e relaxado angariara a simpatia dos homens. Ele era talentoso, bonito e elegante. Em resumo, concluiu Rony, Harry possuía um dom natural. E o fato de ser inteligente às vezes podia ser tanto uma desvantagem quanto uma vantagem...


—   Harry, você é bom — disse Rony com um suspi­ro que ambos sabiam ser calculado. — Também tem 33 anos. Quanto tempo mais vai jogar beisebol?


Harry respondeu com um olhar. Rony sabia de sua promessa de se aposentar aos 35 anos.


—   O que isso tem a ver?


—     Há muitos jogadores, jogadores excepcionais, que caem no esquecimento quando saem do campo de beise­bol pela última vez. Você precisa pensar no futuro.


—     Eu pensei no futuro — Harry o relembrou. — Maui... pescar, dormir ao sol, paquerar mulheres.


Aquilo duraria umas seis semanas, calculou Rony, mas ficou sabiamente em silêncio.


—     Rony. — Harry sentou-se em uma cadeira ver­melha chinesa e estendeu as pernas à frente. — Não preciso do dinheiro. Então, por que vou trabalhar este inverno em vez de ficar deitado na praia?


—     Porque vai ser bom para você — começou Rony. — É bom para o jogo. A campanha vai realçar a ima­gem do beisebol. E... — acrescentou com um de seus sorrisos travessos — porque você assinou um con­trato.


—     Vou treinar mais um pouco no bastão — mur­murou Harry quando se levantou. No momento em que chegou à porta, virou-se com um suspeito sorriso amigável. — Uma coisa: se eu fizer papel de tolo, vou quebrar as patas daquele seu cavalo Tang.


 


Gina passou pelos portões controlados eletronica­mente. Então, virou o carro para o caminho alinhado por rododentros que levava à mansão de Hermione. Secre­tamente, considerava a casa um lindo anacronismo. Era grande, branca, com diversos níveis e repleta de pilares. Gina gostava de imaginar dois guardas de ca­pacete preto, rifles nos ombros, ladeando as portas duplas entalhadas. A propriedade pertencera original­mente a um discreto ídolo do cinema, que suposta­mente decorara as paredes dos cômodos com tecidos de seda e cetim em cores pastéis. Quinze anos atrás, Hermione a comprara de um magnata dos perfumes, e en­tão redecorara a casa com sua própria paixão por arte oriental.


Gina pisou no freio de seu Datsun, parando com um solavanco diante dos degraus brancos de mármo­re. Ela dirigia em duas velocidades: parar e andar. Des­cendo do carro, inalou os aromas exóticos de jasmim e baunilha do jardim antes de subir a escada em seu modo relaxado de andar, que era uma combinação de pernas longas e mente em constante reflexão. Em uma multidão, tal modo de andar fazia homens virarem as cabeças, mas Gina não notava nem se importava.


Ela bateu ligeiramente à porta. Então, impaciente, girou a maçaneta. Encontrando-a destrancada, entrou no hall verde-menta espaçoso e gritou:


— Hermione! Você está pronta? Estou morrendo de fome. — Uma mulher pequena num uniforme cinza alinhado saiu de uma porta à esquerda. — Olá, Winky.


—     Gina lhe sorriu e jogou a trança sobre um dos ombros. — Onde está Hermione? Não tive energia para procurá-la neste labirinto.


—     Ela está se vestindo, Srta. Weasley. — A gover­nanta falou com um sotaque britânico, respondendo ao sorriso de Gina com um aceno de cabeça. — Des­cerá em breve. Gostaria de um drinque?


—     Apenas água mineral, está quente lá fora. — Gina seguiu a governanta para a sala de estar, então se sentou em um sofá. — Ela lhe contou aonde nós vamos?


—     A um jogo de beisebol, senhorita? — Winky colocou gelo num copo e adicionou água com gás.


—     Quer limão?


—   Só um respingo. Vamos lá, Winky. — O tom de Gina se tornou conspiratório. — O que você acha?


Meticulosamente, Winky espremeu limão na água com gás. Fora governanta de lorde e lady Crouch em Devon, antes de receber uma oferta alta de Hermione Granger. Ao aceitar a posição, jurara nunca se tornar americanizada. Edna Winky possuía seus padrões, mas quase nunca era capaz de resistir a responder a Gina. Uma garota desobediente, tinha pensado uma década atrás, e a opinião permanecia inalterada. Talvez por isso Winky gostasse tanto dela.


—     Eu prefiro críquete — disse ela suavemente. — Um jogo muito mais civilizado. — Entregou o copo a Gina.


—   Você pode imaginar Hermione sentada numa arqui­bancada? — perguntou Gina. — Cercada por gritos, fãs suados, assistindo a um bando de homens balançan­do uma pequena bola e correndo em círculos?


—    Se eu não estiver enganada — começou Winky devagar —, o jogo envolve um pouco mais do que isso.


—    Claro, RBIs e ERAs, e putouts e shutouts. — Gina respirou profundamente. — O que é um squee-zeplay, afinal?


—    Não tenho a menor idéia.


—   Tanto faz. — Gina deu de ombros e bebeu um pouco da Perrier. — Hermione pôs na cabeça que assis­tir este homem jogando vai me dar alguma inspiração. — Ela passou a ponta do dedo sobre a jarra vermelha. — O que realmente preciso é de uma refeição.


—   Você pode comprar um cachorro-quente e uma cerveja no parque — anunciou Hermione, entrando na sala.


Olhando para cima, Gina teve um acesso de riso. Hermione estava imaculadamente vestida em calça de li­nho e blusa bordada, com sapatos baixos de couro de jacaré.


—    Você está indo a um jogo de beisebol — Gina a relembrou —, não para um museu. E detesto cerveja.


—    Uma pena. — Abrindo sua bolsa de couro de jacaré, Hermione verificou os conteúdos antes de fechá-la novamente. — Vamos, então. Não queremos perder nada. Boa noite, Winky.


Bebendo o resto de sua água, Gina se levantou e se apressou atrás de Hermione.


—   Vamos parar para comer no caminho — suge­riu ela. — Não é como perder o primeiro ato da ópera, e não pude almoçar. — Tentou seu olhar de órfã de­samparada. — Você sabe como fico mal-humorada se perco uma refeição.


—   Vamos ter de começar a colocá-la na frente da câmera, Gina. Você está ficando cada vez melhor.


—    Franzindo o cenho de leve para o Datsun rebaixa­do, Hermione manobrou para entrar. Também sabia que a obsessão de Gina por refeições regulares vinha de sua adolescência pobre. — Dois cachorros-quentes — sugeriu, sabiamente prendendo seu cinto de segu­rança. — Leva 45 minutos para chegar ao estádio. — Hermione balançou os cabelos castanhos com mechas gri­salhas. — Isso significa que você nos levará até lá em aproximadamente 25 minutos.


Gina praguejou e engatou a primeira marcha. Em pouco mais de trinta minutos, estava procurando uma vaga do lado de fora do Estádio Wizards.


—     ... e o garoto foi perfeito na primeira tomada. — Gina continuou alegremente, desviando de car­ros com a determinação de um toureiro. — Os dois atores adultos se atrapalharam, e a mesa caiu, então foram necessárias 14 tomadas, mas a criança acertou todas às vezes. — Ela deu um grito animado quando avistou uma vaga, entrou nela, quase batendo num outro carro, então parou com um solavanco. — Que­ro que você dê uma olhada no filme antes que seja editado.


—     O que você tem em mente? — Com alguma dificuldade, Hermione desceu do carro, espremendo-se entre o Datsun e o carro parado poucos centímetros ao lado.


—     Você está escalando o elenco para aquele filme de tevê, Família em declínio. — Gina bateu sua por­ta e se encostou contra o capô. — Não acho que vá querer procurar mais para o papel de Buddy. O garoto é bom, muito, muito bom.


—   Vou dar uma olhada.


Juntas, elas seguiram a multidão em direção ao es­tádio. Havia um cheiro de asfalto quente, ar pesado e humanidade úmida... Los Angeles em agosto. Acima delas, o céu estava escurecendo, de modo que as luzes do estádio enviavam um brilho branco nebuloso. Do lado de dentro, elas passaram pelas barracas que ven­diam amendoins, fotos e programas. Gina podia sentir o aroma de pipoca e carne grelhada, o cheiro forte de cerveja. Seu estômago respondeu de acordo.


—   Você sabe para aonde está indo? — perguntou.


—  Sempre sei para aonde estou indo — replicou Hermione, virando num corredor que descia uma incli­nação.


Elas emergiram para encontrar o estádio brilhante como a luz do dia, e abarrotado de corpos. Havia o contínuo murmurinho de milhões de vozes sobre apitos e música de rock suave. Vendedores ambulantes carre­gavam bandejas de comida e bebida penduradas nos ombros. Excitação. Gina podia sentir a eletricidade daquilo vindo em ondas. Instantaneamente, sua pró­pria apatia desapareceu, para ser substituída por uma ávida curiosidade. Pessoas eram a sua obsessão, e lá esta­vam elas, milhares delas, unidas em um círculo ao redor de um campo de grama verde e terra marrom.


Alguma coisa além de fome começou a mexer com la.


—  Olhe para isso, Hermione — murmurou Gina. — É sempre cheio assim?


—     Os Wizards estão tendo uma temporada de vitó­rias. Eles lideram suas ligas por três jogos, têm dois arremessadores com potencial de ganhar vinte jogos, e um jogador de terceira base que fez 378 rebatidas no ano. — Ela arqueou a sobrancelha e olhou para Gina. — Eu lhe disse para fazer seu dever de casa.


—     Hm-humm... — Mas Gina estava prestando atenção no povo. — Quem são estas pessoas? De onde elas vêm? Para aonde vão depois que o jogo acaba?


Havia dois homens idosos, empoleirados sobre as cadeiras, as mãos entre os joelhos, enquanto discutiam sobre o jogo que ainda nem tinha começado. Oh, que festa para um cameraman. Pensou Gina, avistando um garotinho de cinco anos com o boné dos Wizards, olhando para dois fãs abraçados. Ela desceu os degraus lentamente atrás de Hermione, deixando seus olhos grava­rem tudo. Gostava do tamanho do estádio, do baru­lho, do cheiro de umidade, da multidão se esbarrando, das cores. Bandeiras brancas e azul-marinho dos Wizards eram abanadas, crianças comiam algodão-doce cor-de-rosa. Um adolescente fazia charme para uma boni­ta loura à sua frente, que fingia estar interessada.


Abruptamente, Gina parou, colocando uma das mãos sobre o ombro de Hermione.


—   Aquele não é Brighton Boyd?


Hermione olhou para a esquerda e viu o ator vencedor do Oscar comendo amendoins de um saco de papel.


—   Sim. Vamos ver agora, esta é a nossa fileira. — Ela entrou, então ergueu a mão amigável para o ator antes de se sentar. — Este lugar é muito bom — ob­servou Hermione assentindo, satisfeita. — Estamos bem perto da terceira base aqui.


Ainda olhando para tudo ao mesmo tempo, Gina se acomodou na cadeira. O Coliseu em Roma, pen­sou, devia ter proporcionado a mesma sensação na época dos gladiadores. Se ela fosse fazer uma propa­ganda sobre beisebol, não seria sobre o jogo, mas sobre a multidão. Um giro geral da câmera... com um som baixo, que gradualmente aumentava de volume en­quanto a câmera se aproximava. Então, bamm volu­me total, efeito total. Clichê ou não, aquilo era essen­cialmente americano.


—     Aqui está, querida. — Hermione a tirou dos pensa­mentos, entregando-lhe um cachorro-quente. — Por minha conta.


—     Obrigada. — Após uma boa mordida, Gina continuou, com a boca cheia. — Quem faz as propa­gandas do time, Hermione?


—     Apenas concentre-se na terceira base — acon­selhou Hermione enquanto dava um gole na cerveja.


—     Sim, mas... — A multidão gritou quando o time da casa entrou no campo. Gina observou os homens assumirem suas posições, vestidos de branco, com bonés azul-marinhos e meias de beisebol. Eles não pareciam tolos, pensou enquanto os fãs continua­vam vibrando. Em vez disso, pareciam heróis. Ela fo­cou no homem da terceira base.


Harry estava de costas quando chutou um pouco de terra ao redor da base. Mas Gina não se esforçou para ver o rosto dele. No momento, não precisava dis­so... o corpo era o bastante. Calculou l,86m, um pou­co surpresa pela altura. Não mais do que 75 quilos... porém não magro. Ela inclinou os cotovelos na grade de proteção, descansando o queixo nas mãos.


Ele é esbelto, pensou. Exibirá bem as roupas. Harry abaixou-se para uma bola rebatida, então a devolveu para o interbases. Por um instante, os pensamentos de Gina se dispersaram. Alguma coisa se introduziu em sua análise profissional, e ela rapidamente reprimiu. O jeito como ele se movia, pensou. Como um gato? Não. Gina meneou a cabeça. Não, ele era todo másculo.


Ela esperou, inconscientemente prendendo a res­piração quando ele recebeu uma outra bola rebatida. Ele se movia de forma relaxada, aparentemente sem esforço, mas ela sentia um controle rígido quando ele andava, se abaixava, se inclinava. Eram movimentos flexíveis... dos pés, pernas, quadris e braços. Um dan­çarino possuía o mesmo tipo de flexibilidade perfeita depois de praticar uma rotina básica por anos. Se pu­desse mantê-lo em movimento, pensou Gina, não importaria se Harry não pudesse dizer seu próprio nome diante da câmera.


Havia uma sexualidade inesperada em cada gesto. Estava lá quando ele erguia o corpo, preguiçosamente querendo receber uma bola. Poderia dar certo, afinal de contas, refletiu ela, enquanto seus olhos percorriam o corpo atlético, estudavam os cachos negros que saíam pelas laterais do boné. Poderia...


Então ele se virou. Gina encontrou-se olhando fixamente para o rosto dele. Era longo e esbelto como o corpo, lembrando um pouco os gladiadores sobre os quais pensara mais cedo. Porque Harry estava concen­trado, a boca carnuda e bonita se encontrava séria. Os olhos verde-escuros estavam pensati­vos. Ele parecia feroz, quase um guerreiro, definitiva­mente perigoso. Qualquer coisa que ela tivesse espera­do, não tinha sido aquele rosto incrivelmente sexy, ou sua reação a isso.


Alguém o chamou da arquibancada. Abruptamen­te, ele sorriu, transformando-se em um homem acessí­vel e amigável com um charme todo especial. Os mús­culos de Gina relaxaram.


—   O que você acha dele?


Um pouco atordoada, Gina se recostou na cadei­ra e distraidamente mordeu seu cachorro-quente.


—     Pode dar certo — murmurou ela. — Ele se move com flexibilidade.


—     Pelo que ouvi falar — disse Hermione secamente —, você ainda não viu nada.


Como sempre, Hermione estava certa. Na primeira en­trada, Harry mergulhou para pegar a bola na linha da terceira base para a última eliminação. Então rebateu a quarta, uma rebatida simples para o campo esquer­do, que ele estendeu para uma dupla. Harry jogava, pensou Gina, com o entusiasmo de uma criança e com a incrível determinação de um veterano. Ela não precisava entender nada sobre o jogo para saber que a combinação era imbatível.


Em movimento, era um prazer observá-lo. Relaxa­da agora, impressionada por suas primeiras impressões, Gina começou a considerar as hipóteses. Se a voz de Harry seria tão boa quanto todo o resto. Bem... isso ainda seria descoberto. Após comer um outro cachor­ro-quente, ela reassumiu sua posição inclinando-se contra a grade. Os Wizards estavam ganhando de 2 a 1 na quinta entrada. A multidão estava frenética. Gina decidiu que usaria algumas cenas de ação de Harry em câmera lenta.


O ar estava quente e parado no campo de beisebol. Uma brisa esporádica fazia as bandeiras balançarem e refrescava os espectadores que estavam nas arquiban­cadas altas, porém abaixo, sob as luzes, o ar estava den­so. Harry sentia o suor escorrer por suas costas enquan­to se posicionava no gramado do campo interno. Hernandez, o arremessador, estava atrasado em rela­ção ao rebatedor. Harry sabia que Rathers era um rebatedor forte que puxava para a esquerda. Ele se plantou atrás da base e esperou. Viu o arremesso, uma bola rápida na altura da cintura, ouviu o estalo do bastão. Naquele milésimo de segundo, tinha duas escolhas: pegar a bola que vinha em sua direção com força total, ou acabar com um furo no peito. Ele pegou, e sentiu a vibração de poder percorrer seu corpo antes de ouvir os gritos da multidão.


Uma pegada rotineira, diria a maioria das pessoas. Harry estava surpreso que a bola não o tivesse carrega­do para fora do estádio.


— Ainda resta algum couro em sua luva? — per­guntou o interbases enquanto eles voltavam para o banco. Harry lhe deu um sorriso antes de estudar rapi­damente a multidão nos assentos. Seus olhos encon­traram os de Gina, surpreendendo a ambos.


Em reação, Harry diminuiu o ritmo levemente. Aquele era um rosto, pensou, que um homem poderia ver todos os dias. Ela parecia um pouco com uma aris­tocrata do século XVIII, com cabelos longos e espes­sos, e pele rosada de uma inglesa. Ele sentiu o estôma­go se contrair instantaneamente. Aquele rosto exalava sexo proibido e maravilhoso. Mas os olhos... Harry não deixou de fitá-los por um momento sequer enquanto se aproximava do banco. Os olhos eram acinzentados e diretos como uma flecha. Ela o encarou de volta, sem piscar ou enrubescer, não sorrindo como a maio­ria das fãs teria feito, ou desviando o olhar quando eram tímidas. Ela apenas o encarava, pensou Harry, como se o estivesse dissecando. Com uma onda simul­tânea de irritação e curiosidade, entrou no banco.


Pensou sobre ela enquanto estava sentado no ban­co. Ali, a atmosfera estava tensa. Cada jogo era impor­tante agora, se quisessem manter a liderança da liga. Harry sofria uma pressão pessoal para tentar atingir uma média de quatrocentas rebatidas por ano. Isso era algo em que se esforçava para não pensar, mas era cons­tantemente lembrado do fato pela imprensa. Obser­vou o rebatedor de largada ser posto para fora e pensou sobre a ruiva na arquibancada atrás da terceira base.


Por que ela o olhara daquele jeito? Como se esti­vesse imaginando como ele ficaria numa caixa de tro­féu. Praguejando baixinho, Harry se levantou e colo­cou seu capacete de rebatedor. Era melhor tirar a mente da mulher da arquibancada e se concentrar no jogo. O ritmo de Hernandez estava diminuindo, e os Wizards precisavam de algumas corridas para garantir.


O segundo rebatedor bateu raso para a direita e ganhou a primeira base. Harry foi se posicionar no cír­culo. Estendeu os braços sobre a cabeça, as mãos apoiadas no taco. Sentia-se relaxado, aquecido e pron­to. Sem poder resistir, desviou os olhos para a esquer­da. Não podia ver Gina claramente daquela distân­cia, mas ainda sentia que ela o olhava. Uma nova onda de irritação o assolou. Quando o terceiro rebatedor foi eliminado com uma bola pega no ar, Harry se aproxi­mou da área da caixa.


Qual era o problema dela, afinal?, perguntou-se enquanto treinava um movimento de rebatida. Teria sido mais simples se ele pudesse rotulá-la como uma típica fã de beisebol, mas não havia nada típico no ros­to dela... ou naqueles olhos. Plantando os pés no chão, ele se agachou na posição e esperou pelo arremesso. Veio com altura e suavidade. Harry rebateu um instan­te antes de a bola cair.


Friamente, saiu da caixa e ajustou o capacete antes de assumir sua posição novamente. A bola seguinte errou o canto e igualou a contagem. A paciência era a essência do talento de Harry. Ele podia esperar, mesmo sob pressão, pelo arremesso que queria. Então, espe­rou, pegando uma outra bola e um strike. A multidão estava gritando, suplicando por uma rebatida válida, mas ele se concentrou no arremessador.


A bola veio para ele, a 150 quilômetros por hora, mas Harry já tinha calculado isso. E era exatamente o que queria. Ele girou, batendo em cheio na bola. Sou­be no momento em que ouviu o estalo. Assim como o arremessador, que viu seu segundo strike voar para fora do campo.


Harry percorreu as bases enquanto a multidão vi­brava. Reconheceu o tapinha nas costas do treinador da primeira base com um sorriso rápido. Ele jamais perdera seu prazer infantil em rebater bolas longas. Quando rodeou a segunda base, automaticamente procurou por Gina. Ela estava sentada, o queixo apoiado na grade de proteção, enquanto a multidão saltava e gritava ao seu redor. Lá estava a mesma calma intensidade nos olhos acinzentados... nenhum brilho de congratulação, nenhum prazer. Irritado, Harry ten­tou encará-la enquanto contornava a terceira base. Os olhos dela não desviaram quando ele se virou para o completar. Ele cruzou a home plate excitado pela cor­rida e furioso com uma desconhecida.


—     Isso não é maravilhoso? — Hermione sorriu para Gina. — Este é o 36° home run de Harry nesta tem­porada. Um jovem muito talentoso. — Ela sinalizou para um vendedor ambulante a fim de comprar outra bebida. — Ele estava olhando para você.


—     Hã-hã. — Gina não estava disposta a admi­tir que sua pulsação acelerara com cada contato visual. Conhecia o tipo dele... bonito, bem-sucedido e sem coração. Encontrava-os todos os dias. — Ele vai ficar bem na câmera.


Hermione riu com o prazer confortável de uma mulher se aproximando dos cinqüenta anos.


—   Ele ficaria bem em qualquer lugar.


Em resposta, Gina deu de ombros quando o jogo foi para sua sétima entrada. Ela não prestou atenção ao placar ou aos outros jogadores enquanto obser­vava Harry com intensidade. Continuou com os bra­ços sobre a grade, o queixo nas mãos, os pés com botas cruzados. Havia alguma coisa nele, pensou, algo além dos óbvios atrativos físicos, da sexualidade básica. Eram aqueles movimentos relaxados encobrindo a dis­ciplina. Era isso que ela queria capturar. A combina­ção faria mais do que vender as roupas DeMarco. Iria triplicar as vendas. Tudo que tinha de fazer era guiar Harry Potter e fazê-lo seguir os passos.


Gina o faria balançar um taco de beisebol em roupas de esporte imaculadamente sofisticadas... talvez andar a cavalo na praia, em jeans DeMarco. Cenas atléticas. Ele era perfeito para isso. E se ela pudesse convencê-lo, Harry faria algumas cenas com mulheres. Não queria os olhares usuais de adoração ou reconhe­cimento, mas alguma coisa diferente e divertida. Se os roteiristas pudessem criar isso, e se Potter fosse capaz de aceitar qualquer tipo de instrução. Recusando-se a pensar negativamente, Gina disse a si mesma que conseguiria aquilo. Dentro de um ano, todas as mu­lheres desejariam Harry Potter, e todos os homens o invejariam.


A bola foi rebatida alta e estava fazendo uma curva para fora. Harry correu atrás dela, chegando à arqui­bancada quando a bola caiu no meio da multidão, quatro fileiras para trás. Gina encontrou-se cara a cara com ele, perto o bastante para sentir o leve aroma almiscarado do suor, que escorria pela lateral do rosto bonito. Os olhos deles se encontraram de novo, mas ela não se moveu, em parte porque estava interessada, em parte porque estava paralisada. Apenas transpare­cia de seus olhos um pouco de curiosidade. Atrás de­les, houve gritos de triunfo quando alguém agarrou a bola fora como um troféu.


Furioso, ele olhou para ela.


—   Seu nome? — perguntou em voz baixa.


Ele tinha aquela expressão feroz e perigosa no rosto novamente. Gina esforçou-se para falar com calma:


—   Gina.


—   O nome inteiro — murmurou Harry, pressio­nado pelo tempo e irado consigo mesmo. Observou uma sobrancelha fina se erguer e descobriu-se queren­do tirar Gina dali.


—   Weasley — replicou ela suavemente. — O jogo acabou?


Harry estreitou os olhos antes de se afastar. Gina o ouviu falar baixinho:


—   Está só começando.


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