DOR
Maldito! Maldito! Maldito! Um milhão de vezes maldito! Severus se encolhia atrás de uma porta, nas sombras, o que via era aquilo que mais poderia lhe causar dor na vida, mas ele não conseguia sair dali. Tinha que ter certeza de que estaria morto, que morreria aos poucos até o final. Na leve penumbra as mãos do Potter seguravam com força a coxa de Lilian, da sua Lil. Ele se impulsionava com força contra ela contendo um gemido. Ela fez uma expressão sublime de prazer, o rosto afogueado. E aquilo foi o que tornou insuportável, a dor era demais. Ele tentou sair silenciosamente de seu esconderijo. Mas ela o viu. E por um segundo sua expressão se transformou para uma enorme máscara de mágoa quando seus olhos se cruzaram. Ele correu o mais rápido que pôde, o ar cortando-lhe os pulmões, mas nem aquilo era suficiente. Correu até entrar nos limites da floresta proibida. Desejou morrer, qualquer coisa, qualquer coisa para que a dor parasse. Talvez se alguém arrancasse seu coração à unha, talvez o distraísse, seria uma dor irrisória àquela que ele sentia no momento, mas quem sabe o distraísse um pouco, pelo menos um pouco. Quando o fôlego lhe faltou já estava no meio da floresta enorme. Sentou-se no chão apertando os lados do corpo sem conseguir respirar. Demorou alguns segundos para se lembrar como havia chego ali. De repente um cervo, um belo cervo surgiu atrás das folhagens. Belo extremamente belo.
– Avada Kedrava! – gritou sem nem mesmo pensar. O cervo tombou, os olhos ocos, vazios arregalados de susto. – Seja ele...seja ele...seja ele... – murmurou baixinho – por favor... – mas não era...ele sabia que naquele momento ele estava com ela, junto dela, dentro dela, sentindo o cheiro dela, os lábios dela. Cravou as unhas nos braços vendo gotículas de sangue se formar. Não poderia chorar, mas sangrar sim. De que lhe servia o sangue sem ela? Sozinho, novamente ,para sempre. Sozinho... E um grito irrompeu antes que pudesse engoli-lo.