Antes de tudo, peço desculpas à todo mundo que lê minha fic!
Faz muito tempo que não a atualizo e isso é uma falta de consideração minha com vocês!
Por isso, peço desculpas mais uma vez!
Começarei a atualizar ela mais vezes e isso é uma promessa!
Boom, agora pra vocês, aí está o capítulo!
Gina teria apreciado mais o passeio se não tivesse a sensação de que alguma coisa estava errada. Harry agia de modo amigável, entretanto ela podia jurar que havia algo sob a superfície de camaradagem. Disse a si mesma que estava imaginando, talvez vendo nele um eco dos próprios sentimentos.
Estava tensa desde o dia anterior, em parte pelo encontro com Chad Rutledge. Irritava-a o fato de não conseguir relaxar. Uma boa advogada tinha de encontrar o equilíbrio emocional, algo que era crucial tanto para o cliente quanto para o advogado. Gina sabia disso intelectualmente, mas era difícil. Seu único consolo era que quanto mais se envolvesse nos pontos técnicos do caso, menor seria a tendência de comparar Chad com Rony.
Por enquanto, faria o que Harry sugerira... iria clarear a mente e aproveitar a viagem.
— Você não mencionou quem vai procurar era Salen — comentou ela.
Ele teve de se esforçar para controlar a tensão que estava sentindo. Disse a si mesmo que era o caso Day que o estava deixando nervoso, nada pessoal.
— Tia-avó Agatha - Gina suspirou.
— Não precisa inventar nada, Harry. Podia simplesmente dizer que não é da minha conta.
— A tia-avó Agatha de Virgínia Day — repetiu Harry especificamente, sorrindo. Discuta o caso, disse a si mesmo. Isso pode ajudá-lo a se distrair dos pensamentos sobre Gina. — Ela tem a reputação de ser uma mulher formidável, e conhece Ginnie melhor do que ninguém. Infelizmente, estava esquiando algumas semanas atrás e quebrou o quadril. Vou visitá-la no hospital.
— A tia-avó Agatha esquia?
— Aparentemente.
— Quantos anos ela tem?
— Sessenta e oito.
— Hum. O que você está procurando? - Harry acelerou o Jaguar e ultrapassou uma caminhonete antes de responder. O que estava procurando?, perguntou-se. Então, forçou-se a se concentrar no caso novamente.
— A acusação é de assassinato em primeiro grau. A primeira coisa que quero estabelecer é que Ginnie carregava uma pistola habitualmente. Se vou provar autodefesa, preciso convencer os jurados de que Ginnie foi ao apartamento de Laura Simmons para confrontar o marido com sua amante atual, mas não para matar.
— Amante atual — repetiu Gina. — Aparentemente, ele teve muitas.
— O relatório do detetive que Ginnie contratou alguns meses atrás indica que o dr. Francis Day era um homem muito ocupado. Não fazia todas as suas cirurgias no Hospital Geral de Boston. Se eu puder mostrar o relatório na Corte, o júri amolecerá... Então, novamente, isso dá a Ginnie mais de um motivo.
— Então, há a questão da arma. - Harry assentiu e acendeu um cigarro.
— Segundo Ginnie, ela nunca saiu de casa sem a arma. Tem fixação sobre ser roubada, o que não é surpreendente, uma vez que adora usar jóias que valem milhões de dólares.
— Sim, e Ginnie Day não é muito simpática com a imprensa ou com o público — apontou Gina. — Passa uma imagem de criança egoísta e mimada, com mais dinheiro do que classe.
— Verdade — concordou Harry. — Mas agradeço por você não estar no banco de jurados.
— Suponho que me sinto impaciente com o tipo dela no momento — murmurou Gina, virando-se no banco para olhá-lo. — Irene Walker é a antítese de Virginia Day.
— Como foi essa manhã?
— Os machucados no rosto dela ainda não sumiram — começou Gina. — Nunca conheci uma mulher que se valorizasse menos. É como se ela sentisse que merecia apanhar. — Com um som impaciente, Gina tentou afastar a frustração que sentiu. — Pelo menos a amiga com quem está morando a convenceu a dar queixa contra o marido. — Ela meneou a cabeça. — Mas tenho a impressão de que Irene Walker é como uma esponja, absorvendo as emoções das pessoas com quem convive. Convenceu-se de que não é nada sem o marido. Eu a aconselhei a fazer terapia. O divórcio e o julgamento do marido não serão fáceis para Irene. — Gina suspirou. — Ela ainda usa a aliança de casamento, acredita?
— Tirá-la representaria o final de tudo para uma mulher como Irene Walker — disse Harry.
— Eles estão casados somente há quatro anos, e ela não pode lembrar o número de vezes que apanhou. — Seus olhos assumiram uma expressão furiosa. — Vou adorar condená-lo.
— Pelo que me recordo, havia duas testemunhas da última vez que ele bateu na esposa. Você vai conseguir condená-lo.
— É o que quero. E espero que seja rápido, enquanto Irene ainda vê as marcas quando se olha no espelho. Acho que é uma mulher que esquece muito facilmente.
Harry olhou para a pasta de trabalho aos pés dela.
— É nisso que você vai trabalhar hoje?
— Vou bolar os interrogatórios. Quero pegá-lo imediatamente. Entre o divórcio e o julgamento, só vou causar problemas a esse homem.
— Advogada decidida — brincou Harry.
Gina assentiu, então passou um dedo sobre o encosto de couro do banco.
— Diga-me, há quanto tempo tem esse carro?
— O carro? — Ele a olhou intrigado com a súbita mudança de assunto.
— Sim, eu adoraria comprar um carro novo.
Harry sorriu. Oh, ela estava definitivamente se abrindo, pensou. Manifestando-se.
— Um Jaguar?
— Algum dia. — Gina arqueou uma sobrancelha. — Ou você acha que eles são reservados apenas para ex-advogados do estado?
— Acho que imaginei você numa Mercedes... majestosa e elegante.
Gina estreitou os olhos.
— Está tentando me insultar?
— É claro que não — respondeu Harry enfaticamente. — Sabe dirigir um carro com câmbio?
— Você está tentando me insultar.
Sem comentários, Harry foi para o acostamento e parou. Curiosa, Gina o observou descer, rodear o carro e abrir a porta de passageiro.
— Dirija por um tempo.
— Eu?
Ele tentou esconder um sorriso. Talvez aquilo, acima de tudo, fosse o que não conseguia resistir... quando a sofisticação e inteligência eram substituídas por um prazer puro e simples.
— Se você está pensando em comprar um carro, deve sentir como é, primeiro. A menos que não possa dirigir um carro de cinco marchas — acrescentou.
— Posso dirigir qualquer coisa. — Gina começou a sair do carro.
— Ótimo. — Harry recostou-se quando ela trocou de lugar. — Eu a aviso quando parar.
Ela segurou o volante com uma das mãos, e com a outra engatou a primeira. Sob a palma, sentia a leve vibração de poder e a promessa de velocidade. Após olhar no espelho retrovisor, voltou para a estrada.
— Oh, é maravilhoso — exclamou imediatamente. Então olhou para o velocímetro e riu. — É tentador. Talvez eu acabasse tendo de ser defendida num julgamento de trânsito se eu tivesse um desses.
— Gosto de saber que é uma questão de pisar no acelerador para alcançar muita velocidade.
Gina também gostava de velocidade, pensou quando engatou a quinta e acelerou.
— Foi por isso que você o comprou?
— Gosto das coisas com meu estilo — murmurou Harry, estudando-lhe o perfil. — Coisas que me desafiam. — As mãos no volante eram confiantes, capazes. Ele visualizou-a dirigindo numa estrada vazia em uma noite de verão, as janelas abertas, os cabelos voando. — Você me fascina, Gina.
Ela lhe deu um sorriso rápido.
— Por quê? Porque posso dirigir um Jaguar sem vacilar?
— Porque você tem estilo — replicou Harry. — Pegue a próxima saída.
Enquanto Gina se acomodava em uma sala de espera para trabalhar, Harry seguiu o corredor do hospital para o quarto de Agatha. Encontrou-a em seu esplendor solitário, os cabelos brancos impecavelmente penteados, uma maquiagem leve... com diversas revistas rodeando a cama. Quando Harry entrou, Agatha abaixou a revista que estava lendo para olhá-lo com apreciação.
— Já estava na hora de alguém bonito vir me visitar — brincou ela. — Entre e sente-se, querido.
O sorriso dele era espontâneo quando se aproximou da cama.
— Sra. Grant, sou Harry Potter.
— Ah, o advogado de Ginnie. — Agatha gesticulou para uma cadeira. — A garota sempre soube reconhecer um rosto bonito. Parece que isso a colocou numa tremenda confusão desta vez.
Harry sentou.
— Espero que possa me ajudar com a defesa de Ginnie, sra. Grant. Obrigado por me receber, tão pouco tempo depois do seu acidente.
Agatha sorriu.
— Estarei em pé antes do que os médicos imaginam — murmurou. — Mas, diga-me, querido, o que quer saber?
— A senhora sabe que Ginnie foi acusada de assassinar Francis Day. — Após Agatha assentir levemente, Harry continuou: — O alegado é que ela foi ao apartamento de Laura Simmons, sabendo que o marido estava lá e que a srta. Simmons era sua amante.
— A última de muitas — acrescentou Agatha com ironia.
Harry apenas prosseguiu:
— A srta. Simmons deixou Ginnie sozinha com Day, a pedido dele. Quando retornou ao apartamento, vinte minutos depois, Day estava morto e Ginnie estava sentada no sofá com a arma ainda na mão. Ele levou dois tiros de uma curta distância. A srta. Simmons ficou histérica, correu para um vizinho e chamou a polícia.
— Ginnie o matou — confirmou Agatha sem preâmbulos. — Não há dúvidas quanto a isso.
— Sim, ela mesma admitiu. Mas alega que Day tornou-se violento quando estavam sozinhos. No começo, tiveram uma discussão aos gritos, algo que já era um hábito do casal havia algum tempo. Então ela o ameaçou com um divórcio que envolveria correspondentes e relatórios policiais... uma coisa que ele queria evitar, uma vez que estava prestes a se tornar o cirurgião — chefe no Hospital Geral de Boston.
Agatha deu uma risada melancólica.
— Sim, ele detestaria isso. Ginnie resguardou a reputação do marido como um homem distinto e dedicado à medicina. A última coisa que Day queria era que o fato de ser corrupto se tornasse público.
Harry assentiu.
— Durante a discussão, ele perdeu o controle e espancou Ginnie. Ela alega que o marido enlouqueceu, jogou-a no chão, pegou um abajur e disse que ia matá-la. Quando ele se aproximou, Ginnie pegou a arma na bolsa e atirou.
Agatha assentiu com um gesto de cabeça, então olhou fixamente para Harry.
— Você acredita nela?
Harry retornou o olhar por vários segundos antes de responder:
— Acredito que Virginia Day atirou no marido em um momento de pânico, e em sua própria defesa.
— Ginnie é uma garota teimosa — disse Agatha com um suspiro. — Nós a mimamos demais. E ela tem um temperamento forte, explodindo facilmente sem pensar nas conseqüências. Mas não tem sangue-frio. Ela nunca, jamais, planejaria um assassinato.
— Para provar isso — retornou Harry — a primeira coisa que preciso estabelecer é por que ela tinha uma arma quando foi confrontar o marido.
— A garota não sai na porta sem um revólver. — Com um som de desgosto, Agatha movimentou-se contra os travesseiros. — Uma coisa feia, em minha opinião. Mas diz que se alguém tentar roubá-la, vai ter uma surpresa. — a senhora idosa suspirou. — Ginnie é uma tola por pensar que pode andar por aí cheia de jóias sem que nada lhe aconteça contanto que tenha uma arma.
— A senhora sempre a viu de posse da arma?
— Todas as vezes que nós íamos a algum lugar, eu a via guardar a arma na bolsa — confirmou Agatha. — Uma vez, estávamos em uma festa e vi o revólver lá dentro quando fui pegar um batom emprestado. Para o bem da garota, passei-lhe um sermão por isso.
— Então, a senhora juraria diante da Corte que Virginia Day habitualmente carregava um revólver calibre 22 na bolsa? E que, inúmeras vezes, presenciou esse fato e discutiu com sua sobrinha por isso?
— Querido, eu mentiria diante do diabo por ela. — Agatha sorriu friamente. — Nunca suportei o marido canalha da minha sobrinha.
— Sra. Grant...
— Relaxe — disse ela com uma risada. — Nesse caso, não vou jurar em falso, ou arriscar minha alma mortal. Se Ginnie não estivesse com a arma naquela noite, não sei o que teria acontecido.
— Ótimo. — Harry relaxou. — E essa coisa de mentir diante do diabo fica só entre nós, certo?
— Claro. — Ela lhe deu um sorriso astuto então, enquanto o observava. — Suponho que você e Ginnie não...
— Sou o advogado de defesa dela. — Harry se levantou e apertou a mão surpreendentemente forte da mulher. — Obrigado, sra. Grant.
— Se eu fosse quarenta anos mais nova e estivesse sendo acusada de assassinato, você seria muito mais do que meu advogado — disse ela.
Sorrindo, Harry levou-lhe a mão aos lábios.
— Não mate ninguém, Agatha. Acho muito difícil resistir a você.
Encantada, ela soltou uma risada que o seguiu pelo corredor.
Harry encontrou Gina onde a deixara, um livro de Direito sobre um joelho, um bloco sobre o outro. Sem falar, pegou uma cadeira e esperou que ela terminasse. Gostava de vê-la absorvida no que estava fazendo e inconsciente das redondezas. Sem barreiras agora. Ele queria ajudá-la a conseguir isso, assim como queria levá-la para sua cama. Agora que Gina estava no caminho do primeiro, ele percebeu que não poderia tentar o segundo.
Talvez tivesse sido a súbita percepção na noite anterior de que poderia conquistá-la com o tempo que o tornara cauteloso demais para tentar. Era hora de colocar o relacionamento deles em um nível equilibrado e deixá-lo ali. Pela segurança de Gina?, perguntou-se. Ou pela sua própria?
Quando Gina parou de escrever, dez minutos depois, fechou o livro e começou a endireitar os ombros antes de ver Harry.
— Oh, quando você voltou?
— Há poucos minutos. Sabe, nem todos são capazes de ignorar as distrações e trabalhar da maneira que você trabalha.
— Uma das minhas habilidades mais básicas — replicou Gina, guardando tudo na pasta. — Fui obrigada a desenvolvê-la quando não queria perceber a presença da minha tia. Como foi com Agatha?
— Perfeito. — Harry se levantou, pegando o casaco de Gina para ajudá-la a vestir. — Você teve muitos problemas com sua tia, Gina?
Ela ficou imediatamente tensa, fechando-se.
— Minha tia? — murmurou com a voz fria e sem emoção.
— Você teve muitos problemas com ela?
— Ela gostava de frases como: "Uma dama nunca usa diamantes antes das cinco."
— Muitos problemas, obviamente — concluiu Harry quando pegou o próprio casaco. — Imagino se fui meio rude com você em Atlantic City.
Surpresa, Gina o olhou enquanto andavam para o elevador.
— Não há necessidade de se desculpar. — Mas a postura dela ainda evidenciava que estava em guarda. — O que trouxe esse assunto?
— Eu estava pensando sobre Agatha. — Eles entraram no elevador. — Ela não aprova a sobrinha particularmente, mas a ama. Isso é evidente. — Ele pegou uma mecha dos cabelos de Gina que estava presa na gola. — Estou começando a pensar que era o oposto no seu caso.
— Tia Muriel aprovava a pessoa em que pensou ter me transformado. — Dando de ombros, Gina saiu do elevador. — Quanto ao amor, ela nunca me amou. Mas então, nunca fingiu amar, também. Não posso culpá-la por isso.
— Por que não?
Ela o olhou longamente.
— Você não pode culpar uma pessoa por suas emoções ou pela falta das mesmas. — Quando Gina se virou, era um sinal de que a conversa estava encerrada. Incapaz de conter-se, Harry segurou-lhe o braço.
— Sim, você pode — contradisse ele, zangado.
— É claro que pode!
— Esqueça isso, Harry. Eu já esqueci. — Ele começou a protestar, mas ela se virou de novo, então parou. — Oh, meu Deus, olhe! — Gina olhou através das portas de vidro.
Harry seguiu-lhe o olhar. Estava nevando forte, já branqueando o solo.
— Os meteorologistas nunca acertam — resmungou Harry. — O tempo não deveria mudar até essa noite.
Gina vestiu as luvas.
— A viagem de volta para Boston vai ser muito interessante. E muito lenta — acrescentou ela quando eles saíram e enfrentaram a força total da tempestade.
Harry assentiu e segurou-lhe o braço com firmeza enquanto andavam para o estacionamento. Estavam encharcados quando chegaram ao carro, e ele murmurou:
— Está nevando muito forte. Podemos voltar para o hospital e esperar a neve parar, se você quiser.
— Não, a menos que você não queira arriscar dirigir com esse tempo.
Harry olhou para a estrada à frente.
— Vamos tentar.
Nos primeiros vinte minutos, eles dirigiram na tempestade sem muitos problemas. Harry era um bom motorista, e o carro confiável ajudava. Gina observou a neve caindo, pintando o chão, cobrindo as árvores nuas. Quanto mais para o sul iam, maior o vento, de modo que a neve cobria o vidro tão logo o pára-brisa limpava. Prendendo a respiração, Gina viu o carro da frente derrapar no centro da pista antes que o motorista recuperasse o controle.
— Está muito ruim — murmurou, dando uma olhada para Harry.
— Sim, está — concordou ele. Estava dirigindo devagar e com cuidado, mas, a cada quilômetro que passava, a visibilidade diminuía e a pista se tornava mais escorregadia. Do outro lado da pista, dois carros colidiram e pararam. Harry e Gina permaneceram em silêncio pelos próximos vinte quilômetros.
Estava escurecendo e, quando ele ligou os faróis, a neve dançou freneticamente no brilho das luzes. Gina começou a desejar que tivesse aceitado a sugestão de Harry de permanecer no hospital.
Um veículo os ultrapassou pela direita, numa velocidade perigosa, deslizando em direção ao pára-choque do Jaguar e forçando Harry a desviar e em seguida lutar contra uma derrapagem.
— É suicídio viajar numa estrada nessas condições — murmurou Harry quando recuperou o controle do carro.
Gina assentiu, o coração disparado de medo.
— Vamos parar no primeiro hotel que aparecer, pedir dois quartos e esperar até amanhecer. — Ele tirou os olhos da estrada apenas o bastante para olhá-la. — Você está bem?
Gina suspirou longamente.
— Pergunte de novo quando eu não estiver rezando.
Harry deu uma risadinha, então estreitou os olhos quando avistou uma placa de néon no meio da neve.
— Acho que estamos com sorte.
Parte do "M" da palavra Motel tinha sumido, mas o resto da placa estava visível.
— Um motel — disse Gina com um sorriso. — Que melhor abrigo para uma tempestade?
Harry olhou para o prédio térreo antes de parar o carro.
— Não conseguiremos acomodação muito melhor nessa área.
— Teremos um teto sobre a cabeça?
— Provavelmente.
— É o suficiente. — Ela teve de usar ambas as mãos para abrir a porta contra o vento. Do lado de fora, respirou fundo e caiu na gargalhada.
— Qual é a graça? — Harry quis saber quando a levou em direção a uma porta marcada: Escritório.
— Nada, nada! — replicou ela. — Estou me sentindo maravilhosamente bem agora.
— Você devia ter me dito que estava tão apavorada. — Ele apertou o braço ao redor da cintura dela quando o vento os desequilibrou levemente.
Gina ergueu o rosto para a neve.
— Eu teria lhe dito depois que acabasse meu repertório de orações.
Harry abriu a porta e eles entraram. O aroma frio e limpo da neve foi imediatamente substituído por um cheiro de tabaco e cerveja velha. Atrás de um balcão laminado, um homem grisalho levantou os olhos de uma revista. — Pois não?
— Precisamos de dois quartos para essa noite.
— Só tenho um. — O homem acendeu um fósforo e olhou para Gina. — Nevasca é bom para o negócio.
Gina olhou para Harry, então para a porta de vidro atrás dos dois. Ele estava deixando a decisão em suas mãos, percebeu sentindo um arrepio na coluna. Lembrou-se da última ocorrência perigosa na estrada.
— Vamos ficar com esse. O homem pegou uma chave embaixo do balcão.
— São US$22,5O — disse a Harry, ainda segurando a chave. — Adiantado e em dinheiro.
— Há algum lugar para comer por aqui? — Harry perguntou enquanto contava as notas.
— Jantar na porta ao lado. Aberto até as duas da manhã. Seu quarto é do lado de fora, à esquerda. Número 27. Saída às dez horas, ou terá de pagar outra diária. O quarto tem tevê grátis e filmes pagos.
Harry trocou o dinheiro pela chave.
— Obrigado.
— Você mencionou comida? — murmurou Gina enquanto procuravam o número 27.
— Com fome?
— Morrendo de fome. Não percebi até... — Gina parou quando ele abriu a porta, os olhos arregalados em perplexidade.
O quarto tinha uma única cama. As paredes eram pintadas de rosa-choque, combinando com a colcha da mesma cor. Havia uma cadeira e uma mesa minúscula, ambas brancas. O tapete gasto e fino era roxo, e levava a uma porta que Gina supunha ser o banheiro. E no teto sobre a cama havia um espelho redondo e empoeirado.
— Bem, não é o Ritz — comentou Harry, contendo-se para não rir da expressão atônita de Gina. Colocou as duas pastas sobre uma pequena cômoda de plástico branca. — Mas tem um teto.
— Hum. — Gina deu uma olhada duvidosa para o espelho. Era melhor não pensar sobre aquilo no momento. — Está muito frio aqui. — Virando-se, viu que as cortinas também combinavam com a colcha.
Vendo-lhe a expressão, Harry sorriu.
— É um quarto que fica melhor no escuro. Verei se consigo ligar o aquecedor.
Ignorando o humor dele, Gina sentou-se na beira da cama. A única cama, lembrou. O único quarto, o único hotel.
— Parece que você está gostando desse fiasco.
— Quem, eu? — Harry girou um botão e o velho aquecedor funcionou. Gostar não era a palavra que escolheria. Mesmo o pensamento de passar a noite com ela naquele quarto patético lhe causava um nó no estômago. Pelas próximas horas, teria de se concentrar em fingir que era o irmão mais velho de Gina, se quisesse cumprir sua decisão de não tocá-la. — Vou buscar o jantar — anunciou. — Quer alguma coisa em especial?
— Algo rápido e comestível. — Lembrando da tempestade de neve, ela sorriu-lhe. Se Harry aceitava a situação sem reclamar, ela faria o mesmo. — Obrigada. Eu lhe devo US$11,25.
— Mando a conta para você — prometeu ele, então, inclinou-se para lhe dar um beijo breve antes de sair.
Sozinha, Gina olhou ao redor do quarto mais uma vez. Não era tão ruim, disse a si mesma, se você mantivesse os olhos semicerrados. E o aquecedor estava realmente funcionando. Ela tirou o casaco e procurou por um armário. Não havia. Pondo o casaco sobre a cômoda, abriu o zíper das botas.
A idéia de um banho quente era atraente, mas saber que teria de se despir só para se vestir de novo a fez desistir. Deitaria um pouco até que Harry chegasse com o jantar. Talvez um pouco de televisão, pensou, então notou uma caixa preta ao lado do aparelho de tevê. Examinando mais de perto, percebeu que era um tipo de máquina alimentada por moedas. Os filmes pagos, recordou-se, e decidiu tentar a sorte.
Pegando a carteira na bolsa, achou três moedas de 25 centavos, o que daria para 45 minutos de qualquer filme que estivesse passando. Após seguir as instruções da caixa e colocar as moedas, Gina se sentou no centro e deu um suspiro de pura apreciação.
Foi enquanto ajeitava os travesseiros atrás da cabeça que um movimento na tela chamou-lhe a atenção. Olhou para a tevê, boquiaberta, então, deitou e caiu na gargalhada.
Meu Deus, pensou, de todos os hotéis ou motéis em Massachusetts, eles tinham de encontrar um com paredes cor-de-rosa e filmes pornográficos. Gina estava desligando o botão quando Harry entrou.
— Sabe que tipo de filmes passa se você alimenta essa máquina? — perguntou ela antes que ele fechasse a porta.
Ele balançou a cabeça como um cachorrinho, tirando a neve dos cabelos.
— Sim. Precisa de algumas moedas?
— Engraçadinho! — Mesmo tentando, ela não pôde evitar um sorriso. — Acabei de gastar 75 centavos. Eu não ficaria surpresa se a polícia batesse à porta.
— Com esse tempo? — Harry colocou duas sacolas sobre a pequena mesa.
— Esse é o jantar?
— Mais ou menos. Foi rápido, mas não garanto que seja comestível. — Ele removeu dois hambúrgueres embrulhados. — Você prova primeiro.
— Jovem advogada envenenada em motel — murmurou Gina, abrindo um dos sanduíches.
— Há batatas fritas, também. — Ele espiou dentro do saco. — Acho que são batatas. De qualquer forma, eu trouxe vinho para agora e café para mais tarde. — Harry removeu dois copos descartáveis, antes de pegar a garrafa de vinho. — O melhor que posso dizer é que é tinto.
— Oh, não sei. — Gina mordeu o hambúrguer, pegando a garrafa com a mão livre. — Esse lugar tem copos ou temos de beber no gargalo?
— Vou ver no banheiro. Nenhuma súbita dor no estômago? — perguntou ele no caminho.
— Não. — Ela decidiu arriscar as batatas fritas. - Suponho que não parou de nevar?
— Pelo contrário, está nevando mais forte. — Harry voltou com dois copos de plástico.
Gina se sentou na beira da cama e aceitou o copo oferecido.
— Acho que podemos ver o noticiário — murmurou, olhando para a televisão. — Se você conseguir fazer essa coisa pegar.
Rindo, ele sentou na cadeira e pegou o hambúrguer.
— Pobre Gina, que choque isso deve ter sido.
— Não sou puritana — defendeu-se ela. — Foi simplesmente inesperado. — Deu um gole, fez uma careta, e deu outro gole. — Não é tão ruim assim.
— O melhor da casa — disse Harry. — Dois dólares a garrafa.
— Nesse caso, vou beber mais devagar. Harry, há um pequeno detalhe que devemos discutir.
Ele bebeu um pouco do vinho. Sabia o que o esperava. Enquanto andava na neve tinha decidido como lidar com aquilo.
— Eu não vou dormir no chão.
Gina fez uma careta por ele ter lido sua mente.
— Há sempre a banheira.
— Fique à vontade.
— Então o cavalheirismo definitivamente acabou.
— Ouça— começou ele, mordendo o sanduíche — a cama é grande. Se você não quiser usá-la para nada além de dormir...
— Eu não quero.
— Certo, então você dorme de um lado e eu durmo do outro — terminou ele, dizendo a si mesmo que era simples assim.
— Não tenho certeza se gosto da rapidez com que você concordou com isso — murmurou ela.
— Se você quer ser convencida do contrário... — Harry sorriu.
— Não foi isso o que eu quis dizer. — Ela acabou o hambúrguer. Afinal, pensou, ele havia dirigido por quase duas horas na neve. Não podia negar-lhe uma boa noite de sono. — Você fica do seu lado da cama, e eu fico do meu — repetiu. Ele inclinou-se para completar-lhe o copo.
— Se você insiste. Detesto me repetir citando Clark Gable novamente.
— Clark Gable? — murmurou Gina, então riu. — Claudette Colbert... Aconteceu naquela noite.
— Exatamente — replicou ele com um sorriso divertido. — Numa situação similar, eles imaginaram algo ao longo das linhas das paredes de Jericho.
Ela o olhou longamente.
— Como é a sua imaginação?
Harry deu um gole do vinho.
— Eu lhe disse uma vez que podia esperar até que você admitisse que me queria. — Deliberadamente, olhou-a, sabendo que ela recuaria. — Posso ser muito paciente.
Recusando-se a reconhecer o desafio, Gina meramente assentiu.
— Contanto que você conheça as regras. Acho que vou desistir do café e tomar um banho antes de deitar. — Levantando-se, ele acariciou-lhe os cabelos de modo casual. — Você devia dormir. Foi um longo dia.
Ela sentiu um pequeno arrependimento, mas o reprimiu com firmeza.
— Sim, acho que farei isso. Devo deixar a luz acesa?
— Não é necessário. É impossível errar o lugar dela cama nesse quarto. — Desejando desesperadamente beijá-la, Harry apressou-se para o banheiro. - Boa noite, Gina.
— Boa noite. — Ela esperou até ouvir a água correndo, então levantou.
Você está sendo uma tola, murmurou uma vozinha impaciente em sua cabeça. Não há nada que queira mais do que fazer amor com ele. Perder-se em Harry.
Era exatamente isso, pensou Gina em pânico. Ela se perderia, ou perderia uma parte sua que não sabia se estava preparada para perder. Passou uma mão pelos cabelos e ouviu o som. Com Harry seria diferente do que tinha sido com outros homens. Eleja quebrara muitas barreiras e, uma vez que quebrasse a barreira física, não pararia mais. Ela não podia permitir esse tipo de invasão.
Oh, mas queria-o esta noite.
Como Harry, Gina deixou o café esfriar. Não queria nada que a mantivesse acordada enquanto compartilhava a cama com ele. Após um momento, despiu-se para ficar com a camiseta de baixo. Não ia dormir de roupas. Cuidadosamente, deitou-se na extremidade da cama, sentindo o colchão afundar no centro. Praguejando contra o que Harry teria chamado de destino, apagou a luz e fechou os olhos.
Quando Harry saiu do banheiro, o quarto estava silencioso. Podia ver o contorno do corpo de Gina em um dos cantos da cama. O banho quente não fizera nada para acalmar-lhe o desejo. Era melhor tomar o resto do vinho como se fosse um comprimido para dormir, pensou. Saber que ela estaria tão próxima na cama seria uma verdadeira tortura. Mas tinha dado a sua palavra de que não a tocaria, e agora teria de cumprir.
Harry deixou a toalha cair e foi para cama. Conforme o prometido, se acomodou do outro lado, deixando o centro vazio.
Com o hábito de anos, Harry acordou cedo e devagar. Alguma coisa quente e macia estava envolvendo seu corpo. Embora estivesse mais dormindo que acordado, pelo aroma, sabia que era Gina. Sem pensar, puxou-a para mais perto, então ouviu um suspiro quando ela se aconchegou contra ele. Com um prazer preguiçoso, deslizou a mão pela lateral do corpo delicado, enquanto ela pressionava-se contra ele e deslizava os dedos pelas suas costas.
Murmurando o nome dela, ele beijou-lhe a testa enquanto deslizava a mão por baixo da camiseta de algodão. Simultaneamente, os dois gemeram de prazer. Ele pensou que aquilo fosse um sonho... tinha sonhado que fazia amor com ela, mas não fora daquela forma, tão lenta e sensualmente. Quando Harry se mexeu, uma de suas pernas deslizou intimamente entre as dela, enquanto a boca iniciava uma jornada preguiçosa sobre o rosto adormecido. Com um murmúrio inarticulado, Gina inclinou a cabeça para trás, de modo que ele encontrasse seus lábios.
O que mais parecia um sonho continuou... o beijo demorado, enquanto ele lhe acariciava a pele por baixo da camiseta. Não havia lugar para dúvidas na luz parca do quarto, não havia espaço para reservas no colchão macio e afundado. Harry a tocava, seduzindo ambos em uma rendição sonolenta.
Tão quente, pensou ele, sentindo o sexo enrijecer quando encontrou um dos seios de Gina. Ela gemeu e arqueou-se contra ele. Harry pensou ter ouvido seu próprio nome sussurrado contra os lábios, então as belas mãos moviam-se pelo seu corpo.
Colocando-se parcialmente sobre ela, removeu-lhe a camiseta pela cabeça, pressionando beijos molhados ao longo dos braços delgados.
Podia ouvi-la respirando um pouco mais rápido agora, e descobriu a própria boca brincando com um dos mamilos. Estava inconsciente da paixão até que o desejo provocou-lhe um nó no estômago e a respiração acelerou. O coração de Gina batia fortemente, parecendo exigir mais. E ela estava nua, embora ele não pudesse se lembrar de quando lhe tirara a calcinha.
Os dedos de Gina enterravam em sua pele, os quadris se moviam num ritmo rápido, enquanto o nome de Harry era sussurrado pelos doces lábios entreabertos. Por um momento, ele tentou clarear a mente... separar o sonho da realidade, mas seu corpo estava no total comando.
Então, estava no interior do corpo de Gina, esquecendo as fantasias, e além da razão.
N/a: Boom pessoal, aí está mais um capítulo!
Espero que vcs que continuem acompanhando a minha fic!
Como já disse lá no começo, prometo que dessa vez atulizarei mais rápido!
beeeijOs
e até o próximo cap.!