Depois de passar uma noite analisando o relatório policial e todas as anotações que Harry lhe dera sobre Chad Rutledge, Gina concluiu que era um caso confuso, com várias desvantagens para seu cliente em potencial.
Chad negara as acusações de estupro, alegando que era íntimo de Beth Howard, que vinha, há seis meses, repetindo ser vítima. Ela negou tudo, exceto que eles se conheciam.
Mesmo antes de o relatório médico ser confirmado, ele admitiu ter feito sexo com Beth na noite do suposto estupro. Quando a mãe de Beth a levara ao hospital, a garota estava machucada e histérica, revelando as marcas que Chad lhe deixara. Entretanto, Harry parecia acreditar na história do garoto.
Com um suspiro, Gina fechou o arquivo Tinha formado sua própria opinião. Eles levariam Chad para a sala de conferências a qualquer minuto. Olhando para as paredes verdes, pensou na manhã de sábado que passara com Harry apenas alguns dias atrás. Aquela parte do trabalho tinha pouco a ver com a escolha da mesa certa.
Aporta pesada com sua minúscula janela se abriu Gina deu a primeira olhada em Chad Rutledge.
— Ficarei do lado de fora, srta. Weasley — disse o guarda quando Chad sentou-se à mesa.
— Obrigada. — Ela se voltou para seu cliente Era jovem, bonito e com espessos cabelos pretos então, observou-lhe as mãos, que se abriam e se fechavam como se estivessem tentando controlar uma dor.
Você pode mentir com os olhos, mas não com as mãos. Lembrando-se das palavras de Harry, Gina recostou-se. O garoto estava apavorado
— Sou Gina Weasley — apresentou-se, descobrindo que também estava nervosa. — Vou cuidar do seu caso, se você concordar. — Chad deu de ombros e não disse nada. — O sr. Potter conversou com você e sua mãe inicialmente, mas sua carga de trabalho não permite que ele dê a seu caso o tempo e a atenção necessários para defender você da forma como ele gostaria.
— Que tipo de trabalho uma mulher vai fazer para defender um sujeito acusado de estupro? — Chad perguntou para a parede que olhava.
— Você terá a melhor defesa possível, independente do seu sexo ou do meu. — respondeu Gina. — Contou a sua história para o sr. Potter, agora eu gostaria que me contasse.
Chad apoiou um cotovelo sobre o espaldar da cadeira.
— Tem um cigarro, doçura?
— Não.
Ele tirou do bolso um cigarro sem filtro pela metade.
— Pelo menos, ele me passou para uma mulher bonita. — Chad virou-se e a olhou pela primeira vez, desviando o olhar para seus seios, em seguida. Gina esperou que ele a encarasse de novo.
— Por que não pára com essa bobagem e vamos ao que interessa?
Ele pareceu irritar-se.
— Você tem o relatório policial nesse arquivo aí. O que mais quer? — Com mãos nervosas, Chad acendeu o cigarro.
— Conte-me o que aconteceu em dez de janeiro. — Gina pegou um bloco e uma caneta da pasta e esperou. — Você está desperdiçando meu tempo, Chad. E o dinheiro de sua mãe.
Ele lhe lançou um olhar furioso, então falou:
— Em dez de janeiro, eu acordei, tomei banho me vesti, tomei café e fui trabalhar.
Ignorando a agressividade dele, Gina começou a tomar notas.
— Você é mecânico na Oficina Mayne?
— Isso mesmo.
— Ficou na oficina o dia inteiro?
— Sim. Tínhamos uma Mercedes para consertar. Cuido dos carros importados.
— Entendo. A que horas você saiu?
— Às seis. — Chad tragou o cigarro e soltou a fumaça.
— Para onde você foi?
— Fui para casa e jantei.
— E depois?
— Depois, eu saí. Para paquerar, você sabe. — Ele sorriu.
— Por quanto tempo você... paquerou?
— Algumas horas. — Ele deu outra tragada antes de acrescentar: — Então, estuprei Beth Howard.
Gina continuou escrevendo, sem quebrar o ritmo, embora por dentro estivesse ansiosa.
— Decidiu mudar sua declaração, Chad?
Ele fechou a mão livre.
— Acho que não vou sobreviver com minha declaração anterior.
— Tudo bem — disse Gina. — Conte-me sobre o estupro, Chad.
— Tem certeza de que consegue ouvir esse tipo de coisa?
— Você a pegou no seu carro?
— Sim. — Ele apagou o cigarro. — Ela tinha saído do cinema e estava indo para casa, e eu lhe ofereci carona. Nós fizemos o ensino médio juntos. Beth me reconheceu, então entrou. Conversamos sobre o que tínhamos feito depois de nos formar, enquanto eu dirigia. Gostei da aparência dela, então inventei que precisava pegar alguma coisa na oficina.
— Ela foi com você para a oficina sem protestos?
Chad umedeceu os lábios. Havia suor acima deles.
— Eu disse a ela que precisava pegar umas ferramentas. Quando chegamos lá, a agarrei.
— E ela resistiu?
— Sim, tive de bater um pouco nela. — Ele pôs a mão no bolso e achou outro cigarro esmagado. Gina viu que os dedos do garoto tremiam.
— E depois?
— Então, rasguei-lhe as roupas e a estuprei! — explodiu ele. — O que você quer? Todos os detalhes, gráficos?
— O que ela estava usando? Chad passou uma das mãos pelos cabelos. — Um suéter cor-de-rosa e uma calça de veludo cinza.
— E você rasgou essas roupas? — persistiu Gina, ainda escrevendo.
— Eu já disse que sim.
Largando a caneta, Gina o olhou diretamente.
— As roupas dela não foram rasgadas, Chad.
— Eu disse que as rasguei! Sei o que fiz. Eu estava lá, moça, você não.
— As roupas de Beth Howard não estavam danificadas quando ela chegou ao hospital.
O garoto estava tremendo inteiro agora.
— Ela trocou de roupa.
— Não — respondeu Gina calmamente — porque você nunca as rasgou. Assim como não a estuprou. Por que está tentando me convencer do contrário?
Chad pôs os cotovelos sobre a mesa, pressionando as mãos nos olhos.
— Droga, não consigo fazer nada certo.
Gina estudou o topo da cabeça dele enquanto fazia uma pausa.
— Não foi você quem machucou o rosto de Beth também, foi?
Lentamente, sem descobrir os olhos, ele meneou a cabeça.
— Eu nunca machucaria Beth.
— Você está apaixonado por ela?
— Sim. E isso está uma confusão.
— Comece de novo — sugeriu Gina. — E dessa vez, tente a verdade.
Com um suspiro, Chad abaixou as mãos e começou.
Ele e Beth haviam estudado juntos no ensino médio, mas mal se conheciam. Andavam em turmas diferentes. Então um dia, seis meses atrás, ela levara o carro para consertar na Oficina Mayne, e tudo aconteceu de uma vez.
Eles começaram a namorar. O pai de Beth desaprovava e ordenou que a filha rompesse a relação. Eles continuaram se encontrando secretamente.
— Foi como um jogo, sabe? — Chad riu. — Nem os nossos amigos sabiam. Ela sempre inventava uma desculpa para sair. Se conseguia escapar à noite, íamos para a oficina, nos trancávamos lá dentro, conversávamos e fazíamos amor. Eu estava economizando para que pudéssemos casar.
— O que houve na noite em que você foi preso?
— Tivemos uma briga. Beth disse que não queria continuar desse jeito. Não se importava se não tínhamos dinheiro ou um lugar para morar, queria casar imediatamente. Ela não me ouvia.
Começou a chorar e eu comecei a gritar e soquei a parede. — Chad olhou para baixo como se ainda esperasse ver o ferimento. — Então, ela entrou no carro e foi embora. Depois, os policiais chegaram. Nossa, fiquei com medo no começo.
— Por que você acha que ela o está acusando, de estupro?
— Eu sei por quê. — Seus olhos eram desafiadores agora. — Ela me mandou um bilhete pela minha mãe. Quando Beth chegou em casa naquela noite, ainda estava aborrecida. O pai a pressionou e, enquanto discutiam, Beth lhe contou tudo. Ele enlouqueceu. Bateu nela e a ofendeu, assustando-a terrivelmente. Ela disse que o pai ameaçou matar nós dois se Beth não fizesse exatamente o que ele queria. Beth estava apavorada o bastante para acreditar nisso. — Chad suspirou. — Quando a mãe dela chegou em casa, encontrou a filha histérica. O pai contou a história e chamou os policiais enquanto a mãe a levava para o hospital.
— Onde está esse bilhete?
— Eu me livrei dele. — Chad meneou a cabeça com a expressão de Gina. — E minha mãe não leu porque estava selada.
— Se Beth lhe escrever de novo, quero que guarde a carta.
— Ouça, eu não quero que Beth se machuque mais. Logo que eles me pegaram, fiquei com medo, sabe? Mas estava furioso, também, achando que ela tinha feito isso para me punir. — Ele deu de ombros. — Vou arriscar passar alguns anos na prisão.
— Gosta de sua cela, Chad? — questionou Gina empurrando as anotações de lado e inclinando-se sobre a mesa. — Isso é um piquenique comparado à penitenciária estadual.
Os lábios dele tremeram quando engoliu em seco.
— Ficarei bem.
— Existem estupradores reais lá dentro — disse ela friamente. — Assassinos. Homens que o cortam ao meio sem pensar duas vezes. E como acha que Beth vai se sentir sabendo que você esta preso lá, e por que motivo?
— Ela ficará bem. — Suor começou a escorrer pelo rosto de Chad. — Não permanecerei lá por muito tempo.
— Quer arriscar vinte anos de sua vida? Quer que o pai dela escape com o que armou para você? Cresça, Chad — ordenou Gina, impaciente. — Isso não é mais um jogo. Você vai a julgamento por estupro. A pena máxima é perpétua. — Chad não disse nada, mas Gina podia ver o rosto jovem empalidecendo. — Você e Beth terão de sentar lá e contar à Corte exatamente o que aconteceu naquela noite. Se mentir, vocês dois serão condenados por falso testemunho.
— Eu não sei...
Gina guardou o bloco na pasta.
— Se você quer brincar de herói só porque sua namorada tem medo do pai, arranje outro advogado. Não defendo idiotas.
Ela começou a levantar, mas Chad estendeu a mão e segurou-lhe o braço.
— Só não quero machucá-la. Ela está apavorada.
— Ela já foi machucada — disse Gina. — E vai continuar assustada até que conte a verdade. Ou talvez você não acredite que ela o ama.
Os dedos de Chad se apertaram no braço dela, mas Gina não se moveu. Após um momento, ele a liberou.
— Diga-me o que preciso fazer.
— Muito bem.
Quando Gina entrou no escritório uma hora depois, estava sem energia. Lucy a olhou, então parou de datilografar.
— Parece que você precisa de um café.
Gina deu um sorriso fraco.
— Parece?
— Sim. Posso fazer um... -antes que ela terminasse, o telefone tocou.
— Tudo bem, Lucy, cuide do telefone. Eu faço o café. — Enquanto ia para a cozinha, Gina tirou o casaco. Ainda podia ver o rosto pálido e assustado de Chad. Ver as mãos tremendo e o nervosismo.
E como Beth Howard estava se sentindo?, perguntou-se, pondo o casaco de lado e virando-se para o fogão. Se eu pudesse falar com ela, pensou, então suspirou frustrada. Essa era a última coisa que o advogado de acusação ou o pai dela permitiriam. Chad teria de esperar pelo dia do julgamento.
Gina olhou pela janela sobre a pia, o café esquecido. Com alguma sorte, poderia tirar a verdade de Beth durante as preliminares. Mas se a garota tivesse tanto medo do pai... se não amasse Chad e estivesse somente jogando... Ela suspirou. Tantas possibilidades quando a vida de um garoto estava em risco.
— Manhã difícil? — perguntou Harry da soleira da porta.
Gina se virou.
— Sim. — Estava feliz em vê-lo, percebeu. Feliz em saber que alguém entenderia o que estava sentindo. — Você está ocupado?
Harry pensou nos relatórios no andar de cima, mas meneou a cabeça.
— Eu tomaria um café. — Ele pegou duas xícaras e serviu. — Você viu Chad Rutledge essa manhã.
— Oh, Harry, pobre garoto. — Gina se sentou à pequena mesa enquanto ele adicionava leite ao café. — Ele queria se fazer de durão, mas tremia muito.
Harry entregou-lhe o café e se sentou à sua frente.
— Foi difícil lidar com o garoto?
— No começo sim — disse Gina. — Ele falou que estuprou Beth Howard.
Ele arregalou os olhos.
— O quê?
— Ele fez uma confissão completa. Com muito cuidado, como se fosse algo que tinha decidido fazer porque estava meio entediado. Quanto mais falava, mais as mãos tremiam.
Harry meneou a cabeça.
— Não faz sentido.
— Também achei que não. — Gina deu um gole do café. — Eu o pressionei por detalhes, e Chad tentou me convencer de que levou a garota à oficina onde trabalha, bateu nela e a estuprou. Harry franziu o cenho.
— Isso confirma a história da garota.
— Chad disse que rasgou as roupas dela.
— As roupas de Beth não estavam rasgadas.
Gina sorriu.
— Exatamente. Ele inventou tudo isso somente para protegê-la.
Harry recostou-se e acendeu um cigarro.
— Conte-me.
Enquanto Gina relatava a conversa, Harry observava a emoção brincar no bonito semblante. Ela estava lutando para não se envolver pessoalmente, mas já era tarde demais.
— Se tudo que Chad diz é verdade, a garota está destruída.
— Eu acredito nele. Chad queria confessar a culpa e mantê-la fora disso.
— O que você fez? — Harry quis saber.
— Eu ó convenci do contrário. Não sei o que vai acontecer se esse caso chegar ao tribunal. Consegui uma lista dos amigos mais próximos deles. Chad afirma que o relacionamento dos dois era segredo, mas provavelmente alguém ficou sabendo durante os últimos seis meses. — Levantando-se, Gina foi para a janela de novo. — Oh, Harry fui tão dura com ele.
Gina estava extravasando as emoções. Ele queria que ela o fizesse, até mesmo a pressionara para tal. Entretanto, tinha sentimentos constantes em relação a isso, pois não queria vê-la sofrer. Toda vez que uma concha se quebrava, abria, havia dor. Harry falou cuidadosamente tentando manter o tom profissional:
— Gina, você sabe que não pode tratar clientes com luvas de pelica. A vida dele está e risco.
— Eu sei. Mas não é fácil perceber de repente que você pode ser cruel. O garoto estava pálido suando e tremendo, e eu não lhe ofereci um pingo de simpatia.
— Você lhe deu exatamente o que ele precisava. — Harry se levantou, mas não se aproximou; Dessa vez, estava inseguro. — Agora, está se martirizando porque fez o que tinha de ser feito. A mãe de Chad lhe dará simpatia. Você deve dar-lhe a melhor defesa, custe o que custar.
— Eu sei. — Ela observou um passarinho andando pelo gramado. — Mesmo que isso signifique destruir a garota. Mas é o pai dela que eu gostaria de destruir. Embora eu saiba que, por falsificar uma declaração policial, ele não vai pegar mais que uma prisão condicional. E um garoto de 19 anos está preso numa cela, apavorado.
Harry reprimiu a vontade de confortá-la.
— Ele não é Rony, Gina.
Ela suspirou longamente.
— Sou tão transparente assim?
— No momento, é.
— É difícil não comparar — murmurou Gina. — Ele tem a mesma insolência atraente que Rony linha quando adolescente. E quando penso em Chad naquela cela, é muito fácil imaginar como meu irmão se sentiu. — Ela deu uma pequena risada. — E pergunto-me se isso pode ser uma outra manobra do destino.
— Você vai perder a objetividade, Gina. — O tom de voz era duro, embora Harry se sentisse bem diferente disso. — Não pode vencer num julgamento sem objetividade.
— Sei disso. — Ela se virou. Não tinha objetividade no momento, e sim muitas comparações e arrependimentos. Queria ser abraçada, confortada, mas não pediu porque sabia que tinha de encontrar o próprio controle. — Preciso me recompor antes de voltar para ver Chad de novo.
Era o que Harry queria ouvir. Automaticamente, tocou-lhe o ombro com carinho. Então, virou-a para si.
Em silêncio, olhou-a fixamente e, embora ela o tivesse circulado com as mãos, não se aproximou mais. Ele sabia que Gina estava procurando apoio, mas não respostas. Ela as encontraria por si mesma.
Naquele momento, Harry descobriu que nunca a desejara tanto. E não apenas o corpo suado contra o seu, o gosto maravilhoso da boca. Que ria os pensamentos dela, os sentimentos. Queria compartilhar o que os dois eram, de modo que não houvesse mais barreiras ou dúvidas. E enquanto a ternura o envolvia, ele lhe acariciava os cabelos. Percebendo alguma coisa, Gina ergueu a cabeça.
Eles se entreolharam. Havia uma pergunta nos olhos de Harry? Ou era um pedido? Então, ele tocou-lhe os lábios com os seus.
Aquilo não tinha nada a ver com os outros beijos que haviam trocado. Podia ter sido o primeiro. A boca de Harry era tão suave. E cuidadosa, como se ele estivesse inseguro. Ocorreu a Gina que ele a estava beijando como nunca beijara ninguém antes, o homem que tivera tantas mulheres.
As mãos fortes não a apertavam, mas descansavam levemente contra suas costas, como se pudesse liberá-la ao menor movimento. Gina estava imóvel. Qualquer que fosse aquela mágica, ou a razão para o ato, queria que continuasse.
Quando Harry a afastou, eles se entreolharam, ambos perplexos e emocionados.
— Para que foi isso? — perguntou Gina após um momento.
Harry abaixou as mãos e afastou-se.
— Não sei — murmurou. Abalado, voltou para a mesa e pegou seu café. — Você está bem agora?
— Sim. — Não, murmurou Gina silenciosamente, mas conseguiu sorrir. — Acho que vou subir e trabalhar na defesa de Chad. A sra. Walker vem amanhã cedo. — Quando ele franziu o cenho, ela acrescentou: — O caso de divórcio que você me passou.
— Oh, sim. — Harry olhou para a xícara vazia e perguntou-se o que estava acontecendo, enquanto Gina permanecia na janela, incerta sobre o que fazer.
— Vou subir então — disse ela, mas ainda não se moveu.
— Gina — começou Harry — você tem algum outro compromisso além da sra. Walker, amanhã?
— Não. Vou apenas trabalhar com os relatórios.
— Preciso ir a Salen ver alguém sobre o caso Day. Por que não vai comigo? E uma viagem agradável. Você pode clarear a mente e fazer seu trabalho enquanto estou ocupado.
— Tudo bem — concordou ela num impulso. — Vai ser bom. Posso não ter tantas tardes livres no futuro.
— Ótimo. Sairemos assim que você termina com a sra. Walker.
Eles ficaram parados em silêncio por um mo mento. Era estranho, pensou Gina, que duas pessoas que tinham tanta facilidade com palavras, subitamente tivessem uma conversa tão tensa.
— Bem, vou subir.
Harry assentiu enquanto voltava para a cafeteira. Quando ouviu os passos dela se afastando bebeu o café e pôs a xícara sobre o balcão.
O que era aquilo, afinal? Quando a convidara para a viagem, tinha se sentido como um adolescente convidando uma garota para sair. Rindo voltou à mesa. Não, nunca se sentira tão inseguro no período da adolescência. Nunca se sentira tão inseguro em nenhum período de sua vida.
Após acender um cigarro, olhou para a brasa, pensativo. Era sempre seguro em relação ao sexo oposto. Apreciar mulheres sempre fora uma parte tranqüila de sua vida, e tinha a firme intenção que continuasse assim. Sabia que não precisava passar uma noite sozinho, a menos que quisesse.
Então, por que ultimamente vinha passando tantas noites sozinho? E quando tinha sido a última vez que pensara em alguma mulher que não fosse Gina?
Suspirando, Harry analisou a situação. Pensar cm Gina o deixava desconfortável. Mas por quê? Considerava-a uma boa companhia. E a desejava. Tragando o cigarro, lembrou-se da paixão turbulenta que sentira quando a beijara. Desejo não o deixava desconfortável. Prometera a si mesmo que faria amor com ela mais cedo ou mais tarde... e sempre cumpria suas promessas.
Não tinha sido desejo momentos atrás, refletiu. Também não fora um tipo de afeição fraternal. Gina não se encaixava em nenhuma categoria. Não era a mulher sofisticada por quem normalmente se sentia atraído, nem era a prima mais nova com quem queria se divertir.
Irritado, levantou-se e andou até a janela. Se ela o deixava desconfortável, por que a convidara para a viagem do dia seguinte? Por que necessitava estar com Gina?
Necessitar era uma palavra perigosa. Querer era mais seguro, mais compreensível, mas não era seu verdadeiro sentimento.
Meu Deus, pensou apavorado, sentindo o vento bater no rosto. Estava apaixonado? Não, isso era ridículo. Amor não era uma palavra que usava, porque amor tinha repercussões. Num gesto de raiva, jogou o cigarro pela janela. Um homem não vivia trinta anos para, de súbito, pular de uma ponte. A menos que... acordasse uma manhã descobrisse que tinha enlouquecido.
Devia estar trabalhando demais, decidiu. Mui tas noites mal-dormidas procurando por resposta O que precisava era de uma noite com uma mulher atraente, depois, oito horas de sono. No dia seguinte, prometeu a si mesmo, estaria pensando com clareza novamente.
No dia seguinte, lembrou quando saiu da cozinha, Gina ainda estaria lá. Praguejando, Harry subiu a escada.
N/a: Mais um capítulo aí minha genteee!
Mil desculpas pela demora em postar, mas eu não tive tempo nem pra mim esses diaas! =/
E cadê meus comentários??
Quase nem teve!! =/
Poow gente, deixa um comentário vaai! Não custa nadaa! =D
Lá pro final do mês eu tento postar o outro capítulo, tá bom?!
Até o próximo capítulo!
beeijOs