FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout  
FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout
FeB Bordas para criar o Layout
FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout
FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout FeB Bordas para criar o Layout
FeB Bordas para criar o Layout
 

(Pesquisar fics e autores/leitores)

 


 

ATENÇÃO: Esta fic pode conter linguagem e conteúdo inapropriados para menores de idade então o leitor está concordando com os termos descritos.

::Menu da Fic::

Primeiro Capítulo :: Próximo Capítulo :: Capítulo Anterior :: Último Capítulo


Capítulo muito poluído com formatação? Tente a versão clean aqui.


______________________________
Visualizando o capítulo:

9. CAPÍTULO IX


Fic: Beijos de fogo


Fonte: 10 12 14 16 18 20
______________________________



O Truelove era o segundo barco em que Harry punha os pés no mesmo dia.


O primeiro havia sido o estúdio de tia Viv, uma embarcação moderna com todos os confortos oferecidos pela tecnologia, como uma antena parabólica e um forno de microondas, sem mencionar dez ou doze estátuas de homens nus.


Mas aquele barco era diferente. Harry examinou o deque de madeira e latão com olhos críticos. Não sabia nada a respeito de iates, mas sabia reconhecer a classe quando a via.


Budge havia contado a história há algum tempo. Um ancestral de Cho, o mesmo que iniciara a dinastia de hoteleiros há muitas décadas, dera o Truelove de presente à esposa. Desde então, o barco flutuava nas águas mansas do Lago Genebra, não muito distante do Swan's Folly, o mais exclusivo estabelecimento do império de hotéis.


No início do século, o velho "Swanee" Lambert, barão da hotelaria, fizera do Folly sua residência de verão e do Truelove seu maior prazer, desfrutando da vida agradável proporcionada pela região de clima ameno.


Infelizmente, o barco transformara-se em um enfumaçado clube masculino, pelo menos durante a festa de despedida de solteiro de Dino. As mansões no alto da colina lançavam uma luz difusa sobre o lago, fazendo a reunião parecer mais elegante do que realmente era. Budge Potter, Lee Chang e vários cavalheiros de prestígio fumavam muito e esvaziavam garrafas do mais legítimo e caro uísque escocês.


De vez em quando Harry ouvia um ou outro comentário sobre centenas de dólares ganhos ou perdidos na mesa de pôquer, enquanto outros homens assistiam numa espécie de transe à luta de box transmitida pelo aparelho de tevê instalado na principal sala do iate. Cigarros, charutos, uísque escocês, pôquer, box... nada disso despertava seu interesse.


Por isso estava debruçado sobre a balaustrada, olhando para o lago escuro e profundo.


Sabia que devia tentar integrar-se a um dos grupos. Mas se aquilo era uma celebração, ninguém parecia estar muito feliz. Especialmente Dino, o noivo, cujo humor era muito diferente daquele esperado para alguém às vésperas do dia mais feliz de sua vida. Na verdade, a única atitude de Dino que combinava com a atmosfera de comemoração era o consumo exagerado de álcool.


Harry viu Kevin aproximando-se e, feliz por ver um rosto conhecido, o rosto de seu meio-irmão, chamou-o. Dentre todos os filhos de Budge. Kevin era seu preferido. E por que não? Não tinha laços de sangue com os outros. Mas ele e Kevin eram filhos da mesma mãe.


Kevin podia ser filho de Budge, nascido para levar uma colher de prata na boca e freqüentar as melhores escolas do mundo, mas sua herança genética era ampla o bastante para incluir traços da simples e adorável Lilian Evans, a mãe que Harry amava tão profundamente. Até então, Kevin havia dado mostras de ter conseguido conciliar o melhor das duas partes.


— Ei, Kev! Esta é a primeira vez que o vejo desde que cheguei. Nana o tem mantido ocupado?


— Mais ou menos. Procurei por você ontem à tarde, mas papai disse que estava ocupado com uma das damas de honra. A ruiva. Gi, não é? — Fez uma careta. Parecia um pouco alterado, o que não era surpreendente. O álcool fluía com liberdade em forma do mais puro e saboroso uísque envelhecido, uma bebida forte demais para um rapaz de vinte e três anos.


— Oh, sim. Eu a conheci — Harry respondeu.


— Papai está aborrecido. Ele disse que você está procurando encrenca com essa tal Gi, e jurou que vai matá-lo se o fizer perder o dinheiro de um certo investimento.


— Não quero ofender ninguém, meu irmão, mas seu pai costuma estar sempre enganado. Gosto de Budge, mas ele tende a se afastar um pouco da estranha exatidão, se é que me entende.


— É claro que entendo. Quer dizer que não há nada entre você e a tal ruiva? De minha parte, prefiro a loura, aquela chamada Bianca. Ela é o máximo! Mas soube que está envolvida com Neill.


— Neill? — Harry repetiu confuso. As intrigas do casamento Potter-Chang eram suficientes para fazer da série Barrados no Baile uma brincadeira de crianças. — Bianca não é aquela que trouxe o bebê? Todos pensam que o garoto é de Dino.


Harry ergueu os ombros.


— Não é da minha conta.


Uma voz forte e familiar soou na escuridão.


— Garotos, o que estão tramando? — Budge perguntou. — Por que não estão jogando pôquer com os outros?


— Não quero perder as calças para aqueles titãs da indústria — Harry respondeu rindo. — Eles podem se dar ao luxo de perder algumas centenas de dólares, mas eu...


— É tudo muito aborrecido, pai — reclamou Kevin. — Meus irmãos são os únicos nesta festa com menos de cinqüenta anos, e mesmo assim têm outros interesses. Dino está se encharcando de uísque como se não houvesse amanhã, Neill parece disposto a socar o nariz de Dino, e Harry está aqui fora olhando para o nada. Como posso me divertir numa festa assim?


— Onde está o sócio de Weasley? Storm, Shrimp, ou qualquer que seja seu nome. Fiz questão de convidá-lo. Francamente, não sei onde aquele rapaz esconde o cérebro que supostamente possui. A Figo de Veludo é uma verdadeira mina de ouro, o que significa que Storm deve ter idéia do que está fazendo, mas a maneira como se comporta é espantosa. Esperava interrogá-lo esta noite e entendê-lo um pouco melhor, mas não consigo encontrá-lo em parte alguma.


— Está dizendo que convidou o Garoto Músculos? — Harry inquiriu com tom de desprezo. — Felizmente ele não veio. Odiaria ter de desferir o segundo soco do dia.


— Harry, já disse que deve manter-se bem longe daquela garota Weasley. Uma coisa é divertir-se com a noiva de outro homem, outra coisa é interferir na vida de um casal que administra uma empresa bem-sucedida.


— O Garoto Músculos não passa de um idiota. — Budge acreditava que Storm administrava a Figo de Veludo com Gina? Seria realmente cego a esse ponto? — Por que acha que ele tem alguma influência sobre a companhia de Gina. É evidente que ela é o cérebro por trás de todo aquele sucesso.


— Ela é só uma mulher — Budge interrompeu irritado. — Não pode estar no comando de um negócio tão lucrativo.


Harry balançou a cabeça.


— Às vezes, Budge, até eu me surpreendo com seu comportamento.


— Obrigado — ele respondeu orgulhoso, sem perceber a ironia do comentário. — Bem, vou ver se meu filho está se divertindo em sua última noite de solteiro. Alguém viu Dino recentemente?


— Ele estava no bar há um segundo — Kevin contou. Assim que o pai afastou-se, o rapaz parou ao lado do meio-irmão com um sorriso divertido nos lábios. — Storm? Sei quem ele é.


— Sabe?


— Sim, e também sei que ele não virá.


— Por que tem tanta certeza?


— Bem, eu... organizei uma pequena brincadeira para divertir as mulheres naquela aborrecida despedida de solteiro de Cho no salão do hotel. Genevieve cuidou de todos os preparativos para a festa, e Winnie, a irmã de Cho, uma dessas garotas modernas que adora dançar e beber, andou reclamando para quem quisesse ouvir, dizendo que a festa seria mais sem graça que um chá num convento, já que a mãe havia proibido o consumo de álcool.


— E o que exatamente fez para diverti-las?


— Dei a Winnie algumas garrafas de bebida para realçar o sabor do ponche de frutas encomendado por Genevieve Chang, e depois ela e eu contratamos o tal Storm para pular de dentro de um bolo. Winnie disse que ele vai pintar o corpo de dourado e usar um tapa-sexo, ou coisa parecida. Vai ser inesquecível!


Depois do rompimento com Zurik, Storm era o único noivo que Gina ainda tinha. E agora ele sairia seminu de dentro de um bolo diante de dezenas de pessoas...


— Sim, inesquecível.


— Ah, vamos lá, Harry, não seja tão moralista! — Kevin bebeu um pouco de uísque. — Aposto que elas estão se divertindo. E a festa teria sido um fracasso sem minha ajuda.


— Você foi uma grande ajuda, Kev — Harry comentou com tom sombrio, batendo nas costas do irmão, imaginando o que aconteceria se o jogasse na água. Nada. Era um excelente salva-vidas. Não permitiria que o próprio irmão morresse afogado.


Mas, e quanto a Gina?


Pensou em correr e tirá-la de lá antes que fosse humilhada pelo suposto noivo.


Mas decidiu ficar onde estava, porque ela mesma dissera que não precisava de ajuda.


— Ouviu alguma coisa? — Kevin perguntou de repente, olhando para a escada que levava à parte interna do iate. — Acho que escutei gritos. E talvez alguma coisa sendo quebrada.


— Parece que o ruído vem da sala de pôquer. — Harry estava chegando perto da escada quando Neill e Dino apareceram. Os dois discutiam de forma violenta, e Dino acabou desferindo um soco no queixo do irmão mais velho. — Vamos ver se adivinho... problemas envolvendo uma mulher.


Dino preparava-se para acertar um segundo golpe quando Kevin o segurou pelos braços e o conteve, enquanto Harry imobilizava Neill com um golpe denominado gravata.


Kevin, normalmente o pacificador da família, oferecia palavras serenas que não exerciam efeito algum sobre os dois briguentos.


Os dois estavam embriagados, o que só tornava os ânimos ainda mais acirrados.


— Por que não esfriam a cabeça antes de se enfrentarem como meninos de rua? — Harry sugeriu, soltando Neill. — Vá fumar um cigarro com seu pai, beba alguma coisa, jogue uma partida de pôquer...


— Cigarros fedem, como esta festa. Mande o capitão parar o iate no próximo cais.


— O capitão só obedece às minhas ordens, e ele não vai parar — Dino respondeu.


Harry suspirou. Era evidente que os rapazes ainda não estavam dispostos a dar o caso por encerrado.


Neill deu alguns passos na direção da balaustrada, e Kevin reagiu assustado.


— Está pensando em pular do barco, seu maluco?


— Exatamente.


Antes que alguém tivesse chance de reagir, Neill atirou-se na água e desapareceu sob a superfície escura do lago.


Kevin gritou:


— O que pensa que está fazendo?


Mas era tarde demais para detê-lo.


— Alguém sabe se ele bebeu muito? — Harry perguntou apressado. Não sentira cheiro de álcool no hálito de Neill, mas isso não significava nada. — Se estiver embriagado, ele pode desmaiar antes de sair da água.


— Ele estava ótimo — Dino apontou.


Mas Harry preferia não correr riscos. Sem parar sequer para tirar o paletó, pulou na água atrás de Neill.


Não podia ver o outro nadador, mas era possível ouvir as braçadas vigorosas alguns metros à frente, sinal claro de que Neill não corria perigo algum.


De fato, Neill chegou à terra firme muito antes de Harry, que só teve tempo de ver os faróis de um veículo qualquer afastando-se pela estrada.


E agora? Recusava-se a tentar caminhar até o Swan's Folly novamente. Afinal, a primeira tentativa havia sido um fracasso. A perna parecia bem melhor depois da sessão improvisada de hidroterapia, mas preferia não exigir demais dela.


— Ei — chamou, batendo na janela de uma das limusines estacionadas no cais, esperando pelo retorno do Truelove. Ao ver que o motorista abaixava o vidro, apressou-se.


— Preciso voltar ao Swan's Folly agora mesmo. Pode me levar? O iate não voltará nas próximas horas.


— Lamento, senhor, mas não posso ajudá-lo — o motorista respondeu. — Este é o carro do Sr. Potter, e tenho ordens para esperá-lo aqui. O homem encolhia-se tentando escapar dos pingos de água que caíam da manga do paletó de Harry em seu braço. Harry também estava aborrecido com toda aquela água. Levara apenas dois ternos para o final de semana, e ambos haviam conhecido lagos locais. O primeiro fora mergulhado no lago dos cisnes, no hotel, e o segundo no Lago Genebra.


Harry abriu a porta traseira sem esperar por um convite.


— Nesse caso, podemos ir. Eu sou o Sr. Potter. Um deles.


Que tal essa? Conseguira assumir o comando dentro de uma limusine que não era dele, e nem precisara mentir.


Despindo o paletó, acomodou-se no banco de couro, certo de que o material era impermeável.


— Para casa, James — murmurou. Sempre sonhara poder dizer essa frase.


— Para o hotel, Sr. Potter?


— Exatamente. — Sorrindo, antecipou o final da jornada, quando invadiria a festa de despedida de solteiro das mulheres.


Que culpa tinha se fora obrigado a dirigir-se ao local onde Gina necessitava de ajuda?


 


Gina tamborilava com os dedos sobre a mesa, absolutamente aborrecida.


Se Luna houvesse sido convidada, pelo menos estariam passando o tempo comentando sobre o horrível vestido azul de Cho, suas pérolas perfeitas e seu cabelo de capacete. Mas a lista de convidados limitava-se ao cortejo nupcial e aos parentes, o que significava que não havia ninguém interessante no salão.


Gina preferira não usar o estilo convencional e sem graça que todas as outras mulheres haviam favorecido. Não. Vestira aquele adorável vestido azul-turquesa de alças finas, uma criação que seguia a mais atual tendência da moda com seu corte reto, curto e ousado. E no entanto, lá estava ela, presa numa tediosa despedida de solteiro, sem ninguém para apreciar seu bom gosto.


O salão de baile no Swan's Folly era um lugar cintilante, com um conjunto de portas de vidro que deslizavam sobre trilhos abrindo passagem para o saguão, e outro que se abria para a varanda que contornava toda aquela parte do edifício. No teto, um imenso lustre de cristal espalhava prismas coloridos sobre as mesas, apesar da iluminação amena.


Para os menos avisados, tudo aquilo podia parecer sofisticado e elegante. Para Gina, o ambiente lembrava uma versão reduzida de Versailles em uma noite de glamour.


Jamais estivera em uma despedida de solteiro antes, mas esperava deparar-se com filmes eróticos e rapazes que se julgavam atraentes demais para permanecerem escondidos em suas roupas. Mas não naquela noite Não naquele imenso salão, não com Genevieve Chang no comando de tudo.


A idéia de Gen a respeito de entretenimento incluía um quarteto de cordas tocando Bach. Os quitutes cuidadosamente escolhidos por ela iam de flores de marzipan a bolo de frutas, e a única bebida era um ponche melado e sem graça. A decoração era composta por centenas de balões brancos e cor de rosa. Num toque final de suprema arrogância, os guardanapos de papel haviam sido feitos especialmente para a ocasião e traziam impressas em dourado as palavras: 18 de junho; última noite de Cho como srta. Chang.


— Ultima noite de Cho como srta. Chang — Gina repetiu com desdém. — Aposto que isso foi copiado de um manual de etiqueta da década de vinte.


Até então, a única coisa interessante havia sido a promessa de Nana Lambert sobre apresentar um número especial de dança em homenagem à neta, algo que ela chamava de "Ode à Noiva". Gina mal podia esperar para ver a cara de Genevieve quando sua mãe anunciasse que estava pronta para dançar para os convidados.


— Só espero que Nana não aproveite os rodopios para se apossar das bolsas de todas as mulheres. Sem mencionar os relógios, brincos, anéis...


— Ponche, senhorita? — um garçom ofereceu.


— O quê? Não, obrigada. — Odiava ponche. E não havia mais nada para beber naquela soirée do inferno. — Sabe onde posso encontrar uma máquina de refrigerantes aqui no hotel?


— Do outro lado do saguão, senhorita. Perto do escritório da gerência.


— Obrigada. — Levantou-se para ir buscar o refrigerante, porque não queria perder a apresentação de Nana. Aquele seria o ponto alto da festa.


Depois de atravessar o saguão e revirar a bolsa em busca de uma moeda, ela finalmente voltou à festa levando a bebida escolhida.


— Espere um segundo! — Atônita, parou na porta como se não acreditasse no que via. — O que aconteceu desde que saí daqui?


O que via não era uma ingênua "Ode à Noiva". Alguém empurrara até o centro do salão um enorme bolo sobre rodas decorado por cascatas de rosas de papel e fitas coloridas. E no meio do bolo, girando como um desses bonecos vistos nas confeitarias, havia um homem grande e musculoso pintado de dourado. Teria reconhecido aquele físico em qualquer lugar. Ele ocupava sua suíte há dias, e naquela tarde exibira-se seminu no barco-estúdio de Viv. Sem mencionar os pontos de ônibus do Estado, onde qualquer mulher podia apreciá-lo usando apenas uma minúscula cueca.


— Storm! — gemeu.


Só havia saído durante dois minutos! E naquele reduzido espaço de tempo, uma pacata e comportada despedida de solteira transformara-se em uma espécie de Clube das Mulheres sobre rodas e... Oh, não! Storm acabara de pular para o alto do bolo!


Precisava sentar-se. Ou melhor, precisava desaparecer, mudar de nome, tingir os cabelos e obter uma nova identidade.


Depois disso, tudo se tornou muito confuso. Storm começou a dançar, deixando claro para todas as presentes que iria fazer um strip-tease.


Depois de jogar peças de roupa em todas as direções, ele concluiu o número girando a camisa branca em torno de si mesmo e jogando-a sobre a cabeça de Cho, que ficou muito parecida com a enfermeira Nancy a caminho da emergência. De onde estava, perto da porta do salão, Gina não conseguia ver a reação de Cho, mas ouvia seus gritos nitidamente.


— Mamãe! O que devo fazer?


Genevieve parecia estar à beira de um desmaio. Vermelha e despenteada, ela se abanava com um dos menus oferecidos pelo restaurante, enquanto sua sobrinha Lilá tentava colaborar com um sopro extra movimentando outro cardápio.


Gina encolheu-se junto da porta, odiando a idéia de ser vista por pessoas que acreditavam que Storm era seu noivo.


— Vai ter de entrar — disse a si mesma. Mas os pés pareciam colados no chão. — Oh, Deus, isto é horrível!


Horrorizada, viu Storm dar alguns passos de tango com Nana Lambert, enquanto um tocador de harpa tentava tocar "Hernando's Highway" sem muito sucesso.


Olé! — Nana gritou, retirando uma rosa de papel do bolo e segurando-a com os dentes. Divertindo-se como louca, ela se jogava para trás e girava nos braços de Storm, transferindo para si mesma parte da tinta dourada que ele usara para cobrir o corpo. Além da tinta, havia apenas um pequeno tapa-sexo.


Gina tinha a impressão de que iria desmaiar. Sua única esperança era de que a maquiagem dourada e a iluminação amena o disfarçassem bem o bastante para impedir que Genevieve ò reconhecesse. Quem mais acreditava que eram noivos?


Lilá e Viv pensavam que Zurik era o homem, e Budge não estava ali. Nana ainda estava confusa com a história do toureiro, e Winnie estava tonta demais para se importar. Genevieve, que repetia o truque do uísque na xícara de chá, também não parecia estar em condições de identificar o Garoto Dourado.


Pensando bem, agora que dava uma boa olhada em volta, muitas pessoas pareciam alteradas, o que era estranho em uma festa onde não havia bebida alcoólica. Não questionaria uma bênção divina, especialmente se essa bênção a livrava de uma situação constrangedora, mas... Devagar, aproximou-se da mesa com a tigela de ponche e cheirou o líquido avermelhado.


— Acho que conheço este cheiro. É aquele desinfetante que jogam nas latas de lixo das boates. Deus abençoe o Sempre-Limpo!


Alguém temperara o ponche com uísque de quinta categoria e mandara Storm apresentar-se disfarçado de stripper, mudando completamente o tom da festa.


Se não estivesse esperando por mais alguma surpresa, como a queda do tapa-sexo de lamê dourado, por exemplo, poderia até divertir-se.


Mas havia uma briga acontecendo na frente do salão, onde Genevieve parecia estar atacando mais uma vítima indefesa. Gina tentou ficar onde estava, mas era difícil não interceder. Sabia que poderia ter sido o alvo de toda aquela ira, e provavelmente seria, assim que Genevieve descobrisse a identidade secreta do Garoto Dourado.


Mudou de posição para ver quem recebia a fúria da Sra. Chang.


— Oh, não! Bianca outra vez? Qual é o problema dessa velha maluca?


Gina passou por alguns grupos para chegar mais perto, e ouviu Genevieve acusando Bianca de tentar arruinar a festa contratando Storm. Mas isso não fazia sentido.


— Sra. Chang — chamou-a com delicadeza —, tenho certeza de que Bianca é inocente. — Por que a jovem faria algo tão absurdo?


Mas Genevieve ignorou-a, concentrada no sermão que recitava para a pobre dama de honra.


— A culpa é toda minha — Gina murmurou, começando a entrar em pânico. Se não houvesse levado Luna, ela não teria levado Storm, e agora as pessoas não estariam gritando umas com as outras e arruinando a festa.


Ainda estava ali parada, tentando decidir o que fazer, quando Neill Potter, irmão mais velho de Dino, invadiu o salão, completamente molhado e furioso como a criatura do Lago Negro. Decidido, ele assumiu a defesa de Bianca, retribuindo cada acusação irada de Genevieve e retirando a jovem loura da festa antes que a discussão se transformasse em agressão física. Cansada e tensa, Gina pensou na possibilidade de tomar um enorme copo do ponche letal. Olhando em volta, viu que as damas presentes consumiam a mistura como gatos diante de pires de leite, e a atmosfera no salão se tornava mais relaxada a cada instante.


Era melhor ficar longe do ponche. Sentia que devia fazer alguma coisa para devolver um mínimo de normalidade à reunião, mas nem mesmo ela, a eterna srta. Conserta-Tudo, tinha uma resposta à altura do salão repleto de matronas da alta sociedade alinhadas atrás de Nana para a "Ode à Noiva" em ritmo de conga.


Enquanto Nana liderava a gigantesca centopéia embriagada, Gina constatou que Storm havia desaparecido. Era sorte demais para que pudesse acreditar nela sem reservas. Seria possível que Storm houvesse escapado sem ser identificado?


— Ufa! — suspirou, sem entender por que merecera tantas bênçãos em tão pouco tempo.


Deus abençoasse o ponche letal e sua súbita ânsia por um refrigerante. E como se ainda não fosse o bastante, Genevieve Chang, a anfitriã, era a mais embriagada entre todas as mulheres presentes.


Como gostaria de ter uma câmera para comprovar que houvera uma noite em que Genevieve Chang havia relaxado.


Mas... sim, estava vendo algo ainda mais inusitado.


Em toda sua glória grisalha, Nana, Genevieve e Viv haviam decidido improvisar um pequeno espetáculo. Enfileiradas, elas cantavam uma versão estridente e desafinada de "Stop! In the Name of Love", criando o mais velho e divertido clone que as Supremes jamais imaginaram ter. O tocador de harpa se esforçava para acompanhá-las.


A essa altura Gina não era mais a única a desmanchar-se em gargalhadas.


Depois das três damas encerrarem a performance com um último "Stop!" Nana gritou:


— Quem vai ser a próxima? Cho, querida, esse adorável cavalheiro da harpa me contou que sabe tocar "Big Spender". O que me diz?


Cho disse não, o que para ela era um hábito.


— Mas eu quero dançar! — Viv reclamou. — Que tal Hokey Pokey ou Hanky Panky? Ou o que souber tocar, desde que seja algo animado.


Gina esperava presenciar um solo, mas Vivi encontrou um parceiro. Storm outra vez. O Garoto Cueca voltava a infernizar a sua existência.


— Quando eu já começava a pensar que seria seguro voltar ao salão... — Fechou os olhos, mas teve de abri-los novamente para examinar a extensão do dano.


Ele removera quase toda a pintura e vestira uma calça, o que seria ótimo em outras circunstâncias, se a mudança não representasse o fim de suas esperanças. Sem o disfarce, Storm era perfeitamente reconhecível por quem o olhasse por mais de cinco segundos. E agarrado a Viv naquela posição indecente e exibicionista, ele a levou para o centro do salão e rebolou como nunca, atraindo todos os olhares.


O casal ainda executava aquela espécie de dança do acasalamento do século vinte quando Genevieve a agarrou pelo braço.


Hora de enfrentar a realidade.


A Sra. Chang soluçou alto.


— Ginevra, querida, não acha melhor ir salvar seu noivo antes que ele cometa um ato impuro com Vivian Potter bem no meio da pista de dança?


— Oh, eu... Sim, é verdade...


Lilá interrompeu a conversa batendo em seu ombro. Balançando e tentando manter os olhos vermelhos bem abertos, bêbada como jamais teria conseguido imaginá-la, ela disse:


— O sujeito que está dançando com Viv não é o noivo de Lisa. Eu o vi. Louro, magro, com um brinco na orelha... Certo, Lisa?


Gina olhou de uma para a outra, sem saber o que dizer ou fazer, esperando que todas houvessem consumido uma quantidade suficiente de ponche para não se lembrarem de nada no dia seguinte. Mas Genevieve e Lilá começaram a discutir aos berros, debatendo sobre a real identidade do homem de quem era noiva.


— É ele! — Gen gritou. — Aquele ali!


— Não é! Ela é noiva do magricelo de brinco!


Falavam tão alto que Nana Lambert as escutou.


Tropeçando nas próprias pernas, ela se aproximou e perguntou com voz pastosa:


— De quem estão falando, garotas?


Gina aproveitou para começar a bater em retirada, recuando lentamente até alcançar a varanda. Se não estivesse ali, ninguém poderia interrogá-la a respeito do tal noivo.


Foi dando um passo depois do outro, lentamente, aproximando-se da liberdade, e já podia sentir o ar fresco da noite além da porta quando as costas encontraram um obstáculo. Algo duro, frio e molhado.


Estendendo a mão, tentou identificá-lo. Duro, frio, molhado e definitivamente masculino.


— Harry?


Foi tudo que conseguiu dizer antes de ele tomá-la nos braços, beijá-la e jogá-la sobre um ombro.


— Não pode fazer isto!


— É claro que posso! Trata-se da técnica de remoção mais usada pelos bombeiros. Pare de gritar e fique quieta.


Apavorada, Gina fechou os olhos com força, temendo que o vestido curto não fosse suficiente para cobrir seu traseiro naquela posição precária. E por que Harry estava agindo daquela maneira estranha? Por que se expunha ao risco de ferir novamente o joelho em uma queda e mandá-los para o hospital com meia dúzia de fraturas?


Atrás deles, ouviu Nana Lambert gritar triunfante:


— Lá está o noivo de Gina. Eu disse que era o toureiro!


Os sons da festa foram se tornando mais distantes. Harry alcançara o gramado, onde a escuridão dificultava a localização, especialmente para alguém que balançava de cabeça para baixo como um iô-iô.


— Ponha-me no chão! Pare com isto!


Mas era inútil. Harry continuava andando como se nem a escutasse, como se fosse apenas uma carga.


Quando ele finalmente a colocou no chão, Gina precisou de um momento para reorientar-se e reconhecer o corredor externo da suíte Príncipe Siegfried.


— O que pensa que está fazendo? — perguntou atordoada, pronta para provocar um escândalo indignado. —Veja só o que conseguiu! Ensopou meu vestido favorito!


— De onde estou ele parece ótimo — Harry sussurrou. A voz rouca e os olhos cintilantes provocaram um arrepio que ela não foi capaz de disfarçar. Não era justo.


— Tive uma noite horrível — disse, embora soubesse que não teria forças para manter a indignação. — Péssima, para ser mais exata. Não gosto de ser atirada sobre um ombro e carregada por aí como um saco de batatas.


— Estava tentando salvá-la das conseqüências de suas mentiras. Nós dois sabemos que nunca foi noiva de nenhum daqueles palhaços. Precisa muito de um noivo, não é? Pois bem, sou uma opção muito melhor do que aqueles idiotas. Se insiste em manter um noivo falso, então eu serei esse homem!


— Não... — começou, segundos antes de Harry beijá-la novamente, a boca tão quente, envolvente e deliciosa, tão provocante e irresistível, que ela acabou na mesma poça de desejo frustrado em que terminava cada vez que ele a tocava.


Enquanto as boas intenções desapareciam num toque de mágica, Gina cerrou os punhos e resmungou:


— Odeio isso. Odeio a mim mesma.


O corpo era o pior de todos os traidores: não havia como negar ou justificar respostas tão óbvias.


— Se insiste em continuar com essa farsa, terei de voltar lá e contar a todas o que está acontecendo — Harry ameaçou. — Farei um anúncio formal é claro. Não quero saber se Luna será expulsa daqui a pontapés, já que ela é a maior culpada por tudo que está acontecendo. É isso que quer?


Gina respirou fundo, tentando levar mais oxigênio ao cérebro. Sabia o que queria, e esse desejo não tinha a menor relação com anúncios surpreendentes ou verdades ultrajantes. Queria despi-lo completamente e beijá-lo da cabeça aos pés. E mais...


— Quero que me beije novamente.


— Não enquanto não contar a verdade. Toda a verdade.


Gina mordeu o lábio, incapaz de suportar aquela terrível urgência.


— Você é um negociador muito duro.


— Eu tento.


Hesitou por alguns instantes, mas Harry era uma força irresistível.


— Tudo bem — cedeu com um suspiro infeliz, segurando a mão dele. Havia ido longe demais para recuar. — Vamos entrar e eu contarei tudo. Absolutamente toda a verdade.


Abriu a porta da suíte puxando-o pela mão, mas ainda não havia entrado na sala quando parou, lívida e assustada.


— Oh, não! De novo?


Dessa vez não eram dois homens seminus diante da televisão. Dessa vez eram Luna e Zurik seminus rolando pelo chão.


Recuando rapidamente, empurrando-o para fora da suíte antes que fosse possível ver alguma coisa, Gina tomou uma decisão repentina.


Fitou o corpo delineado pelas roupas molhadas, os olhos verdes e insinuantes, os lábios provocantes... Oh, ele era mesmo uma tentação! Seria capaz de perder o fôlego naqueles braços fortes. E o juízo também...


Mas quando olhava para Harry também via confiança, afeição e algo mais que não conseguia identificar. Algo que lembrava refúgio.


Num mundo completamente enlouquecido, ele era a sanidade.


— Harry — começou esperançosa —, posso passar esta noite com você?


n/a:
obrigada pelos comentários!!!
 

Primeiro Capítulo :: Próximo Capítulo :: Capítulo Anterior :: Último Capítulo

Menu da Fic

Adicionar Fic aos Favoritos :: Adicionar Autor aos Favoritos

 

_____________________________________________


Comentários: 0

Nenhum comentário para este capítulo!

_____________________________________________

______________________________


Potterish.com / FeB V.4.1 (Ano 17) - Copyright 2002-2023
Contato: clique aqui

Moderadores:



Created by: Júlio e Marcelo

Layout: Carmem Cardoso

Creative Commons Licence
Potterish Content by Marcelo Neves / Potterish.com is licensed under a Creative Commons
Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Unported License.
Based on a work at potterish.com.