CAPÍTULO DEZESSEIS
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"Que modo solitário de respirar. Que modo bruto de dizer que se importa. Procurando a verdade nos seus olhos me peguei perdida demais para reconhecer a pessoa que agora você diz ser. Talvez haja beleza no adeus. Simplesmente não há mais nenhuma razão para tentar. Perdi a conta das razões para chorar. Olhe para o que você perdeu. Vivendo assim ninguém ganha."
A vida de Anny Oleanders não estava grandes maravilhas. Primeiro que sua melhor amiga e única companheira de dormitório, Melody Ramon, havia sido expulsa da escola alguns dias atrás e a garota sentia muita, muita falta dela; segundo porque sua namorada, Gina Weasley, estava dando desculpas para não passar tempo com ela desde o mesmo dia; terceiro porque sua mãe, Noelle Oleanders, tivesse enviado-lhe outra carta e feito outra visita, ainda com a conversa esquisita sobre aproximarem-se e oportunidades de aprender magia.
Dessa vez, porém, a mulher conseguira despertar o interesse da filha, para o mais completo horror da mesma. Em uma coisa Noelle tinha razão: Anny adorava aprender, adorava magia, adorava os segredos e mistérios por trás dela e ofertas de aprendizado a fascinava. Não podia negar. Agora que a mãe mandara-lhe, junto com todo o papo esquisito, alguns símbolos e explicações, seu interesse despertara para o assunto.
Mas era sobre Noelle Oleanders. E Anny não se deixaria enganar. Sabia muito bem de quem se tratava – e que nada vinha de graça daquela mulher. Coisa boa, portanto, é que o preço não poderia ser.
Caminhava ao lado de seu melhor amigo, Thomas Holopainen, enquanto conversarvam sobre as informações fornecidas sobre sua mãe. Thomas parecia entender um pouco mais do assunto do que a garota e ela queria muito aprender com ele, ainda que a ideia de estar fazendo mais ou menos o que a mãe queria a incomodasse profundamente.
Ao chegarem às Masmorras – onde Anny agora passava a maior parte do tempo já que perdera sua única companhia na torre da Grifinória – deram de cara com algo que fez Anny estacar no próprio lugar. Gina, sua namorada Gina, e... sabe Deus quem estavam aos amassos prensados numa parede logo ali na frente. Os corpos embolavam-se de tal maneira que não se sabia quem era quem.
gMas que desgraça é essa?” a voz de Melody ecoou nos pensamentos da morena. Com certeza era o que a amiga diria se presenciasse a cena.
Gina terminou seu amasso e abriu os olhos, estava frente-a-frente com Anny e encarava-a. Soltou o Lufano do sexto ano e sorriu, aplicou um selinho rápido em seus lábios e dispensou-o.
Anny sentia sentia faltar chão, sentia suas pernas amolecerem, sentia sua respiração falha e seu coração descompassado, mas não deixou-se externar nenhuma dessas sensações ao caminhar até a outra.
- Diga. - exigiu.
- Precisamos conversar.
Gina não disse nada quando a outra apenas agarrou-a pelo pulso e conduziu-a rapidamente a seu dormitório solitário de volta à ala grifinória.
- Estou ouvindo.
- Bem... como você pôde ver eu estou com o Josh Wildsh. Bem, eu quero terminar com você.
- Como assim?
- Ah – suspirou – Achei que você fosse mais inteligente. É simples, eu estou com outro. Anny, foi lindo, foi perfeito enquanto durou, mas não dá. Não é isso que eu quero. Eu quero ele. Acho que estou apaixonada. Espero que entenda. Desculpe.
- Você está mentindo. - declarou. - Eu sei. A pergunta é por que você está mentindo.
- Seu ego é realmente desse tamanho? Você se acha incapaz de ser largada?
- Não. - não vacilou. - Mas há alguma coisa entre nós. Eu não estou louca. Esse tipo de coisa não acaba da noite pro dia.
- Você foi uma paixão linda. - disse Gina, falhando um pouco. - Eu realmente gostei de você. Foi ardente, foi furioso... foi literalmente uma atração fatal. Mas foi momentâneo. Passou. Me desculpe, eu nunca quis te fazer sofrer.
- Você está mentindo. - repetiu, já não tão convicta. - Você está mentindo.
Gina suspirou e deu dois passos até a mais recente ex-namorada.
- Estou?
Anny não conseguiu responder.
Gina suspirou e se afastou, indo para a porta.
- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! VOCÊ NÃO PODE ME DIZER ISSO NESSA CARA DE PAU!
- Não posso? - disse sem virar-se. - Desculpe.
Anny encarou a porta, aturdida.
Não, não podia ser verdade. Como assim? Gina não podia estar fazendo isso com ela! Não, ela não poderia ter dito todas aquelas coisas, passado aqueles - poucos, mas maravilhosos e intensos – momentos com ela e agora dizer que fora simplesmente atração. Como ela podia ser tão suja, tão mentirosa? Como pudera ser tão burra e não perceber isso e simplesmente entregar-se assim, entregar seu coração a ela dessa forma? Como?
Deixou-se cair sentada na cama atrás de si, as lágrimas escorrendo por seu rosto. Como pudera ter sido tão enganada? Por que seu coração fora tão imbecil de se entregar justo para aquela que só queria sexo, só alguma “safadeza” e nada mais.
***
Gina fechou a porta atrás de si e recostou-se nela sem forças. Seu coração estava completamente dilacerado, a dor invadia sua alma. Além de terminar com Anny, o que já seria uma dor terrível, saber que estava causando-lhe tamanha dor era enlouquecedor. As lágrimas escorriam por sua face abundantemente, a vontade que tinha era de invadir o quarto, abraçar Anny e dizer que era tudo mentira, que era tudo uma brincadeira de péssimo gosto, mas não podia. Sabia que não podia.
- Muito bem, mocinha. Meus parabéns, atuação brilhante! – disse ele em seu ouvido – Se não fosse daquela família que envergonha o nosso nome e se não fosse Grifinória, daria uma ótima aliada.
- Sai de perto de mim! – sibilou, com ódio.
- Shhhhh! Ela pode ouvir! E ela não ia gostar nada de saber que a mãe dela esteve em Hogwarts e nem falou com a pobre menina. Bem, Noelle mandou um abraço caso você tivesse cumprido sua missão direitinho. Agora preciso ir, a Melody tem me dado muito trabalho, preciso resolver problemas dela. Adeus, querida. E limpe essas lágrimas, lembre-se de que você não sente nada por ela. E agora desça e vá falar com as suas amiguinhas como se nada tivesse acontecido.
***
Os dias, lentamente, passavam-se e o ano seguia monótono e frio. Embora o clima estivesse cada dia mais quente e alegre, o clima tenso do castelo crescia. Ninguém havia recuperado-se da bomba lançada no fim do ano anterior que Voldemort havia retornado e a certeza, o medo e a insegurança da guerra cada dia apertava mais. Embora os jovens fossem especialistas em encontrar luz nas trevas, beleza em locais negativos e tudo o mais, alguns estavam sob forte pena. Alguns tinham muito mais peso do que outros...
Era dia de passeio em Hogsmeade. Gina, Fran, Luna e Collin estavam no Três Vassouras deliciando-se com guloseimas que haviam comprado na “Dedosdemel”, algo que podia retirá-los do clima tenso e pesado do lado de fora por alguns instantes, muiro embora o estado de espírito de Gina fosse desanimador.
Melody Ramon a havia procurado, xingado-a de todos os tipos de nomes impronunciáveis, contado-lhe como Anny estava arrasada depois da “traição” da ruiva. Gina estava muito pior que ela com certeza, pois além de ter terminado com a garota – o que a fazia sofrer muito – também sabia o quanto fora cruel no modo o qual o fizera, sabia que Anny estava sofrendo, isso doía, sabia que Anny estava odiando-a, isso também doía e sabia que seria muito difícil de voltar a ter a garota. Estava sofrendo um impasse, deveria arriscar tudo e ir atrás da menina, contar tudo e tê-la de volta ou era melhor permanecer como estava?
Gina foi obrigada deixar seus pensamentos e voltar à Terra quando Fran enfiou-lhe um doce goela abaixo, fazendo-a rir. Não podia ficar naquela agonia, precisava espairecer um pouco, voltou a conversar com o grupo e até chegou a distrair-se um pouco. Pediram mais uma rodada de Cerveja Amanteigada e continuaram a conversar. Era bom se entender com Hermione de novo.
A atenção de Gina foi desviada no instante em que a porta do bar abriu-se novamente e três pessoas – as quais Gina reconheceu na mesma hora como sendo Thomas, Melody e... Anny – adentraram o local. O garoto alto e magricela comprou várias garrafinhas de cerveja amanteigada e saíram novamente, não sem antes Anny dar uma olhada no local e perceber a presença de Gina, a morena apenas fechou a cara e saiu do bar para esperar os amigos do lado de fora, enquanto Melody ficou encarando-a letalmente.
***
Era o terceiro ensaio da banda naquela semana. Havia três músicas novas e duas apresentações marcadas para um Rock-Bar em Londres. A primeira parte do ensaio durou uns quarenta minutos e fizeram uma pausa, ensaiariam mais mais tarde, foram todos à sala tomar suas cervejas amanteigadas e comer bobagens.
Exceto Anny.
A garota fez o caminho para seu quarto – o único exclusivo da casa – e ao entrar passou os olhos pelo lugar depressivamente. Era um quarto lindo, todo a seu gosto, mas imediatamente lembrou-se de coisas que não gostaria. Lembrou-se da última vez que Gina estivera ali, da segunda e provavelmente última vez que estiveram juntas na cama, lembrou-se das juras de amor que haviam feito em tão pouco tempo, lembrou-se também do dia em que salvara a sua vida e a trouxera para aquele local, o mesmo dia em que tiveram sua primeira e quase única noite de amor. Lembrou-se de todas as pequenas discussões, lembrou-se do dia em que a vira chorando e a levara para dar uma volta por Hogsmeade, lembrara de todos os poucos e maravilhosos momentos que passara ao lado da ruiva.
Lembrou-se também da maneira que Gina a havia tratado, de como havia traido-a, de como fora fria e insensível ao terminar com ela. Lembrou-se de como não tivera a menor consideração, a menor importância, nada, absolutamente nada.
O vazio da solidão fufocante crescia em seu peito ao mesmo tempo que a escuridão dominava sua aura. Era tão solitária, apesar de seus dois grandes amigos. Ao ficar com Gina ganhara um novo incentivo a viver, uma nova razão para continuar. Mas Gina Weasley não dava a mínima para ela e havia sido puxada novamente para aquele mundo frio e angustitante onde seu único objetivo em sua mente era sua vingança contra a morte de sua família.
De repente seu lindo piano negro estava chamando-a. Amava sua banda, amava os ensaios, mas sua música vinha de dentro e era a única hora em que ficava completamente nua – a hora em que compunha suas próprias músicas. Suas angústias, seus desejos secretos, seus medos e até seus amores. Se alguém a conhecia mais do que ninguém, esse alguém era seu piano de composição.
Sentou-se e acendeu as três velas com um toque da varinha. Dedilhou o piano, e entoou o ritmo da letra melodiosamente com a voz. Decididamente aquela seria sempre a música que iria acompanhá-la, especialmente no momento de agora. Afinal, nada poderia expressar melhor a dor imensa que sentia no peito do que seu adorável piano e sua magnífica voz.

Anny estava sentindo-se tão só, com tanto medo, parecia uma criança assustada. O único desejo que possuía naquele momento era acabar com tudo aquilo, era isolar-se e nunca mais precisar enfrentar nada, mas essa nunca fora seu tipo de atitude, fugir dos problemas.
Talvez estivesse pagando seus pecados, talvez estivesse provando do próprio veneno, talvez merecesse aquele sofrimento.
- Por que tão triste?
Parou abruptamente.
- Eu quero ficar sozinha.
- Eu posso ajudar você.
- Não, não pode.
- An – disse Carrie caminhando até a ex-namorada. - Você não precisa ficar assim, você não precisa se sentir sozinha. Você tem a mim. – pegou no queixo da outra – Carrie escorregou seu rosto para o lado devagar até tocar os lábios de Anny muito vagarosa e levemente, sussurrou “você me tem sempre” e Anny fechou os olhos com as palavras da ex. Carrie deu um selinho nela e disse “eu nunca vou te deixar, meu amor”, outro selinho e beijou-a depois de tanto tempo longe, devagar e suavemente.
Depois de algum tempo naqueles movimentos lentos, desgrudaram os lábios. Encararam-se por alguns segundos.
- Não, Carrie, eu não posso...
- Por que não? Você não está mais com ela, está?
- Não...
- Então!
- Não é porque eu não estou com ela que vou estar com você.
- Mas você quer estar comigo.
Anny desviou o olhar, ponderando a afirmação verdadeiramente.
- Não, não quero. - disse com simplicidade. - É por isso que esse término está sendo diferente. Eu só quero ela
- Isso não é verdade.
- Eu a amo. Ninguém mais me interessa. E eu não estou dizendo isso pra atingir você. Só é... verdade.
***
Aparentemente garotas adoravam “salvar” os garotos. Desde que Ron vestira totalmente o papel de “coitadinho traído”, estava sempre rodeado de meninas. Lilá Brown era uma das mais dedicadas. Quando o ruivo aproximou-se de Gina e Hermione durante o jantar do domingo seguinte, algumas delas vieram também.
- Preciso falar com você.
- Eu não quero falar com você. - respondeu, depressiva.
- Por favor, Gina.
- Não.
- Você é um idiota. - resmungou antes de levantar e seguir o irmão, que fez sinal para as garotas irem comer sem ele, para fora.
O jardim estava meio escuro, o sol iria se pôr a qualquer minuto e uma brisa leve soprava os cabelos ruivos da garota impaciente, sua cabeça doía muito e seus olhos estavam inchados, ela passara a noite anterior inteira chorando.
- O que você quer? – perguntou ela sem olhar para o irmão.
- Gina, eu quero que você entenda que é para o seu bem.
- Por favor. - revirou os olhos.
- Eu sou seu irmão mais velho, eu tinha que te ajudar de alguma forma. Eu sinto muito que você esteja sofrendo.
- Não ouse fingir que isso é sobre mim. Ou que eu precise de ajuda. - vociferou, cheia de escárnio.
- É a influência da Hermione.
- Ah pelo amor de Deus. Eu realmente tenho que ficar aqui ouvindo tanta merda?
As orelhas de Ron pegaram fogo.
- Eu só quero ajudar.
- Você é um ogro machista e retrógrado, Ron. E é meu irmão e eu te amo. Mas você tem tomado tantas decisões estúpidas que você vai acabar sozinho. Você está ferrando todo mundo que realmente se importa com você!
- Eu nunca tive tantos amigos!
- Sério? Você realmente acha que um bando de menininha fofoqueira são amigas verdadeiras? Além de ignorante, você também resolveu ficar burro?
- Você não tem o direito de me dizer nada disso!
- Eu sou sua irmã mais nova. Só quero seu bem. - debochou.
- Você ainda vai me agradecer. - disse, claramente tentando convencer a si próprio.
- Eu sei que você realmente pensa que está ajudando. Mas isso não te faz nem um pouco menos imbecil.
- Gin...
- Não me toca. - murmurou antes de dar às costas ao irmão.
- Você não vai me deixar falando sozinho! - disse segurando Gina pelo braço sem delicadeza.
- Me solta. - ameaçou baixinho.
- Não, não terminamos de conversar.
- Me solta, Rony!
- Já disse que não, Gin.
- ME SOLTA!
- Larga ela!
Os dois irmãos viraram-se, surpresos. Harry Potter havia chego ao local, pronto para defender a garota.
- Ela não quer conversar com você.
Ron corou mais um pouco, surpreso.
- O que você tem a ver com isso, Potter?
- Você tá machucando ela.
- E o Santo Potter já tem que aparecer pra ajudar?
- Olha pra você. - disse Harry, quase enojado. - Usando linguajar de Draco Malfoy. Quem é você, Ron?
- Eu poderia perguntar o mesmo!
- Não seja mais ridículo do que você já está sendo. - disse Gina, conseguindo se libertar. - Vem, Harry.
Os dois caminharam de volta para dentro apressadamente.
- Obrigada... acho. Mas eu poderia -
- Ter se defendido sozinha. Eu sei.
- Harry Potter está mudado.
Sorriram.
- Harry? Gina?
- Oi Mione, - disse Gina com um pequeno sorriso. - O Menino Que Sobreviveu acabou de me salvar. Vou dormir agora. - disse saindo rapidamente, não sem antes piscar para uma Hermione que não achou graça nenhuma.
- O que ele estava fazendo pra ela? - perguntou.
- Machucando o braço. Nada grave.
- Ele está irreconhecível. - suspirou, pesarosa. - Não é o mesmo Ron de antes.
- É nossa culpa.
Hermione olhou-o, chocada.
- É claro que não é.
- Eu não sei. - encolheu os ombros.
- Ok, Harry.
- Espera.... não tô dizendo que a gente tá errado.
- Agora não faz mais diferença, não é? Acabou.
- Só acabou se você quiser.
- Não foi exatamente o que você disse outro dia.
- Você estava bêbada.
- Você não estava.
- Hermione, você estava bêbada.
Não conseguiram deixar de rir.
- Talvez não tenha sido uma boa ideia.
- Beber ou me procurar naquele estado?
- Ambos.
Os risos morreram, dando espaço a um silêncio constrangido.
- Eu preciso de você. - declarou o rapaz, dando de ombros. - Antes de mais nada, você é minha melhor amiga. Eu não sei viver sem minha namorada E sem minha melhor amiga.
Hermione baixou os olhos, sorrindo.
- É um bom começo. Talvez possamos trabalhar com isso.
***
Os últimos raios de sol brilhavam dando ao céu um tom vermelho-alaranjado, uma brisa fresca quebrava o calor daquela tarde e arrepiava de leve todos os que ainda estavam fora do castelo. Thomas, Melody e Anny caminhavam em silêncio lado a lado, a companhia um do outro bastava aos três. Palavras não eram necessárias. Subiam a pequena “colina” para melhor observar a paisagem. Sentaram-se os três lado a lado quietos.
- Você não devia usar isso. - disse Thomas em tom de alerta quando Melody passou o cigarro recém enrolado para Anny.
- Thomas. - sorriu antes de tragar.
- Não sei por que ainda digo algo.
- Porque você ainda não experimentou. - disse Melody deitando-se na grama. - A vista fica ainda mais linda.
- Te deixa vulnerável. - argumentou o sonserino.
- Por favor. - disse Anny devolvendo-o para a amiga, sorridente. - Eu sinto falta disso, de estar só nos três, juntos.
- Estudando Artes das Trevas. - completou Melody soltando fumaça quase que artísticamente.
Anny sorriu.
- Tão, tão bobos.
- Diga que não sente falta de praticar a Maldição Cruciatus, baby. - cantarolou Melody.
- Tão, tão gótica. - debochou Thomas.
Apesar de todos os problemas e sentimentos ruins em Anny, ela podia sentir-se reconfortada nos braços de Thomas. O rapaz que, assim como Melody, sempre fora seu porto seguro. Era estranho como sentia-se segura nos braços do sonserino, como se ninguém pudesse encontrá-la, como se o mundo parasse de girar, como se todos os seus problemas e suas dores acabassem, como se ele tomasse-as para si. Era seu melhor amigo, seu irmão, seu pai e também seu companheiro de composição. Suas idéias musicais se encaixavam completamente, apenas com uma frase ele era capaz de entender tudo o que Anny queria dizer e ajudá-la a completar. Eram perfeitos juntos, quase irmãos gêmeos, ele era tudo o que Anny sabia de confiança e amor puro.
Ele e Melody.
- Eu amo vocês. Só vocês. - declarou, feliz.
- Você é tão fraca pra substâncias. Já está toda alta. - disse o garoto, sorrindo.
- Não estou dizendo que amo vocês por causa da maconha. - continuou Anny, visivelmente alterada, mas divetida. - Estou dizendo que amo vocês porque amo. Nós vamos ficar juntos para sempre.
- Eu sempre quis experimentar sexo à três. - murmurou Melody, risonha.
Anny riu. Thomas revirou os olhos.
- Você não iria adorar ter a An e eu na sua cama ao mesmo tempo, seu pervertido? - perguntou a ruiva segurando o queixo do garoto infantilmente.