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3. CAPÍTULO III


Fic: Beijos de fogo


Fonte: 10 12 14 16 18 20
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Seria uma brincadeira? Ou Budge Potter havia perdido o juízo?
Harry e Gina recolhiam a bagagem espalhada pela varanda enquanto ela tentava entender o mistério.
Do que Budge estivera falando? Teria feito alguma confusão entre ela e outra pessoa qualquer? Não... ou não teria mencionado Luna.
Luna... A idéia do falso noivo.
Gina foi tomada por um pânico súbito. Tentou manter a calma. Luna não teria... ou teria?
— Não — decidiu em voz baixa. — Eu disse a ela que não aprovava a idéia.
E o que Harry devia estar pensando depois de todos aqueles comentários sobre um suposto sócio que gostava de estar por cima e devia ser nomeado vice-presidente?
Mas ele não parecia preocupado. Continuava fazendo piadas e brincadeiras para provocá-la enquanto continuavam a parada das malas. E Gina tinha de admitir que era divertido entrar no saguão luxuoso ao lado de um homem tão encantador quanto Harry. Até acenou para alguém que julgava ter reconhecido, só para certificar-se de que alguém notava sua chegada.
Enquanto Harry voltava à varanda para apanhar os últimos volumes, Gina dirigiu-se ao balcão da recepção, uma verdadeira obra de arte em mogno, cujo brilho era realçado por vasos de flores coloridas.
— Olá. Tenho uma reserva — disse.
Mal havia terminando de anunciar seu nome quando ouviu o grito estridente as suas costas.
— Lisa Malone! — Alguém exclamou com entusiasmo exagerado antes de envolvê-la em um abraço e uma nuvem de perfume caro e sufocante.
— Gina Weasley — corrigiu, tentando resistir à asfixia.
— Lembra-se de mim, não é, Lisa? Lilá, prima de Cho! Nós nos conhecemos há muito tempo, e tivemos momentos fabulosos enquanto éramos garotas. Também serei dama de honra no casamento, e tenho certeza de que vamos nos divertir muito.
Gina afastou-se o suficiente para poder dar uma boa olhada para a pessoa que a abordara. Lembrava-se vagamente da prima mais velha de Cho, uma esnobe insuportável que há muito tempo havia superado o estágio dos momentos fabulosos vividos por garotas. Lilá era muito magra, usava os cabelos num penteado fofo e cheio de laquê que havia saído de moda na década de sessenta, e nunca sorria quando podia sibilar. Naquele dia ela vestia um tailleur florido e curto que parecia ter sido feito a partir das almofadas de um sofá exótico.
Ela estudou a camiseta e a bermuda de Gina com uma mistura de desdém e horror, tocando as pérolas do pescoço com as pontas dos dedos finos.
— Lisa, você tem um gosto surpreendente em matéria de moda. E tão... tão pessoal!
— Eu tento.
Lilá já havia desistido de examinar suas roupas, porque estava mais interessada nos pacotes espalhados pelo chão. Inclinando o corpo magro, tocou um rótulo da Figo de Veludo.
— Trouxe algumas amostras daquela sua loja pitoresca?
Na verdade, Gina viajara levando um grande estoque de mercadorias da Figo de Veludo, porque sabia que todas as mulheres presentes estariam esperando por pequenos brindes, como luvas, chapéus e bolsas de veludo anunciados no catálogo. Nos momentos de pior humor, chegara a imaginar se havia sido convidada para integrar o cortejo nupcial simplesmente como um meio de assegurar uma linha completa de roupas e acessórios gratuitos para as convidadas. Luna teria um ataque quando soubesse que quantidade de mercadorias levara para distribuir entre as mulheres, mas o que podia fazer?
No entanto, se Lilá queria fazer parte do seleto grupo de contempladas, teria de se comportar melhor.
— Trouxe algumas coisas — disse com tom doce. — Pena que não combinem com seu estilo. Você tem um gosto tão... inacreditável, que receio não possuir nada do seu agrado em minha loja pitoresca.
— Oh, eu sei. Quando se tem padrões tão elevados quanto os meus, é difícil encontrar o tipo certo de coisa.
Gina devia ter encerrado o assunto, mas não podia conter-se. Não com Lilá.
— Com essa sua silhueta esguia, o vestido de veludo amassado que incluiremos no catálogo do próximo ano ficaria perfeito. — Franziu a testa para o tailleur de Lilá com os ombros estruturados e as enormes flores da estampa. E aquelas pernas finas... Ecaaa! Mas com roupas adequadas e uma maquiagem mais moderna, talvez Lilá pudesse melhorar a imagem e a atitude diante do mundo. — Pensando bem, acho que a poria em um vestido longo, não muito reto, algo suave com uma saia ampla e rodada. E que tal clarear um pouco os cabelos?
Lilá ficou ali parada, dividida entre a pose arrogante e o desejo de mergulhar nas caixas cheias de objetos enigmáticos. A aproximação de Harry arrancou um segundo grito estridente de sua garganta.
— Bonitão à vista! — sussurrou, antes de erguer a voz e uma das mãos. — Olá! Veio para o casamento? Já nos conhecemos?
O pobre homem deixou a mala com as outras e recuou um passo, assustado com a recepção.
Gina mordeu o lábio para conter um sorriso. A expressão no rosto dele era impagável. Se tivesse alguma dúvida sobre ter encontrado um Harry Comum, sua reação ao entusiasmo de Lilá a teria dissipado.
— Harry — chamou, convidando-o a se aproximar com um aceno.
Mas Lilá colocou-se no caminho.
— Não creio que tenhamos nos conhecido — ronronou, estendendo uma mão pálida e magra. — Lavander Lambert Thorpe. Sim, isso mesmo... uma Lambert.
— Desculpe, mas nunca ouvi falar nos Lambert. — E desviou do obstáculo, olhando para Gina. — Ouvi?
— Você é muito engraçado — Lilá riu.
Gina explicou:
— Cho é Lambert por parte de mãe. Deve ter ouvido falar nos Hotéis e Balneários Lambert. Como este aqui.
— Oh, sim. — Mas se dava alguma importância ao nome por trás da dinastia de hoteleiros, certamente não estava demonstrando.
— E seu nome é... — quis saber Lilá.
— Harry. Harry Potter.
— Oh, que encantador! Um Potter! — Ela se aproximou um pouco mais, de maneira insinuante e com um sorriso predador. — Fique comigo, querido, e direi tudo que precisa saber sobre quem é quem neste casamento.
Gina rangeu os dentes. Desprezar suas roupas e seus catálogos era uma coisa, mas agora a odiosa Lilá estava tentando seduzir Harry, e isso a enfurecia de verdade. Devia ser perfeitamente claro que Harry chegara com ela. Tudo bem, haviam acabado de se conhecer, mas Lilá não sabia disso.
— Que sorte — resmungou. Pela primeira vez na vida, chegava a um evento especial acompanhada por alguém interessante. Se Budge Potter pusesse um freio na própria loucura, ou se a Sra. Super Esnobe não interferisse, poderia até se divertir ao longo do final de semana.
Afinal, Harry não a convidara para ser sua aliada? Podia traduzir o convite em poucas palavras, como bons amigos ou simples companheiros de aventura, o que parecia ser para todos os homens que apreciava, mas tinha uma pequena esperança de transformar o encontro casual em algo mais. Notara um brilho estranho nos olhos dele, e percebera que Harry havia estado olhando para seu traseiro enquanto examinava o motor do Porsche. Isso não significava alguma coisa?
E depois, quando ele mergulhara uma das mãos entre suas pernas naquela curva descuidada... Uau! Sentia calor só de lembrar.
Sim, sabia que tudo não passara de um mero acidente sem significado especial ou importância, e agora ele passaria todo o final de semana nos braços de Lilá Thorpe ou da irmã mais nova de Cho, Winnie, que era tão rica quanto Lilá e dez vezes mais ousada, ou alguém ainda pior. Gostaria de gritar.
Enquanto Gina tentava conter-se, Harry afastava-se de Lilá e ia colocar-se ao lado dela, o que melhorou seu humor. E enquanto a recepcionista verificava as reservas e cuidava da burocracia relativa aos registros, ele piscou como se quisesse afirmar que estaria sempre a seu lado. De repente, sua sorte parecia ter mudado.
Mas Lilá não desistia com facilidade. Parada do outro lado de Gina, inclinou a cabeça e sussurrou:
— E então? É... ele?
Gina sentiu um rubor tingir seu rosto. Harry escutara a pergunta?
Era... ele? Para ser honesta, estava fazendo a mesma pergunta mentalmente. Mas só o conhecera uma hora antes! Não podia tirar conclusões tão sérias depois de sessenta minutos de conversa e alguns contatos ocasionais.
Enquanto olhava para Harry e tentava descobrir se ele escutara a pergunta idiota de Lilá, sentia-se corar como uma garota de dez anos apaixonada por um dos irmãos Hanson. Era horrível.
— Ouviu o que eu disse, Lisa? — Lilá persistiu, dessa vez em voz alta. — Ele é o homem sobre quem Luna falou, ou não?
Atrás dela, Harry opinou:
— Vamos, Lisa, é melhor responder de uma vez.
Gina ainda estava tentando encontrar a melhor resposta, quando a recepcionista anunciou:
— Srta. Weasley, seu quarto é o 215 na ala leste. Dois funcionários já começaram a levar sua bagagem para lá.
— Obrigada — respondeu, apanhando a chave e afastando-se de Lilá e suas perguntas inconvenientes.
Mas a mulher não desistia com facilidade.
— Por acaso trata-se de um segredo? Se eu tivesse um noivo como esse...
— Um o quê? — Gina disparou assustada.
Lilá piscou.
— Noivo! O homem com quem se tem um compromisso.
— Sei o que significa a palavra e como ela é soletrada, mas é evidente que ele não é meu noivo. Acabamos de nos conhecer. Não existe um...
A recepcionista interferiu mais uma vez.
— Oh, e seu noivo chegou há algumas horas.
Gina queria que a terra a tragasse.
— Oh, então não é ele! — Lilá concluiu, sorrindo com ar satisfeito. — Que coisa mais feia, Lisa! Seu noivo está esperando lá em cima, e você chega acompanhada por um bonitão!
No instante em que Lilá se preparava para o ataque final, um menino sujo de terra apareceu do nada e agarrou os tornozelos finos. Em seguida começou a gritar como louco, pondo um ponto final em sua tentativa de sedução.
— Lambie! — Lilá gritou irritada. — Mamãe está ocupada, meu benzinho!
Mas o garoto continuava berrando e chorando, até que ela desistiu de acalmá-lo. Contrariada, levantou-o do chão mantendo-o distante do corpo de forma a evitar que o menino lhe sujasse a roupa. Com um último e ávido olhar na direção de Harry, ela saiu com o filho pendurado a sua frente. Enquanto a criança esperneava e berrava, ela deixava o saguão batendo os pés com verdadeira fúria.
Mesmo no meio de toda aquela insanidade, Gina não pode deixar de notar como o traseiro magro de Lilá ficava ainda mais horrível na saia justa e estampada.
— Não esqueça de ir ver o vestido que mencionei — gritou. — Acho que podemos fazer maravilhas por você, Lilá!
O ruído enlouquecedor produzido pelos pulmões do pequeno Lambie desapareceu além da porta, e Gina virou-se para encarar Harry e o outro lado da questão, aquele com o noivo misterioso.
— Escute, quero que saiba que não tenho um... quero dizer, não sou... — Parou frustrada, imaginando que tipo de reação causaria caso se atirasse no chão e o agarrasse pelos tornozelos como Lambie fizera com a mãe.
— Você não me deve nenhuma explicação.
— Não existem muitas. Na verdade, estou tão intrigada quanto você. Ou melhor, talvez tenha uma vaga idéia sobre que está acontecendo, mas é só uma idéia, e bem pequena. E se estiver certa sobre o que estou pensando, a culpa não é minha, porque disse não e fui absolutamente firme e decidida.
Harry continuou ali parado, fitando-a como se não compreendesse seu idioma.
Cada vez mais constrangida,Gina acrescentou:
— Honestamente.
Ele hesitou por um instante. Depois segurou seu braço e levou-a para um canto mais afastado do saguão, ao lado de um grande vaso de cerâmica.
— Não entendi uma palavra do que disse, mas não faz mal. Sua vida amorosa não é da minha conta. Não tem de me dar explicações sobre seu noivo, mesmo que ele realmente exista.
—Mas eu não tenho um noivo!
— Sei. — E balançou a cabeça. — No momento, a única coisa que importa é que minha valise foi levada para o seu quarto junto com o restante da bagagem. Sendo assim, vou ter de subir com você para resgatá-la.
Os olhos de Harry ofereciam um desafio. Era como se ele houvesse dito: Vou subir com você e verificar se há um homem em seu quarto.
Gina encarou-o e sorriu, disposta a provar que toda aquela loucura era apenas uma aberração temporária em uma vida absolutamente normal. — Pode subir comigo. Seria ótimo. E pode ficar quanto tempo quiser. Porque não há ninguém esperando por mim, exceto talvez minha sócia, Luna, que, como já deve ter deduzido, é uma mulher. — E que aparentemente estivera muito ocupada espalhando boatos. — Como pode haver um homem esperando por mim? Nem conheço muitos. Quero dizer... que confusão! — E forçou uma gargalhada.
Mas pela expressão no rosto de Harry, podia dizer que ele a considerava uma mentirosa, ou uma candidata ao hospício. Assim que alcançaram o elevador, uma antiga cabine de madeira e cobre perto do salão matinal, ela decidiu retornar ao assunto.
— Juro que isso tudo é apenas um mal-entendido. Budge, Lilá, a recepcionista... — Colocada nesses termos, a situação soava ridícula até aos seus ouvidos. Engoliu em seco. — É uma piada, uma coincidência, um mal-entendido... Não sei ao certo.
Então, por que tinha aquele estranho e terrível pressentimento envolvendo Luna, seu irmão Storm e a idéia insana de levar ao casamento o Garoto Cueca e apresentá-lo como seu noivo?
O elevador começou a subir e Gina respirou fundo, tentando controlar a ansiedade. Se aquilo tudo era obra de Luna, se ela insistira em levar o irmão mesmo depois de ter recusado sua sugestão, seria capaz de torcer o pescoço da sócia.
Caramba! Se pelo menos ela não houvesse inventado toda aquela história só para fazer a melhor amiga sentir-se melhor! Apesar de tê-la proibido de pôr o plano em prática, sabia que a idéia brotara de um coração generoso. Era difícil ficar zangada com uma amiga como Luna.
Olhou para Harry. Seria melhor revelar a idéia maluca da sócia, só para precaver-se? Os olhos verdes e profundos pareciam tempestuosos, ou seria apenas sua imaginação?
Melhor não dizer nada. A menos que abrisse a porta e encontrasse Storm exibindo-se glorioso em uma daquelas minúsculas cuecas. Então sorriria e diria, Oh, veja, Luna trouxe o irmão. Isso explica tudo. E a história estaria encerrada. O elevador parou.
Harry abriu a porta e esperou que ela saísse. Gina respirou fundo. Tomada por uma terrível premonição, deixou a cabine e pisou no carpete macio do corredor. Havia dado três ou quatro passos quando foi atropelada por uma mulher pequenina e idosa num vestido azul cheio de babados.
— Nana Lambert! — exclamou em voz alta, consciente da surdez da excêntrica avó de Cho Lambert. Apesar de ter oitenta anos, no mínimo, ela jamais admitia mais do que sessenta. Usava sempre algo vermelho, os sapatos, uma peça de roupa ou a sombra dos olhos. Talvez fosse por causa dos sapatos, Nana adorava sapatilhas de balé, mas a adorável velhinha tinha o hábito de saltitar, em vez de caminhar, o que provavelmente a levara a colidir com Gina.
Dessa vez, a surdez de Nana Lambert poderia ser providencial. Ela era a única pessoa que talvez não houvesse escutado os boatos espalhados por Luna.
— Olá, querida! — Nana gritou. — Você é amiga de Cho, não? Dona daquela pequena e encantadora loja?
— Isso mesmo! A Figo de Veludo. Você investe em nós, e somos gratas por isso. — Gina inclinou-se para beijá-la no rosto. — Está perdida? Quer ajuda para encontrar o quarto de novo?
— Oh, não! Não sou eu quem tem um noivo. Essa é minha neta Cho. — Ela riu. — É claro que tive alguns romances depois que perdi meu querido Skip na década de sessenta, mas ninguém que eu quisesse levar ao altar. Tenho de me proteger contra os caçadores de fortuna.
— Nana, querida, perguntei se estava perdida — Gina repetiu.
— Bebida? Deus, não! Raramente bebo um cálice de porto. — E de repente Nana olhou para Harry. — Por acaso o conheço? Oh, céus! Você deve ser o homem de quem ouvi falar. Aquela jovem adorável com um nome estranho... Qual é mesmo o nome dela? Parsley? Sage?
— Luna — Gina respondeu, sentindo-se novamente inundada pelo horrível pressentimento. Nana também?
— Aposto que você é o noivo misterioso!
Gina gemeu ao ouvir novamente a palavra fatal. Harry inclinou-se para falar bem perto de Nana.
— Não, está enganada — pronunciou com cuidado. — Sou o irmão de criação de Dino. Lembra-se de mim? Nós nos conhecemos há alguns anos, num certo mês de janeiro...
— Disse que é um toureiro?
— Não, ele é bombeiro! — Gina corrigiu.
— Sim, foi o que ouvi. Certa vez tive um caso alucinante com um toureiro. Mas isso foi na Espanha, na década de trinta, quando a vida era alegre e repleta de acontecimentos interessantes. Era um homem excitante. Um dançarino maravilhoso. — Um tremor sacudiu seu corpo. — Quando ele dançava o tango, tinha a impressão de que o mundo havia parado. Oh, sim, ele era excitante. Mas instável. Em seu lugar, seria muito cautelosa com esse seu noivo. Toureiros são criaturas passionais demais para serem confiáveis.
— Vou me lembrar disso — Gina respondeu sorrindo. Nana acenou para os dois e afastou-se saltitante, ainda resmungando sobre toureiros e tangos apolíticos sob as estrelas.
Gina balançou a cabeça.
— Muito bem — Harry anunciou com tom seco —, deixe-me resumir o que ouvi até agora. A velha Sra. Lambert, Pottsie, ou seja lá qual for o nome dela, Budge e até a recepcionista do hotel acreditam que você tem um noivo. Ainda assim quer me convencer de que é tudo um engano? Esta é sua última chance de dizer a verdade, Gina.
— Bem, estou começando a acreditar que tudo isso é obra de minha sócia, Luna — respondeu, certa de que ele a considerava maluca. O que poderia dizer? Minha melhor amiga e sócia é uma lunática que andou espalhando rumores a meu respeito só para divertir-se?
Não. Ela e Lu eram amigas e companheiras há seis anos. Não podia maldizê-la para um sujeito que acabara de conhecer, não sem antes certificar-se do que havia acontecido.
E também não podia olhar para Harry agora que encontrara o quarto 215.
— Deve haver algum engano — murmurou, olhando para a chave em sua mão e para a placa na porta. — Suite Príncipe Siegfried? Não reservei uma suíte.
— Talvez seja uma surpresa preparada por seu noivo.
— Pela última vez, não existe um noivo!
Harry cruzou os braços sobre o peito e esperou em silêncio.
Sem outra opção, Gina inseriu a chave na fechadura e abriu a porta. Ninguém.
— Uau! — exclamou. O ambiente era impressionante. Talvez um pouco exagerado e formal, como se a rainha fosse esperada para o chá a qualquer momento, mas muito elegante. E grande.
Devagar, Gina passou pelo banheiro e pela cozinha, temendo que Storm e sua famosa cueca surgissem do nada a qualquer segundo.
Mas Storm não estava lá. Sua bagagem fora espalhada pela sala, mas não havia nada além disso. Nada, exceto a valise de Harry.
Olhou em volta, examinando a decoração verde e bege, a renda e o chintz, a delicada mobília branca. O ambiente principal era dividido em sala de estar e jantar, ambas mobiliadas com bom gosto e requinte, e portas fechadas indicavam a existência de outros cômodos. Supunha que existiam pelo menos dois dormitórios.
— Só pedi um quarto comum — sussurrou.
Sobre a mesa de chá havia uma cesta com chocolates e frutas, e um balde de prata continha gelo e uma garrafa de champanhe. Aproximou-se cautelosa. O cartão encaixado entre as guloseimas na cesta tinha seu nome. Apenas um nome. Finalmente podia começar a relaxar.
— Bem, é verdade que esperava apenas um quarto simples, mas é possível que as damas de honra tenham recebido tratamento especial. Espero não ter de dividir este lugar maravilhoso com Lilá ou qualquer outra — comentou com um riso nervoso. — Mas não há nenhum homem aqui.
As palavras mal haviam acabado de sair de sua boca quando uma porta se abriu. Assustada, virou-se e prendeu o fôlego, esperando para ver quem surgiria na soleira. Harry também aguardava com um misto de curiosidade e impaciência.
— Mas o que... — Não era Storm. Nem Luna. Um homem seminu coberto por manchas de tinta os encarava com ar entediado.
Baixo e esbelto, ele usava um jeans esfarrapado e um brinco na orelha. Os cabelos louros e desalinhados exibiam um tufo que se mantinha em pé bem no centro da cabeça, como se ele houvesse usado verniz para obter o efeito.
Harry colocou-se na frente da Gina, pronto para lutar contra o invasor.
— Olá, querida — o sujeito cumprimentou-a animado, passando a mão pelo peito e desenhando um novo traço vermelho. — Não conseguia trabalhar em casa, e então decidir terminar a tela aqui. Sabia que não se importaria.
Ele bebeu alguns goles de champanhe no gargalo e mordeu uma maçã. Levando a fruta e a garrafa, retornou ao quarto com a tranqüilidade de quem estava absolutamente à vontade, como se fosse o dono do lugar.
— Zurik — Gina murmurou, sentindo que a garganta ameaçava se fechar.
Harry abandonou a postura protetora e encarou-a com ar de censura.
— Então, esse é o homem. Vejo que aprecia os tipos... exóticos.
— Ele? E eu? Oh, não!
— O que está tentando dizer? Aquele sujeito invadiu sua suíte? — Harry deu alguns passos na direção da porta do'quarto. — Só preciso de um segundo para expulsá-lo daqui a pontapés.
— Não, não! Não pode atacá-lo. Pense no seu joelho machucado. Além do mais, não sou partidária de atos violentos. Jamais me perdoaria se o deixasse agredi-lo. Quero dizer, conheço o homem. É que...
Que explicação podia oferecer? Apesar de não tê-lo reconhecido de imediato em função da surpresa causada por sua presença, só precisara de mais um minuto para identificá-lo. Alexander Zurik era o pintor que havia contratado para pintar o quadro de Dino e Cho, o artista irresponsável que ainda não terminara de fazer o presente de casamento que pretendia dar aos noivos. Luna prometera encontrá-lo e obrigá-lo a concluir o trabalho.
— Zurik? Oh, céus! Então não é Storm? E eu aqui acusando Luna, quando ela não tem culpa de nada. Mas o que Zurik está fazendo aqui?
— Parece que ele está pintando. E no seu quarto. Pelado.
— Ele não estava pelado. Caso não tenha percebido, Zurik cobriu-se com... tinta.
— Graças a Deus!
— Não é o que está pensando... — Sabia que estava começando a soar como um disco riscado, mas não conseguia mais raciocinar com clareza.
Harry encolheu os ombros.
— Esperava passar um final de semana sozinha, talvez envolver-se em um caso sem conseqüências, e seu noivo aparece de forma inesperada. Acontece...
Não gostava da expressão tensa em seu rosto. O que ele havia dito sobre farsas, sobre como odiava mentiras e falsidade?
— Está enganado — começou, mas não teve chance de concluir a explicação. Esquecera a porta aberta ao entrar, e vozes no hall indicavam a presença de visitantes.
— Olá — alguém gritou. — Gina, querida, você está aí? Sou eu, tia Viv. Vim ver se pode fazer alguma coisa por meu estoque de bolsas e xales.
Oh, não! Viv Potter, a excêntrica e exagerada mãe do noivo, também investia em sua empresa. A mulher adorava confusão, tumulto e caos. Se percebesse o que estava acontecendo na suíte, logo estaria acirrando a disputa, promovendo um confronto e incentivando a violência. A última coisa que queria era envolver Viv Potter naquela história maluca.
Mas era tarde demais para detê-la. Lá estava ela, usando um conjunto de calça e túnica em seda cor de laranja, flutuando em meio a uma capa da mesma cor, provocando uma impressão que parecia ficar impressa para sempre na retina de quem tinha o infortúnio de fitá-la.
Viv aproximou-se, grandiosa em seus gestos efusivos e comentários excitados. E como se não bastasse, estava acompanhada pela insuportável Lilá.
Gina não podia mais suportar. Exausta, deixou-se cair em uma das poltronas estofadas em veludo e levou a mão à testa.
— Harry! — Viv gritou, correndo para abraçá-lo. — Não esperava encontrá-lo aqui.
— Já estava saindo.
— Saindo? — Lilá repetiu aborrecida. — Fique! Podemos desfilar as roupas de Lisa para você.
— Obrigado, mas não estou interessado em roupas.
Viv beliscou suas bochechas como se ele fosse um garoto.
— Meu adorável rapazinho! Não o vejo desde a festa de noivado, e assim mesmo só ficou por dez ou quinze minutos. Perguntei a Dino onde era o incêndio, mas acho que ele não entendeu a piada.
Odiando a gargalhada estridente, Gina decidiu interferir.
— Viv, é um prazer revê-la.
— Espero que seja, meu bem. Afinal de contas, tenho alguns mil dólares investidos naquela sua empresinha.
— Sim, mas...
Harry estava saindo, e Gina não teve chance de concluir a frase.
Enquanto Viv contava como encontrara Lilá e por que haviam decidido examinar as amostras da Figo de Veludo, Harry desapareceu sem olhar para trás levando sua valise.
Estava tão aturdida com tudo que acontecera desde sua chegada ao hotel, que nem tentou detê-lo. O que poderia dizer? Embora eu não tenha culpa nenhuma, todos pensam que tenho um noivo, e ele não é o pintor esquizofrênico que você viu seminu em minha suíte.
Não. Harry dava valor à honestidade, à verdade, às virtudes simples. Era um herói, um homem que enfrentava incêndios pavorosos e salvava a vida de crianças e gatinhos. Conhecera-o ferido justamente por ele ter ido de encontro ao perigo para garantir a segurança de seus semelhantes.
Um herói de verdade não se interessaria pelas aventuras bizarras de Gina Weasley, a Mulher Escarlate.

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