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1. CAPÍTULO I


Fic: Beijos de fogo


Fonte: 10 12 14 16 18 20
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Nervoso pré-nupcial
 
Os recados formavam uma pilha sobre a mesa, o telefone tocara a manhã toda, e tinha reuniões marcadas numa seqüência que parecia interminável.
Mas, pela primeira vez na vida, Ginevra Molly Weasley estava determinada a ignorar cada pedido de ajuda. Pela primeira vez na vida, pensaria apenas nos próprios problemas.
Encurralada. De um lado, o casamento do milênio no qual seria dama de honra. De outro, a paixão que sentia pelo noivo.
O que poderia fazer?
— Gina? — a voz estridente da secretária soou novamente através do interfone. — Dick da contabilidade está na linha um. Por favor, atenda!
Dick era um dos projetos de caridade de Gina, um daqueles sujeitos que contratara depois de todo o mercado de trabalho tê-lo rejeitado. Sabia que ele possuía um histórico repleto de processos por fraude e desvio de verbas. Mas Dick prometera regenerar-se.
Apesar da preocupação com o chamado de Dick, decidiu não atendê-lo.
— Gina? — A secretária parecia apavorada. — Não posso cuidar de tudo sozinha. Minha garganta está começando a fechar!
E meu coração?
Bem, aquele era um argumento que não podia ignorar, embora boa parte das pessoas no escritório suspeitassem de que as doenças de Yvonne, a garganta, o coração, as costas, a cabeça e uma lista interminável de alergias alimentares, fossem tão reais quanto o cjoelho da Páscoa.
Não tinha importância. Yvonne era hipocondríaca e incompetente, mas também era uma de suas protegidas, e isso bastava.
— Estou aqui — respondeu com tom calmo. — Por favor, continue anotando os recados, está bem? Lamento, mas estou muito ocupada com o catálogo de Natal do ano 2000.
Oh, isso era terrível. Primeiro ignorava um pedido de ajuda, e agora começava a mentir. Não estava trabalhando em um catálogo. Estava ali sentada olhando para o espaço, pensando no casamento que teria de testemunhar no final de semana, aquele com o noivo fascinante e o vestido de dama de honra ganhador do título Pesadelo de Barbie. Sem mencionar a confusão emocional...
Mentir. Ignorar. Gina Weasley, você vai para o inferno com certeza!
— Gina, por favor, fale com ele — Yvonne implorou com voz fraca. — Oh, sim, e Esmie do Recursos Humanos disse estar precisando de uma semana de licença, apesar de ter tirado férias há alguns meses. E alguém precisa fazer alguma coisa sobre Gigi, a recepcionista, porque ela continua nos chamando de Bico de Veludo quando atende ao telefone. E recebemos mais uma reclamação contra Oliver, o vigia noturno. Desta vez ele dormiu na lixeira, e os rapazes do caminhão da coleta o encontraram esta manhã.
Gina queria gritar. Então não sabiam que tinha outras coisas com que se preocupar? Tudo bem, a Figo de Veludo, e não Bico, fornecedora de roupas e acessórios finos, era sua companhia. E todos estavam acostumados com seu estilo maternal de administrar a empresa, sempre corrigindo erros, julgando desacordos, cobrindo falhas, acalmando vaidades feridas, oferecendo um ombro amigo ou até um aumento e férias extras... O que podia fazer se não resistia aos pássaros feridos, animais abandonados e pessoas com problemas?
Mas hoje precisava de alguém para segurar a sua mão.
— O que vou fazer — perguntou em voz alta.
— O quê? — a secretária gritou. — Não consigo ouvi-la. Devo estar perdendo também a audição!
Gina sabia o que estava acontecendo. Yvonne apertara o botão errado no aparelho outra vez.
— Os recados, Yvonne! — gritou, tão alto que a secretária poderia ouvi-la através da porta. — Anote-os! Cuidarei de tudo assim que puder.
Franzindo a testa, deixou de lado Yvonne, Dick e todas as pessoas da Figo de Veludo por um momento. A pequena companhia de vendas por catálogos teria de sobreviver temporariamente. Porque o mais importante era preparar-se para enfrentar o casamento em dois dias, e necessitava de um plano para isso.
— Não vou — anunciou, tentando soar confiante e firme. — Mas como posso fugir?
Não pensava em outra coisa há quatro dias. Lá estaria ela, horrível no vestido sem graça, segurando um buquê desbotado, enquanto Dino Potter, seu Dino, prometia amor eterno... a Cho Chang!
Gostaria de poder esconder-se do mundo.
— Ginaaaa! — uma voz soou além da porta.
Era tarde demais para esconder-se. Luna, sua melhor amiga e sócia nos negócios, entrou exibindo um sorriso quase tão grande quanto o enorme chapéu de veludo que pendia sobre sua testa.
Gina conhecia Luna. E quando ela sorria daquela maneira, era melhor preparar-se para as surpresas.
Surpresas que preferia evitar.
— Espere só até ouvir isso! — Luna exclamou satisfeita. — Todos os seus problemas acabaram, Gi, e graças a mim!
— O que fez dessa vez?
Podia ser qualquer coisa, desde uma campanha bizarra para o próximo catálogo a um novo e extravagante corte de cabelos.
Ela se aproximou, apoiando-se na beirada da mesa.
— Bem, o que fiz foi encontrar uma maneira de devolver seu brilho. Fazê-la cintilar! Transformá-la em uma estrela de primeira grandeza diante daquela insuportável Cho Chang e seu cego e estúpido noivo.
— Vai dizer que devo fazer uma tatuagem? Ou colocar um brinco em alguma parte estranha de meu corpo?
— É claro que não! Sou sua melhor amiga, lembra-se?
— É verdade. Quero dizer, acho que sim. — Preferia reservar qualquer julgamento até ouvir tudo o que ela tinha para dizer.
— Por acaso não sei o que é melhor para você?
— Fale de uma vez! Qual é o assunto?
— O casamento. Imagine só! As bodas do milênio. As mesmas nas quais, num momento de fraqueza, aceitou participar como dama de honra em um vestido horroroso. Céus! Tafetá cor-de-rosa bordado com pequenos cisnes! Deus me livre! O mínimo que Cho podia ter feito era encomendar um dos nossos vestidos. Aquele de veludo amarelo ouro ficaria o máximo em você! Mas não, ela preferiu ir ao ateliê de um estilista afeminado e arrogante que não sabe fazer outra coisa se não copiar os modelos usados por Sandra Dee!
— Já disse — Gina interrompeu, notando que as luzes do aparelho de telefone piscavam furiosas, imaginando como poderia livrar-se de Luna sem ferir sua sensibilidade. — Somos populares demais para Cho, Além do mais, a mãe dela jamais permitiria que alguém no cortejo matrimonial usasse veludo, chenille ou qualquer outro de nossos tecidos para uma cerimônia no verão. E nem aceitaria nossos modelos. São... inadequados para o mundo daquela gente.
— Pois o mundo da velha Genevieve ficaria bem melhor com os nossos modelos.
— Tudo bem, tudo bem. Já entendi seu ponto de vista. Mas com relação aos modelos escolhidos para o casamento, não podemos insultar Genevieve Chang ou questionar seu gosto. Repita comigo: amamos Genevieve.
— Amamos Genevieve — Luna repetiu sem entusiasmo.
— Amamos Genevieve, principalmente enquanto ela for uma de nossas maiores investidoras. — Mais uma razão que a impedia de recuar. Que culpa tinha, se as únicas pessoas ricas que conhecia quando ela e Luna precisaram de capital eram a mãe e a avó de Cho e os pais de Dino? Todos estariam no casamento, observando, julgando, questionando seus investimentos, enquanto tudo que poderia fazer seria sentar-se em um canto e chorar a perda definitiva de Dino, o sonho de sua juventude. — Vamos voltar ao brilho a que se referia no início. Que grande idéia é essa que teve?
— Pense bem... O casamento do século, colunistas sociais, fotógrafos, produtores cinematográficos, famosos, socialites, enfim, todos que realmente importam no mundo de hoje. E você entrando, maravilhosa, fazendo Cho Chang tremer de medo e desmaiar de inveja, fazendo Dino Potter arrepender-se por nunca ter prestado mais atenção em você.
Gina não sabia se devia rir ou chorar.
— Aprecio sua lealdade, Lu, mas isso é impossível.
— Ainda não terminei. Pense bem. Cho desmaiada, Dino com aquela boca irresistível aberta... E tudo porque a seu lado estará o mais lindo...
— Oh, não! Um homem? Não.
— Sei que não tem muita intimidade com o conceito, mas deve ter saído com alguns deles. Vejamos... Não foi jantar com um jornalista ou um publicitário em 1995?
— Muito engraçado. Esqueça, Lu. Não vou levar um homem ao casamento de Dino. Seria humilhante demais.
— Mas esse é o ponto, Gi! Poupá-la da humilhação. Pense em como seria muito mais constrangedor estar sozinha.
— Você vai comigo.
Luna virou os olhos sob a aba do ridículo chapéu.
— A companhia de sua velha amiga e sócia não conta. Sabe que tenho razão. E nem precisa ser um encontro às cegas. Será que não entende? — Sorriu. — Esta é a beleza do meu plano. Você pode levar Storm!
Gina arregalou os olhos e colou as costas no encosto da cadeira.
— Seu irmão? Ele só tem vinte e dois anos! Você perdeu o juízo?
— Por quê? Você tem vinte e nove. O que são sete anos de diferença? Além do mais, Storm é lindo e está disposto a colaborar. Já conversei com ele.
— Seu irmão é adorável, mas muito jovem.
— Sim, ele é jovem. Melhor para você. O impacto será ainda maior.
— De jeito nenhum.
— Storm é modelo, Gi. Ele sabe como usar um smoking. E como se comportar entre os ricos. Por favor, Gi. Dino administra uma revista, e metade dos convidados faz parte da mídia. Meu irmão seria muito beneficiado pela exposição nesse tipo de ambiente. E ele quer ser ator. Fingir que é seu noivo seria como um estágio.
— Luna, já disse que não! De onde tirou a idéia de que eu aceitaria seu plano? Storm, o Garoto Cueca, meu noivo?
— Não é muito gentil de sua parte chamá-lo de Garoto Cueca. Ele é meu irmão.
— Você mesma o chama assim. Ele e sua cueca... aliás, uma imagem encantadora, estão em todos os pontos de ônibus de Chicago a Milwaukee.
— Está dizendo que se recusa a levá-lo porque ele exibe a cueca para sobreviver? Nunca pensei que fosse tão preconceituosa.
— Por favor. Não quero sair com seu irmão porque ele tem vinte e dois anos. Seria capaz de colocá-lo para dormir em um berço no meu quarto de hóspedes e cuidar dele como se fosse um bebê abandonado, mas exibi-lo em público? Nunca!
— Não tem ninguém melhor para convidar. Você mesma disse. No seu lugar, eu não me atreveria a aparecer no casamento do Sr. Perfeito sem um homem encantador para esfregar no nariz dele, para fazê-lo entender de uma vez por todas o que perdeu quando a trocou pela srta. Antipática.
— Tenho certeza de que seria ótimo saber que ele chegou a essa conclusão, mas está falando de um sonho impossível. — Podia ser flexível demais no trabalho, concedendo férias e aumentos com generosidade e contratando as sobras do mercado, mas era rígida com relação a sua vida pessoal. — Nem Storm, nem qualquer outro homem. Prefiro ir sozinha.
— Não vou desistir. Estou falando sério, Gi. Você precisa de uma companhia masculina. E não só um acompanhante, mas um noivo.
— Pare com isso, Luna! Não vou levar ninguém. Iremos juntas, nos divertiremos muito e falaremos mal das roupas de todas as convidadas, inclusive do vestido da noiva. Aposto que é completamente sem graça e ultrapassado. A mãe dela disse que havia encomendado os bordados em um convento de freiras cegas na Bélgica. — Sorriu, tentando não demonstrar o sofrimento causado pelo casamento. — E então? Quer ir no meu carro? Não sei se foi informada, mas a cerimônia será realizada em Lago Genebra. Trata-se de um segredo, porque a família não quer a presença de jornalistas que não tenham sido convidados.
— Segredo? Francamente! O Swan's Folly, o mais requintado e exclusivo de todos os Swan Inn, fica em Lago Genebra. Onde mais Cho iria se casar, se não no hotel do papai?
— O hotel é da mamãe. Genevieve é dona do local. Acha mesmo que a imprensa vai descobrir tudo? Oh, não! E se me fotografarem naquele vestido horroroso? O patinho feio das damas de honra! Pior ainda! E se alguém me surpreender choramingando em um canto?
— Essa é fácil. Não choramingue. Escute, eu estarei lá, e farei de tudo para impedir que fique parecida com um jagunço, está bem?
— Certo. Devo chegar ao hotel na quinta-feira à tarde para uma festa, ou um chá de boas-vindas organizado pela velha Gen. Quer ir comigo?
— Está maluca? Gi, seremos amigas para sempre, mas não pretendo pôr os pés naquela lata de sardinhas que chama de carro. Prefiro alugar uma enorme e elegante limusine dirigida por um bonitão musculoso. Assim haverá espaço para mim e para a minha bagagem.
— Nesse caso, nos encontraremos lá. E isso me faz lembrar... — Vasculhou a mesa em busca de um pedaço de papel onde rabiscara um número de telefone. — Aquele pintor estúpido. O que você indicou para pintar o retrato de Cho e Dino, meu presente de casamento. Ele ainda não entregou a tela.
— Vou cuidar disso. Farei com que ele entregue o quadro no hotel. Pare de se preocupar e volte a ser aquela pessoa inspirada e criativa de sempre, está bem?
Inspirada e criativa? Para lidar com Yvonne, a hipocondríaca, Dick, o vigarista, Esmie e suas férias intermináveis, Gigi e sua incapacidade para pronunciar as palavras Figo de Veludo, e Oliver, o vigia noturno sonâmbulo? Talvez fosse uma bênção pode afastar-se por alguns dias, mesmo que fosse para ir ao casamento de Dino.
— Obrigada, Lu.
— Por nada.
Luna saiu cantarolando uma melodia que falava em amor e esperança.
— Humm... ela parecia satisfeita demais.
Mas por quê? Teria outro plano mirabolante em suas mangas de veludo?
— Não — Gina decidiu, voltando ao trabalho e aos problemas mais urgentes. — Bobagem. Lu jamais me trairia.
 
Quinta-feira
Bem-vindos ao Swan's Folly!
 
Com a Figo de Veludo quilômetros distante, Gina sentia-se muito melhor. Ainda não encontrara uma solução para o problema envolvendo Dino Potter, não sabia como devia agir durante o casamento, mas não conseguia permanecer deprimida, não com o sol brilhando no céu azul e limpo e o pé no fundo do acelerador do velho Volkswagen.
Em um dia como aquele, o que podia dar errado?
— Uau!
Estava tão distraída com a paisagem que quase não viu o conversível vermelho parado no acostamento da estrada que cortava a área rural de Wisconsin. E havia um verdadeiro monumento parado ao lado do carro, ou melhor, apoiado nele, a postura indicando que colunas de fumaça poderiam começar a brotar de suas orelhas a qualquer momento.
Sem pensar no que fazia, Gina pisou no breque, saiu da estrada e retornou de ré pelo acostamento. Enquanto o carro sacudia no terreno de cascalho, ela estudava o desconhecido pelo retrovisor. A imagem balançava a cada tranco das rodas, mas o que via era suficiente. Cabelos escuros, ombros largos, óculos de sol. Bonito. E furioso.
Homens bonitos não era sua especialidade, mas sabia bastante sobre automóveis. E não havia nada como um resgate para animá-la. E talvez pudesse pôr um sorriso naquele rosto encantador. Ou pelo menos tirá-lo das sombras para vê-lo de corpo inteiro.
— Belo carro — disse com tom entusiasmado enquanto descia do Volkswagen, os olhos fixos no Porsche vermelho.
— Obrigado. — Ele ergueu o corpo, gemeu e, mancando, foi até a parte dianteira do conversível.
Mancando? Gemendo?
— Está machucado? — perguntou, aproximando-se para ampará-lo. — Pensei que o carro houvesse quebrado. Foi um acidente?
— Não. — A voz era ríspida e ele recusou a oferta de ajuda. — Apenas uma antiga lesão.
— Oh... entendo. — Ficou onde estava, as mãos nos bolsos da bermuda cortada a partir de um jeans velho e desbotado.
O desconhecido era muito alto, certamente passava de um metro e oitenta e cinco, tinha cabelos escuros e bem cortados, e usava uma camisa branca com calça social azul-marinho. Por trás dos óculos escuros, o rosto era atraente e interessante, com uma mandíbula forte e uma boca simplesmente maravilhosa. Os lábios estavam apertados em sinal de irritação.
Boa aparência, bem vestido, Porsche... Não era um carro novo, mas mesmo assim... Devia ser rico. A tal lesão podia ser conseqüência da prática excessiva de pólo, tênis ou golfe. Embora não tivesse nada contra os homens ricos, afinal, seu amado Dino possuía mais dinheiro do que podia utilizar, tinha de admitir que estava desapontada com o viajante misterioso. Com exceção de Dino, normalmente preferia os homens do povo. Os Harry Comuns, como costumava chamá-los, gente que trabalhava para viver. Sim, era uma idealista. Mas fora criada em uma família cheia deles, e não podia deixar de procurar por espíritos semelhantes, pelo tipo de homem que, como ela, acreditava em agir da maneira mais correta e contribuir para o bem comum. Os ricos não tinham tempo para isso. Estavam sempre ocupados cuidando do próprio dinheiro.
— Não tem um telefone no carro, não é? — ele perguntou impaciente.
Surpreendente. Seria capaz de jurar que ele era o tipo de rapaz que possuía um celular em cada bolso e um estoque de baterias no porta-luvas.
— Seu telefone ficou sem bateria? — arriscou.
— Sim. Estou aqui há meia hora, e você é a primeira pessoa que passa por esta estrada. Gostaria de chamar um guincho e sair daqui o mais depressa possível. Tenho um compromisso importante e inadiável.
Não imaginara que pudesse ser diferente.
— Talvez fosse mais rápido se eu desse uma olhada, só para ter certeza de que não se trata de um defeito simples, fácil de reparar. Lembra-se do que aconteceu? Ouviu algum barulho estranho, ou sentiu cheiro de queimado, ou viu qualquer coisa que chamasse sua atenção?
Ele permaneceu onde estava, fitando-a através dos óculos escuros, os braços cruzados sobre o peito.
Gina estava habituada ao fenômeno, especialmente quando lidava com homens e seus carros.
— Sou muito boa com automóveis. Juro. Está vendo o meu Volkswagen logo ali? É 69, e faço toda a manutenção sozinha. Vamos, lá! — Sorriu. — Abra o motor. Que mal pode haver nisso?
— Não é nada que você possa consertar.
— Não saberemos enquanto não olharmos, certo?
Ele não queria deixá-la mexer em seu carro. Podia sentir a falta de confiança emanando dos poros do desconhecido. Homens! Tão previsíveis!
— Não é melhor permitir que eu faça uma tentativa? — persistiu. — Se puder reparar o defeito rapidamente, logo você estará a caminho de sua importante reunião.
— Não é uma reunião. É um casamento. Uma cerimônia que vai se estender por todo o final de semana. Sou esperado para a grande festa de abertura, e já estou atrasado. Devia estar lá há uma hora.
— Um casamento? Está brincando! — Quantas comemorações poderiam se estender por todo o final de semana e começarem com uma festa de abertura? Pelo menos sabia que sua primeira impressão estava correta. Se ele era amigo ou parente dos Chang ou dos Potter, devia ser muito rico e esnobe. A única convidada que não se enquadrava nessas categorias era ela. Só para ter certeza, arriscou: — Seria por acaso o casamento Potter-Chang?
Ele a examinou da cabeça aos pés, obviamente estranhando a camiseta e a bermuda cortada.
— Também está indo para lá?
Bem, planejava mudar de roupa assim que chegasse. Era muito mais confortável dirigir vestida de maneira confortável.
— Na verdade, sou uma das damas de honra. — E estendeu a mão. — Gina Weasley. É um prazer conhecê-lo.
Ele apertou sua mão, e o contato provocou uma onda de eletricidade. Depois sorriu, e Gina teve a sensação de estar mergulhando em uma banheira cheia de mel quente. Uau! Que sorriso!
— Harry Potter.
— H... Harry? — repetiu. Um Harry Comum. E não podia deixar de notar que ele não usava uma aliança.
A idéia brotou em sua mente antes que pudesse sufocá-la. É ele! O Harry Comum que estava procurando! O problema era que ele não parecia comum. Pelo contrário. Era extraordinário.
— Sou um dos pajens. Sendo assim... talvez formemos um par para a entrada na igreja.
Entrar na igreja com ele? A sugestão era... fascinante!
Acreditava em destino. Era fruto de uma família adepta da contracultura, gente que costumava interpretar a vida através das cartas do tarô, de bolas de cristal e astrologia, e crescera acreditando que a vida tinha caminhos previamente traçados. Se não tomasse cuidado, começaria a pensar que o destino acabara de brindá-la com uma encantadora surpresa.
Lá estava ela, lamentando o fato de ter de ir sozinha ao casamento, e o que acontecia? Encontrava um Harry Comum, um homem sem aliança, e ele começava a falar sobre entrarem juntos na igreja. Era como se deparar com o mais profundo e completo significado do termo karma!
Mas então processou a segunda parte. Potter. Como Dino, a paixão de sua juventude. Como Budge Potter, o rei do salgadinho, sentado sobre potes e mais potes de dinheiro. Cada vez que alguém na América comia uma daquelas rosquinhas salgadas vendidas em pacotes nos supermercados, Budge ganhava mais alguns dólares.
Naquele casamento, e com o mesmo sobrenome, Harry Potter devia ser um parente. O que significava que não era um Harry Comum.
Se pudesse fazer o cérebro funcionar ou soltar a mão dele, talvez fosse capaz de localizá-lo na hierarquia familiar.
— Então é um Potter. Primo?
— Não. Na verdade, não sou parente consangüíneo. Apenas um enteado. O pai de Dino foi casado com minha mãe por alguns anos na década de setenta.
— Oh, é claro. — Todos sabiam que Budge Potter, o pai de Dino, havia se casado mais vezes que Zsa Zsa Gabor. Então esse novo Potter, Harry, encaixava-se em algum lugar na seção dos quase-parentes, mais um filho de uma daquelas ex-esposas.
Balançando a cabeça, soltou a mão dele. Se a limpasse na bermuda, seria óbvio que ele a afetara com seu toque mágico?
— Acho melhor ir dar uma olhada no motor — disse, aproximando-se do Porsche.
Segundos depois estava debruçada sobre o veículo, mas não conseguia se concentrar. O cérebro era incapaz de dedicar-se a qualquer outra coisa que não fosse o belo Harry Potter.
E lá estava ele, parado a poucos passos de distância, olhando para o seu traseiro, enquanto ela fingia examinar o carburador e o filtro de ar.

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