Capítulo 3
Três semanas não tinha modificado em nada a central de polícia. O café ainda era um veneno e o ruído insuportável. A vista de sua ínfima janela estava ainda mais miserável. Estava excitada por estar de volta.
Os policiais de sua unidade tinham deixado uma mensagem para esperá-la. A vira piscando maliciosamente logo que entrara, em seu monitor. Calculou que a recebera de seu velho parceiro Neville, um gênio da informática, o agradeceria mais tarde, por contornar seu código.
“BEM VINDA DE VOLTA, TENENTE LOVEJOY Hubba-hubba”.
Hubba-hubba? Bufou disfarçando um sorriso. Um humor infantil, sem dúvida, mas que a fez se sentir em casa. Olhou de relance para a bagunça sobre a mesa. Não havia sobrado tempo algum para arrumá-la entre o inesperado fechamento do caso, durante sua despedida de solteira, e o dia de seu casamento.
Entretanto notou o disco ordenadamente selado e competentemente etiquetado sobre sua pilha de trabalho antigo. Obra de Hermione, concluiu.
Deslizando disco dentro da unidade, praguejou e golpeou o driver para tentar cessar o ruído que emitia. Viu que Hermione, sempre de confiança, tinha escrito o relatório de apreensão, arquivado e registrado corretamente. Não deveria, Gina concluiu, ter sido fácil para ela. Não quando compartilhara a cama com o acusado. Olhou novamente para as pilhas de papéis sobre a mesa e fez uma careta. Podia ver que teria vários compromissos na corte e estaria mergulhada nisso por alguns dias.
O malabarismo que tivera que fazer para acomodar o pedido de Harry, de três semanas de afastamento, tinha um preço. Era hora de pagá-lo.
Bem, ele também fizera um grande malabarismo, lembrou-se. E agora era hora de voltar ao trabalho e a realidade. Rather tinha revisto os casos que ela devia testemunhar, ligou seu tele-link e puxou uma pesquisa pela oficial Hermione. O rosto sério e familiar, com um capacete preto na cabeça apareceu no centro de seu monitor.
- Senhora. Bem vinda de volta ao trabalho.
- Obrigada Hermione. Meu escritório, por favor. O mais rápido possível.
Sem esperar resposta, ela desligou a unidade com um sorriso no rosto.
Sabia que Hermione tinha sido transferida para a divisão de homicídios.
Agora ela pretendia ir um pouco mais longe. Ela ligou o tele-link novamente.
- Tenente Weasley. O comandante está livre?
- Tenente. - a secretária do comandante aparece na tela - Como foi sua lua de mel?
- Muita boa. - ela percebeu o rápido fluxo de calor que se irradiou no olhar da mulher. O “hubba hubba” devia tê-la divertido. Aquele olhar sonhador a fez querer se retorcer na cadeira. - Obrigada.
- Você era uma linda noiva, tenente. Eu vi sua foto em diversos canais de eventos e os canais de fofocas estavam repletos delas. Nós vimos algumas imagens suas em Paris, também. Eu achei muito romântico.
- Sim. - Era o preço da fama, Gina pensou. - Foi agradável... E o comandante?
- Oh, claro. Um momento, por favor.
Enquanto a unidade zunia Gina rolou os olhos. Poderia aceitar o fato, mas nunca apreciá-lo.
- Weasley. - o sorriso do comandante Lupin era falsamente largo e parecia forçar a cara escura. - Você está com... uma ótima aparência.
- Obrigada, senhor.
- Divertiu-se na lua de mel?
Cristo. Ela pensou, quando alguém iria perguntar se ela se divertira sendo fodida em torno do mundo e dentro de uma nave espacial?
- Sim, senhor.
- Suponho que você já tenha lido o relatório de Hermione a respeito do fechamento do caso Cho.
- Sim, muito completo. A promotoria quer dar pena máxima para o Malfoy.
- Você chegou bem perto desta vez, Tenente.
Ela tinha noção de quanto perto chegara. Não apenas perder o dia de seu casamento, mas também o resto de sua vida.
- Este tipo de coisa queima a imagem da polícia, comandante. - ela disse - Eu sai apressada comandante e tive tempo apenas para pedir que Hermione fosse transferida para esta unidade. Sua ajuda neste caso e em outros foi bem valiosa.
- Ela é uma boa policial. - Lupin concordou.
- Eu concordo. E eu tenho um pedido comandante.
Cinco minutos depois, quando Hermione entrava em seu escritório, Gina estava inclinada para trás em sua cadeira, fazendo varredura de dados em seu monitor.
- Tenho que estar na corte em uma hora. - disse sem preliminares - No caso Salvatore. O que você sabe sobre isto, Hermione?
- Vito Salvatore está sendo acusado de vários assassinatos, com a circunstância adicional de tortura. Ele é, segundo dizem, distribuidor de substâncias ilegais e está sendo acusado de matar três outros conhecidos negociantes de Zeus e TRL. As vítimas foram queimadas vivas em uma pequena casa em Lower East Side, inverno passado. Depois seus olhos e suas línguas foram rancados. Você tem esta preliminar.
Hermione recitou a data de morte enquanto ela prestava atenção no seu uniforme impecavelmente passado e limpo.
- Muito bom, oficial. Você leu meu relatório de apreensão sobre o caso?
- Sim tenente. Eu li.
Ela notou o ônibus aéreo passar por sua janela, fazendo um barulho infernal e deslocando o ar.
- Então você sabe que antes de eu conter Salvatori, eu quebrei o braço esquerdo dele na região do cotovelo, sua maxila, e ainda o aliviei de diversos dentes. Seus advogados estão tentando me “pegar” por força excessiva.
- Eles não tinham muito tempo, senhora, de modo que ele estava tentando queimar a construção quando você o encurralou. Se você não o tivesse restringido através de todas as maneiras possíveis, ele teria sido frito. Pode-se se falar assim.
- Ok Hermione. Eu tenho vários outros desses até a semana terminar. Eu preciso de todos os meus casos transferidos e condensados para minha agenda. Você pode me encontrar com os dados requeridos em trinta minutos na saída leste.
- Senhora, eu estou em trabalho. O detetive Croach me designou para dar baixa em alguns arquivos antigos. - somente o leve desdém em sua voz indicou o que Hermione sentia sobre Croach e a inferior atribuição.
- Deixe que eu lido com Croach. O comandante aceitou meu requerimento. Você está designada para mim, agora. Portanto deixe de lado qualquer que seja o trabalho que atiraram para cima de você e comece a trabalhar de verdade aqui.
Hermione piscou.
- Designou-me para você, tenente?
- Seus ouvidos sofreram algum dano enquanto estive ausente?
- Não senhora, mas...
- Você tem alguma coisa com o Croach? - Gina se deleitou em ver a boca da séria Hermione abrir-se chocada.
- Você está brincando? Ele é... - travou-se endurecendo o corpo - Ele nem mesmo é meu tipo, tenente. Acredito que eu tenha aprendido minha lição sobre relacionamentos românticos no trabalho.
- Não se torture em excesso por aquilo, Hermione. Eu gostava de Malfoy também. Aquele trabalho foi um inferno e você o fez muito bem.
Ajudou ouvir, mas a ferida ainda estava muito recente.
- Obrigada, Tenente.
- Este é o motivo pelo qual eu estou atribuindo este trabalho a você, com o meu permanente apoio. Você quer o distintivo de detetive, oficial?
Hermione sabia o que estava sendo oferecido a ela: uma oportunidade, um presente como nenhum outro. Ela fechou seus olhos por um momento até que pode controlar sua voz.
- Sim senhora, eu quero.
- Bom, você irá trabalhar como nunca para isso. Comece com os dados que eu requeri e ande com isso.
- Agora mesmo, senhora. - na porta, Hermione parou e voltou-se - Eu queria agradecer pela chance que você está me dando.
- Não faça. Você mereceu. E se você fracassar, eu a farei trabalhar no tráfego. - ela sorriu docemente - Trafego aéreo.
Testemunhar na corte marcial era parte de seu trabalho, assim como, Gina lembrou a si mesma, relacionar-se com doninhas de classe altas como S.T. Fitzhugh, advogado de defesa. Ele era escorregadio e habilidoso, um homem que defendia os criminosos de mais baixo nível, mas que possuíam dinheiro o bastante para sustentá-lo.
Seu sucesso era devido a reis da droga, assassinos e molestadores que pagavam para se livrar das algemas da lei. Devido a eles, o advogado tinha recursos para os ternos coloridos e sapatos feitos a mão.
Era uma figura arrojada na sala de audiência, sua pele de chocolate derretido era um fino contraste com as cores leves que ele habitualmente vestia. Sua face alongada e simpática, era lisa como a seda do forro de sua jaqueta. Graças aos tratamentos pelo qual era submetida de três em três semanas no “Adonis”, um salão exclusivo para homens freqüentado pela elite na cidade. Sua figura era aprumada, de quadris estreitos e ombros largos e sua voz era de barítono, profunda e rica como a de um cantor de ópera. Cortejava a imprensa e se socializava com a elite da criminalidade, possuía seu próprio jato particular.
Era um pequeno prazer para Gina despreza-lo.
- Deixe-me tentar dar um claro retrato do que aconteceu com meu cliente, tenente. - Fitzhugh levantou as mãos juntando seus polegares para dar a forma de uma moldura - Um quadro claro das circunstancias que a conduziram a atacar meu cliente em seu lugar de negócios. – O advogado prosseguiu objetivo. Fitzhugh parafraseava graciosamente - Você, tenente Weasley, causou em meu cliente um grave dano corporal na noite em questão. - Olhou de relance para trás, para Salvatori, que estava trajando para ocasião um terno preto e simples.
Depois de aconselhado por seu advogado ele parara seu tratamento cosmético e rejuvenescedor por três meses. Havia tons cinzas em seu cabelo, e sua face e corpo tinham uma aparência decadente. Ele parecia velho e indefeso. O júri devia estar fazendo uma comparação entre a jovem e atlética policial e a delicadeza do “velho” homem.
- Mr. Salvatori resistiu a prisão e tentou iniciar um incêndio. Era necessário restringi-lo.
- Restringi-lo? - Fitzhugh falou vagarosamente, voltou-se e encarou o júri que registrava cada detalhe, moveu-se para baixo do tribunal de jurados, atraindo uma das seis câmeras automáticas com ele, de maneira a focar na tipóia apoiada nos ombros magros de Salvatori.
- Sua restrição resultou em uma fratura mandibular e estilhaçou o braço de meu cliente.
Gina lançou um olhar na direção do júri. Alguns membros do grupo olhavam com simpatia em demasiada para o acusado.
- Está correto. Mr. Salvatori recusou meu pedido para que saísse da construção e jogou a tocha de acetileno que estava em suas mãos
- Você estava armada, tenente?
- Estava.
- Você levava sua arma padrão emitida pela polícia de Nova Iorque?
- Sim.
- Se, como você descreveu, Mr. Salvatori estava armado e resistiu, por que você não conseguiu administrar-lhe um choque plausível?
- Eu errei. Mr. Salvatori estava incrivelmente rápido naquela noite.
- Eu entendo. Em seus dez anos na força policial, tenente, quantas vezes foi necessário que empregasse força bruta? Para matar?
Gina ignorou as borbulhas em seu estômago.
- Três vezes.
- Três? - Fitzhugh repetiu, deixou o júri estudar a mulher que testemunhava sobre a cadeira. Uma mulher que tinha matado pessoas - Não é uma proporção um pouco alta? Você não poderia dizer qual percentagem indica uma predileção por violência?
A promotoria tinha a prerrogativa que as testemunhas nunca estavam em julgamento, mas era óbvio, pensou Gina, que policiais estavam sempre em julgamento.
- Mr. Salvatori estava armado. – ela começou calmamente - Eu tenho mandato para sua prisão por torturar e matar três pessoas. Essas três pessoas tiveram seus olhos e línguas arrancados e em seguida foram levadas para aquele local e queimadas. Por estes crimes, Mr. Salvatori está sendo acusado neste tribunal. Ele recusou-se a cooperar, jogou uma tocha em minha cabeça. O que me deixou tonta. Ele então me atirou no chão. Eu acredito que suas palavras foram essas: “Eu vou arrancar seu coração sua piranha da polícia”. Neste caso, nós policiais, relacionamos este ato com certa indisposição para se entregar. Neste meio tempo, eu quebrei sua maxila, fazendo saltar diversos dentes e quando ele jogou a tocha sobre mim eu acertei seu braço, quebrando-o.
- Você apreciou fazer isso, tenente?
Ela encarou os olhos estreitados do advogado.
- Não senhor. Eu não. Mas eu aprecio o fato de estar viva.
- Parasita. - Gina resmungou entrando em seu veículo.
- Ele não irá livrá-lo dessa. - Hermione se acomodou no interior do veículo sentindo-se como tivesse entrando em uma quente fornalha, imediatamente, ocupou-se com a unidade de controle da temperatura. - A evidência é muito clara. E você não o deixou que a fizesse fraquejar.
- Sim. Eu sei. - Gina enfiou os dedos entre seus cabelos, dirigindo pelo tráfego vespertino de Midtown. As ruas estavam engarrafadas fazendo-a rilhar seus dentes. Mesmo no tráfego aéreo, o céu estava cheio de ônibus, caminhonetes lotadas de turistas e viajantes. – Quase morremos para tirar bastardos como Salvatori das ruas, para homens como Fitzhugh fazer fortunas para fazê-los escapar por entre nossos dedos novamente. - deu os ombros - Às vezes fico revoltada com isso.
- Quem quer deslize de nossas mãos nós os pegaremos de volta.
Com um meio sorriso, Gina olhou de lado para sua companheira.
- Você é uma otimista, Hermione. Eu desejo saber por quanto tempo este otimismo vai durar. Irei fazer uma parada antes de nos registrar. - ela disse, mudando a direção em um impulso - Eu quero tirar o ar da sala de tribunal de meus pulmões.
- Tenente? Você não precisava estar na corte hoje. Por que estava lá?
- Se você quer seguir a carreira de detetive, Hermione, você precisa ver contra quem está lutando. Não são apenas os assassinos, ladrões e traficantes. São os advogados.
Não foi surpresa encontrar as ruas engarrafadas e nenhuma vaga para estacionar.
Sem hesitar, Gina adentrou em uma vaga ilegal, e ligou as luzes de serviço. Enquanto saia do carro, dava a um trabalhador que estava na passarela deslizante, um olhar fixo. Ele sorriu piscando atrevido então se afastou para arredores distantes e mais propícios.
- Está área é cheia de trabalhadores, negociantes e prostitutas não licenciados. - Gina foi falando - Por este motivo eu adoro esse lugar. - abriu a porta e para o “Dow and Dirty Club”, entrando no ar denso que cheirava a suor, bebida barata e comida ruim. Os quartos privativos que se alinhavam em uma parede lateral estavam abertos, deixando o cheiro de sexo rançoso se espalhar.
Era uma taverna, uma que apreciava ser rústica, no mínimo, e trabalhava as margens da lei, da saúde, e da decência.
Uma faixa holográfica focava no palco jogando luzes indiferentes para um número limitado de clientes desinteressados.
Luna Lovegood estava em uma cabine isolada na parte de trás, o cabelo roxo caindo por suas costas e dois trapos incandescentes drapejados e prateados sobre seu corpo pequeno e audacioso.
E pela maneira que sua boca se movia e seus quadris se mexiam, Gina teve certeza que ela estava ensaiando algum dos seus interessantes vocais.
Gina bateu no vidro, esperando que os olhos de Luna procurassem em torno de si e pousassem nos seus.
A boca de Luna, do mesmo roxo abrasador de seu cabelo, alargou-se em uma expressão de prazer. Deu uma volta rápida e quando empurrou a porta, o barulho ensurdecedor das guitarras que a acompanhou do interior da cabine quase explodiram seus tímpanos. Luna lançou-se dentro de seus braços, e, embora ela estivesse berrando, Gina capturava somente algumas poucas palavras sobre o som estrondoso.
- O que? - rindo, Gina bateu a porta fechando-a, sacudiu a cabeça onde ainda soava ecos. - Cristo, Luna. O que era aquilo?
- Meu número novo. Ele vai bater no inconsciente.
- Acredito.
- Você voltou. – Luna lhe deu dois espalhafatosos e inevitáveis beijos - Vamos sentar-se ali. Tomaremos uma bebida. Conte-me cada detalhe. Não me esconda nada. Hei, Hermione, você não está cozinhando neste uniforme?
Arrastou Gina até uma mesa nojenta, e apertou o botão do menu.
- O que você quer? É por minha conta. Crack está pagando um belo salário semanal aqui. Disse que sentiu falta de você. Estou tão feliz de vê-la! Você tem uma aparência fabulosa. Você está radiante. Não tem uma aparência ótima, Hermione? O sexo é uma terapia, não?
Gina riu novamente, sabendo ela vinha ali apenas por isso. Distração.
- Apenas dois copos de água gelados, Luna. Estamos em serviço.
- Ah, como se alguém aqui fosse denunciar vocês. Desabotoe um pouco este uniforme, Hermione, estou sentindo calor apenas em olhar para você. Como foi em Paris? Como foi nas ilhas? Como foi no resort? Ele fudeu seu cérebro em todos os lugares?
- Lindo, maravilhoso, interessante e sim ele o fez. Como vai Leonardo?
Os olhos de Luna ficaram sonhadores. Ela sorriu e brincou com o menu com sua unha prateada.
- Nossa convivência é maravilhosa. Melhor do que eu pensei que seria. Ele desenhou este traje para mim.
Luna estudou as finas cintas de prata que cobria parcialmente os seios de Luna.
- É assim que você o chama?
- Eu tenho feito este número novo, vejam. Oh, eu tenho tanta coisa para dizer para vocês! - ela deu um gole na água fria, agora mexia em um entalhe da mesa - Eu não sei por onde começar. Há este homem, um engenheiro musical. Ele está trabalhando comigo. Nós estamos fazendo um disco, Gina. Tratamento completo. Ele está certo que pode vender. Ele é demais, Jess Barrow. Ele estava bombando há alguns anos atrás com seu próprio material. Talvez você tenha escutado falar dele.
- Não. - Gina pensou que, para uma mulher que vivera nas ruas por uma boa parcela de sua vida, Luna era incrivelmente ingênua sobre certas coisas. - Quanto está pagando para ele?
- Não é o que está imaginando. - os lábios de Luna moveram-se em um beicinho - Eu estou pagando metade do dinheiro da gravação, certo? E se tivermos sucesso ele fica com sessenta por cento nos primeiros três anos, depois disso renegociamos.
-Eu já ouvi falar dele. - Hermione comentou. Ela abriu um botão de seu colarinho. Um tributo a sua afeição por Luna - Ele tem um dos maiores hits dos últimos tempos, e ele está atado há Cassandra.
As sobrancelhas de Gina arquearam-se enquanto ela erguia os ombros.
- A cantora, você sabe.
- Você é uma amante de musicas, Hermione? Você nunca deixa de me surpreender.
- Eu gosto de ouvir algumas músicas. - Hermione murmurou em um tom defensivo, parecendo embaraçada - Como qualquer um.
- Bem, Cassandra já é carta fora do baralho. - Luna disse animada - Ele está procurando alguns novos vocalistas. Assim como eu.
Gina perguntava-se o que outra coisa ele podia estar procurando.
- O que o Leonardo pensa disso?
- Ele acha que é super. Você precisa ir ao estúdio, Gina, nos surpreender em ação. Jess é um gênio certificado!
Ela intencionava surpreendê-lo em ação, sem dúvida. A lista de pessoas que Gina gostava era muito pequena. E Luna estava nela.
Esperou até ela estar de volta ao carro com Hermione, dirigindo-se para a Central de Polícia.
- Faça uma procura por Jess Barrow, Hermione.
Sem aparentar surpresa, Hermione removeu sua agenda e obediente anotou a ordem.
- Luna não irá gostar disso.
- Ela não tem que saber.
Gina desviou-se, circulando um carrinho aerodeslizante que oferecia frutas congeladas em um palito, curvou para Décima, onde escavadoras automáticas estavam rasgando as ruas novamente. Acima dela um dirigível ofertava pelas ruas, a clientes especiais do Bloomingdale’s: promoção da pré-estação de inverno dava aos homens, mulheres e afins, vinte por cento de desconto na compra das roupas. Uma pechincha.
Ela localizou o homem em uma depressão, vestido com o casaco indo a direção de um trio de meninas pré-adolescentes.
- Merda. Aquele é Clévis.
- Clévis?
- Aqui é seu campo de atividade. Sua área. - Gina disse simplesmente desviando-se para o interior de uma zona de carregamento. - Eu costumava fazer este percurso quando era policial de rua. Ele tem circulando por aqui por anos. Vamos nos aproximar Hermione, e poupar aquelas meninas.
Pisou no acelerador, contornando dois homens que discutiam sobre baseball. Pelo cheiro que exalavam, julgou estarem discutindo por um tempo demasiadamente longo.
Gritou, mas as furadeiras cobriram sua voz.
Resignada, ela acompanhou seus passos e interceptou Clévis antes que ele alcançasse as inocentes garotas.
- Hei Clévis!
Ele piscou para ela através das pálidas lentes que o protegiam da radiação solar. Seus cabelos eram loiros, cor de areia, e cacheados em torno do rosto como um inocente querubim. Era um octogenário. Mas não aparentava a idade que tinha.
- Weasley. Hei Weasley. Eu não tenho visto você por essas bandas a muito tempo. - ele deixou que os dentes grandes e brancos brilhassem enquanto analisava Hermione. - Que é esta?
- Hermione, este é Clévis. Clévis, você não está indo incomodar aquelas pequenas garotas, esta?
- Não, merda. Hum, hu. Eu não estava indo incomodá-las. – ele meneou as sobrancelhas - Eu ia apenas mostrar uma coisa para elas. Isso é tudo.
- Você não quer fazer isso, Clévis. É melhor manter-se dentro de casa, está fazendo muito calor aqui fora.
- Eu gosto de calor. - ele soltou uma risada - Lá vão elas. - ele disse com um suspiro, enquanto o trio de garotas atravessavam a rua. - Suponho que não poderei lhes mostrar hoje. Então mostrarei para vocês.
- Clévis, não... - Então Gina prendeu seu fôlego. Ele afastava para os lados as abas de seu casaco. Sob ele estava nu, a não ser por um brilhante laço azul amarrado cerimoniosamente em volta de seu pênis flácido.
- Muito bem, Clévis. Esta cor fica bem em você. Combina com seus olhos. - ela colocou a mão amigavelmente em seu ombro. - Vamos fazer um passeio, certo?
- Certo. Você gosta de azul, Hermione?
Hermione assentiu solenemente enquanto ela abria a porta da unidade, ajudando-o a entrar.
- Azul é minha cor favorita. - ela fechou a porta do veículo, encontrando os olhos risonhos de Gina.
- Bem vinda de volta, Tenente.
- É muito bom está de volta, Hermione. Apesar de tudo, é muito bom está de volta.
Era também, muito bom, estar em casa. Gina dirigiu através dos altos portões de ferro que guardavam a fortaleza. Era menos chocante agora, deslizou ao longo da curva, através dos gramados bem feitos e árvores floridas em direção a elegante mansão de pedras e cristal, onde ela vivia atualmente. O contraste em relação onde trabalhava e onde morava agora era gritante. Tudo era calmo ali. Um tipo de quietude em meio à cidade grande, que somente os muitos ricos podiam conseguir. Podia ouvir o cantar dos pássaros, observar o céu, cheirar o doce aroma da grama recentemente podada. Minutos distantes, estava a abundante, ruidosa e suada massa nova-iorquina. Ali, ela supôs, era o refugio. Tanto para Harry, quanto para si mesma. Duas almas perdidas. Ele os chamava assim. Ela se perguntava se tinham deixado de ser perdidas quando encontraram um ao outro. Deixou seu carro em frente à entrada, sabendo que o veículo amassado e de modelo ultrapassado, ofenderia Moody, mordomo esnobe de Harry. Seria simples coloca-lo no piloto-automático e faze-lo dar a volta na casa para estacioná-lo na vaga reservada para ele na garagem, mas se divertia com suas pequenas alfinetadas em Moody.
Abriu a porta e o encontrou-o estático no grande vestíbulo com o nariz franzido e um esgar de desprezo nos lábios.
- Tenente, seu veículo é ofensivo.
- Hei! Ele é propriedade da cidade. - ela estendeu a mão para cumprimentar o gato de olhos exóticos - Você não o quer ali, tire-o você mesmo.
Ela escutou uma sonora risada ecoar pelo salão, arqueou as sobrancelhas.
- Convidados?
- Certamente.
Com seu desaprovador olhar, Moody analisou sua velha camisa e suas calças amassadas, deslizando o olhar sobre a arma ainda acoplada ao corpo.
- Eu sugeriria que você tomasse um banho e depois mudasse suas roupas, antes de se unir aos convidados.
- Eu sugeriria que você beija-se minha bunda. - ela disse docemente e passou por ele.
Na sala de visitas, lotada de tesouros que Harry tinha coletado em todo universo conhecido, uma íntima e elegante festa estava acontecendo. Os canapés se assentavam elegantemente nas bandejas de prata, um vinho de um pálido dourado cintilava nas taças. Harry era um anjo negro, vestido com uma roupa que ele considerava casual. A camisa de seda negra, aberta no colarinho, as calças também na mesma cor, perfeitamente drapejadas.
Completava o traje um cinto de prata que lhe caia perfeitamente. Mostrava exatamente o que ele era: rico, bonito e perigoso. Apenas um casal estava com ele na sala. O homem era tão claro quanto Harry era sombrio. Os cabelos dourados e longos caiam pelos ombros, cobertos como uma confortável camisa azul. O rosto quadrado e bonito, apenas com os lábios demasiadamente finos, em contraste com os olhos castanhos escuros que observavam. A mulher era impressionante. Uma cascata de cabelos vermelhos profundos, da cor do mais rico vinho, descia em ondas e caiam sensualmente abaixo da curva do queixo. Os olhos verdes, fogosos como uma gata, e sobre esses as sobrancelhas escuras como carvão.
Sua pele era como alabastro estendida sobre as proeminências de seu rosto. E a boca era sensual e generosa. Seu corpo era compatível ao rosto, e estava, atualmente, aderido a uma coluna esmeralda onde um decote expunha o elegante ombro esquerdo desnudo e mergulhava entre os incríveis seios em direção a cintura.
- Harry! - ela deixou escapar aquela risada fluída outra vez, deslizando uma mão pálida sobre os cabelos da nuca de Harry e beijando-lhe delicadamente - Eu tenho sentido uma terrível falta sua.
Gina pensou na arma que estava presa nas correias ao lado de seu corpo e como ela estava padronizada para uma potência baixa. Ela mandaria aquela ruiva, com apenas um golpe, a uma dança louca. Era apenas um pensamento de passagem, Gina assegurou a si mesma, e soltou o gato Galahad antes que comprimisse as camadas de gordura contra suas costelas.
- Você não perdeu tempo. - disse casualmente enquanto entrava.
Harry censurou-se e olhou em sua direção sorrindo. Nós teremos que limpar este ar de convencimento de sua face, pensou. Em pouco tempo.
- Gina, nós não ouvimos você chegar.
- Obviamente.
Ela pegou um canapé qualquer da bandeja e levou-o a boca.
- Eu acredito que você não conheça nossos convidados. Reeanna Ott, William Shaffer, minha esposa, Gina Weasley.
- Cuidado, Ree. Ela está armada. -com uma risada, Willian cruzou a sala estendendo-lhe a mão. Movia-se em longos passos, quase como um galope. - É um prazer conhece-la, Gina. Um prazer genuíno. Eu e Ree ficamos muito desapontados por não poder vim ao casamento.
- Devastados. - Reeanna sorriu para Gina. Seus olhos verdes cintilavam. - Eu e Willian estávamos ansiosos para nos encontrar, face a face, com a mulher que tinha colocado Harry de joelhos.
- Ele ainda está. - Gina lançou um olhar de esguelha para Harry enquanto ele lhe entregava um copo de vinho - Até agora.
- Ree e William estavam no laboratório em Taurus três, trabalhando em alguns projetos para mim. Eles só voltaram a Terra para um merecido descanso.
- Oh? - Como se ela estivesse interessada naquilo.
- O projeto on-the-board tem sido um particular prazer. - Willian disse - Dentro de um ano ou dois no máximo, as Industrias Potter introduzirão uma nova tecnologia que irá revolucionar o mundo do entretenimento e diversão.
- Entretenimento e diversão. - Gina deu um sorriso irônico - A destruição da terra.
- Provavelmente terá potencial para isso. - Reeanna bebericou seu vinho e mediu Gina de cima a baixo: atrativa, irritante, competente. Pensou. - Há potenciais descobertas médicas também.
- Que é a especialidade de Ree. - Willian elevou sua taça com íntima afeição em seus olhos - Ela é uma médica experiente. Eu sou apenas um garoto me divertindo.
- Eu estou certa que, depois de um longo e exaustivo dia, Gina não está querendo ouvir nós falarmos sobre nosso trabalho. – pausa - Os cientistas... – Reeanna falou com um sorriso de desculpa - São entediantes. – pausa - Você esteve no Olympus Resort. - A seda sussurrava enquanto Reeanna deslocava o corpo. - Willian e eu fizemos parte da equipe que projetou o complexo de divertimento e o centro médico de lá. Vocês tiveram tempo para uma tour?
- Brevemente. - estava sendo rude, Gina lembrou a si mesma. Ela devia se acostumar em voltar para casa, encontrar convidados elegantes e ver lindas mulheres ronronando sobre seu marido.
- Muito impressionante, mesmo em estágio de execução. Imagino que a facilidade médica será melhor quando estiver pronto. - virou-se para Willian perguntando - Então os hologramas nos quartos de hotel são seus?
- Culpado. - ele disse com um brilhante sorriso - Eu adoro os jogos. E você?
- Gina os considera um trabalho. Acontece que nós tivemos um acidente enquanto estávamos lá. - Harry o pôs a par - Um suicídio. Um dos técnicos de autotrônica. Mathias?
As sobrancelhas de Willian se enrugaram.
- Mathias... jovem, ruivo e cheio de sardas?
- Sim.
- Bom Deus. - ele murmurou, deu um gole profundo no conteúdo do copo - Suicídio? Vocês estão certos que foi um acidente? Minha lembrança é de um jovem de grandes idéias. Não um que acabaria com sua própria vida.
- Ele o fez. - Gina falou sucinta - Enforcou-se.
- Que horrível. - pálida agora, Reeanna sentava no braço de poltrona - Eu o conheci, Willian?
- Acho que não. Você pode tê-lo visto em um dos clubes que íamos, mas não me lembro dele como alguém muito sociável.
- Estou chocada com tudo isso. - Reeanna disse - E como deve ter sido degradável ter que cuidar de uma tragédia dessas em plena lua de mel. Bem, não falemos mais sobre isso. - Galahad pulou na poltrona deslizando sua cabeça sobre as mãos elegantes de Reeanna. - Eu prefiro ouvir sobre o casamento que perdemos.
- Fique para o jantar. - Harry deu um aperto discreto em seu braço - Nós poderemos entedia-los até as lágrimas com a narrativa.
- Infelizmente não podemos. - Willian ofereceu aos ombros de Reeanna a mesma carícia que ela tinha dado a cabeça do gato - Iremos a uma peça de teatro. Já estamos atrasados.
- Você está certo, como sempre. - com óbvio pesar Reeanna levantou-se - E espero você nos de uma outra chance. Estaremos no planeta, talvez pelos próximos dois meses, e eu vou amar a oportunidade de conhecer você, Gina. Harry e eu temos uma longa amizade.
- Você é bem vinda em qualquer momento. Verei ambos no escritório, amanhã, para um relatório completo.
- Perspicaz e jovem. – Reeanna colocou sua taça de lado - Talvez possamos almoçar alguns dias desses. Apenas nós, mulheres. - Seus olhos cintilaram com tão bom humor que Gina se sentiu estúpida - Nós poderemos trocar impressões sobre Harry.
O convite era demasiadamente amigável para ser ofensivo. E Gina percebeu-se sorrindo
- Isto pode ser interessante. - Ela falou indo até a porta com Harry, acenado-lhes.
- Precisamente quantas impressões... - disse enquanto voltava o passo para encarar o marido - Haverá para comparar?
- Isso foi há muito tempo. - ele a enlaçou pela cintura para um beijo de boas vindas atrasado - Séculos atrás.
- Ela provavelmente comprou aquele corpo.
- Eu teria que denominá-lo um excelente investimento.
Gina elevou seu queixo olhando-o mal humorada.
- Há alguma mulher bonita que você não tenha levado para sua cama?
Harry inclinou a cabeça e estreitou os olhos em consideração.
- Não. - ele riu quando ela remexeu-se em seus braços - Você não ligou para isso, ou já teria me batido. - então grunhiu quando a mão fechada dela acertou seu estômago. Friccionou-o, agradecido por ela ter retirado o punho - Eu devia ter ficado calado enquanto estava ganhando.
- Que isto lhe sirva de lição, Dom Juan. - Mas Gina deixou-o tirar seus pés do chão e eleva-la acima do ombro.
- Com fome? - ele perguntou-lhe.
- Morrendo.
- Eu também. – ele começou a subir os degraus - Vamos comer na cama.
Agradecimentos especiais:
gilmara: Realmente a Gina tem medo de voar para fora do planeta, mas bem que ela aproveitou o vôo, não é mesmo? Postei mais um capitulo, sei que demorou um pouco, mas se eu tivesse postado antes iria revelar o final de Eternidade. Abraços.
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