CAPÍTULO ONZE
Anna Lupin veio recebê-los na porta. Suas mãos estavam agitadas, e afinal se apertaram, coladas à altura da cintura.
- Jack, o que está havendo? Linda está aqui. Ela me disse que você ligou e falou que eu precisava da assistência profissional dela. - Seu olhar voou de Gina para Neville, e depois de volta para o marido. - Por que motivo eu precisaria de uma advogada?
- Está tudo bem. - Ele colocou a mão de modo tenso, mas protetor, sobre o ombro da mulher. - Vamos entrar, Anna.
- Mas eu não fiz nada! - Ela conseguiu dar uma pequena gargalhada nervosa. - Ultimamente não recebi sequer uma multa de trânsito...
- Sente-se, querida. Linda, obrigado por ter vindo tão depressa.
- Não foi nada.
A advogada dos Lupin era jovem, com olhos atentos e uma pele tão lisa que chegava a brilhar. Levou alguns instantes para Gina se lembrar de que, além disso, ela também era filha do casal.
- Tenente Weasley, não é? - Linda a analisou por completo e resumiu tudo em poucas palavras. - Eu a estou reconhecendo. - Apontou para uma cadeira antes que os pais pudessem pensar nisso. - Por favor, sente-se.
- Eu sou o capitão Neville, da Divisão de Detecção Eletrônica.
- Sim, já ouvi meu pai falar várias vezes a seu respeito, capitão Neville. Vamos lá. - e colocou a mão sobre a da mãe. - Do que se trata tudo isso?
- Apareceram algumas informações que precisam ser esclarecidas. - Gina pegou o gravador e o ofereceu a Linda para que ela o examinasse. Tentou não pensar no fato de que Linda se parecia muito com o pai, com sua pele cor de caramelo e o olhar frio. Os genes e os traços familiares a deixavam fascinada, e assustada.
- Pelo que vejo, isto vai ser um interrogatório formal. - Com uma calma estudada, Linda colocou o gravador de Gina sobre a mesa e pegou o seu próprio aparelho também.
- Exato. - Gina recitou a data e o horário. - Oficial entrevistadora: tenente Gina Weasley. Também presentes na sala o comandante Remus Lupin, o capitão Neville Longbottom e a entrevistada, Anna Lupin, em companhia também da advogada que a representa.
- Linda Lupin. Minha cliente está ciente de todos os seus direitos e concorda com o momento e o local determinados para o interrogatório. Como advogada, reservo-me o direito de encerrar a entrevista quando julgar adequado ou necessário. Prossiga, tenente Weasley.
- Senhora Lupin, - começou Gina - a senhora conhecia a falecida senhora Lilá Brown?
- Sim, é claro. Este assunto tem relação com Lilá? remo... - Ele simplesmente balançou a cabeça e manteve a mão sobre o ombro da mulher.
- A senhora também conhecia a família da falecida? Seu ex-marido, Marco Angelini, seu filho, David Angelini, e sua filha, Mirina.
- Mais do que conhecia. É como se as crianças fossem parte da minha família. Ora, Linda até mesmo andou namorando com...
- Mamãe!... - Com um sorriso repentino, Linda interrompeu. - Simplesmente responda à pergunta. Não entre em detalhes.
- Mas isso é ridículo! - Um pouco da perplexidade de Anna se transformou em irritação. Afinal de contas, aquela era a casa dela e a família dela. - A tenente Weasley já sabe as respostas para todas essas perguntas.
- Desculpe ficar batendo na mesma tecla, senhora Lupin. Como descreveria a sua relação com David Angelini?
- David? Ora, eu sou madrinha dele. Acompanhei o seu crescimento.
- A senhora tinha conhecimento de que David Angelini estava com problemas financeiros antes da morte de sua mãe?
- Sim, ele estava... - Seus olhos se arregalaram. -A senhorita não acredita realmente que David... Isso é monstruoso! - Ela descartou a idéia e pressionou a boca, formando com ela uma linha fina e vermelha. - Uma pergunta como essa não merece resposta.
- Compreendo que a senhora se sinta no dever de proteger seu afilhado, senhora Lupin. Compreendo também que a senhora faria qualquer coisa para protegê-lo, não importa a despesa. Mesmo que fossem duzentos mil dólares.
O rosto de Anna empalideceu de modo visível apesar da maquiagem elaborada.
- Não sei do que a senhorita está falando.
- Senhora Lupin, a senhora nega ter pago a David Angelini a soma de duzentos mil dólares, em parcelas de cinqüenta mil dólares, durante um período de quatro meses, começando em fevereiro deste ano e terminando em maio?
- Eu... - Ela agarrou a mão da filha e evitou a do marido. - Tenho de responder a isto, Linda?
- Peço um momento, por favor, para conversar a sós com minha cliente. - De forma rápida, Linda passou o braço em torno da mãe e a levou para a sala ao lado.
- Você é muito boa, tenente. - disse Lupin, de forma rígida. - Já fazia algum tempo que eu não acompanhava um de seus interrogatórios.
- Remo. - Neville suspirou tomando as dores de todos. - Ela está fazendo o trabalho dela.
- Sim, está. É nisso que ela é boa. - Olhou para o lado, na direção de sua esposa, que estava voltando para a sala.
Ela estava pálida e tremendo um pouco. A queimação no estômago do comandante aumentou.
- Podemos continuar. - disse Linda. Havia um brilho de confronto quando seu olhar se focou em Gina. - Minha cliente deseja fazer uma declaração. Vá em frente, mamãe, está tudo bem.
- Desculpe. - Lágrimas começaram a brilhar em seus cílios. - Remo, desculpe. Não pude evitar. Ele estava em dificuldades. Eu sei o que você havia dito, mas não pude evitar.
- Está tudo bem. - Resignado, ele pegou a mão que estava estendida em sua direção e ficou em pé ao lado da mulher. - Conte toda a verdade à tenente e nós vamos resolver isso.
- Eu dei o dinheiro a ele.
- Ele a ameaçou, senhora Lupin?
- O quê? - O choque pareceu secar as lágrimas que ameaçavam desabar de seus olhos. - Oh, minha nossa! É claro que ele não me ameaçou! Ele estava em apuros. - repetiu ela como se aquilo fosse o suficiente para todos. - David devia uma quantidade muito grande de dinheiro ao tipo errado de pessoas. Seus negócios, a parte dos negócios do pai que ele supervisionava, estavam passando por uma turbulência temporária. E David tinha um novo projeto que estava tentando fazer decolar. Ele me explicou tudo. - acrescentou ela com um aceno de mão. - Não me recordo exatamente o que era, nunca me preocupei muito com os negócios.
- Senhora Lupin, a senhora fez quatro pagamentos de cinqüenta mil dólares para David. E não me transmitiu esta informação nas entrevistas anteriores.
- E isso era da sua conta? - Sua coluna estava novamente ereta, fazendo-a se sentar dura, reta e fria como uma estátua. - Era dinheiro meu, e um empréstimo pessoal ao meu afilhado.
- Um afilhado - completou Gina, começando a perder a paciência - que estava sendo investigado em um caso de assassinato.
- O assassinato da mãe dele. Era melhor a senhorita também me acusar de matá-la junto com David.
- A senhora não ia herdar uma grande parcela do patrimônio da vítima.
- Ora, senhorita, escute-me agora. - A raiva combinava bem com ela. O rosto de Anna rebrilhava quando ela se inclinou para a frente. - Aquele menino adorava a mãe, e ela a ele. David ficou arrasado com a morte dela. Eu sei. Eu me sentei com ele, eu o consolei.
- A senhora deu a ele duzentos mil dólares.
- O dinheiro era meu, para fazer com ele o que eu bem quisesse. - Ela mordeu o lábio. - Ninguém queria ajudá-lo. Seus pais se recusaram. Eles combinaram de recusar-lhe ajuda. Lilá era uma mãe maravilhosa e amava os filhos, mas acreditava fortemente em disciplina. Estava determinada a deixá-lo lidar com o problema por conta própria, sem ajuda dela. Sem a minha ajuda. Só que no momento em que ele me procurou, desesperado, o que eu poderia fazer? - quis saber ela, virando-se para o marido. - Remo, eu sei que você me mandou ficar de fora do problema, mas ele estava aterrorizado, tinha medo de que eles o machucassem e mutilassem, talvez até que o matassem. O que você sentiria se isso acontecesse com Linda, ou Steven? Você não ia querer que alguém os ajudasse?
- Anna, alimentar o problema não é ajuda.
- Ele ia me pagar tudo de volta. - insistiu ela. - Não estava pensando em gastar o dinheiro em jogo. Ele me prometeu. Precisava apenas de algum tempo, eu não podia negar isso a ele.
- Tenente Weasley, - começou Linda - minha cliente emprestou o próprio dinheiro para um membro da família, em boa-fé. Não há crime algum nisso.
- Sua cliente não foi acusada de nenhum crime, doutora.
- A senhorita, tenente, em algum dos interrogatórios anteriores, perguntou à minha cliente, diretamente, a respeito de sua disponibilidade de fundos? Perguntou à minha cliente se ela tinha algum acordo financeiro com David Angelini?
- Não, não perguntei.
- Então ela não era obrigada a fornecer essa informação por livre vontade, o que, de resto, lhe pareceu muito pessoal e sem ligação com a sua investigação.
Sem nenhuma má intenção.
- Ela é mulher de um policial. - disse Gina com um ar desgastado. - O conhecimento dela sobre assuntos como este tem de ser maior do que o da maioria das pessoas. Senhora Lupin, a promotora Lilá Brown discutiu com o filho por causa de dinheiro, por causa do vício de jogo de David, por causa de suas dívidas e da liquidação delas?
- Ela estava chateada. Naturalmente, eles brigaram. As famílias brigam. Só que ninguém se machuca mutuamente.
Talvez não em seu mundinho perfeito, pensou Gina.
- Quando ocorreu o seu último contato com David Angelini?
- Há coisa de uma semana. Ele me ligou para saber se eu estava bem, se Remo estava bem. Conversamos a respeito da idéia de criar uma fundação para doar bolsas de estudo em nome da mãe dele. Essa foi idéia dele, tenente. - disse ela com novas lágrimas nos olhos. - David quer que a mãe seja sempre lembrada.
- O que a senhora sabe a respeito do relacionamento de David com Yvonne Metcalf?
- A atriz? - Os olhos de Anna ficaram sem expressão antes que ela os enxugasse. - David a conhecia? Ele jamais mencionou isto.
Gina tinha jogado verde para ver se colhia maduro, mas não teve sucesso.
- Obrigada, senhora Lupin. - Ela recolheu o aparelho da mesa e terminou a entrevista. - Doutora, seria interessante avisar à sua cliente que é melhor que ela não mencione esta entrevista, nem parte dela, a ninguém que não esteja nesta sala.
- Sou a mulher de um policial. - Anna quase jogou a frase de volta na cara de Gina. - Entendo dessas coisas.
Na última imagem que Gina teve do comandante ao sair da casa ele estava abraçado à mulher e à filha.
Gina queria um drinque. No momento em que deu o dia por encerrado, ela passara a maior parte da tarde em busca de David Angelini. Ele estava em reunião, depois não podia ser localizado, estava em toda parte, menos onde ela o procurava.
Sem ter outra escolha, Gina deixara mensagens em todos os pontos possíveis do planeta e chegou à conclusão de que só por um golpe de sorte ela saberia dele antes do dia seguinte.
Nesse meio-tempo, ela estava diante de uma casa enorme e vazia e de um mordomo que detestava até o ar que ela respirava. A idéia veio em um impulso, no momento em que ela entrava pelos portões. Gina pegou no tele-link do carro e ordenou o número de Luna.
- É a sua noite de folga, não é? - perguntou no instante em que o rosto de Luna surgiu na tela.
- Pode apostar. Tenho de dar um descanso às cordas vocais.
- Tem algum plano para hoje?
- Nada que não possa ser descartado se pintar coisa melhor. O que está pensando em fazer?
- Harry está fora do planeta. Você está a fim de aparecer para passar a noite aqui e ficar bêbada?
- Aparecer na casa de Harry Potter, passar a noite na casa de Harry Potter, ficar bêbada na casa de Harry Potter? Já estou indo!
- Espere, espere. Vamos fazer a coisa em grande estilo. Vou mandar um carro aí para pegá-la.
- Uma limusine? - Luna esqueceu as cordas vocais e soltou um grito agudo. - Meu Deus, Weasley, mande o motorista usar algo tipo um uniforme. O pessoal aqui do prédio vai se debruçar nas janelas com os olhos esbugalhados!
- Quinze minutos. - Gina encerrou a ligação e só faltou dançar enquanto subia os degraus até a porta. Moody estava ali, como era de esperar, e ela lhe dirigiu um aceno arrogante com a cabeça. Ela andara praticando. - Moody, vou receber uma pessoa amiga para passar a noite aqui. Mande um carro apanhar essa pessoa na Avenida C, número 28.
- Uma pessoa amiga. - Sua voz parecia cheia de suspeitas.
- Exato, Moody. - Gina deslizou suavemente escada acima. - Uma pessoa muito querida e chegada. Não se esqueça de avisar ao cozinheiro que serão duas pessoas para jantar.
Gina conseguiu se colocar fora do alcance dos ouvidos do mordomo antes de se dobrar de tanto rir. Moody estava imaginando que ia haver um encontro amoroso, ela tinha certeza disso. Só que ele ia ficar ainda mais escandalizado quando pusesse os olhos em Luna.
Luna não a desapontou. Embora, em se tratando de Luna, ela estivesse vestida de forma até conservadora. Seu cabelo, para aquele dia, estava razoavelmente comportado, em um tom de dourado bem brilhante, no estilo que tinha o nome de “meio balanço”. Um dos lados cintilantes se curvava na direção da orelha, enquanto a outra metade descia escorrida até roçar o ombro.
Ela usava também uma meia dúzia de brincos variados, todos nas orelhas. Um conjunto muito discreto, em se tratando de Luna Lovegood.
Ela saltou do carro debaixo de um temporal de primavera e entregou, nas mãos de um Moody completamente sem fala, a sua capa transparente enfeitada com luzinhas. Então girou o corpo três vezes. A exibição era mais, pensou Gina, devido ao êxtase que sentiu diante do saguão do que para mostrar a roupa colante vermelha.
- Uau!
- Foi o que eu pensei. - disse Gina. Ela tinha ido até a entrada e ficara esperando, pois não queria que Luna se encontrasse sozinha com Moody. A estratégia se mostrou desnecessária, porque o mordomo, que normalmente olhava para tudo com desdém, estava com uma cara de completo idiota.
- É simplesmente demais! - disse Luna com um tom reverente. - Realmente demais! E você está com essa casa inteira só para você?
Gina lançou um olhar de esguelha para Moody com frieza.
- Mais ou menos. - replicou.
- Excelente! - Piscando com os cílios compridos, Luna esticou a mão em cuja parte de trás se destacava a tatuagem de dois corações entrelaçados. - E você deve ser o Moody. Já ouvi muitas coisas a seu respeito.
Moody tomou-lhe a mão, tão abalado que por pouco não a levava aos lábios, antes de conseguir se controlar.
- Madame. - respondeu ele com rigor.
- Ah, deixe disso, me chame de Luna! Grande lugar para se trabalhar, hein? Você deve faturar uma grana alta nesta casa!
Sem saber se estava estarrecido ou encantado, Moody deu um passo para trás, conseguiu florear uma pequena reverência e desapareceu nos fundos da sala, carregando a capa que gotejava.
- Um homem de poucas palavras. - Luna piscou, soltou uma risadinha e saiu desfilando pela sala sobre as suas plataformas de quinze centímetros de altura. Deu um gemido sensual quando chegou ao portal da sala seguinte. - Você tem uma lareira de verdade, Gina.
- Deve haver umas duas dúzias delas, eu acho.
- Ai, meu Deus! Vocês transam em frente à lareira? Como nos filmes antigos?
- Vou deixar essa resposta por conta da sua imaginação.
- Ah, eu bem que posso imaginar. Por Cristo, Weasley, aquele carro que você mandou para me apanhar! Uma limusine de verdade, uma clássica. Tinha de estar chovendo! - Ela girou o corpo para trás, fazendo os brincos dançarem. - Só metade das pessoas que eu queria impressionar me viu sair. O que vamos fazer primeiro?
- Podemos comer.
- Estou morrendo de fome, mas tenho de conhecer o lugar antes. Mostre-me alguma coisa.
Gina refletiu. O terraço era incrível, mas estava chovendo a cântaros. A sala de armas estava fora de cogitação, bem como o salão de treinamento de tiro. Gina considerava estas áreas proibidas a convidados sem a presença de Harry. Havia muitos outros locais, é claro. Com um olhar duvidoso, Gina observou os sapatos de Luna.
- Você consegue realmente andar em cima disso?
- Eles têm amortecedores a ar. Nem dá para sentir que estou de sapatos.
- Tudo bem, então. Vamos pelas escadas. Você vai conseguir ver mais coisas assim.
Primeiro Gina levou Luna até o solário, divertindo-se com a reação da amiga, que ficou de queixo caído diante das plantas exóticas, das árvores, das cascatas espumantes e dos pássaros que cantavam. A parede de vidro curvo estava sendo castigada pela chuva, mas através dela dava para ver as luzes de Nova York, que brilhavam.
Na sala de música, Gina programou o som de uma banda barulhenta e deixou que Luna a distraísse com uma pequena seleção de sucessos recentes de arrebentar os tímpanos.
Passaram uma hora no salão de jogos lutando contra o computador, uma contra a outra e a seguir com os oponentes holográficos dos games ”Zona Livre” e “Apocalipse”.
Luna soltou diversos ”ohs” e ”ahs” ao visitar os diversos quartos, e finalmente escolheu a suíte onde queria passar a noite.
- Posso acender a lareira se eu quiser? - Luna passou a mão, de modo dominador, sobre a rica superfície do console, em lápislazúli.
- Claro, mas nós estamos quase no verão...
- Nem me importo se eu cozinhar. - Com os braços abertos, ela deu alguns passos compridos, dançando sobre o piso, depois olhou para o céu, acima da clarabóia, e acabou se atirando sobre a cama gigantesca, afundando nas almofadas cobertas de tecido espesso e prateado. - Estou me sentindo uma rainha. Não, não, uma imperatriz. - e se deixou rolar de um lado para outro enquanto o colchão ondulava suavemente por baixo de seu corpo. - Como é que você consegue se sentir normal em um lugar como este?
- Não sei. Estou morando aqui há pouco tempo.
Ainda rolando sem parar, indo de um lado das almofadas cheias de ar até outro, Luna riu.
- Pois para mim basta apenas uma noite. Nunca mais vou ser a mesma. - Arrastando-se até a cabeceira acolchoada da cama, Luna começou a apertar alguns botões. Luzes se acenderam, piscaram e se apagaram, começaram a girar e aumentaram de intensidade. Música surgiu em ondas, pulsando. O som de água correndo veio do aposento ao lado. - Que é isso?
- Você programou o seu banho - informou Gina.
- Opa... Ainda não. - Luna desligou o botão, tentou outro e viu o painel do fundo da sala deslizar para o lado e revelar um telão de três metros de altura. - Definitivamente, excelente! Vamos comer?
Enquanto Gina se acomodava na sala de jantar, em companhia de Luna, curtindo a primeira noite de folga em semanas, Nymphadora Tonks estava compenetrada, fazendo edição e preparando a próxima apresentação.
- Quero que você realce essa imagem, Louise, e congele em Weasley. - ordenou à técnica de edição. - Sim, sim, pode ampliar. Ela fica muito bem diante das câmeras.
Recostando-se na cadeira, Tonks estudou as cinco telas enquanto a técnica trabalhava no painel de controle. A sala de edição número 1 estava silenciosa, a não ser pelo murmúrio de vozes conflitantes que vinha da tela. Para Tonks, juntar as imagens sem interrompê-las, fundindo umas às outras, era tão excitante quanto sexo. A maioria dos apresentadores deixava aquele processo por conta dos técnicos, mas Tonks queria a própria mão no trabalho. Em todas as etapas dele.
A sala do noticiário, um andar abaixo, devia estar em polvorosa, naquele instante. Ela gostava daquilo também. A correria para ganhar da emissora concorrente, até o último sinal sonoro, até o último quadro da imagem, até o ângulo mais próximo do fato; os repórteres em volta, manejando os seus tele-links em busca de mais uma observação para apresentar, sugando de seus computadores o último dado disponível.
A competição acirrada não acontecia apenas do lado de fora, na Avenida das Comunicações. Havia muita briga ali mesmo, dentro da Divisão de Jornalismo do Canal 75.
Todo apresentador buscava a grande história, a melhor imagem, os maiores índices de audiência. Naquele momento, ela tinha tudo aquilo. E Tonks não pretendia perder nada.
- Bem aí, congele a imagem na parte em que estou em pé no jardim do prédio de Yvonne Metcalf. Certo, agora tente dividir a tela e coloque a imagem em que apareço na calçada onde Lilá Brown morreu. Isso mesmo! - Apertando os olhos, Tonks estudou a imagem. Ela parecia bem, decidiu. Estava com um ar digno e um olhar sério. A repórter intrépida e objetiva, revisitando as cenas dos crimes.
- Está ótimo. - Tonks cruzou as mãos e apoiou o queixo nelas. - Agora entre com a voz.
Duas mulheres talentosas, dedicadas, inocentes. Duas vidas brutalmente encurtadas. A cidade em sobressalto olha por cima dos ombros e se pergunta por quê. Famílias enlutadas choram seus entes queridos, enterram-nos e clamam por justiça. Mas há uma pessoa que está lutando para responder a este clamor, e para atender ao pedido.
- Congele aí. - ordenou Tonks. - Faça a mixagem com o rosto de Weasley do lado de fora do tribunal. Coloque o áudio.
A imagem de Gina encheu as telas por completo, com Tonks atrás dela. Essa tomada foi muito boa, Tonks pensou. Ela dava a impressão de que as duas estavam trabalhando juntas, que formavam uma equipe. Mal não ia fazer. Havia uma brisa suave que fez os cabelos das duas esvoaçarem. Por trás delas, o contorno do tribunal aparecia como uma lança apontada para o céu, um monumento à Justiça, com seus elevadores apressados correndo para baixo e para cima e seus corredores envidraçados coalhados de gente.
Minha função é encontrar um assassino, e eu levo esta função a sério. Quando termino o meu trabalho, a Justiça começa o dela.
- Perfeito! - Tonks fechou o punho. - Simplesmente perfeito! Agora, vá escurecendo a imagem a partir deste ponto, e eu continuo a matéria ao vivo. Essa tomada tem quanto tempo?
- Três minutos e quarenta e cinco segundos.
- Louise, eu sou genial, e você também não é das piores. Pode editar.
- Pronto, já está editado. - Louise deu a volta na mesa e fez um alongamento. Elas já trabalhavam juntas há três anos e eram amigas. - A matéria ficou muito boa, Tonks.
- Ficou mesmo! - Tonks olhou meio de lado. - Mas?...
- Certo. - Louise soltou o rabo-de-cavalo e passou a mão por dentro dos cabelos cheios e encaracolados. - O problema é que nós estamos chegando a ponto de ficarmos repetindo as notícias velhas. Não apareceu nada de novo nos últimos dias.
- Ninguém mais conseguiu novidades. E eu tenho Weasley.
- Essa é grande. - Louise era uma mulher bonita, com feições suaves e olhos brilhantes. Viera para o Canal 75 assim que saíra da faculdade. Depois de menos de um mês no emprego, Tonks a convocou para ser a sua principal editora de vídeo. O acerto era de interesse das duas. - Ela tem uma imagem confiável e uma voz excelente. Ainda por cima, o fator Potter acrescenta um dado de ouro. Tudo isto sem contar que ela tem a fama de ser uma boa policial.
- Então?
- Então eu andei pensando - continuou Louise - que até conseguir algum material novo você deveria enxertar algumas informações do caso DeBlass. Fazer as pessoas se lembrarem de que a nossa querida tenente resolveu um mistério dos grandes, e levou um tiro no cumprimento do dever. Isto serve para conquistar mais confiança.
- Não quero tirar o foco da investigação atual.
- Talvez devesse. - discordou Louise. - Pelo menos até aparecer alguma nova pista. Ou uma nova vítima.
Tonks sorriu.
- Um pouco mais de sangue bem que ia esquentar um pouco as coisas. Mais alguns dias e nós vamos estar saindo da temporada agitada para entrarmos na calmaria típica de junho. Tudo bem, vou me lembrar disso. Enquanto isso, talvez você queira juntar um pouco desse material antigo.
- Talvez eu queira? - Louise levantou as sobrancelhas.
- E se eu usar o seu material, pode deixar que você vai ganhar o crédito total pela matéria, sua gananciosa.
- Combinado. - Louise apalpou os bolsos do seu avental de edição e franziu a testa. - Acho que os meus cigarros acabaram.
- Você tem de parar com isso. Você sabe o que o chefão acha dos funcionários que arriscam a saúde.
- Eu só fumo aquela porcaria de cigarro feito com ervas.
- Então está limpo. Traga uns dois para mim, quando voltar. - Tonks teve a gentileza de parecer envergonhada. - E fique de bico calado! Eles são mais duros com os apresentadores que fumam do que com os técnicos.
- Você ainda tem algum tempo antes da retrospectiva da meia-noite, Tonks. Não quer tirar o seu intervalo de folga agora?
- Não, tenho umas ligações para fazer. Além do mais, está chovendo canivetes. - Tonks ajeitou o cabelo, que estava perfeitamente penteado. - Vá você. - e apanhou a bolsa. - Deixe que eu pago pelo cigarro.
- Está ótimo, já que vou ter de ir até a Segunda Avenida para achar uma loja que tenha licença para vender fumo. - Resignada, ela se levantou. - Vou usar a sua capa de chuva, Tonks.
- Fique à vontade. - Tonks entregou a ela um punhado de fichas de crédito. - Coloque os meus cigarros no bolso da capa, está bem? Vou estar na sala do noticiário.
As duas saíram juntas, com Louise toda coberta pela capa azul, que estava na última moda.
- Bom o tecido desta capa - comentou Louise.
- A água não passa de jeito nenhum.
Elas atravessaram juntas a rampa interna, passando por uma série de salas de edição e produção, e caminharam na direção de uma esteira rolante que descia até a parte externa do prédio. O barulho lá de fora começou a se infiltrar e Tonks teve de falar mais alto para Louise ouvi-la.
- Você e o Bongo ainda estão pensando em dar aquele grande passo?
- Estamos pensando tanto nisso que já até começamos a procurar apartamento. Vamos tomar o caminho tradicional. Resolvemos morar juntos por um ano, e, se funcionar, a gente legaliza.
- Antes você do que eu. - disse Tonks com sinceridade. - Não posso imaginar um único argumento que consiga me explicar o porquê de uma pessoa racional se encarcerar em companhia de outra pessoa racional.
- Amor. - Louise colocou a mão sobre o coração, dramaticamente. - Ele tem razões que fazem a racionalidade voar pela velha janela.
- Você é jovem e livre, Louise.
- E, se tiver sorte, vou ficar velha acorrentada ao Bongo.
- Quem, afinal de contas, ia querer ficar acorrentada a alguém chamado Bongo?
- Eu. Mais tarde a gente se vê. - Com um aceno rápido, Louise continuou a descida enquanto Tonks saltava no andar da sala do noticiário.
Pensando em Bongo, Louise ficou imaginando se ia conseguir chegar em casa antes de uma da manhã. Era a noite deles no apartamento dela. Aquela era uma pequena inconveniência que ia acabar assim que eles encontrassem um apartamento adequado, em vez de ficarem passando as noites de um lado para outro, alternando entre o quarto dele e o dela.
Distraída, ela olhou de relance para um dos muitos monitores que enchiam as paredes da entrada exibindo o programa que estava sendo levado ao ar naquele instante pelo Canal 75. Era uma série popular mostrando o cotidiano de uma família, o tipo de programa que saíra de moda e que fora ressuscitado nos anos recentes por talentos como o de Yvonne Metcalf.
Louise balançou a cabeça ao pensar nisso e a seguir deu uma risada ao se fixar em uma das telas e notar que o ator, em tamanho natural, olhava descaradamente para a platéia.
Tonks podia ser casada com as notícias, mas Louise gostava mesmo era de entretenimento puro e simples. Adorava as raras noites em que ela e Bongo podiam se enroscar diante do telão.
No amplo saguão do Canal 75 havia mais monitores, os balcões da segurança e uma agradável área de espera com poltronas, cercada de hologramas das estrelas da emissora. E, é claro, uma pequena loja de presentes cheia de suvenires, camisetas, bonés, canecas com autógrafos e hologramas dos maiores astros do canal.
Duas vezes por dia, às dez da manhã e às quatro da tarde, eram oferecidas visitas guiadas por toda a emissora. Louise acompanhara uma dessas visitas quando era criança, olhara para tudo aquilo completamente deslumbrada e decidira, lembrava naquele momento com um sorriso orgulhoso, que aquela seria a sua profissão.
Acenou para o guarda na entrada principal e desviou em direção à saída leste, que era o caminho mais rápido para a Segunda Avenida. Ao chegar à porta lateral que dava para a saída exclusiva dos funcionários, colocou a palma da mão sobre a placa de vidro, a fim de desativar a tranca. Quando a porta se abriu, ela franziu o rosto diante do barulho ensurdecedor da chuva. Quase mudou de idéia.
Será que um cigarro vagabundo valia uma corrida por dois quarteirões debaixo daquela água e do frio úmido e penetrante? Valia sim, pensou ela, e colocou o capuz sobre a cabeça. A capa cara e de boa qualidade a manteria seca o suficiente, e Louise já estava presa na sala de edição com Tonks há mais de uma hora. Encurvando os ombros, ela saiu com jeito decidido porta afora.
O vento a atingiu com tanta força que Louise diminuiu o ritmo para apertar mais a capa junto do corpo, na altura da cintura. Seus sapatos já estavam encharcados antes mesmo de ela atingir o último degrau na calçada e, olhando para eles, ela xingou baixinho:
- Bem, que se dane!
Essas foram as últimas palavras que pronunciou.
Um movimento atraiu a atenção dela e Louise olhou para cima, piscando uma vez para limpar a chuva dos olhos. Nem chegou a ver a faca, que já formava um arco descendente, em pleno ataque, para então cintilar ao refletir a chuva e cortar-lhe a garganta de um lado ou outro, de forma cruel.
O assassino a observou apenas por um instante, viu o sangue espirrar e o corpo despencar no chão como uma marionete com as cordas cortadas. Houve um momento de choque, a seguir raiva e então um rápido e trepidante sentimento de medo. A faca ensangüentada foi colocada de volta em um bolso fundo, e então a figura coberta por uma capa escura desapareceu por entre as sombras.
- Acho que eu ia conseguir viver assim. - Depois de uma refeição composta por um valioso bife vindo de Montana, acompanhada por lagostas pescadas nas águas da Islândia e regada a champanhe francês, Luna estava descansando na luxuriante piscina interna do solário. Bocejou, completamente nua, à vontade, e só um pouco bêbada. - E você está vivendo assim o tempo todo, Gina.
- Mais ou menos. - Como não tinha um espírito tão livre quanto o de Luna, Gina usava um confortável maio inteiro. Estava acomodada sobre uma bancada lisa feita de pedra, e ainda bebia. Ela não se dava ao luxo de relaxar daquela forma há tanto tempo que nem se lembrava. - Na verdade, Luna, eu não tenho muito tempo para aproveitar tudo isso.
- Invente tempo, garota. - Luna submergiu e voltou à tona mais uma vez, com os seios perfeitamente redondos brilhando sob as luzes azuis cintilantes que ela programara. Preguiçosamente, foi remando com as mãos até uma ninféia próxima e cheirou o vegetal. - Meu Deus, esta planta é de verdade! Sabe o que você tem aqui, Weasley?
- Uma piscina coberta?
- O que você tem - começou Luna enquanto pulava feito um sapo na direção da bandeja flutuante onde estava o seu copo, - é uma fantasia do mais alto nível. Daquele tipo que não se consegue nem com os óculos topo-de-linha para realidade virtual. - Tomou um lento gole de champanhe gelado. - Você não vai começar a se sentir esquisita e estragar tudo, vai?
- Do que está falando?
- Eu conheço você. Vai começar a dissecar toda a situação, questionar tudo, analisar. - Reparando que o copo de Gina estava vazio, Luna bancou a anfitriã e o completou. - Bem, estou lhe dizendo, minha amiga. Não faça isso.
- Eu não disseco as coisas para analisar.
- Você é a campeã das secadoras... das dissadoras... Droga, das dissecadoras. Uau, consegui falar! Tente pronunciar esta palavra cinco vezes com a língua dormente. - Luna usou o quadril para empurrar Gina para o lado e se sentou junto dela. - Ele é louco por você, não é?
Gina e deu de ombros e bebeu.
- Ele é rico, quer dizer, podre de rico. - continuou Luna - Bonito como um deus grego, e com aquele corpo!
- O que é que você sabe sobre o corpo dele?
- Eu tenho olhos. E os uso. Dá para imaginar muito bem como ele é pelado. - Divertindo-se com o olhar cintilante de Gina, Luna lambeu os lábios. - É claro que, quando você estiver a fim de me contar os detalhes que estão faltando, sou toda ouvidos.
- Que grande amiga!
- Sou mesmo. Enfim, ele é tudo isso. Depois, tem todo aquele lance de poder. Ele tem um tipo de poder que parece sair lá do fundo dele. - E realçou a afirmação espalhando um pouco de água. - E ele olha para as mulheres como se fosse comê-las vivas. Com aqueles olhos grandes, gulosos. Ai, acho que estou com tesão!
- Então tire as mãos de mim. - Luna bufou.
- Talvez eu vá lá dentro para seduzir Moody.
- Duvido que ele tenha um pinto.
- Aposto que eu consigo descobrir. - Só que ela estava com muita preguiça naquele instante. - Você está apaixonada por ele, não está?
- Por quem, pelo Moody? Nossa Luna, está sendo difícil me controlar quando eu chego perto dele!
- Olhe-me bem dentro dos olhos. Vamos lá. - Para garantir que Gina a obedecia, Luna agarrou-lhe o queixo e o girou na direção dela até que as duas amigas ficaram frente a frente, olho no olho. - Você está apaixonada pelo Potter.
- Parece que sim. Não quero pensar nesse assunto.
- Ótimo. Não pense. Eu sempre achei que o seu mal é pensar demais. - Segurando o copo acima da cabeça, Luna deslizou para a piscina novamente. - Podemos usar aqueles jatos para fazer massagem?
- Claro. - Meio tonta por causa do champanhe, Gina demorou um pouco até dominar os controles. Quando a água começou a borbulhar, saindo sob pressão, Luna soltou um gemido alegre.
- Meu Cristo Jesus! Quem é que precisa de um homem quando a gente tem um desses? Vamos lá, Gina, aumente o som. Vamos agitar!
Atendendo ao pedido, Gina mexeu nos controles e a música saiu duas vezes mais alta, ecoando pelas paredes e pela água. Os Rolling Stones, a banda preferida de Luna, entre os antigos grupos clássicos, soltava um lamento melodioso.
Atirando-se de volta na água, Gina começou a rir enquanto Luna improvisava passos de uma dança aquática, e pensou em mandar o andróide que servia de garçom ir buscar mais uma garrafa.
- Desculpe interromper.
- Hein? - Com a visão meio turva, Gina olhou com atenção para os sapatos pretos e brilhantes que estavam na beira da piscina. Lentamente, e com um pouco de curiosidade, deixou o olhar subir bem devagar pelas calças da cor de fumaça escura e corte reto, continuar pela jaqueta curta e apertada, até chegar ao rosto de pedra de Moody. - Oi, quer dar uma caída?
- Venha, pule aqui dentro, Moody. - A água escorria em volta do colo de Luna e pingava sem parar da ponta de seus seios perfeitos enquanto ela acenava para ele. - Quanto mais gente, mais divertido.
Ele fungou, com os lábios retorcidos. As palavras saíam de sua boca como cubos de gelo cheios de pontas agudas, apenas pela força do hábito, mas seu olhar voltava a todo instante para o corpo de Luna que continuava a rodopiar na água.
- Chegou uma transmissão ainda há pouco, tenente. Aparentemente a senhorita não conseguiu ouvir as minhas repetidas tentativas de informá-la a respeito.
- O quê? Certo, certo. - Gina deu um riso meio abafado e foi abrindo caminho com as mãos na superfície da água, até chegar ao tele-link que ficava na beira da piscina. - É o Harry?
- Não, não é. - Era uma afronta à sua dignidade falar aos berros, mas pedir para baixar o som ia ofender o seu orgulho. - É do setor de emergência da Central de Polícia.
No instante em que Gina alcançou o tele-link, parou e xingou. Depois, afastou para trás o cabelo que estava grudado no rosto.
- Música, desligar! - gritou ela. Mick Jagger e seus companheiros se calaram no mesmo instante. - Luna, por favor, fique fora do ângulo da câmera. - Gina deu um suspiro profundo e então abriu o tele-link. - Aqui fala a tenente Weasley.
- Emergência, tenente Gina Weasley. O reconhecimento de sua voz foi confirmado. Dirija-se imediatamente para a Avenida das Comunicações, edifício do Canal 75. Homicídio no local, já confirmado. Código amarelo.
Gina sentiu o sangue gelar. Seus dedos agarraram a borda da piscina com força.
- Qual é o nome da vítima? - perguntou ela.
- Esta informação ainda não está disponível para nós até o momento. Confirme o recebimento das ordens para se apresentar, tenente Gina Weasley.
- Confirmado. Prazo de estimativa para chegar ao local do crime, vinte minutos. Convoque o capitão Neville, da Divisão de Detecção Eletrônica, para ir até o local.
- A convocação será feita. Emergência, desligando.
- Ah, meu Deus, ah, meu Deus! - Sentindo-se fraca por causa da bebida e da culpa, Gina apoiou a cabeça na beira da piscina. - Eu a matei!
- Pare com isso! - Luna nadou até junto dela e colocou a mão no ombro da amiga. - Sem essa, Gina! - disse depressa.
- Ele pegou a isca errada. A isca errada, Luna, e agora ela está morta. Era para ser eu, e não ela!
- Eu disse para parar com isso. - Confusa com as palavras, mas não com os sentimentos, Luna a empurrou um pouco para trás e a sacudiu com vigor. - Não entre nessa, Weasley!
Sentindo-se impotente e com a sensação de que a cabeça estava girando, Gina a apertou com as mãos.
- Ai, meu Cristo, e eu estou bêbada! Isso é perfeito!
- Dá para resolver o problema. Eu tenho um vidrinho de Sober Up, aquele remédio para curar porre, na minha bolsa. - Quando viu que Gina deu um gemido, Luna tornou a sacudi-la. - Eu sei que você detesta pílulas, Gina, mas elas retiram todos os vestígios de álcool da sua corrente sanguínea em no máximo dez minutos. Vamos lá, vou lhe dar um comprimido.
- Ótimo, magnífico. Vou estar completamente sóbria bem na hora em que tiver de olhar para ela.
Ela começou a subir os degraus para sair da piscina, escorregou e ficou surpresa ao ver que o seu braço tinha sido agarrado com firmeza.
- Tenente. - a voz de Moody continuava fria, mas ele estendeu uma toalha para ela e a ajudou a caminhar sobre a borda de pedra lisa em volta da piscina. - Vou providenciar para que o seu carro esteja pronto na porta.
- Certo, obrigada.
N/A: Cadê os comentários galera? Mais um capitulo postado. Agradeço a todos que estão lendo. Abraços.
Agradecimento:
Bianca: Garota, não vou dizer se sua teoria esta correta ou completamente errada, senão eu provavelmente entregaria os pontos, mas que é um palpite excelente eu não tenho dúvidas. Mas posso dizer que em pelo menos uma coisa você acertou em cheio. Beijos.
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