CAPÍTULO NOVE
Atacar era a escolha emocional. Gina podia justificar isto como o caminho lógico também.
- Você esteve envolvido com Yvonne Metcalf.
- Como já contei a você, éramos amigos. - Harry abriu uma caixa antiga de prata que estava sobre a mesa e pegou um cigarro. - Durante algum tempo, amigos íntimos.
- Quem é que mudou o aspecto do relacionamento, e quando?
- Quem? Hummm... - Harry ficou pensando sobre o assunto enquanto acendia o cigarro e soprou uma leve nuvem de fumaça. - Acho que foi uma decisão mútua. A carreira dela estava decolando rapidamente, provocando muita demanda em termos de tempo e energia. Poderíamos dizer que nós nos afastamos.
- Vocês brigaram?
- Acredito que não. Yvonne raramente era briguenta. Achava a vida muito... divertida. Quer um pouco de conhaque?
- Estou de serviço.
- Sim, é claro que está. Mas eu não estou.
Quando ele se levantou, Gina viu o gato pular de seu colo. Galahad a examinou com seus olhos bicolores antes de se sentar e começar a se lamber. Ela estava ocupada demais, olhando de cara feia para o gato, para reparar que as mãos de Harry não estavam tão firmes quando ele estava diante do bar entalhado, despejando conhaque da garrafa na taça.
- Bem. - disse ele fazendo o copo girar levemente, com meia sala de distância entre eles. - Isso é tudo?
Não, pensou ela, estava longe de ser tudo. Se ele não a ajudasse de livre e espontânea vontade, ela ia bisbilhotar, espicaçar e usar seu cérebro astuto sem piedade nem receio.
- A última anotação do diário dela em que o seu nome aparece tem um ano e meio.
- Tudo isso?... - murmurou Harry. Ele lastimava, e muito, por Yvonne. Mas tinha seus próprios problemas no momento, e o maior deles estava em pé diante dele, no outro lado da sala, observando-o com olhos turbulentos. - Não pensei que já fizesse tanto tempo.
- Essa foi a última vez em que a viu?
- Não, tenho certeza de que não. - Olhou para o conhaque, lembrando-se dela. - Eu me recordo que dancei com ela em uma festa, no Réveillon do ano passado. Ela veio aqui para casa, comigo.
- Você dormiu com ela. - disse Gina em tom neutro.
- Tecnicamente, não dormi. - Sua voz mostrou uma ponta de irritação. - Fiz sexo com ela, conversamos, tomamos um café da manhã tardio.
- Vocês reataram o antigo relacionamento?
- Não. - Ele escolheu uma poltrona e ordenou a si mesmo que curtisse o conhaque e o cigarro. De modo casual, cruzou as pernas à altura dos tornozelos. - Poderíamos ter reatado, mas estávamos muito ocupados com os próprios projetos. Depois daquilo não ouvi mais falar dela por seis ou sete semanas.
- E?...
Ele a dispensara, lembrou naquele instante. De modo casual e descontraído. Talvez de modo impensado.
- Eu disse a Yvonne que estava... Envolvido com alguém. - e examinou a brasa brilhante na ponta do cigarro. - Por essa época eu estava me apaixonando por outra pessoa.
Os batimentos cardíacos de Gina se aceleraram. Olhou para ele, enfiando as mãos nos bolsos.
- Harry, eu não posso eliminá-lo da lista de suspeitos, a não ser que me ajude.
- Não pode? Então tudo bem.
- Droga Harry, você é a única pessoa que esteve envolvida com as duas vítimas!
- E qual foi o meu motivo, tenente?
- Não use esse tom de voz comigo! Odeio quando você faz isso. Frio, controlado, superior. - Desistindo, ela começou a andar de um lado para outro. - Eu sei que você não teve nada a ver com os assassinatos, e também não há nenhuma prova que possa servir de base ao seu envolvimento. Só que isso não quebra a conexão.
- E torna as coisas difíceis para você, porque o seu nome, por sua vez, está ligado ao meu. Ou estava.
- Posso lidar com isso.
- Então por que você perdeu peso? - quis saber ele. - Por que o seu rosto está com olheiras? Por que está parecendo tão infeliz?
Ela pegou o gravador e o colocou com força sobre a mesa. Uma barreira entre eles.
- Harry, eu preciso que me conte tudo o que sabe a respeito dessas mulheres. Cada detalhe, mesmo que seja mínimo e insignificante. Droga, droga, droga! Eu preciso de ajuda! Tenho de descobrir por que motivo Lilá Brown iria até West End no meio da noite. Por que motivo Yvonne Metcalf iria se aprontar toda para descer até o jardim dos fundos do prédio à meia-noite.
- Você está me dando mais crédito do que eu mereço, Gina. - Bateu a ponta do cigarro e se levantou, lentamente. - Não conhecia Lilá tão bem assim. Tínhamos negócios em comum e nos encontrávamos socialmente do modo mais eventual possível. É só você se lembrar do meu passado e da posição dela. Quanto a Yvonne, éramos amantes. Eu gostava dela, de sua energia, do seu pique. Sabia que tinha ambições. Ela queria o estrelato e conseguiu, merecia aquilo. Mas não consigo descrever a mente de nenhuma das duas.
- Você conhece as pessoas. - argumentou ela. - Possui um jeito de entrar em suas cabeças. Nada, jamais, o pega de surpresa.
- Você pega. - murmurou. - Continuamente. - Gina apenas balançou a cabeça.
- Diga-me por que acha que Yvonne Metcalf saiu de casa para se encontrar com alguém no jardim.
- Por promoção, glória, empolgação, amor. - Tomou um gole do conhaque e encolheu os ombros. - Provavelmente nessa ordem. Ela teria se vestido com cuidado porque era vaidosa, admiravelmente vaidosa. A hora do encontro não significaria nada para ela, pois era impulsiva, divertidamente impulsiva.
Gina soltou o ar. Era disso que ela precisava. Harry podia ajuda-la a enxergar melhor as vítimas.
- Havia outros homens?
Ele ficou pensando, ela notou, e se forçou a parar, dizendo:
- Ela era adorável, divertida, brilhante, boa de cama. Imagino que havia um monte de homens em sua vida.
- Homens ciumentos ou zangados? - Ele se mostrou surpreso.
- Você quer dizer alguém que poderia tê-la matado porque ela não queria lhe dar o que queria? Ou o que precisava? - Seus olhos se fixaram nos dela. - É uma idéia. Um homem poderia fazer um grande estrago na vida de uma mulher por causa disso, se a desejasse ou precisasse dela o bastante. Por outro lado, eu, por exemplo, não matei você. Ainda.
- Isto é uma investigação de assassinato, Harry. Não se faça de engraçadinho comigo.
- Engraçadinho? - Ele surpreendeu os dois atirando a taça quase vazia do outro lado da sala. O vidro se espatifou na parede e a bebida se espalhou em volta. - Você entra aqui arrebentando tudo pelo caminho, sem avisar, sem ser convidada, e espera que eu me sente bem quietinho, cooperando com você feito um cachorro treinado enquanto me interroga? Fica me fazendo perguntas a respeito de Yvonne, uma mulher por quem eu me importava, e espera que eu responda animadamente, enquanto você fica me imaginando na cama com ela.
Gina já vira seu gênio explodir e soltar fagulhas. Normalmente preferia isto ao seu controle gélido. Naquele instante, porém, os nervos dela haviam se rompido junto com o copo.
- Não é pessoal e não é um interrogatório. É uma consulta junto a uma fonte útil. Estou fazendo o meu trabalho.
- Isso não tem nada a ver com o seu trabalho, e nós dois sabemos disso. Se em você houver uma semente de dúvida sobre eu ter tido alguma coisa com o rasgo na garganta dessas duas mulheres, então eu cometi um erro ainda maior do que imaginava. Se está tentando me incriminar, tenente, faça isto usando o seu tempo, e não o meu. - Pegou o gravador em cima da mesa e o atirou na direção dela. - E da próxima vez traga um mandado.
- Estou tentando eliminar você por completo.
- E já não fez isso? - Voltou para trás da mesa e se sentou, cansado. - Vá embora. Estou cheio de tudo isso.
Ela ficou surpresa por não tropeçar no caminho até a porta, pelo modo com que seu coração estava batendo e os joelhos tremiam. Lutou para conseguir um pouco de ar ao esticar a mão para abrir a porta. Da mesa, Harry se xingou de tolo e apertou o botão que trancava a fechadura. Os dois que se danassem, mas ela não ia abandoná-lo daquele jeito.
Ele estava abrindo a boca para falar quando ela se virou, a poucos centímetros da porta. Havia fúria em seu rosto agora.
- Tudo bem, droga, tudo bem. Você venceu. Estou me sentindo podre. Era isso o que queria? Não consigo dormir, não consigo comer. É como se alguma coisa dentro de mim tivesse se quebrado e eu mal consigo desempenhar o meu trabalho. Está feliz agora?
Ele sentiu o primeiro sintoma de alívio e o aperto em volta do coração afrouxou um pouco.
- Deveria estar?
- Eu estou aqui, não estou? Estou aqui porque não agüentava mais ficar longe. - Agarrando o cordão sob a blusa, voltou pisando firme até ele. - Estou usando esta porcaria!
Ele olhou para o diamante que ela balançou na cara dele. Ele refulgiu, cheio de fogo e segredos.
- Como eu disse, Gina, ele combina com você.
- É, combina muito... - resmungou e girou o corpo. - Ele faz com que eu me sinta uma idiota, mas tudo bem, vou ser idiota. Vou me mudar para cá. Vou tolerar aquele robô ofensivo que você chama de mordomo. Vou usar diamantes. Só não... - e parou de falar, cobrindo o rosto, enquanto os soluços se apoderavam dela. - Eu não agüento mais isso.
- Não. Pelo amor de Deus, não chore!
- Estou só cansada. - E se balançou para sentir um pouco de conforto. - Apenas cansada, só isso.
- Então me xingue. - Ele se levantou, abalado e mais do que aterrorizado pelo ataque de choro. - Atire alguma coisa em cima de mim. Dê um soco na minha cara.
Ela recuou quando ele tentou alcançá-la.
- Não. - respondeu ela. - Preciso só de um minuto quando estou fazendo papel de boba.
Ignorando isso, ele a puxou para junto dele. Ela tentou se afastar duas vezes, mas ele a trouxe de volta, com firmeza, para junto dele. Então, em um gesto desesperado, os braços dela o envolveram, apertando-o com força.
- Não vá embora. - pediu ela, apertando o rosto contra o ombro dele. - Não vá embora.
- Não estou indo a lugar algum. - Devagar, ele fez um carinho nas costas dela e embalou sua cabeça. Será que havia algo mais surpreendente ou mais assustador para um homem, meditou ele, do que uma mulher forte coberta de lágrimas? - Eu estive aqui o tempo todo. Eu a amo, Gina, mais do que consigo suportar.
- Eu preciso de você. Não consigo evitar. Não quero isso.
- Eu sei. - Ele se afastou um pouco e pegou-lhe o queixo, para levantar o rosto dela na direção do dele. - Vamos ter de aprender a lidar com isso. - Beijou-lhe primeiro uma das faces molhadas e depois a outra. - Eu não consigo viver sem você.
- Você me mandou embora.
- Mas tranquei a porta. - Seus lábios sorriram ligeiramente antes de acariciar os dela. - Se você tivesse esperado mais algumas horas, eu teria ido procurar por você. Estava aqui sentado agora à noite, tentando me convencer a não fazer isso, sem sucesso. Foi quando você entrou de repente. Eu estava perigosamente próximo de me colocar de joelhos.
- Por quê? - Ela tocou o rosto dele. - Você poderia ter qualquer mulher. Provavelmente tem, à hora que quiser.
- Por quê? - e jogou a cabeça para o lado. - Essa é difícil de responder. Será que é pela sua serenidade, seu jeito calmo, sua percepção impecável das coisas que estão na moda? - Fez bem ao seu coração ver o sorriso curto e divertido que ela lançou. - Não, só posso estar pensando em outra pessoa. Acho que é a sua coragem, a absoluta dedicação em deixar a balança do mundo equilibrada, a sua mente inquieta, e aquele doce recanto no coração que a impulsiona a se importar tanto e com tanta gente.
- Essa não sou eu.
- Ah, mas é claro que é você, minha querida Gina. - e tocou os seus lábios com os dele. - Da mesma forma que este sabor é o seu, o cheiro, o jeito, o som. Você me desmontou. Vamos conversar. - murmurou, passando a ponta dos polegares em seu rosto para secar-lhe as lágrimas. - Vamos descobrir um modo de fazer com que isso funcione para nós dois.
Ela prendeu a respiração de modo entrecortado.
- Eu amo você. - E soltou o ar. - Ah, Deus.
A emoção que o varreu por dentro foi como uma tempestade de verão, rápida, violenta e depois pura. Pleno com esta sensação, ele uniu as sobrancelhas com as dela.
- Você não se engasgou quando disse isso.
- Acho que não. Talvez eu acabe me acostumando. - E talvez seu estômago não se remexesse como uma lagoa cheia de sapos da próxima vez. Levantando a cabeça, encontrou os lábios dele.
Em um instante o beijo se tornou quente, insaciável e cheio de energia represada. Ela sentia o sangue rugir dentro da cabeça, tão alto e tão feroz que nem conseguiu ouvir o momento em que repetiu as palavras, mas as sentiu, pelo jeito com que seu coração corcoveou e se avolumou.
Sem conseguir respirar, e já se sentindo molhada, ela agarrou as calças dele.
- Agora. - pediu ela. - Agora mesmo.
- Sim, neste momento. - e arrancou-lhe a blusa por cima da cabeça antes mesmo de chegarem ao chão.
Rolaram, tateando um em busca do outro. Os braços e as pernas se emaranharam. Tonta de fome, ela enterrou os dentes nos ombros dele enquanto ele puxava seu jeans para baixo. Ele teve apenas um momento em que registrou com o tato a pele dela sob as mãos, suas formas, o calor que vinha dela, e então tudo se transformou em uma massa de sentidos, uma mistura de cheiros e texturas que se friccionavam de encontro à necessidade urgente de unir os corpos.
A finesse ia ter de esperar, e a ternura também. O instinto animal tomou conta dos dois, devorando-os até mesmo depois que ele já estava dentro dela, bombeando-a loucamente. Ele podia sentir o corpo dela se agarrar ao dele e ficar mais tenso, e ouviu o gemido longo e baixo da libertação que trepidou através dela. E se esvaziou por completo, liberando coração, alma e semente.
Ela acordou na cama dele com a tênue luz do sol atravessando os filtros das janelas. Com os olhos fechados, esticou o braço e encontrou o espaço ao seu lado ainda quente, mas vazio.
- Mas... como foi que eu vim parar aqui? - perguntou a si mesma em voz alta.
- Eu carreguei você.
Seus olhos se abriram de repente e ela viu a imagem de Harry entrar em foco. Ele estava sentado, nu, com as pernas cruzadas à altura dos joelhos, observando-a.
- Você me carregou?
- Você pegou no sono, no chão. - e se inclinou para passar a ponta do polegar sobre a bochecha de Gina. - Você não devia trabalhar assim, até a exaustão, Gina.
- Você me carregou. - repetiu ela, muito grogue para decidir se estava com vergonha ou não. - Acho que estou com pena por ter perdido isso.
- Temos bastante tempo para repetir a cena. Estou preocupado com você.
- Eu estou bem. Estou só... - e olhou as horas no relógio ao lado da cama. - Meu Deus, já são dez horas! Dez da manhã?
Ele usou uma das mãos para empurrá-la de volta para a cama quando ela começou a se mexer para levantar.
- Hoje é domingo, Gina. - informou.
- Domingo? - Completamente desorientada, esfregou os olhos para clareá-los. - Perdi a noção do dia! - Ela não estava de serviço, lembrou, mas mesmo assim...
- Você precisa dormir um pouco. - disse ele, lendo a sua mente. - E precisa de combustível, algo mais além de cafeína. - Pegou o copo na mesinha e estendeu o braço para ela.
- Que é isso? - perguntou ela, desconfiada, ao observar o líquido cor-de-rosa claro.
- Uma coisa boa para você. Beba. - Para ter certeza de que ela ia beber, levou o copo até os seus lábios. Ele poderia ter dado o indutor energético sob a forma de pílula, mas sabia que ela não gostava de nada que lembrasse droga. - É uma coisinha que os meus laboratórios estão desenvolvendo. Devemos colocar no mercado dentro de seis meses.
- É experimental? - Ela franziu o cenho.
- É completamente seguro. - Ele sorriu e colocou o copo vazio de volta na mesinha. - Até agora quase ninguém morreu.
- Rá-rá... - Ela se sentou novamente, sentindo-se surpreendentemente relaxada e incrivelmente alerta. - Tenho de ir para a Central de Polícia, para trabalhar um pouco nos outros casos que estão em minha mesa.
- Você precisa de um tempo de folga. - e levantou a mão antes que ela tivesse tempo de argumentar. - Um dia. Pelo menos uma tarde. Gostaria que você passasse esse tempo comigo, mas mesmo que você fique sozinha, precisa do descanso.
- Bem, acho que posso tirar umas duas horas. - Sentou-se e envolveu-lhe o pescoço com os braços. - O que está pensando em fazer?
Sorrindo, ele rolou com ela sobre a cama. Desta vez houve finesse, e houve ternura.
Gina não ficou surpresa ao ver a pilha de mensagens que esperava por ela. O domingo deixara de ser um dia de descanso há décadas. Seu disco de mensagens apitava o tempo todo, informando mensagens recebidas de Nynphadora Tonks, do arrogante e astuto Morse, outra dos pais de Yvonne Metcalf, que a deixou massageando os olhos, e uma mensagem curta de Mirina Angelini.
- Você não pode livrá-los da dor, Gina. - disse Harry por trás dela.
- O quê?
- Os Metcalf. Posso ver em seu rosto.
- Sou tudo o que eles têm para se agarrar. - e acessou o sistema de correio eletrônico, para acusar a recepção das mensagens. - Eles precisam saber que existe alguém que está cuidando da filha.
- Gostaria de dizer uma coisa.
Gina olhou para cima, preparando-se para ouvir um sermão sobre a importância do descanso, da objetividade e do distanciamento profissional.
- Desembuche logo para eu poder voltar ao trabalho.
- Já lidei com muitos policiais na vida. Já fugi deles, já os subornei, já consegui superá-los estrategicamente, ou simplesmente os deixei para trás.
Com um olhar divertido, ela encostou o quadril na quina da mesa, dizendo:
- Não sei se você deveria estar me contando essas coisas. Seus registros na polícia são estranhamente limpos.
- Claro que são. - Em um impulso, beijou-lhe a ponta do nariz. - Eu paguei para isso.
- Escute Harry, - e franziu o cenho - o que eu não sei a seu respeito não pode prejudicá-lo.
- O que eu quero dizer é - continuou ele suavemente - que eu já lidei com muitos policiais ao longo dos anos. Você é a melhor.
- Ora, eu... - Pega completamente de surpresa, ela piscou.
- Você vai sempre defender os mortos e os que sofrem. Fico comovido com você.
- Ah, corta essa, Harry! - Terrivelmente envergonhada, mudou de posição. - Estou falando sério.
- Você pode usar essa força quando responder à mensagem de Morse e tiver de enfrentar a sua vozinha irritante.
- Eu não vou responder a ele.
- Mas já deu início à resposta das transmissões.
- Apaguei a primeira mensagem. - e sorriu. - Opa, foi sem querer!
Com uma gargalhada, ele a pegou no colo, levantando-a da mesa.
- Gosto do seu estilo, tenente.
Ela se deixou entregue àquele momento, passando os dedos pelos cabelos dele antes de tentar se soltar.
- Só que neste instante você está me tolhendo. Chegue para trás enquanto eu vejo o que Mirina Angelini quer. - Afastando-o do campo de visão do aparelho, ela se conectou ao número e esperou.
Foi a própria Mirina que atendeu, com o rosto pálido e tenso aparecendo na tela.
- Sim? Oh, tenente Weasley. Obrigada por dar retorno tão depressa. Achava que a senhorita só ia responder amanhã.
- Em que posso ajudá-la, senhorita Angelini?
- Precisamos conversar, e o mais rápido possível. Não quero que isso aconteça através do comandante, tenente. Ele já fez muito por mim e pela minha família.
- É algo relacionado com a investigação?
- Sim, pelo menos eu acho que sim.
Gina fez um sinal com a mão para que Harry saísse do escritório. Ele simplesmente ficou encostado em uma parede. Ela rangeu os dentes para ele, e então tornou a olhar para a tela.
- Ficarei feliz em encontrá-la, senhorita Angelini, quando for mais conveniente.
- É disso que se trata, tenente, realmente vai ter de ser quando me for conveniente. Meus médicos não querem que eu torne a viajar por agora. Preciso que a senhorita venha até aqui.
- Quer que eu vá até Roma? Senhorita Angelini, mesmo que o departamento autorizasse a viagem, eu preciso de algo concreto para justificar o tempo e as despesas.
- Eu levo você até lá. - disse Harry, com descontração.
- Fique quieto!
- Quem está ao seu lado? Tem mais alguém aí? - A voz de Mirina estremeceu.
- É Harry que está comigo. - respondeu Gina, falando entre dentes. - Senhorita Angelini...
- Ah, tudo bem. Eu estava mesmo tentando localizá-lo. Será que os dois podiam vir juntos? Sei que isto parece uma imposição, tenente. Estou evitando usar pistolão, mas farei isso se for necessário. O comandante poderia autorizar a sua viagem.
- Estou certa de que ele dará permissão. - Gina falou em voz baixa. - Vou encontrá-la assim que isso acontecer. Manteremos contato. - e encerrou a transmissão. - Esses riquinhos mimados me deixam profundamente irritada!
- O pesar e a preocupação desconhecem limites financeiros. - explicou Harry.
- Ah, cale a boca! - Ela bufou de raiva e chutou, mal-humorada, a perna da mesa.
- Você vai gostar de Roma, querida. - disse Harry, e sorriu.
Gina realmente gostou de Roma. Pelo menos achou que sim, pelo pouco que viu durante a rápida viagem do aeroporto até o apartamento dos Angelini que ficava de frente para a escadaria da Piazza di Spagna: havia fontes, tráfego e ruínas antigas demais para ela poder acreditar.
Do banco de trás da limusine particular, Gina observava, com uma espécie de pasmo desconcertante, os pedestres que desfilavam a última moda. Mantas esvoaçantes pareciam ser o forte da estação. Tecidos aderentes, transparentes ou encorpados, em cores que iam de um tom pálido, quase branco, até o bronze mais escuro. Cintos enfeitados com jóias pendiam das cinturas, combinando com sapatos de salto baixo incrustados com pedras, e pequenas bolsas também com pedrarias, usadas igualmente por homens e mulheres. Todo mundo parecia fazer parte da realeza.
Harry não imaginou que Gina fosse capaz de ostentar aquele olhar abobalhado. Deu-lhe um enorme prazer notar que ela era capaz de esquecer sua missão por algum tempo para olhar para tudo extasiada. Era uma pena, pensou, que eles não pudessem ficar ali mais um ou dois dias, para que ele tivesse a oportunidade de mostrar a cidade a ela, a sua grandeza e impossível continuidade. Ele chegou a ficar com pena quando o carro parou bruscamente junto ao meio-fio e a trouxe de volta à realidade.
- É bom que isto tudo valha a pena. - Sem esperar pelo motorista, ela saiu e bateu a porta do carro. Quando Harry a segurou pelo cotovelo, a fim de indicar-lhe a entrada do prédio, ela virou a cabeça para ele e franziu o cenho.
- Você não fica nem um pouco chateado por ser intimado e ter de atravessar um oceano inteiro só para ter uma conversa?
- Querida, eu costumo ir a lugares muito mais distantes por menos do que isso. E sem uma companhia tão agradável.
Ela bufou e já ia tirando o distintivo para exibi-lo ao andróide da segurança, antes de se lembrar onde estava.
- Gina Weasley e Harry Potter. Viemos ver a senhorita Mirina Angelini.
- Os senhores são aguardados, Gina Weasley e Harry Potter. - O andróide foi deslizando até um elevador com grade dourada e digitou um código.
- Você bem que podia arrumar um desses. - Gina apontou com a cabeça na direção do andróide, antes de as portas se fecharem - E dispensar o Moody.
- Moody tem um charme próprio.
- É... Pode apostar. - e bufou outra vez, mais alto.
As portas se abriram diante de um saguão revestido de ouro e marfim, onde uma pequena fonte em forma de sereia tilintava.
- Meu Deus! - sussurrou Gina, analisando as palmeiras e as pinturas. - Eu nunca pensei que mais alguém, além de você, vivesse assim.
- Bem-vindos a Roma. - Randall Slade entrou. - Obrigado por virem. Por favor, entrem. Mirina está na sala de estar.
- Ela não mencionou que o senhor estaria aqui, senhor Slade.
- Tomamos juntos a decisão de chamá-los.
Aguardando a hora de fazer perguntas, Gina entrou, passando à frente dele. A parede da frente da sala de estar era totalmente feita de vidro transparente. Como o prédio tinha apenas seis andares. E Gina imaginou que o material era transparente só de dentro para fora. Apesar da altura relativamente pequena, dava para ter uma vista fulgurante da cidade.
Mirina estava sentada de modo recatado sobre uma poltrona curva, segurando uma xícara de chá com mãos que tremiam ligeiramente. Parecia ainda mais pálida, se é que era possível, e mais frágil do que antes, vestindo uma túnica azul-claro, muito na moda. Seus pés estavam descalços, e as unhas estavam pintadas em um tom que combinava com a túnica. Arrumara o cabelo com um coque severo, preso por um pente cravejado de pedrarias. Gina achou que ela se parecia com uma daquelas deusas da Roma antiga, mas seus conhecimentos de mitologia eram muito precários para identificar qual. Mirina não se levantou, nem sorriu, mas pousou a xícara e pegou um elegante bule branco para servir duas xícaras a mais.
- Espero que me acompanhem no chá.
- Não vim aqui para festejar, senhorita Angelini.
- Não, mas o fato é que veio, e fico-lhe grata.
- Espere, deixe que eu sirvo. - Com uma graça leve, que quase mascarava o barulho que as xícaras faziam nas mãos trêmulas de Mirina, Slade as tomou de suas mãos. - Por favor, sentem-se. - convidou. - Não vamos prendê-los aqui mais do que o necessário, mas gostaríamos que estivessem confortáveis.
- Eu não tenho jurisdição alguma aqui. - começou Gina enquanto se sentava em uma cadeira acolchoada, de costas baixas - Mas gostaria de gravar esta reunião, com a permissão de vocês.
Mirina olhou para Slade e mordeu o lábio.
- Sim, é claro. - e limpou a garganta quando Gina pegou o gravador e o colocou sobre a mesa que havia entre eles. - A senhorita já sabe a respeito das... dificuldades que Randy teve, vários anos atrás, no Setor 38.
- Eu sei, - confirmou Gina - mas me disseram que a senhorita não sabia.
- Randy me contou tudo ontem. - Mirina esticou a mão sem olhar para o noivo, e mais que depressa ele a segurou. - A senhorita é uma mulher forte e confiante, tenente. Deve ser difícil para alguém assim compreender aquelas de nós que não possuem essa força. Randy não tinha me contado antes porque temia que eu não conseguisse lidar muito bem com o caso. São os meus nervos. - e moveu os ombros frágeis. - Crises nos negócios me deixam energizada. Crises pessoais me deixam arrasada. Os médicos dizem que isso é uma tendência escapista. Acham que eu prefiro não enfrentar os problemas.
- É que você é delicada. - afirmou Slade, apertando-lhe a mão. - Não há nada de vergonhoso nisso.
- De qualquer modo, isso é algo que eu preciso enfrentar. Você estava lá - disse virando-se para Harry - durante o incidente.
- Sim, estava na estação, provavelmente no cassino.
- E a segurança do hotel, os guardas que Randy chamou, também eram seus.
- É verdade. Todos possuem equipes de segurança privada. Os casos criminais são transferidos para a magistratura, a não ser que possam ser resolvidos em âmbito particular.
- Você quer dizer através de propinas.
- Naturalmente.
- Randy poderia ter subornado a segurança, mas não fez isso.
- Mirina, - ele a acalmou com outro aperto em sua mão - eu não os subornei porque não estava pensando de forma clara o bastante para fazer isso. Se estivesse, não teria havido registros do caso e não estaríamos conversando sobre isso agora.
- As acusações mais pesadas foram retiradas. - lembrou Gina. - O senhor recebeu a pena mínima pelas que restaram.
- E me asseguraram de que todo aquele assunto permaneceria enterrado. Isto não aconteceu. Gostaria de tomar algo mais forte do que chá. Aceita, Harry?
- Uísque, se houver, dois dedinhos.
- Conte a eles, Randy. - sussurrou Mirina enquanto ele programava dois uísques no bar embutido.
Ele fez que sim com a cabeça, trouxe o copo de Harry e então entornou o seu de uma vez só.
- Lilá ligou para mim na noite em que foi assassinada. - Gina levantou a cabeça como um perdigueiro que sente o cheiro de sangue.
- Não há registro dessa ligação no tele-link dela. Não houve nenhuma ligação para fora.
- Ela ligou de um telefone público. Não sei de onde. Passava um pouco da meia-noite, pelo seu horário. Ela estava agitada, zangada.
- Senhor Slade, o senhor me disse durante o interrogatório oficial que não teve contato com a promotora Brown naquela noite.
- Eu menti. Tive medo.
- E agora quer retificar sua declaração anterior.
- Gostaria de revisá-la. Mesmo sem o benefício da presença de um advogado, tenente, e ciente da punição por ter dado uma declaração falsa durante uma investigação policial. Estou lhe afirmando agora que ela entrou em contato comigo pouco antes de ser morta. Isto, é claro, me dá um álibi, se quiser ver por esse lado. Seria quase impossível eu conseguir viajar esta distância e matá-la dentro do espaço de tempo que tinha. A senhorita pode, é claro, averiguar os registros das ligações que recebi.
- Esteja certo de que farei isso. O que foi que ela queria?
- Ela me perguntou se era verdade. Apenas isso, a princípio. Eu estava distraído, trabalhando. Levei um momento para notar o quanto ela estava aborrecida e depois, quando ela foi mais direta, demorou um pouco mais para eu compreender que ela estava falando do Setor 38. Entrei em pânico, dei algumas desculpas. Mas era impossível mentir para Lilá. Ela me encostou na parede. Eu fiquei zangado, também, enquanto discutíamos.
Ele parou de falar, lançando um olhar para Mirina. Ele olhava para ela, pensou Gina, como se estivesse esperando que ela se estilhaçasse como vidro a qualquer momento.
- Vocês discutiram, senhor Slade? - perguntou Gina.
- Sim. Sobre o que acontecera e por quê. Eu queria saber como foi que ela havia descoberto, mas ela me cortou. Tenente, ela estava furiosa. Disse-me que eu ia ter de resolver aquilo, pelo bem da filha dela. Depois, então, ela ia resolver tudo comigo. Terminou a ligação de forma abrupta, e eu procurei me estabilizar para pensar naquilo, e para beber.
Ele foi novamente até Mirina, pousou a mão sobre o seu ombro e o acariciou.
- Era de manhã bem cedo, - continuou - pouco antes de amanhecer, quando ouvi no noticiário que ela estava morta.
- Ela jamais conversara com o senhor sobre o incidente até aquela noite?
- Não. Tínhamos um excelente relacionamento. Ela sabia a respeito do meu vício de jogo, e desaprovava aquilo, mas de forma leve. Ela estava acostumada com David. Acho que ela nunca soube o quanto nós éramos amigos.
- Soube sim. - corrigiu Harry. - Ela me pediu para afastar vocês dois.
- Ah. - Slade sorriu para o copo vazio. - Isso explica o porquê de eu não ter conseguido entrar no seu cassino, em Las Vegas II.
- Exatamente.
- E por que agora? - perguntou Gina. - Por que razão o senhor resolveu revisar a sua declaração anterior?
- Comecei a me sentir acuado. Sabia o quanto Mirina ficaria magoada se soubesse da história por outra pessoa. Precisava contar a ela. Foi decisão dela entrar em contato com a senhorita.
- Decisão nossa. - Mirina estendeu a mão novamente. - Não posso trazer minha mãe de volta, e sei o quanto meu pai vai ficar abalado quando contarmos que Randy foi usado para atingi-la. São coisas com as quais eu vou ser obrigada a conviver. Consigo superar isso se souber que, quem quer que tenha usado Randy e a mim, vai pagar por isso. Ela jamais teria saído de casa, jamais teria ido até lá se não fosse para me proteger.
Quando estavam novamente voando para oeste, Gina ficou andando de um lado para outro dentro da confortável cabine.
- Famílias. - Enfiou os polegares nos bolsos. - Você alguma vez pensa nisso, Harry?
- Ocasionalmente. - Já que ela estava disposta a conversar, ele desligou o noticiário econômico que acompanhava em seu monitor pessoal.
- Se seguirmos esta teoria, Lilá Brown saiu naquela noite chuvosa como mãe. Alguém estava ameaçando a felicidade de sua filha. Ela ia resolver o problema. Mesmo que estivesse disposta a mandar Slade para escanteio, ela ia consertar as coisas antes.
- É isso que imaginamos ser o instinto natural de um pai ou uma mãe.
- Nós sabemos que não é bem assim. - Gina lançou um rápido olhar para ele.
- Eu não diria que as nossas experiências servem como norma, Gina.
- Tudo bem. - Pensativa, ela se sentou no braço da poltrona dele. - Então, se é tão normal para uma mãe pular para proteger sua filha de qualquer problema, Lilá Brown fez exatamente o que o assassino esperava. Ele a compreendia, sabia julgar bem o seu caráter.
- De modo perfeito, eu diria.
- Ela era também uma serva da lei. Seria obrigação sua, e certamente seu instinto, notificar as autoridades, relatar qualquer ameaça ou tentativa de chantagem.
- O amor de mãe é mais forte do que a lei.
- O dela era, e quem quer que a tenha matado sabia disso. Quem a conhecia tão bem? O amante, o ex-marido, o filho, a filha, Slade.
- E outros, Gina. Ela era uma voz forte e atuante, apoiava a maternidade profissional, os direitos de família. Foram feitas dezenas de matérias sobre ela nos últimos anos, destacando seu compromisso pessoal com a família.
- Isso é arriscar muito, se guiar pela imprensa. A mídia pode ser, e é, influenciável, ou deturpa uma história para atingir os próprios objetivos. Eu diria que o assassino dela sabia, não só supunha. Ele sabia. Deve ter havido contato pessoal ou uma pesquisa muito extensa.
- Isso não ajuda a diminuir a lista de suspeitos. - Gina descartou com um aceno de mão.
- O mesmo vale para Yvonne Metcalf. Um encontro é marcado, mas não vai ser especificamente documentado em seu diário. Como é que o assassino sabia disso? Porque conhecia os hábitos dela. Meu trabalho é descobrir os hábitos dele, ou dela. Porque vai acontecer mais um crime.
- Está tão certa disso?
- Estou, e a doutora Minerva confirmou.
- Você foi falar com ela então. - Inquieta, Gina se levantou novamente.
- Ele... fica mais fácil dizer “ele”, tem inveja, ressentimentos, e é fascinado por mulheres poderosas. Mulheres que são conhecidas pelo público, mulheres que deixam uma marca. A doutora Minerva acha que as mortes podem ser motivadas pela ânsia de ter controle, mas eu duvido. Talvez pensar assim seria dar crédito demais ao assassino. Talvez seja só pela emoção. O assédio, o fato de atrair a vítima com uma isca, o planejamento. De quem ele estará à espreita agora?
- Já se olhou no espelho?
- Hein?
- Você tem noção da freqüência com que seu rosto tem aparecido nas telas, nos jornais? - Lutando contra o próprio medo, ele se levantou, colocou as mãos nos ombros de Gina e leu o seu rosto. - Você já pensou nisso?
- Eu até gostaria que fosse assim - corrigiu ela - porque estaria bem preparada.
- Você me assusta. - conseguiu ele dizer.
- Você me disse que eu era a melhor. - Riu e deu um tapinha na bochecha dele. - Relaxe Harry, eu não vou fazer nenhuma burrice.
- Ah, agora vou dormir melhor.
- Falta quanto tempo para aterrissarmos? - Impaciente, ela se virou e foi até a tela.
- Trinta minutos mais ou menos, imagino.
- Preciso encontrar Tonks.
- O que está planejando, Gina?
- Eu? Ah, estou planejando conseguir muitas matérias na imprensa. - e enfiou os dedos pelos cabelos em desalinho. - Você não tem umas festas bem pomposas, daquele tipo que a mídia adora cobrir e às quais a gente possa ir?
- Acho que posso conseguir uma ou outra. - e soltou um suspiro.
- Ótimo! Vamos marcar algumas dessas. - Gina se jogou em uma poltrona e batucou com os dedos no joelho dele. - Acho que vou até mesmo aceitar algumas daquelas roupas novas.
- Acima e além. - Ele a levantou e a colocou sentada em seu colo. - Mas eu vou ficar colado em você, tenente.
- Não trabalho com civis.
- Eu estava falando sobre fazer compras.
Os olhos de Gina se estreitaram enquanto a mão dele deslizava por baixo da blusa dela.
- Isso é uma sondagem?
- É.
- Tudo bem. - Ela se virou e afastou as pernas. - Só para saber.
Agradecimentos Especiais:
¢£³ Deco: com certeza a ruiva esta se tocando, mas ela é muito cabeça dura, apenas que o Harry é mais persistente. Abraço.
Bianca: Harry aparece sempre, o que da mais mistério a história, garanto que o assassino esta na cara e já apareceu várias vezes, beijos.
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