Capítulo 13
Decisão
Mais uma vez, ela se perdia no tempo. Assim como ele.
Beijar Syndia nunca lhe parecera tão certo como naquele momento. Mas no instante em que tais pensamentos ocupavam sua mente, esta já o mandava soltar-se dela, virar as costas e ir embora para ver se conseguia recuperar seu juízo. Porém, quando cogitava tal reação e afastava-se apenas um milímetro da mulher que estava envolta em seus braços, Draco rendia-se às estranhas e novas sensações que o acometiam apenas em ouvir os suaves gemidos de Syndia.
A boca dela já não era o bastante. Os dentes beliscavam a pele arrepiada do pescoço e os lábios deliciavam-se com sua maciez. A mão esquerda de Draco continuava na nuca de Syndia, o mesmo lugar que ele colocara quando iniciara o beijo, embrenhada nos cabelos louros, enquanto a direita buscava seus pontos sensíveis. No entanto, a vontade de Draco era deixar aquela mão em apenas um lugar, estranho a princípio, mas que agora se mostrava incrivelmente certo: à base da coluna de Syndia.
O arrepio que o percorreu quando tocava a base da coluna daquela mulher, um choque que o incitava mais e mais, funcionava melhor do que qualquer coisa. Não tanto quanto os gemidos de Syndia, ele perceberia posteriormente. A questão era que, naquele momento, Draco não se deixaria pensar que era aquela mulher - toda ela - que o fazia agir como nunca agira em toda sua vida. Se fosse em outro tempo, uma outra mulher, ele já a teria arrastado para o primeiro móvel devidamente plano e confortável, desnudando-a sem reservas. Mas com Syndia, tudo parecia ser diferente. Tudo tinha que ser diferente. Sensações, desejos, pensamentos, reações... Ele não fazia questão de saber de onde vinham tais pensamentos ou sentimentos. Porém, se obedecê-los tornava as coisas melhores, então por que não fazê-lo?
Os instintos de Syndia, também, não pareciam tão confiáveis. Ela deveria ter feito de tudo quando Draco a beijara. Deveria repeli-lo, deveria ter dito um belo e sonoro “Não!”, o esbofeteado... Ela ainda não estava pronta, pois o que acontecera entre ela e Karl estava fresco em sua memória. Ela não queria entregar-se a outro relacionamento. Só que tudo parecia estranhamente certo quando se tratava de Draco. Nem mesmo as palavras de Gui faziam sentido naquele momento. E daí que ele era prepotente, arrogante, preconceituoso?
Portanto, ela não se retraiu quando sentiu encostar-se no sofá e muito menos empurrou Draco quando percebeu que ele a deitava. Porém, quando notou que algo realmente aconteceria se ela não reagisse, suas mãos o empurraram e suas pernas obedientes a deixaram longe do sofá, onde apenas Draco estava sentado agora, arfante, parecendo incapaz de olhá-la.
Syndia precisou respirar fundo duas vezes e engolir a seco após isso para que sua voz saísse. Tinha que acabar com aquilo.
- Acho... É melhor você...
- Tem razão.
- O quê? - arfou Syndia, encarando Draco. A voz dele saíra determinada, quase agressiva, embora rouca, o que ela estranhou.
- Tem razão - repetiu Draco, preferindo encarar o estofado do sofá, para depois continuar -, tenho que ir embora. Preciso pensar, ver se consigo, agora, voltar para terreno seguro.
- Por que você não fala coisa com coisa? - Syndia retorquiu frustrada.
- Porque não consigo raciocinar agora. E você não faz idéia do quão frustrante isso é para mim.
Mas olhar para Draco sentado rigidamente no sofá, as mãos apertando sua mobília como se ele estivesse rodando, lhe deu exatamente a idéia.
- Acho que faço sim - ela murmurou sem perceber.
A reação de Draco a essas palavras assustaram Syndia, fazendo-a retroceder. Ela nunca vira olhos tão ameaçadores.
- Não, você não faz! E não me olhe como se eu fosse te matar a qualquer segundo.
- Bom, é meio difícil eu não pensar nisso quando você me olha assim, não é? - ela retorquiu ainda assustada.
A expressão de Draco mudou para raiva. Num ímpeto, ele se levantou, fazendo Syndia dar mais um passo para trás e cair sentada na poltrona do outro lado da sala.
- Pois eu não vou te matar. - É mais fácil eu me matar primeiro, pensou. Mas disse: - Não ainda.
Em seguida, seguiu para a porta, saindo da casa. Menos de um segundo depois, levando apenas o tempo necessário para verificar se havia alguém na rua, desaparatou.
Aquele estalo foi o suficiente para relaxar o corpo de Syndia que, sem ela sequer perceber, estava tão tenso como ela nunca imaginara que estaria em sua vida.
xxx---xxx
- O que acha?
A pergunta surpreendeu Syndia. Ela olhou para o rapaz ao seu lado, como se o notasse apenas naquele momento. Porém, Gui estava ao seu lado há um bom tempo. Na verdade, eles estavam na rotineira sala de arquivos do Ministério da Magia.
- Desculpe-me, Gui. O que você disse?
Torcendo os lábios em uma careta, Gui repetiu:
- Eu disse que essas pesquisas não estão dando em nada. Estamos com isso há, o que, três meses? A única coisa que sabemos sobre esse lugar que o grupo Aziza tanto quer ir é que é uma cidade fantasma. Starta não existe, Syn, por mais que Kito queira acreditar o contrário.
- Mas no que iria adiantar dizer isso a ele? - ela retorquiu, enfadada. - Ele quer porque quer que a gente faça essa pesquisa. Sabe que eu até achei que iríamos até a América do Sul, àquela vez, quando ele soube que esse grupo estava por lá.
- O Gringotes de lá foi verificar. Por isso não fomos mandados.
- Como você sabe de tudo isso? - espantou-se Syndia.
- Kito - retorquiu Gui, dando de ombros. - Ele me falou quando recebeu os relatórios do sul.
- Que ótimo - rosnou a moça. - Acho que aquele projeto de duende se esqueceu quem que toma conta da parte de arquivamento na nossa equipe.
- Já eu acho que fazemos esse trabalho juntos, não?
- Então por que você não me disse nada antes? - perguntou Syndia encarando Gui com os braços cruzados.
- Eu disse a você. Se você não se lembra, Syndia, eu não tenho culpa.
Ele voltou a ler a pasta que estava em suas mãos. Syndia fez o mesmo. Ficaram assim por alguns minutos.
- Eu não podia ter feito isso - Syndia suspirou. Gui não lhe deu atenção. - Meu fim de semana não foi dos melhores e... Gui, me desculpe. - Ela o olhou. Gui lhe relanceou os olhos, devolvendo para a prateleira o que tinha em mãos. - É claro que somos uma equipe, Gui, e eu nunca pensei do contrário. Na verdade, eu não deveria descontar as minhas frustrações em você. Justo você, que é uma pessoa tão legal, um ótimo amigo.
Syndia olhou ao redor, como se quisesse se certificar de que ninguém estava olhando. Na verdade, estava tentando colocar seu orgulho um pouco de lado para se desculpar decentemente e se explicar.
Sua amizade com Gui crescera de maneira maravilhosa. E estragar tudo por causa de coisas que a perturbavam, as quais não diziam respeito a ele em absolutamente nada, seria uma burrice completa.
- Eu nunca descontei minhas frustrações nos outros, se quer saber. Ao menos não em quem não mereça.
- Então eu fui sorteado, finalmente? - ele perguntou com sarcasmo.
- Não fale assim... Eu realmente sinto muito.
- Seu fim de semana foi mesmo uma droga? - Gui perguntou querendo parecer indiferente, mas Syndia conseguiu respirar aliviada com aquele tom. Sem sarcasmos ou raiva, Gui se parecia mais com ele.
- Não que tenha sido uma droga. Acho que a palavra “frustrante” cabe melhor. Draco Malfoy foi à minha casa - explicou.
- Tem certeza que a palavra certa, então, não seria “droga”?
Syndia riu de leve, porém, isso não impediu que suas bochechas corassem.
- Eu já não sei o que fazer para mantê-lo longe.
- O problema não é o que ele faz, mas o que você o deixa fazer.
- Não é tão fácil. Ele é bem obstinado, se quer saber.
- Eu já disse a você, antes, sobre o que eu penso disso. Sobre essa sua...dificuldade em se livrar dele.
- Só que eu não gosto dele! - Syndia quase esganiçou. Olhando ao redor da sala para, realmente, certificar-se de que ninguém prestava atenção nos dois, falou mais baixo: - Eu não tenho sentimentos por ele, só... Acho que é atração. Eu nunca senti algo assim antes, não sei como reagir.
Gui levou a mão à nuca, parecendo constrangido.
- Por Merlin, Syn, você não vai desabafar comigo sobre aquele cara, não é?
- Com quem eu faço isso, então?
- Que tal com alguma mulher?
- Nem pagando que falo isso com minha mãe! Ela daria pulinhos pela sala. Já a Sra. Prescott... Por favor, ela tem mais de sessenta anos!
- Mas você não tem outras amigas? - Vendo Syndia baixar o rosto, entretanto, Gui quis se chutar. - Me desculpe, não quis ser grosseiro.
- Tudo bem. Só me diga uma coisa: como Gina reagiria se eu dissesse isso a ela?
- Com certeza ela te bateria na cabeça para colocar suas idéias no lugar - ele falou, ao que os dois riram.
- Vou ver o que faço.
- Eu sei que vou me arrepender disso, mas...
- Que foi?
- E se você deixasse, sei lá... Rolar?
- Ah, não sei. - O rosto de Syndia ficou tão vermelho quanto os cabelos do amigo. - Eu não sou do tipo que fica com um homem só porque sentiu atração por ele. Eu preciso sentir confiança, Gui. Eu preciso disso, porque...
- Por quê? - perguntou Gui quando Syndia hesitou.
- Digamos que minha última relação não foi das melhores - suspirou. - E eu confiava muito nele.
Eles ficaram em silêncio novamente, sem se encararem.
- Então - Gui falou de supetão. - Será você ou serei eu que dirá ao nosso chefe que essa pesquisa é infrutífera?
- Vamos pesquisar mais um pouco? - Syndia perguntou sorrindo de lado. - Não sei por que, mas tenho a impressão que ainda teremos sorte sobre isso.
- Tudo bem.
Era exatamente por aquele motivo que Syndia adorava a amizade de Gui. Não importava o momento, ele sempre conseguia fazê-la sorrir e se esquecer de seus problemas, mesmo que por alguns minutos.
No entanto, nem mesmo Gui era capaz de mantê-los longe por muito tempo. E isso Syndia percebeu ao sair da sala de arquivos com o amigo, no fim do dia.
Quando ela colocou o primeiro pé naquele corredor, viu a última pessoa que gostaria de ver naquele momento. Contudo, Syndia admitindo ou não, também era a primeira que ela gostaria de ver. Seu cérebro levou apenas um segundo para decidir o que fazer.
- Gui, vai na frente, sim? Acho que vou conversar com ele.
- Tem certeza?
- Sim. Eu preciso terminar com tudo isso. E de uma vez por todas.
- Bom... Boa sorte, então.
- Obrigada - Syndia riu nervosa.
Tão logo Gui virou o corredor, Syndia seguiu o caminho contrário, na direção que ela sabia ser a sala de Draco. Ela o viu assim que virou à esquerda.
- Malfoy! - chamou um pouco alto, fazendo Draco parar e virar para olhá-la. Engolindo a seco, ela se aproximou dele. - Queria falar uma coisa com você. Está muito ocupado?
- Só estava indo até minha sala. - Ele sorriu. - Parece que estamos nos revezando, não?
- O quê?
- Em ir atrás do outro. Não acha que isso está ficando, no mínimo, estranho?
- Eu não escolheria essa palavra.
- E qual seria? - ele perguntou encostando-se na parede e, deliberadamente, ficando mais perto de Syndia.
- Não sei. Não me vem nada, agora.
O sorriso de Draco aumentou.
- Quer dizer que você não consegue pensar em nada, agora?
- Foi o que eu disse, não?
- Interessante saber que eu atrapalho seu raciocínio, Syndia. - A mesma coisa que você faz comigo, completou em pensamento. Pois havia uma enorme diferença entre conseguir encontrar palavras provocativas e agir em juízo perfeito. E encontrar tais palavras era o que acontecia naquele momento, com Draco. Já seu juízo... Fazia um bom tempo que ele não o usava quando ficava na presença de Syndia Vechten. Ou até longe dela.
- Não foi isso que eu quis dizer! Ora essa, seu presunçoso! - irritou-se Syndia. Draco riu.
- Então o que você quis dizer, Syndia?
- O que você está fazendo?
- Nada - respondeu Draco, mas se aproximando mais de Syndia de modo que ela ficasse entre ele e a parede.
- Afaste-se de mim agora, senão, qualquer um que passar aqui pode pensar algo errado e...
- Então foi por isso que você me abordou aqui no corredor? Para que você conseguisse agir da maneira que não quer?
- Argh! Como você é arrogante!
- Achou que eu não faria nada, não é? - Vendo que Syndia intencionava sair dali, Draco estendeu seu outro braço e espalmou a mão na parede, prendendo a moça. - Eu disse a você, Syndia, quando fui à tua casa, que aproveitaria o terreno incerto enquanto não conseguisse recuperar meu juízo.
- Não comece com essa conversa novamente - ela ordenou. - Ela é insana. E você não diz nada com nada!
- Pois eu acho que você me entende perfeitamente. Ao menos eu admito que algo está acontecendo. Você, não. Prefere ficar aí, toda irritada. Não sei por que você resiste tanto. Eu sei que quer. Noto isso à distância.
- Vá ver se estou na esquina, seu imbecil arrogante!
- Por que você também não aproveita? - ele continuou, segurando-a pelo braço quando Syndia fugiu dele. - Garanto que não vai se arrepender.
Deixar rolar. Fora o que Gui também dissera a ela.
Syndia encarou os olhos cinzas à sua frente. O sorriso de Draco era presunçoso, o que a instigava a lançar uma azaração no infeliz. O olhar dele, entretanto, parecia dizer outra coisa. Como se as palavras dele, assim como o sorriso estudado, não fossem de total veracidade. Tinha algo diferente em seu olhar que fez Syndia fraquejar.
Assim como Draco lhe dissera em sua casa, ela também estava cruzando uma linha que ela jurara a si mesma que não cruzaria novamente. Ao menos não de uma maneira tão insana.
- Não tem como você saber se irei me arrepender ou não, Draco - ela disse suavemente por fim. - E eu não quero aproveitar algo que eu não tenho nem certeza se o quero.
- Se quiser enganar a si mesma, então, é problema seu. Mas saiba de uma coisa, Syndia: eu sei ser persuasivo, e sempre que almejo algo, consigo.
- Eu não sou um prêmio, Draco - Syndia disse entre os dentes, soltando-se dele.
- Quem falou que eu quis dizer isso?
- Não sou uma pessoa fácil - ela continuou, ao que Draco retorquiu:
- Eu também não disse isso.
- Nada será fácil - ela insistiu. Talvez mais para si mesma do que para ele.
Dessa vez, o sorriso de Draco chegou aos seus olhos. Encarando os orbes castanho-esverdeados, acariciou levemente o rosto de Syndia. Aproximou seu rosto do dela apenas alguns centímetros, o necessário para sentir a respiração dela chocar-se com a sua.
- Conhece aquele ditado, Syndia? Tudo que vem fácil, vai fácil?
Ele se afastou inesperadamente, começando a andar. Entretanto, mal deu dois passos, virou-se para Syndia, mas sem parar.
- Além disso, eu sempre apreciei o que todos julgam inalcançável. Nada que é fácil, me agrada.
Apenas quando Draco não era mais visível naquele corredor, que ela permitiu-se encostar-se à parede e respirar fundo, tentando controlar sua respiração ofegante.
- Realmente isso não vai ser nada fácil. Só não sei se pela insistência dele ou... Ou minha vontade.
xxx---xxx
A coruja entrou agitada pela janela da Toca e por pouco não se espatifou na mesa onde a família Weasley almoçava.
- Mas que coruja é essa?! - espantou-se a Sra. Weasley. - Parece que está carregando algo explosivo.
Gui sorriu enquanto alcançava a ave. Conhecia aquela coruja. No entanto, também estranhara o motivo de ela ter entrado com estardalhaço na cozinha de sua casa.
- É da Syndia - ele disse enquanto retirava o pergaminho da pata do animal.
Enquanto lia a carta, seu sorriso aumentava até que no fim não segurou o riso.
- O que é ton engrraçado? - perguntou Fleur olhando um pouco irritada para o rapaz.
- Ela está convidando a gente para um jantar na casa dos pais dela, amanhã. Eu e você - ele esclareceu para Fleur. - E à Gina também.
- E o que há de tão engraçado num jantar? - retorquiu a Sra. Weasley.
- É que ela não queria, é a Sra. Vechten quem está organizando tudo. Amanhã é aniversário da Syndia.
- Mas um convite ton em cima da horra...
- A mãe dela está tentando convencê-la há um mês, se quer saber - Gui falou ainda sorrindo. - Finalmente ela não conseguiu mais dizer não a ela.
Ao mesmo tempo em que Gui recebia sua carta, Harry e Gina liam a que Syndia mandara para a casa do rapaz.
- Que legal ela nos convidar, não acha? - falou Gina, sentando-se no sofá e logo retirando seus sapatos. Seus pés a estavam matando.
- Legal mesmo. Mas eu não a conheço muito bem, esqueceu? Só você e a Mione a conhecem.
- E daí? Boa oportunidade para conhecê-la. Ai, meus pés estão doendo muito!
- Andamos bastante hoje, não foi?
- Verdade...
Embora fossem se casar dali dois meses, Harry e Gina decidiram que procurariam uma casa para morarem. Mas todas as casas em que foram na Londres trouxa não pareciam boas o bastante. Nada parecia cobrir os desejos do casal. Parecia que faltava algo naquelas casas geometricamente perfeitas.
Harry sentou-se no sofá, atrás de Gina, fazendo com que a moça se recostasse em seu peito. Distraidamente, começou a passar a mão pelo braço dela num carinho despretensioso.
- Sabe no que eu estava pensando? - ela falou depois de um tempo.
- Não, em quê?
- Que poderíamos ficar por aqui, enquanto isso.
- Aqui? - estranhou Harry. - Achei que você preferisse uma casa.
- Mas eu prefiro uma casa. Embora esteja querendo mudar de idéia, pois encontrar uma que nos agrade está se tornando uma tarefa extremamente árdua.
Harry riu.
- E se procurássemos algo mais afastado, igual à Toca. Quero dizer... Não tão difícil assim de encontrar. Mas algo no campo, um pouco afastado da cidade.
- Gostei da idéia.
- Vou numa imobiliária trouxa, segunda-feira. Deve ter alguma casa assim à venda.
- Meu herói... - brincou Gina, virando-se para ele. - O que seria dos meus pés, se não fosse você?
- Com certeza eles ficariam chatos e cheios de bolhas.
- Bobinho você, não?
- Só um pouco...
Inclinando-se, Harry capturou os lábios de Gina, iniciando um beijo que dizia claramente quais eram suas intenções naquele momento. Ela logo correspondeu, ao que Harry tratou de apertá-la contra si enquanto também alcançava seus cabelos com outra mão.
- Tem outro motivo de eu querer esse apartamento - Gina murmurou quando ele liberou sua boca com o intuito de beijar-lhe o pescoço.
- Mesmo? - retorquiu Harry, virando-a no sofá para ficar por cima dela.
- As lembranças aqui são boas. - Ela soltou um gemido quando ele mordeu sua pele quase dolorosamente. - Muito boas...
- A gente cria outras lembranças onde formos. Sem problemas.
- Só que terão de ser melhores. Sabe como é... Posso ficar traumatizada...
Harry a olhou com um meio sorriso, apreciando o rubor no rosto de Gina assim como sua respiração ofegante.
- Prometo me aplicar. Enquanto isso... Vamos treinando.
Logo Gina esquecia-se da dor nos pés. Esquecia-se do mundo.
xxx---xxx
- Eu ainda não sei por que aceitei isso - foi o que Syndia falou quando a campainha da casa dos Vechten tocou.
- Simplesmente porque tem datas que devem ser celebradas.
Syndia olhou com uma careta nos lábios para a mãe, que saía da sala.
- Me salvar que é bom, não salva, não é, papai?
Oren apenas riu enquanto se servia de um pouco de Uísque de Fogo. Logo a atenção dos dois era desviada para o pequeno grupo que chegava.
- Ah, que bom que vocês chegaram! - Syndia sorriu.
- E você acha que perderíamos isso? - Gui retorquiu, abraçando-a. - Felicidades, Syn.
- Obrigada! Olá, Fleur, que bom que veio - ela falou depois, cumprimentando a moça.
Fleur retribuiu, em seguida Syndia cumprimentou os outros recém-chegados: Gina, Harry, Rony e Hermione.
- Nossa, Hermione, você está linda! São quantos meses?
- Cinco - sorriu Hermione.
- E já sabem o sexo?
- Menina - Rony respondeu orgulhoso. - A nossa querida Belle.
O nome da primeira filha do casal fora escolhido de maneira interessante e em uma noite em claro: entre nomes esdrúxulos, os que Rony inventava apenas para irritar a esposa, e de significados grandiosos - “Saiba que Joana D’Arc foi uma grande mulher, Rony!” -, eles acabaram escolhendo um nome que era simples, mas também bonito.
- Parabéns!
Depois dos cumprimentos e de Syndia apresentar os pais ao pequeno grupo, todos se sentaram na sala. Logo Lyx fez a elfa Didi servir as bebidas enquanto o jantar era esperado.
- Quer dizer que você acabou fazendo uma festa, Syn? - perguntou Gui, rindo.
Syndia rolou os olhos, embora sorrisse.
- Eu juro, Gui, que ainda vou aprender a dizer não à minha mãe. Quando ela quer alguma coisa, faz umas caras e bocas que acho que ninguém teria condições de negar qualquer pedido.
A conversa continuou sem muito compromisso. Era muito bom sentir-se a vontade em meio a pessoas novamente. Oren parecia apreciar mais do que Syndia, todo esse ar de amizade. Sua filha precisava disso há um bom tempo.
- Ela está feliz, não está? - Oren virou para Lyx, que estava ao seu lado.
- Pois é... Viu como eu não erro, querido? - Ela piscou. - Vocês têm que ser mais maleáveis a mim.
- Claro... - riu Oren. - Aposto que, caso Syn não tivesse batido o pé, você teria feito algo muito maior.
Com uma leve careta nos lábios, Lyx respondeu:
- Faz tempo que não vou a festas boas, Oren. E essa seria uma ótima oportunidade para calar a boca desse bando de bruxos imbecis.
- Você ainda não superou tudo isso, não é?
- Desde a morte do papai, parece que todos os bruxos que antes eram nossos amigos se afastaram.
- Sinto muito, querida. - Oren sorriu levemente para a esposa, fazendo um carinho no rosto dela.
- Tudo bem - ela sorriu de volta. - Ao menos eu tenho você e nossa filha.
- Verdade.
Mais uma vez, o som da campainha foi ouvido. O rosto de Lyx se iluminou imediatamente.
- Syn, querida, por que não vai abrir a porta?
- Claro...
Syndia levantou-se do sofá, onde estava conversando com Gina, e seguiu para a porta. Não imaginava quem poderia ser, afinal, não convidara mais ninguém além dos amigos. Porém... Sua mãe parecia animada demais. Quem será que havia chegado e que a deixara em êxtase?
Já colocando um sorriso nos lábios para receber o visitante, Syndia abriu a porta. Seu sorriso, entretanto, sumiu rapidamente ao vislumbrar a figura parada à porta.
- O que você está fazendo aqui? - perguntou chocada.
- Boa noite, Syndia. Feliz aniversário.
A vontade de Syndia era bater a porta na cara de Draco. Depois, a vontade foi de dizer umas boas verdades a sua mãe. Ela me paga, pensou.
- Quem te convidou? - Syndia continuou, irritando-se.
- Você, oras! - riu Draco. - Recebi a coruja ontem à noite. Certo que não foi muito educado esse convite de última hora, mas por sorte eu não tinha nada para hoje à noite.
- Mas saiba que eu não te convidei. Acho melhor, então, você...
- Entrar, pois está muito frio aqui fora - Draco a cortou, passando pela porta. - Você não vai me fazer voltar, não é mesmo, Syndia? Olhe, trouxe presentes para você.
Somente naquele momento que Syndia percebeu as duas mãos de Draco ocupadas. Em uma estava um pequeno estojo de veludo. Ela não queria nem pensar no que tinha ali dentro. Na outra mão...ou braço, havia um belo ramalhete de flores.
- Você não precisava trazer tudo isso.
- Como não? Acho que você sabe que eu não perderia uma oportunidade de te agradar, não é?
- Me comprar, você quer dizer. - Ela cruzou os braços.
Draco fez uma careta de desgosto.
- Comprar. Palavra mais feia, Syndia. É um agrado.
Syndia apenas ergueu as sobrancelhas. No entanto, uma idéia começou a tomar-lhe conta.
Certo. Draco Malfoy queria conquistá-la a qualquer custo. Dizia que estava disposto a “aproveitar” o que quer que estivesse acontecendo com ele. Syndia veria agora o quão disposto ele estava.
- Tudo bem. Se quer tanto celebrar meu aniversário, fique à vontade. Mas eu exijo educação, Draco Malfoy.
- Educação, minha cara, tenho para dar e vender, se quiser.
Syndia apenas riu.
- Mas você não precisa comprar ou receber minha educação. Você também a tem de sobra. Então... Abra meu presente. - Ele estendeu o estojo.
- Você é incrível! Agora vai jogar minhas palavras contra mim?
O rapaz apenas deu de ombros.
Porém, ela pegou o presente, abrindo-o. Os olhos de Syndia se arregalaram um pouco e ela ofegou.
- Uau! - murmurou ao vislumbrar uma bela gargantilha de ouro branco com algumas pedras brilhantes que Syndia não sabia discernir se eram diamantes ou qualquer outra coisa.
- Que bom que gostou. Era essa a intenção.
- Não pense que as coisas ficarão mais fáceis, Draco. - Ele apenas deu um meio sorriso. - Mas... Realmente, não precisava de tudo isso, sabia? Apenas as flores seriam de bom tamanho.
- Digamos que eu não sabia o que lhe dar, e a moça que me atendeu disse que qualquer mulher gostaria de ganhar isso, embora você não seja qualquer mulher, definitivamente - ele riu. - Já as flores, eu quem achei melhor trazer.
- Bem...ah... Fique a vontade, Draco, vou colocar as flores e...isso em um lugar e...
- Draco Malfoy! - saudou Lyx, entrando no hall. - Ah, que bom que deu para você vir!
- Pois é, mamãe. Não foi bom ele conseguir vir, mesmo eu mandando o convite tão encima da hora?
Lyx apenas sorriu para filha, sem vergonha alguma, o que fez Syndia revirar os olhos.
- Com certeza, querida. - Ela virou-se para Draco. - Sou Lyx Vechten.
- Boa noite, Sra. Vechten. A senhora tem uma bela casa - ele falou educado.
Syndia o olhou, espantada. Com certeza Draco estava fazendo de tudo para conquistá-la. Mas se ele pensava que conquistar a possível sogra primeiro fosse o melhor caminho, estava totalmente enganado. Ou não, pensou Syndia, uma vez que fora exatamente a pretendente a sogra que o convidara para a festa.
- Ora, querido, obrigada - Lyx respondeu. - Syn, meu bem, vá servir uma bebida a Draco. Leve-o para junto de seus amigos, faça-o aproveitar a festa. Deixe que eu guardo esses belos presentes para você. Daqui a pouco serviremos o jantar, Draco.
Draco acenou com a cabeça enquanto Lyx saía.
- Bem educada a sua mãe, além de receptiva. - Ele sorriu em escarninho para Syndia. - Você deveria aprender um pouco mais com ela.
- Eu puxei ao meu pai - Syndia rosnou. - Mas vou mostrar que também sei ser educada, Draco.
- Será um prazer ver toda a sua educação, Syndia - ele murmurou, dando um passo e se aproximando dela.
No entanto, sem parecer estar perturbada com coisa alguma, ela faz um sinal para ele acompanhá-la até onde todos estavam. Teve que conter um sorriso quando percebeu a reação de todos. A sala ficara em total silêncio no momento em que Draco colocara os pés lá dentro, assim como o mesmo estancara à porta.
- Algum problema, Draco? - ela perguntou baixo, mas todos puderam ouvir tamanho silêncio.
- Nenhum, Syndia. - Com a voz mais alta, cumprimentou a todos: - Boa noite.
- Syndia.
Ao ouvir o chamado do pai, ela foi para junto dele com Draco. Pode perceber a conversa voltando ao normal.
- Não é interessante ter todos os olhos voltados para você? - Draco murmurou, ao que apenas Syndia ouviu.
- Para mim não, para você.
- Pois é, eles me amam.
Syndia riu.
- Eu só vou lhe servir este copo, Draco, e vou voltar a conversar com meus amigos. Se misture.
- Eu? Me misturar com eles?
- Você veio aqui porque quis. Sabia quem eram meus amigos. E você não disse que tinha educação? - ela perguntou, estendendo o copo para ele.
Draco tratou de pegá-lo, mas com sua mão sobre a dela a fim de não permitir que Syndia saísse de perto dele.
- Eu não menti sobre isso. Mas ter educação é uma coisa, ter estômago de coveiro é outra. Mas e você? - ele continuou em tom baixo. - Não disse que mostraria sua educação? Comece me fazendo companhia, Syndia. E sorria, seu pai - acho que é ele - está olhando para nós. Oh, agora ele está vindo para cá.
- Claro que ele está vindo para cá. Ele me chamou, mas você não está permitindo que eu vá até ele - retorquiu Syndia entre os dentes, olhando para o copo e, conseqüentemente, sua mão sob a de Draco.
Ele então a soltou, pegando o copo finalmente e sorvendo um pouco da bebida.
- Boa noite, Sr. Vechten - Draco cumprimentou Oren quando ele se aproximou dos dois.
- Boa noite, Senhor...?
- Papai, este é Draco Malfoy.
- Ah, sim... O que mandou flores para minha filha num dia desses.
- E mais outras hoje - falou Syndia num murmúrio irritado.
Draco riu de leve.
- Prazer conhecê-lo, Sr. Vechten. E sim, eu mandei flores à sua filha. Não é fácil ficar sem agradá-la depois que a conhece, não acha?
- Nem tanto. Syndia não é uma pessoa fácil, sabe? Às vezes, agradá-la não é a coisa mais fácil ou mais propícia.
- Bem, eu posso aprender, não? A vida é longa e acabei de conhecê-la.
- Claro - falou Oren, olhando Draco enquanto bebia mais um gole de seu uísque.
O silêncio entre os três só não chegou a ficar tenso porque Lyx logo apareceu.
- Então, querido, o que acha de Draco? Um rapaz educado, não é mesmo?
- Até agora não pareceu nada do contrário, querida.
- Mamãe, você faz companhia a Draco? - Syndia falou em seguida. - Volto em um minuto. - Virando-se para Draco e dando um sorriso cínico, falou: - Com licença, Draco. Fique à vontade.
Em seguida, saiu da sala. Precisava respirar e colocar a cabeça no lugar.
Era só isso que estava faltando. Já não bastava o próprio Draco a estar rondando, agora parecia que ele estava contando com a ajuda de sua mãe. Lyx não fazia idéia do que estava fazendo. Mas, o que deixava Syndia mais inquieta - para não dizer frustrada -, era que ela não sabia se realmente queria colocar Draco para fora dali. Sentira falta dele naquela semana. Admitindo ou não, ter os olhos dele sobre si, perceber o sorriso cínico dele ou vê-lo fingindo que chegaria perto dela, mas não o fazendo, tudo isso ela sentiu falta naqueles dias após o beijo que eles trocaram na casa dela. Nem mesmo a conversa que tivera com ele no corredor do Ministério chegara a sanar essa angústia que ela não queria sentir.
- Pelo visto não vão faltar emoções, essa noite - murmurou para si mesma.
Respirando fundo e não querendo fazer tempestade num copo d’água, ela voltou para a sala. Entretanto, não foi em direção à Draco. Preferiu sentar-se com seus amigos, no sofá.
- Não sabia que você era amiga do Draco, Syndia - Rony falou tão logo ela se sentou.
- Rony! - censurou Hermione pelo tom cínico do marido.
- Minha mãe o convidou - Syndia falou como se estivesse se desculpando. Olhou para Draco, que conversava algo engraçado com Lyx. - Ela descobriu das flores e do jantar.
- Jantar? - continuou Rony com uma careta.
- Você saiu com o Malfoy? - perguntou Harry. - Ai, Gina!
- Vocês dois são impossíveis!
Gui lançou um olhar irritado para o irmão e então se voltou para Syndia. Tratou de falar baixo para que ninguém o ouvisse.
- Você ficou tensa quando ele chegou. Ele a afeta tanto assim?
Syndia suspirou, olhando para o amigo.
- Não adianta mentir pra você. Desde a noite daquele baile - ela sentiu suas bochechas esquentarem e desviou o olhar do amigo - que Draco Malfoy não me deixa em paz. Ele impõe sua presença. Me perturba, sim. E me afeta de uma maneira que eu não queria que afetasse. Não depois do que aconteceu comigo, há dois anos.
Gui franziu as sobrancelhas.
- O que aconteceu com você há dois anos?
Syndia se surpreendeu ao perceber que ficara tão à vontade a ponto de falar sobre isso.
- Ah... É uma história não muito agradável, Gui. Qualquer dia eu te conto.
- Tudo bem. Quando você se sentir confiante, estarei aqui para ouvir.
Syndia sorriu.
- Não é que eu não confie em você. Acredite em mim, eu confio. Mas é que é uma história que me faz mal só em lembrar.
- Tudo bem - ele repetiu.
Ela abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas sua mãe chamando a impediu. Parecendo um pouco relutante, ela se levantou mesmo assim do sofá e foi até onde ela e Draco estavam. Percebeu seu pai saindo da sala naquele mesmo momento.
Lyx realmente estava fazendo de tudo naquela noite para que sua filha e Draco ficassem o maior tempo possível juntos. Draco percebeu essa artimanha da mãe da moça e não se fez de rogado em aproveitar. O fato de ter mandado aquelas flores após o jantar de ambos na casa dos pais da moça foi simplesmente para realmente pressioná-la. Não sabia que agradeceria tanto por isso depois. Na verdade, não sabia que começaria a nutrir estranhos sentimentos acerca de Syndia Vechten. Draco não se reconhecia naqueles dias e semanas.
Ele também percebeu que Syndia, apesar de demonstrar que gostaria de esganá-lo naquela noite, fazia de tudo para deixá-lo à vontade. Toda essa educação, entretanto, não o forçou a dar-lhe mais espaço, pelo contrário. Quanto mais Syndia dava brechas para ele se aproximar naquela noite, mais ele aproveitava.
Ainda não sabia o que havia lhe dado para aceitar o convite e muito menos ficar naquela casa quando chegou. Estranhou quando a coruja chegou em sua casa, porém, assim que Syndia abriu a porta e demonstrou surpresa ao vê-lo, percebeu que havia alguma coisa errada. E o que também o deixava inquieto - mas ele não fazia questão alguma de pensar nisso naquele momento - era que ele não considerou ir embora nem ao perceber a armação da Sra. Vechten, o que fora fácil perceber no momento em que Lyx chegara para cumprimentá-lo no hall. Draco sorriu internamente ao pensar nessa nova e inesperada aliada. Aliada esta que fizera questão de providenciar para que a filha se sentasse ao seu lado, à mesa.
- Então, Malfoy - Rony falou quando eles estavam na sobremesa. Hermione lhe lançou um olhar de aviso que ele fez questão de não perceber. Rony se sentara ao lado de Draco, e ter o inimigo de escola o criticando o tempo todo durante o jantar pelo manuseio dos talheres foi um teste incrivelmente difícil para sua paciência. - Trabalhando muito? Fiquei sabendo do caso dos portugueses trouxas.
- Já eu não sabia que sua esposa discutia assuntos internos do ministério em casa.
- Ela não discute, se quer saber. Só fala dos companheiros de trabalho.
- Isso faz o que, Weasley? Três, quatro meses? - riu Draco.
- Mais ou menos. Mas é que tem coisas que é bom dizer que sabemos que aconteceu, não é? Não gosto quando Hermione chega estressada em casa por causa de doninhas.
Draco apertou a colher em sua mão de maneira imperceptível, no entanto, Syndia percebeu na hora a tensão no corpo do rapaz ao seu lado. Olhou de esguelha para Draco enquanto fingia beber um pouco de água.
- Já chega - sibilou Hermione. - Rony, pare com isso agora. Você está na casa dos outros, por Deus!
- Verdade, Weasley - continuou Draco -, educação faz bem.
- Draco.
O rapaz olhou para Syndia, que o repreendera. Ele ergueu as sobrancelhas e sorriu, ao que ela rolou os olhos.
Tão logo todos deixaram a sala de jantar, Hermione disse que eles iriam embora, pois não estava se sentindo muito bem.
- Acho que Belle já quer descansar - sorriu.
- Nós também já iremos, Syn - falou Gui.
- Ah, mas já?
- Vamos prra França amanhã - Fleur falou. - Combinar com meus pais sobre o nosso casamento.
Syndia os acompanhou até a porta. Harry e Gina também estavam indo embora. Instintivamente, ela olhou para Draco, que continuava numa conversa com Lyx.
- Desculpem por isso - ela falou à porta para os amigos. - Honestamente, não sabia que ele viria. Sei o que vocês pensam dele e...
- Na verdade, era Rony quem tinha que se desculpar - ralhou Hermione. - Francamente, Rony, brigar com o Malfoy foi o fim da picada!
- Ele ficou me azucrinando o jantar inteiro, Mione!
- Ah, e você ainda tem doze anos, não é? - Respirando fundo, Hermione virou-se para Syndia. - Desculpe, Syndia. Mais uma vez, feliz aniversário. E obrigada por nos convidar. Foi tudo muito bom.
Todos se despediram. Em seguida, ela voltou para a sala onde seus pais e Draco a aguardavam.
- Ah, ela voltou - Lyx falou. - Querida, eu já volto. Vou ver o que a Lillu e a Didi estão aprontando na minha cozinha. Com licença, Draco.
E sem que Syndia pudesse fazer qualquer coisa, Lyx saía da sala, puxando Oren consigo.
- O que você veio realmente fazer aqui, Draco? - foi o que Syndia perguntou quando se viu sozinha com Draco, finalmente. Ele estava em pé próximo a uma janela, do outro lado da sala.
- Ora essa, vim à sua festa de aniversário. Achei que já tivesse sido explicado, Syndia.
- Você sabe que eu não o convidei. Além disso, você quis brigar com meus convidados e meus amigos. Realmente, você é impossível!
- Impossível é o que tanto me atormenta - ele falou encarando-a intensamente e dando um passo à frente. - É eu perceber que não vou ter salvação, que tudo o que eu fizer não vai adiantar coisa alguma. Impossível sou eu agradecer mentalmente que todos seus amiguinhos se foram, agradecer à sua mãe por finalmente ter nos deixado a sós. Impossível sou eu querer te beijar aqui mesmo, com seus pais podendo entrar nessa sala a qualquer momento, e não me importar com isso.
- Por que você está dizendo tudo isso? - ela retorquiu num murmúrio. - Nem parece... Nem parece você.
Draco riu sem humor.
- E o que você sabe sobre mim? O que os seus amiguinhos disseram, é isso que você sabe? Pré-conceitos? Eu não tenho mais quinze anos, Syndia. Não faço de tudo para chamar a atenção de um homem medíocre. Não mais.
Oren entrou na sala neste momento.
- Querida, já vou me deitar - falou, vendo a filha afastar-se de Draco num salto. Draco, entretanto, manteve sua postura fria. - Foi um prazer conhecê-lo, Sr. Malfoy.
- O prazer foi todo meu, Sr. Vechten. - Draco aproximou-se de Oren e o cumprimentou. - Tenha uma boa noite.
- O senhor também.
Draco virou-se então para Lyx, que também acabara de chegar na sala.
- Sra. Vechten, obrigado pela recepção tão acolhedora. Mas já está tarde e eu fiquei mais do que a educação permite.
- Você sempre será bem vindo nesta casa, Draco.
- Obrigado. Boa noite. Você me acompanha até a porta, Syndia?
- Claro.
Syndia pode notar que, enquanto ia com Draco até a porta, sua mãe empurrava o marido para as escadas. Porém também notou que ainda não tinha terminado sua conversa com Draco. Assim como ele, pegou seu casaco dentro do armário do hall e saiu da casa.
- Posso saber o que você pretende com todo esse discurso, Draco? - disparou assim que fechou a porta atrás de si. - Todos esses elogios aos meus pais, esses modos tão educados, embora eu saiba que você é um arrogante?
- Você. É o que eu pretendo. - Ele sorriu. - E é muito fácil você dizer que eu sou arrogante, quando você está aí, toda cheia de si me menosprezando. E você gosta de me chamar de arrogante, não?
- A questão é que não quero preocupações desnecessárias, Draco - ela falou séria. - Não agora.
- Mas quem falou em preocupações?
Ele se aproximou. Instintivamente, Syndia deu um passo para trás. Mas, para variar, ela se colocava numa situação nada boa com Draco, pois atrás dela havia apenas parede. Fazendo com que a moça ficasse entre seus braços, não permitindo nenhuma fuga, Draco continuou.
- A gente tenta ali, cede de lá... No final, ambos saímos ganhando. Sem especulações. Sem pretensões.
- Você fala como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo. E tire as mãos da minha cintura!
Ele riu.
- Por que eu tiraria? E é fácil sim fazermos o que estou propondo. - Ele aproximou mais seus rostos, encarando Syndia. Murmurou: - Vamos apenas aproveitar o que há de melhor.
- Aproveitar? - ela murmurou quando ele beijou sua bochecha.
- U-hum.
Ela queria dizer não. Tinha que dizer não! Mas tudo ficou mais difícil quando sentiu os lábios de Draco descendo para seu pescoço, o corpo dele colado nos seu, um braço dele enlaçando-a fortemente pela cintura...
A quem ela queria enganar? Ficar longe de Draco estava sendo uma tortura! Por mais que Syndia realmente não quisesse se envolver com alguém, era impossível negar o que ela começava a sentir por aquele presunçoso. Ela tentou reprimir tudo isso, de verdade. Mas, como Draco mesmo disse, ele sabia ser persuasivo.
- Sem pretensões, você diz? - ela murmurou quando ele passou os dentes por sua orelha.
- Exatamente.
- A-acho... Acho que isso eu posso fazer.
- Ótimo - falou Draco, beijando-a intensamente em seguida.
O pouco ar que Syndia ainda conseguia sorver fugiu por completo. E ela se permitiu ficar ali, na varanda da casa dos pais, sendo beijada por Draco, sendo apertada pelos braços dele. O arrepio que sempre se alojava de maneira intensa na base de sua coluna quando Draco a beijava daquela maneira forçando-a a juntar-se mais a ele.
Depois de um tempo, eles se separaram.
- Acho melhor eu ir agora - sussurrou Draco.
- Com certeza - Syndia retorquiu com a voz rouca, os olhos ainda fechados.
Ele então lhe deu um beijo leve nos lábios e murmurou:
- Boa noite, Syndia. E feliz aniversário.
- Obrigada.
Draco desceu as escadas de mármore e desaparatou.
N/B: Ê! Lê! Lê! – E a pobre beta aqui na seca! E lendo isso!!!! – Afff!!! – (rsrsrsrsrsrs) – Adorei todos esses beijos, bem como as prensadas nas paredes também. Mocinho cercador este Draco, hein? Hi!Hi! “Bobeou, piscou, te cerquei!” ;D – Vixi, que fazia tempo que eu não lia uma bela briga entre Draco e Rony! Bom demais! Deu saudadinha de Hogwarts... A reação dele e do Harry pela presença do loiro ficou impagável, Lív! =D – Hummmmm... sinto que nos próximos capítulos teremos novidades sobre de Starta, estou certa??? Hummmmmm.. . Mistérios à vista. OBA!!! – E quem sabe loiros seminus e lençóis de seda? *olhar angelical e pidão* - Não? Sim? SIM! ;D – Rsrsrsrsrs... – Beijão, minha amada betinha! E aplausos! – Até o próximo!
N/A: Sim, finalmente esse povo se entende!hihihi... Mas ainda com aquela dose de teimosia e negação. Esperamos que vocês tenham gostado!
Quanto à pergunta da nossa beta... Garanto que a bola de cristal dela não está dando defeito..hihihi..
E antes de nos despedirmos, um esclarecimento.
Nota - Pamela Black: É com o coração apertado, e triste de verdade que escrevo essa pequena nota a vocês. Quando eu e Liv tivemos a idéia de escrever Starta planejamos a fic com muito carinho e bem entusiasmadas, e em nenhum momento passou pela minha cabeça deixar esse projeto antes do fim. Mas existem coisas que são maiores que nós, e infelizmente, eu ainda não consigo controlar o tempo. Estou enlouquecida com o trabalho (2!!), e o tempo que me sobra, eu durmo! (acreditem, nem é muito tempo assim) Então, combinei com a Liv, que meu papel, daqui em diante na fic, será de uma colaboradora. Ela me conta as idéias dela (tudo dentro do nosso roteiro), e em cima disso eu dou as minhas idéias, mas escrever, não consigo mais.
Continuo aqui, só dando palpite, e só não fico mais triste, porque sei que a Liv não deixará de me contar nada!
Obrigada a todos vocês que nos acompanham até agora, a quem estiver chegando, seja bem vindo, e aproveite Starta ainda tem muitas coisas boas pela frente!
Beijo no coração de todo mundo, em especial para Liv e para a Sô, nossa beta!
Nota - Livinha: A única coisa que tenho a dizer sobre isso é: desejo de todo o coração que minha irmã e companheira de trabalho volte logo! Te amo, querida!
Beijos a todos que acompanham a fic!!!
Livinha e Pamela Black
|